Michael Jackson é uma das figuras mais lembradas do mundo, seja pelo talento ou pelas polêmicas. Mesmo após sua morte, sua construção de vida instiga muitas pessoas e relevam um misto de compaixão e angústia. Vamos entender melhor como funcionava sua mente e como diversos eventos impactaram em sua construção social.
Índice de Conteúdos:
A infância conturbada
Até certo ponto, Michael Jackson cresceu como uma criança comum, mesmo tendo vida difícil. Quando menor, passou a sofrer com a repressão continua do pai que impedia que ele e os irmãos brincassem. Na ânsia em viver, todos fugiam de casa para brincar e cantar pela vizinhança. Nisso, Joseph enxergou uma oportunidade de ganhar dinheiro.
Por volta dos 11 anos, Michael integrava o Jackson 5 com mais quatro irmãos, construindo seu nome. Entretanto, essa passagem ficou marcada pela violência que os garotos sofriam nas mãos do pai. Michael era um dos que mais sofria nas mãos de Joseph. O mesmo chegou a observar seu pai matar seu rato de estimação chamado Ben.
Ademais, cabe uma ressalva a essa parte de sua vida, já que o cantor não tinha amigos. Ainda que quisesse brincar, o mesmo era obrigado a ficar horas ensaiando e trabalhando em estúdios e show. Por conta da figura repressiva de Joseph, o garoto desenvolveu problemas psicológicos que se agravaram com o tempo, afetando sua imagem e corpo.
Complexo de Peter Pan
Michael procurava imortalizar a figura infantil à qual não teve acesso a todo custo. A infância desenvolve um papel importante na construção psíquica e social de uma pessoa. Por meio dela é que construímos nossas identidades, descobrimos tendências e criamos resiliência. Essa etapa foi negada a Michael Jackson.
Ao longo do tempo, o cantor buscou formas de compensar essa falta em sua vida. O maior exemplo se encontra no parque que criou, chamado Neverland, ou terra do nunca. Nele, Michael brincava como podia, convidando várias crianças para passar o tempo com ele. Foi daí que surgiram as acusações de que ele era um pedófilo.
O desejo de Michael em reviver a infância se dá pela busca de um ambiente imaculado de pureza. Seu crescimento foi permeado por muita dor e angústia, sendo esta a única realidade que conheceu. Ainda que fosse um homem adulto, e também por conta de sua carência afetiva, procurava resgatar sua persona infantil.
Características
Além do trabalho em si, Michael Jackson destoava um pouco das demais pessoas. O comportamento do astro era bastante característico, de modo a fixar bem a sua imagem no imaginário popular. Ainda que para alguns soasse engraçado, tudo era motivado pela criação à viveu, originando:
Fragilidade física e mental
Michael lembrava um boneco de vidro prestes a rachar com qualquer brisa. Como dito linhas acima, a infância proporciona a construção de uma persona mais equilibrada e bem feita. Dessa forma, o cantor não aprendeu a se preparar física e mentalmente às oposições. Ele era bem frágil fisicamente e instável quanto sua mente.
Insegurança
Observando sua história, fica evidente o quanto o artista era inseguro em relação a si mesmo. Michael não hesitava em mexer na própria aparência, de modo a mudá-la constantemente. Isso fica evidente nas transformações bruscas no nariz e na estrutura do rosto, mudando significativamente sua aparência junto ao vitiligo.
Gentil
O cantor, por mais que fosse provocado, jamais revidou, seja em público ou não. Por causa da insegurança, se acredita que Michael evitava contrariar o bem-estar comum dos outros e depois de si. Sua voz, postura e ações aplicavam nele um pacifismo admirado por uns e contrariado por outros.
O pai
Joseph Jackson, em detrimento à imagem de Michael Jackson, se imortalizou como um dos maiores carrascos do entretenimento. Isso porque o mesmo não se importava com o bem-estar dos filhos, de modo a cansá-los e explorá-los de forma contínua. Joseph prezava unicamente o dinheiro e via nos filhos uma fonte inesgotável para tal.
Quando olhamos a vida do cantor, somos levados a crer que tudo rumaria a um caminho diferente sem o pai. Caso Michael tivesse recebido amor, carinho e compreensão, talvez não se mostrasse tão instável na fase adulta. Ademais, também podemos ver que tudo o que ele usava como compensação se deve à imagem de Joseph.
O comportamento do pai acaba sendo perpetuado nos irmãos mais velhos, de modo a reprisá-los. Michael lembrava com pesar de episódios onde era forçado pelos irmãos a se encontrar com desconhecidas. Mais uma vez, reiteramos que sua criação o forçava a compensar esses episódios com bebidas, drogas e remédios.
Problemas
A vida conturbada de Michael Jackson deixou graves sequelas em seu corpo e mente. O astro sentiu até a morte como todo o seu círculo prejudicou sua caminhada até a fase adulta. A instabilidade o levava de cima para baixo, arrastando sua vida, família e carreira junto. Com isso, notamos em seus passos:
Carência
Como dito linhas acima, Neverland serviu de fonte para suprir as necessidades emocionais do cantor. Por um momento, ele podia resgatar a imagem que almejava para si e abstrair tudo de ruim que viveu até aqui. Contudo, isso se estendia para outras áreas de sua vida. Michael acumulou dívidas estratosféricas em compras e outros consumos.
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Depressão
O cantor dava sinais contínuos que se assemelhavam a um quadro depressivo. Ele não sabia lidar bem com agressões, se isolava, evitava falar sobre si e se compensava de alguma forma. No caso dele, isso passou a ser feito com intervenções e uso de medicamentos. Aliás, foi justamente uma aplicação mal administrada que causou sua morte.
Perfeccionismo
Michael evitava errar em suas danças, músicas e até na vida pessoal, embora não conseguisse. O perfeccionismo remete diretamente ao quadro depressivo, já que o indivíduo evita chamar atenção para suas falhas. Ele tenta a todo custo realizar um trabalho bem construído porque não consegue lidar com críticas.
Comentários finais sobre a biografia de Michael Jackson
Assim como o seu trabalho, Michael Jackson repercutiu em todo mundo com sua dolorosa história de vida. Com isso, se tornou o exemplo máximo do que abusos contínuos podem fazer com uma pessoa. Sua dor era externada da forma como podia, seja em músicas, chistes e nas polêmicas.
Assim como tantos outros artistas que viveram situações semelhantes, pensamos em como poderia ter sido com assistência especializada. Talvez ele pudesse retomar o controle de si, de modo a demonstrar uma saúde física e mental mais completas. Traumas podem ser monstros gigantes que nos consomem de forma lenta e ardorosa.
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6 thoughts on “Michael Jackson: Uma análise psicanalítica”
Olá. Michael realmente ficou muito rico e isso tornou possível a Neverland. É possível que uma pessoa cuja construção da infância foi severamente afetada, por questões similares as do Michael, consiga projetar uma Neverland em algum lugar? Tornar um certo local sua Neverland. Uma pessoa que não tenha o patrimônio que o cantor possuia.
Obrigado.
Vejo que não precisa ser do tamanho de Neverland, mas quando há uma pessoa carente, ela vai tentar suprir de outras formas sua carência… sempre vai ter um lado que ela precisará extravasar, se expressar. Caso contrário, a pessoa pode somatizar e até mesmo se suicidar…
O Michael teve uma infância! Trabalhar como estrela infantil não faz com que alguém perca a infância. Existiu e continua a existir pessoas com infâncias muito piores que a dele.
Michael tinha uma personalidade hipersensível e perfecionista e foram estas características que estão na base dele ter desenvolvido dois prováveis transtornos: o transtorno dimórfico corporal e o transtorno de personalidade Borderline. O que é que estes dois transtornos têm em comum? A falta de aceitação e a falta de amor próprio.
As experiências do Michael no meio artístico provavelmente foram o gatilho para algo latente na sua personalidade. A transição da infância para adolescência foi um período muito conturbado. A popularidade e o sucesso dos Jackson 5 começava a sofrer um declínio e a aparência do Michael estava a mudar de um menino que o público aplaudia e queria levar para casa de tão lindo e fofo que era para um adolescente com borbulhas. Provavelmente associou a sua transição de criança para adolescente ao fato de se começar a ver como feio e também ao declínio do sucesso do Jackson 5.
Também houve aquela experiência que ele contou que o marcou profundamente em que uma fã entrou à procura do pequeno Michael e quando olhou para ele fez uma cara esquisita e soltou um som de repugnância.
O Michael cedo percebeu que o mundo artístico era um mundo volátil e que o público ama enquanto se tem sucesso e no outro dia esquece-te e que isto acontece com a maioria dos artistas exceto uns poucos que são a exceção. Esta perceção deve ter desencadeado um grande medo nele em criança, o medo de perder a carreira e o sucesso que tinha conquistado e consequentemente o medo de não ser amado e digno de amor.
O fato do Michael ter tido pouca experiência com outras crianças criou espaço para a idealização. Ao longo da sua adolescência ele acabou por idealizar as crianças como seres perfeitos e o mundo infantil como perfeito. O mundo que ele queria regressar como forma de fuga à dor e toda a imperfeição que ele via nele próprio quando fez a transição de criança para adolescente.
Sem dúvida que crianças com uma personalidade hipersensível e perfecionista e pais frios e castigadores podem desenvolver o transtorno de personalidade borderline.
As crianças com este tipo de personalidade “frágeis” normalmente desenvolvem transtornos se não conseguem encontrar amor próprio dentro de si.
Se eles não encontrarem amor próprio dentro de si e começarem a ver o mundo através de lentes distorcidas, eles vão pedir/exigir que os outros os façam sentir amados, algo que nunca será possível pois eles próprios têm de aprender a receber a amor e para isso é necessário que eles se achem dignos de amor. Infelizmente o seu perfecionismo impede-os de ver a perfeição na imperfeição e que o amor verdadeiro está em amar a imperfeição.
Ele não tinha borderline. Como existe pessoas que gostam de falar oque não sabem.
Convive por anos com uma amiga que tem Borderline, e ela era uma pessoa muito difícil de conviver, suas crises são constantes ao ponto de atrapalhar até hoje sua vida social e financeira.
Ela simplesmente não consegue se adequar a ambiente de trabalho algum.
Pois quem tem Borderline, tem o tipo da crise de paranóia, que a pessoa acredita que todos estão tramando contra ela. Fica quieta em um canto, some do nada sem dar notícias.
E a crise de loucura, de arriscar a própria vida, de brigar na rua, de perder a noção das coisas.
Michael nem de longe tinha esse transtorno.
É um transtorno muito evidente em quem tem, que até quem acabou de conhecer percebe.
Mais uma vez. O transtorno Borderline, é muito além de algo mental, psicólogico.
É físico. O cérebro de pessoa com Borderline não funcionam da mesma maneira que cérebros comuns.
Da mesma forma que um cérebro de um Psicopata também não, o de um narcisista, e de outros transtornos cerebrais também.
Não é atoa que para se diagnosticar uma pessoa assim, precisa primeiro chegar a fase adulta, em que o cérebro já se formou completamente.
E exames de neurologia, para diagnosticar o funcionamento incomum daquele cérebro.
Ainda bem né! Já pensou viver em um mundo onde pessoas seriam diagnósticadas com base em achismos igual a esse seu comentário?
Olá, grata pelas analises. Sou uma fã de MJ e ultimamente tenho re assistido os documentatios mais importantes sobre ele.
Sua ex esposa Lisa afirmou em uma entrevista que um dos motivos de ela nao conseguir lidar com a situação é que ele não via qie estava rodeado de vampiros. Ela tambem fala sobre isso de nao ser contrariado, pois em never land ele era o rei, ele construiu seu mindo ele tinha manequins dentro da casa para nao se sentir só.
Mj dormia no mesmo quarto onde os irmaos tinham relações sexuais com fans durante os shows. Eld cresceu com irmaos e o proprio pai fazendo bullying..isso deixa qualquer criança com traumas.
So me perguntou porqie ele nao tinha um psicólogo????
Lisa sofreu tanto, declarou que o amava muito e gostaria de ter feito mais lor ele.
Para mim é insuperável a perda d MJ