in consciente

IN Consciente

Posted on Posted in Teoria Psicanalítica

Entenda sobre o in consciente. Em meio a tantos pensamentos, teorias sábias e que nos fazem não só pensar, mas refletir sobre seus fundamentos, suas lógicas e obviamente o que fez alguém raciocinar neste sentido, tenho de me apoiar em algo que tem ligação muito direta ao objeto de estudo central da psicanálise, a espécie humana, e a citação que diz: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” (Lei da conservação de massas de Antoine-Laurent de Lavoisier).

Entendendo o que é o in consciente

Por que o destaque a esta citação? Porque nossa ciência em específico trata da espécie mais mutável e evolutiva de toda cadeia animal. E em tratando-se de mutação e evolução, e aí temos de citar o brilhantismo de Charles Robert Darwin com a teoria da evolução das espécies, o que Freud trouxe à tona como uma nova descoberta e que traz sim todo um sentido e estruturação de nosso funcionamento psíquico, teve seu real desenvolvimento, início e processo de evolução quando?

As perguntas são inúmeras e o embasamento teórico toma outros rumos quando nos atentamos ao ponto de partida de cada fundamentação, brilhantes por sinal, que cada teórico, estudioso, pensador, cientista nos trouxe ao longo de anos e anos.

Estudos, diversas pesquisas científicas datam o aparecimento dos primeiros ancestrais da espécie humana em cerca de 3,5 a 4 milhões de anos atrás, e pertenciam ao gênero Australopitecus e diferenciavam-se dos demais primatas por conta da sua postura mais ereta.

 O in consciente e a cadeia evolutiva

Seguindo a cadeia evolutiva temos o Homo Habilis (2,4 milhões de anos atrás), Homo Erectus (1,8 milhões de anos atrás), Homo Sapiens (300.000 a 30.000 anos atrás) e o Homo Neanderthalensis (150.000 anos atrás) e que segundos dados históricos e científicos conviveram com o Homo Sapiens moderno por algum tempo (fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/a-evolucao-homem.htm#).

Pois bem, tomando como base o surgimento e evolução da espécie humana, bem como todos os períodos de desenvolvimento de tecnologias, ferramentas, conhecimento ao longo de milhares de anos, o surgimento de toda a nossa necessidade de socialização.

Eu me pergunto que tipo de estrutura psíquica possuíam os nossos ancestrais frente ao meio e as condições vividas em cada fase do nosso processo de desenvolvimento da nossa espécie. Quanto nosso ID refletia só a nós mesmos sem a necessidade de nos estruturarmos em camadas para suprirmos a adequação ao meio que nós mesmos fomos criando.

O método psicanalítico

Então, quando nos apoiamos em todo método psicanalítico brilhantemente desenvolvido por Freud e posteriormente enriquecido por vários outros estudiosos, desde seu ponto de partida como ciência psicanalítica, tenho de refletir com qual etapa do desenvolvimento humano estamos lidando sob a ótica de milhares e milhares de anos de evolução, adaptações, mutações.

Em nossa essência mais primitiva e há 3,5 milhões de anos atrás, provavelmente nosso ID, o EU, nós em essência nos fundamentávamos em princípios básicos somente e que internamente me passam a impressão de estarem intactos sob as mesmas premissas, sendo a vivência, que é diferente de sobrevivência, a preservação que é diferente de proteção, a satisfação que é diferente de prazer e poder e estabelecem entre em si um paralelo de ajustes internos e externos.

Éramos uma espécie “livre”, sem regras, porém com clara interpretação de valores e princípios fundamentados em nossa própria existência, com uma força vital atuante nos direcionando em um sentido único, singular que é a vida e a nossa própria preservação.

Consciente interno

Ao longo de milhares de anos de evolução, estes princípios básicos de fundamentação, como citado acima, parecem ter criado paralelos entre o consciente interno (Cs Int. – EU) e o consciente externo (Cs Ext. – Meio), buscando equilíbrio e a melhor forma de praticar e satisfazer necessidades, vontades e desejos, com a maior eficiência e economia de energia possível.

Nossa natureza, nossa essência apoiam-se cientificamente e comprovadamente em uma lei bastante simples e muito dinâmica, que é a LEI DO MÍNIMO ESFORÇO, da economia de energia em realizarmos as coisas com a maior eficiência possível; pois bem, quanto nosso sistema neural, sob o princípio desta mesma lei foi desenvolvendo estruturas psíquicas, neurais, objetivando nossa adequação ao meio com o maior conforto, eficiência e preservação possível?

Nitidamente “nosso sistema” não só é extremamente eficiente, dinâmico, inteligente, protecionista, mas evolui dentro de si mesmo sem cessar, e essa inteligência de desenvolver-se sobre ela mesma não é artificial (IA), e vem criando novas estruturas ao longo de milhares de anos frente a nossa própria necessidade de adaptação ao meio, este meio ao qual nós mesmos alteramos ininterruptamente.

O in consciente e a nossa estrutura

Penso que nossa estrutura inicial era somente ID (ao qual classificaria como EU, o indivíduo) fundamentado em vivência, preservação e satisfação e tudo isso impulsionado por toda nossa energia vital, que talvez seja uma centelha energética de extrema capacidade e que nos impulsiona num sentido unidirecional e não conflituoso sob a ótica mais primitiva. O que nos fez desenvolver novas estruturas, novas camadas que “encobrissem” a nossa essência, que sufocassem a nós mesmos?

Creio eu que o processo de socialização (não que isso seja algo ruim, pois para que a boa convivência entre a nossa espécie talvez fosse mais possível, “socializar” tenha sido a forma que os mais vulneráveis de nós, mas também os mais “analíticos” daquela época, encontraram para verem-se livres ou menos ameaçados das barbáries quando o que imperava sem chances de questionamento era a força).

Esse é um processo que tende a ser algo que nos alterou e continua alterando, nos conduziu à situação de seres divididos e em conflito constante perante a necessidade de equilíbrio entre nossa consciência interna e externa. Surge então essa proposta do IN Consciente (que é o que está dentro de nossa própria consciência, dentro de nós, absorvidos por nós, vivenciado e experienciado por nós e das mais variadas formas) parecemos ser muito mais conscientes do que nos avaliamos ser.

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    O nosso sistema

    Nosso sistema desenvolveu uma forma, uma estrutura dentro dele mesmo de analisar, absorver e armazenar acontecimentos conflitantes demais ao nosso entendimento e capacidade, formas de reter aquilo que ameaça a nossa preservação e assim os mantém lá “estacionados, inertes, porém em um processo de maturação”, talvez daí tenha surgido o termo: “Não temos maturidade ainda para lidar com isso”.

    As estruturas apresentadas por Freud em sua primeira e segunda tópica parecem ser a composição não somente de uma só estrutura, mas de estarem totalmente interligadas e que foram geradas de forma escalonada ao longo do tempo de nossa evolução objetivando o que a natureza faz de melhor que é sempre equilibrar as coisas.

    Penso que frente a necessidade e entendimento cada vez mais avançado e exigido do socializar desenvolvemos uma censura extrema inicialmente, o que viria a ser o que Freud chamou de Superego, uma fundamentação moral e ética exagerada e vedatória de nossas necessidades que fugiam e conflitavam de certa forma aos princípios básicos de vivência, preservação e satisfação.

    Um fluxo contínuo de informações

    Com isso, nosso sistema não processava através de um fluxo contínuo ligando essas informações ao meio. Provavelmente a necessidade de dar fluxo a estes conflitos e consequentemente gerar maior eficiência funcional com menor esforço fez com que nosso sistema evoluísse novamente, gerando uma nova estrutura de comunicação que não só absorvesse, mas que fosse capaz de ponderar possibilidades entre as manifestações pulsionais internas e as adequações necessárias ao meio para a execução ou não.

    Uma estrutura mais equilibrada e adequada aos princípios básicos externos (Sobrevivência, Proteção, Poder/Prazer) e paralelos aos princípios básicos internos (Vivência, Preservação, Satisfação), originando então o denominado por Freud, Ego (O Juiz, e talvez daí, o surgimento do popular: “Ah, tal pessoa não tem juízo!”). Não só a natureza mais uma vez atuando para equilibrar disfunções, exageros, conflitos, mas nossa natural inteligência (NI) aprendendo sobre si mesma e evoluindo, corrigindo-se.

    A necessidade latente e primitiva do ID, através de uma energia vital extraordinária, denominada por Freud de libido, passa a ter uma forma de comunicação mais equilibrada e mesmo vedatória com o meio através do Ego, mas como todo sistema em desenvolvimento, provavelmente encontrou conflitos, bugs, pois os princípios básicos fundamentais também passaram a operar em função e paralelamente ao meio.

    Corpo vivo e funcional

    Exemplificando, podemos viver comendo o necessário, mantendo nosso corpo vivo e funcional, mas podemos também sobreviver saboreando um pouco a mais de carne assada e bem temperada e acumular mais calorias, podemos nos preservar abrigando-nos do tempo, do vento, da chuva numa construção simples e que evite estas intempéries ou também nos protegermos em construções cada vez mais elaboradas, maiores, confortáveis, seguras e que exijam “maior esforço e dedicação” para isso.

    Podemos nos satisfazer por termos comido e termos “teto”, ou podemos buscar o prazer em irmos a um restaurante conceituado, elaborado e pagarmos uma quantia considerável por um prato de um chef, mostrando através disso também o nosso poder.

    Acredito que fique mais claro como essa nossa consciência interna (Cs Int.) e externa (Cs Ext.) caminham em paralelo e em constante ajuste de princípios fundamentais (princípios que internamente parecem seguir uma cadeia de valor muito bem estabelecida na ordem do viver, preservar, satisfazer como sendo um default da nossa espécie.

    O in consciente e o metaverso

    Mas que externamente varia em relação a cadeia de valor e opera e ranqueia estes princípios fundamentais externos sendo a sobrevivência, proteção, poder e prazer conforme os valores e princípios de cada indivíduo. Toda essa equação busca fornecer-nos o maior conforto e eficiência possível através de várias estruturas e mecanismos desenvolvidos, adaptados e evoluídos ao longo de nossa história evolutiva.

    E falando em mecanismos e toda essa interação entre ID, Superego, Ego, consciente, in consciente, indivíduo, meio, fica claro as adaptações do nosso sistema em tentar nos gerar conforto, eficiência, menor esforço e vai estruturando a tudo isso nossas defesas. E uma delas, trazendo à um conceito mais atual, podemos comparar com a realidade virtual, com o metaverso criado por nós mesmo e a isso em nós, chamamos de sonhos, algo que apresenta-se como uma forma de realizarmos para e em nós mesmos muitos de nossos desejos, vontades, e aliviarmos nossas frustrações.

    Penso sermos e termos um sistema psíquico, neural, incrivelmente funcional, extremamente consciente, que aprende sobre si mesmo e evolui incessantemente na busca do menor esforço e maior equilíbrio possível com o meio.

    Conclusão

    Porém como toda e qualquer coisa que conhecemos e que está em desenvolvimento, em evolução e exposta contínua e incessantemente a mudanças, possivelmente conflitos e mau funcionamento também estarão presentes e a forma de tentarmos resolver e operarmos melhor aquilo que chamamos de nós, é tentando acessar informações que nos levem a conhecer e interpretar da forma mais assertiva possível o nosso próprio manual de funcionamento.

    Este artigo sobre “in consciente” foi escrito por Alison Cristiano Marcolongo([email protected]). Sou Alison, paulista, nascido em 1976 na cidade de Araraquara. Apaixonado por pessoas e constantemente motivado a tentar auxiliar de alguma forma o melhor entendimento do ser humano por ele mesmo. Humanamente, há 46 anos convivendo e aprendendo diariamente com inúmeras pessoas a tentar ser mais sábio e a trocar esta sabedoria adquirida com o meio constantemente, visando um legado construtivo e colaborativo. Tecnicamente, Administrador de empresas por formação, MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV e atuação profissional na área comercial de segmentos variados há mais de 25 anos.

    4 thoughts on “IN Consciente

    1. EVERTON DE MOURA GUEDES disse:

      Que maravilha de contribuição

      1. ALISON CRISTIANO MARCOLONGO disse:

        Obrigado por ler e espero ter contribuído com alguma informação relevante e instigar alguma linha de pensamento.

    2. Muito bom o artigo publicado. Pois retratou com qualidades as estrutura do “in consciente” e suas transferências. Além de abordar as topicas freudiana os quais estão interlogados de alguma forma.
      Maravilhosa a conclusão, principalmemte pelo fato de vc expressar ser “apaixonado por pessoas” e diante disso acredito que as ajuda na medida do possível.

      1. ALISON CRISTIANO MARCOLONGO disse:

        Olá Alexandrina, obrigado por ler e comentar. Trocar conhecimento, expô-lo de alguma forma para que outras pessoas acessem é muito gratificante, e a paixão pelas pessoas motiva a isso sempre.

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