Friedrich Nietzsche

A importância do filósofo Friedrich Nietzsche para a Psicanálise

Publicado em Publicado em Filosofia e Psicanálise

Hoje falaremos sobre Friedrich Nietzsche. O filósofo francês Gilles Deleuze, em colaboração com o psicanalista e anarquista Félix Guattari, pubicou as polêmicas obras, O anti-Édipo (1972) e Mil Platôs (1980), dois volumes que compõem a coletânea Capitalismo e esquizofrenia, onde eles fazem sérias críticas à Psicanálise freudiana sustentada no Complexo de Édipo.

Entendendo sobre Friedrich Nietzsche

Em outra publicação, Nietzsche e a Filosofia, Gilles Deleuze explora o pensamento de Friedrich Nietzsche, destacando a originalidade e a profundidade de suas ideias. Deleuze interpreta Nietzsche como um filósofo que desafia a tradição metafísica ocidental, propondo conceitos como a vontade de poder, o eterno retorno e a transvaloração de todos os valores.

Deleuze vê Nietzsche como um pensador afirmativo, que celebra a vida e a diferença, em oposição à negação e à identidade. De fato, Friedrich Nietzsche, um dos filósofos mais influentes do século XIX, teve um impacto significativo em várias áreas do pensamento, incluindo a Psicanálise.

Embora Nietzsche não tenha sido um psicanalista e suas obras não sejam diretamente sobre Psicanálise, suas ideias influenciaram profundamente Sigmund Freud e outros pensadores psicanalíticos.

Friedrich Nietzsche e a Psicanálise

Os principais pontos que destacam a importância de Nietzsche para a Psicanálise são os seguintes:

Crítica à Moralidade Tradicional

Nietzsche é conhecido por sua crítica à moralidade tradicional e à religião, especialmente ao cristianismo. Ele argumentava que essas estruturas morais eram formas de controle social que reprimiam os instintos humanos naturais.

Essa ideia ressoou com Freud, que também via a moralidade e a religião

como forças que reprimem os desejos inconscientes.

Conceito de Vontade de Poder

Nietzsche introduziu o conceito de vontade de poder como uma força fundamental da natureza humana. Embora Freud tenha focado mais na libido e nos instintos sexuais, a ideia de Nietzsche de que os seres humanos são movidos por forças internas poderosas influenciou a compreensão freudiana dos impulsos inconscientes.

Friedrich Nietzsche e a exploração do Inconsciente

Nietzsche foi um dos primeiros a explorar a ideia de que grande parte do comportamento humano é governado por forças inconscientes. Ele acreditava que os seres humanos não são totalmente racionais e que muitos de seus pensamentos e ações são influenciados por fatores dos quais não estão cientes.

Essa ideia é central na Psicanálise, que busca trazer à consciência os conteúdos inconscientes.

Eterno Retorno e a Psicologia do Tempo

A ideia do eterno retorno de Nietzsche, que sugere que a vida se repete infinitamente, pode ser vista como uma metáfora para os padrões repetitivos de comportamento que Freud identificou nos indivíduos.

A Psicanálise muitas vezes lida com a repetição de traumas e comportamentos ao longo do tempo.

Crítica à Razão e à Consciência

Nietzsche desafiou a primazia da razão e da consciência, sugerindo que a vida é mais complexa e que a racionalidade é apenas uma parte da experiência humana. Freud também desafiou a visão de que a mente consciente é a principal força motriz do comportamento humano, enfatizando o papel do inconsciente.

Influência no Desenvolvimento da Psicologia Profunda e Friedrich Nietzsche

Além de Freud, outros pensadores da psicologia profunda, como Carl Jung, também foram influenciados por Nietzsche. Jung, por exemplo, incorporou muitas das ideias de Nietzsche sobre a individuação e a integração dos opostos em sua própria teoria.

No entanto, sob o ponto de vista da Psicanálise Freudiana-Lacaniana, algumas crísticas podem ser feitas à pertinência do pensamento de Nietzsche para a “Ciência da Alma”, tais como:

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    Conceito de vontade de poder

    Um psicanalista freudiano poderia criticar a noção de vontade de poder de Nietzsche, argumentando que ela ignora a complexidade do inconsciente e os conflitos internos que Freud descreve.

    Para Freud, o comportamento humano é frequentemente impulsionado por desejos inconscientes e conflitos entre o id, ego e superego, enquanto a vontade de poder de Nietzsche pode ser vista como uma simplificação excessiva das motivações humanas.

    Friedrich Nietzsche e o eterno retorno

    Lacan, com seu foco na linguagem e no simbólico, poderia questionar a ideia do eterno retorno de Nietzsche. Lacan poderia argumentar que a repetição em Nietzsche não leva em conta a estrutura do desejo e a falta que caracteriza o sujeito no campo do Outro. Para Lacan, a repetição é mais sobre a tentativa de preencher uma falta estrutural do que sobre a afirmação de uma mesma realidade.

    A proposta de Nietzsche de transvalorar todos os valores pode ser vista como uma ameaça à estrutura simbólica que, segundo Lacan, é necessária para a constituição do sujeito. A psicanálise lacaniana enfatiza a importância das leis e normas simbólicas na formação da identidade, enquanto a transvaloração de Nietzsche poderia ser interpretada como uma forma de anarquia simbólica.

    Deleuze destaca a afirmatividade no pensamento de Nietzsche, mas um psicanalista poderia argumentar que a negação e a repressão são partes inevitáveis da psique humana. Freud descreve a repressão como um mecanismo de defesa essencial, e a ênfase de Nietzsche na afirmação pode ser vista como uma negação da complexidade e dos conflitos inerentes à condição humana.

    Conclusão sobre Friedrich Nietzsche

    Essas críticas refletem como a Psicanálise, com seu foco no inconsciente e na estrutura simbólica, pode oferecer uma perspectiva diferente sobre as ideias filosóficas de Nietzsche, destacando as tensões entre a filosofia afirmativa de Nietzsche e a compreensão psicanalítica da mente humana.

    De qualquer forma, é imperiosos reconhecer que Nietzsche não só antecipou muitas das ideias que se tornariam centrais na Psicanálise, mas também forneceu um quadro filosófico que ajudou a moldar o desenvolvimento da teoria psicanalítica.

    Sua exploração das forças inconscientes, crítica à moralidade e ênfase nos impulsos humanos básicos ressoaram profundamente com os psicanalistas, tornando-o uma figura importante na história da Psicanálise.

    Referências: DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a Filosofia. N-1 Edições. 2018. A influência de Nietzsche na Psicologia – Psicoativo Universo da Psicanálise. (https://psicoativo.com/2016/06/influencia-nietzsche-psicologia.html) Aproximações entre o pensamento de Nietzsche e a Psicanálise. (https://www.ribeiraopretopsicologia.com.br/aproximacoes-entre-o-pensamento-de- nietzsche-e-psicanalise/) SCHIAVON, João Perci e PELBART, Peter Pál. Nietzsche, as forças e a psicanálise – SciELO – Brasil. (https://www.scielo.br/j/rfilos/a/P5dcm8nCfk4P3Pr5CXsHBrK/)

    Artigo escrito por Romilson Rodrigues Pereira. Formado em Psicanálise Clínica no IBPC. Bacharel e mestre em Economia (UnB) e pós-graduado em Avaliação de Políticas Públicas (UFRJ), Política e Estratégia (UnB) e Governança e Accountability (CCAF/Canadá). É Diretor-Presidente da Clínica Juluso de Psicanálise Integral, que decidiu criar para unir seus mais de vinte anos de experiência como analisando, professor universitário e auditor para atuar como psicanalista. A Clínica Juluso faz atendimentos presenciais e online. Também atua como psicanalista voluntário no Projeto Escutas Cuidadoras, atendendo pacientes de baixa renda. Contatos: e-mail: [email protected]; WhatsApp: (61) 99973-6135.

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