As relações entre o narcisismo e o complexo de Édipo são temas complexos e fascinantes dentro da psicologia. Ambos conceitos têm suas raízes nas teorias desenvolvidas por Sigmund Freud, o famoso psicanalista austríaco. Embora sejam conceitos distintos, eles estão interligados e desempenham papéis importantes no desenvolvimento da personalidade.
Entendendo sobre o narcisismo
Segundo Grunberger (1979) um dos principais paradigmas da psicanálise pode ser resumido em “onde houver Narciso, Édipo deve estar”. Para entendermos as principais relações entre esses termos, vamos primeiro explanar sobre a etimologia das palavras em questão.
O termo “narcisismo” origina-se da mitologia grega que conta a história de Narciso, um jovem muito belo que foi condenado a enamorar-se com sua própria imagem espelhada na água. Este amor por si mesmo o levou à morte, afogado em seu reflexo. Logo, o termo narcisismo está relacionado com a tendência que todo o ser humano tem de amar a si mesmo.
No entanto, segundo Freud, essa tendência pode ser doentia conforme certos parâmetros psicológicos. O pai da psicanálise diz que os narcisistas projetam sobre seus companheiros características que são próprias de sua personalidade, buscando assim nos outros aquilo que lhes é próprio, para que os amem da mesma forma que foram amados pelas suas genitoras.
O narcisismo para Freud
Segundo a teoria psicanalítica de Freud, durante os primeiros anos de vida, as crianças passam por uma fase narcísica, onde o foco principal de seu amor e interesse está voltado para si mesmas. Nessa fase, os bebês estão apenas começando a desenvolver uma consciência de si e exploram o mundo ao seu redor com base em suas próprias necessidades e desejos.
Ao desenrolar da história, as ideias sobre o narcisismo teorizadas por Freud ganharam vários adeptos no meio psicanalítico. Além disso, começaram a associar Narcisismo com o Complexo de Édipo a fim de ampliar a compreensão daquele. Esse complexo provém da mitologia grega, que narra a história de Édipo, um rapaz que mata seu pai e acaba tomando sua mãe por mulher, porém sem saber que eles eram seus pais.
Freud então apropria-se deste mito para teorizar sobre o desejo natural que uma criança tem pela sua mãe e a figura de “rival” do pai nessa relação. Logo, o complexo de Édipo é um conceito que descreve as emoções e os desejos sexuais inconscientes que uma criança experimenta em relação aos pais.
O desenvolvimento sexual
Deste modo, édipo é uma ideia criada por Freud para explicar o desenvolvimento sexual infantil em determinado período (entre 3 e 5 anos, denominada fase fálica) e suas relações com a personalidade e os comportamentos do indivíduo na vida adulta.
As relações entre o narcisismo e o complexo de Édipo estão principalmente relacionadas ao desenvolvimento da identidade e do amor próprio saudável. Durante a fase fálica, a criança busca a atenção e a aprovação dos pais como uma fonte primária de amor e valorização.
Se essa necessidade de amor e reconhecimento não for adequadamente atendida, a criança pode desenvolver um narcisismo compensatório, buscando a validação externa de sua autoestima e valor.
Relacionamentos saudáveis
Além disso, a resolução bem-sucedida do complexo de Édipo é fundamental para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e duradouros na vida adulta. À medida que a criança supera o complexo de Édipo, ela internaliza os modelos parentais e desenvolve uma imagem saudável de si mesma e dos outros.
No entanto, se esse processo for interrompido ou perturbado, podem surgir dificuldades no estabelecimento de relacionamentos íntimos e uma tendência ao narcisismo egocêntrico.
Os pais desempenham um papel crucial na resolução saudável do complexo de Édipo. Eles servem como modelos para a identificação e internalização dos valores e normas sociais da criança. O pai ou a mãe do mesmo sexo da criança desempenha um papel importante na formação da identidade de gênero, enquanto o pai ou a mãe do sexo oposto representa a figura pela qual a criança desenvolve seu desejo amoroso e identificação.
O narcisismo e o amor próprio
É importante frisar que o narcisismo em si não é necessariamente negativo. Um certo grau de amor próprio e autoestima é saudável e necessário para o desenvolvimento psicológico adequado. No entanto, quando o narcisismo se torna excessivo e desadaptativo, pode resultar em comportamentos egocêntricos, falta de empatia pelos outros e dificuldades nos relacionamentos interpessoais.
É importante ressaltar que o narcisismo e o complexo de Édipo são conceitos teóricos e nem todas as pessoas desenvolvem transtorno de personalidade narcisista ou enfrentam dificuldades na resolução do complexo de Édipo. Cada indivíduo é único e a interação entre esses conceitos pode variar amplamente.
Por fim, podemos concluir que as relações entre o narcisismo e o complexo de Édipo estão enraizadas nas fases do desenvolvimento infantil e na formação da identidade e autoestima. Embora o narcisismo e o complexo de Édipo sejam conceitos distintos, eles estão conectados em termos de influência mútua no desenvolvimento da personalidade.
QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
Conclusão
O estudo desses conceitos contribui para uma compreensão mais profunda dos processos psicológicos que moldam nossa maneira de ser e interagir com o mundo ao nosso redor.
Este artigo sobre as relações entre Narcisismo e Complexo de Édipo foi escrito por Rodiney Oliveira de Jesus([email protected]), pai do Gahel Estevan e Esposo da Liliane. É engenheiro; músico, professor de Matemática; Mestre em Educação em Ciências, Matemática e Tecnologia, e atualmente é cursista de psicanálise no IBPC.