lapsos da fala

Lapsos da fala: definição e exemplos

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Entenda sobre os lapsos da fala. Com frequência no dia a dia nós deparamos com equívocos motores ou linguísticos que julgamos não passar de confusões do nosso funcionamento mental. Tais enganos são denominados na psicanálise como: “atos falhos ” e são de suma importância para o contexto clínico como material analítico/interpretativo do inconsciente.

Neste artigo, serão abordados os lapsos da fala que estão intimamente ligados aos atos falhos, atravessando sua ligação com conteúdos recalcados.

Definição de “atos falhos” e lapsos da fala

Para um melhor entendimento diante do conceito posto, podemos entendê-lo, como sendo segundo Laplanche & Pontalis ” Ó ato em que o resultado explicitamente visado não é atingido, mas se vê substituído por outro.

Fala-se de atos falhos não para designar o conjunto das falhas da palavra, da memória e da ação, mas para as ações que habitualmente o sujeito consegue realizar bem, e cujo fracasso ele tende a atribuir apenas a sua distração ou o acaso”.

Contudo Freud irá se debruçar diante dos estudos dos atos falhos os conceituando e os analisando em sua clínica. Neste contexto o mestre de Viena, encontrará uma íntima ligação ou formação de compromisso entre os lapsos e o inconsciente.

Os lapsos da fala e sua relação com o inconsciente

Portanto esta formação de compromisso seria mais um meio para o que é “desconhecido ” ou censurado por nós, se expressar. O inconsciente viria a se mostrar também por meio dos lapsos, se apresentando pelo nosso julgamento mental como “erros”.

Porém, disfarçadamente, se dariam como acertos, pois os equívocos também seria uma via régia para a expressão de desejos recalcados, (p.ex. quando se deseja fazer ou dizer algo porém no contexto algo externo ao indivíduo lhe impede de realizar, se realizaria pelos “erros”).

Portanto o que se julga como erros seriam intimamente acertos. Porém não se pode generalizar os atos falhos definidos como sendo somente a expressão de desejos inconscientes, os lapsos devem receber uma análise detalhada para assim se chegar no núcleo da interferência(sua causa).

Lapsos da fala

Nesse contexto, em 1901, S.Freud irá publicar o livro “psicopatologia da vida cotidiana”, com o propósito de explicar os equívocos do dia a dia e encontrar uma relação com aquilo que há de profundo no nosso psiquismo. No entanto, Freud não foi o primeiro a se voltar seu interesse às “parafasias” da vida cotidiana.

Em seu livro intitulado de estudos anteriores, creditando autores como: Meringer & Mayer, que foram responsáveis por compilar casos e classificar diferentes razões para o mesmo resultado, no caso os lapsos da fala.

Porém Freud não se restringiu somente a explicações casuais, e encontrou uma íntima ligação com o inconsciente, um elemento que fora de imediato recalcado pelo indivíduo por ser incompatível com o nosso ego e o superego.

Perturbações da fala e suas causas

A obra de Freud chega e desintegra totalmente a noção que se tinha na época a respeito dos equívocos que compõem o nosso dia a dia. No capítulo V de sua obra, o autor abordará as causas dos lapsos da fala, onde ele propõe umas das causas para as manifestações do lapsos da fala como sendo ela um tipo de: Relaxamento da “atenção inibidora”.

Na qual não permitiria a transposição das palavras( passagem do inconsciente para nível consciente) que estão pouco abaixo do limiar da consciência ou inconscientes, no caso de tal relaxamento, o psiquismo do sujeito fica livre para:

  • associações entre as palavras que já estavam para ser pronunciadas [p.ex.: maçã + galã= malã],
  • antecipando suas pronúncias tendo como resultado uma mistura de palavras (como por exemplo em um contexto um indivíduo julga em seu íntimo para si próprio algo como repugnante, o mesmo poderá manifestar esse julgamento através de um lapso da fala)
  • ou também entre aquelas palavras que, se desejaria dizer mas que porém são censuradas tanto pelo próprio sujeito ou pela moralidade do ambiente externo a ele.

Sobre Freud

Freud ainda pontua que no caso dos lapsos da fala se daria ao trabalho de condensação assim como ele apresentou primeiramente nos sonhos. Portanto este se daria ao trabalho de “fusionar” tais elementos do material inconsciente que teriam uma certa semelhança.

Que portanto serviria para a criação de um terceiro elemento que é uma representação mista ou de compromisso. Em sonhos este terceiro elemento representa ambos os seus componentes, e é por se originar desta maneira que recebe características contraditórias.

Concluindo: sobre os lapsos de fala

Pode-se concluir que os atos falhos não são meros eventos que preenchem o nosso dia a dia e a subjetividade do indivíduo e toda sua trajetória de vida, eles são dotados de sentido, tão profundos com uma relação à expressão do inconsciente, não existe um meio para se calar totalmente o inconsciente ele de alguma forma sempre irá encontrar uma maneira de se manifestar e descarregar a energia que carrega.

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    Este é ainda mais, mais uma contribuição para o conceito e sua veracidade, sua importância dentro do nosso psiquismo e sua relevância. Portanto complexo e de difícil conceituação porém com formas poéticas de expressão.

    A psicanálise não é só uma ciência com uma linguagem única, ela se mostrou arte e poesia. Durante sua trajetória, se mostrou uma forma de cura, e de entender o ser humano até onde ele desconhece em si. Tudo possível por Freud que em meio ao seu tempo não se absteve a críticas e censuras.

    Este artigo sobre lapsos de fala foi escrito por André Medina ([email protected]), concluinte do curso de formação em psicanálise.

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