O nosso imaginário e a nossa cultura são permeados por mitologias vindas de diversos lugares: seja a cristã, romana ou grega. Mas, infelizmente, pouco ou nada conhecemos sobre a mitologia tupi-guarani.
Esse texto tem como objetivo trazer para você um pouco desse sistema, sendo ele bastante rico e que tem a sua história contada pelos nossos antepassados.
1 – Mitologias predominantes ao longo dos tempos
Cristã
Desde tempos remotos, a cosmovisão que acabou se constituindo para nós foi a eurocêntrica. Coloquemos como exemplo a mitologia cristã. Ela parte do princípio que Deus é o ser supremo, criador dos céus e da Terra.
A partir dele, tudo foi criado: o dia e a noite, as plantas, os animais, os seres humanos. E assim, a constituição das cidades e dos povos foram no sentido de alimentar a crença no Deus criador e espalhar isso para outros grupos.
Ou seja, uma série de histórias foram compiladas como registro escrito de uma visão cristã. Esta compilação é a Bíblia.
Grega
A mitologia grega também se concentra na figura de Zeus como ente criador. Porém, nesta crença, existem outros deuses, cada um como guardião de algum elemento.
Por exemplo, temos Poseidon como rei dos mares e oceanos. Hades é o deus dos mortos e do inferno. Já Atena é a deusa da sabedoria, das artes e da guerra.
Além disso, segundo esta visão, os deuses são antropomórficos. Isto é, são imortais, mas possuem características humanas e tem sentimentos assim como nós. Eles são sábios, no entanto, podem ser coléricos e fazer julgamentos alheios à justiça.
2 – A etnia tupi-guarani
Quando Pedro Álvares Cabral e sua frota ultramarina desembarcaram no Brasil, acharam que tinham chegado às índias, seu destino final. Foi aí que descobriram ter entrado em uma terra diferente, “primitiva”, segundo os relatos de Pero Vaz de Caminha.
Nela residia há muitos anos uma etnia denominada pelos estudiosos de Tupi. Os tupis ocupavam não só o que hoje chamamos de território brasileiro, mas grande parte da costa leste.
Os tupis tinham muitas ramificações (troncos linguísticos) derivadas da evolução natural do homem. Várias etnias possuíam semelhanças na língua falada, nos costumes e também, nas crenças religiosas.
Ou seja, como existiam muitos grupos compartilhando uma crença em comum, a possibilidade de haver mais de uma versão é grande. Por isso, nos atentaremos a mitologia da família linguística tupi-guarani.
3 – Mitologia Tupi-Guarani e o mito da criação
Assim como em muitas mitologias, determinados episódios da criação são bem semelhantes. E a lenda dos tupis guaranis sobre a criação do mundo não foge à regra.
No início, era o caos. Não havia nada, nem mesmo a Terra. Mas havia uma energia geradora. Era um ente feminino de nome Jasuka que criou o Nhanderuvuçu ou o Nosso Avô Eterno. Ele usava um diadema que desse ornamento se levanta a Ñande Jari ou Nossa Avó.
O Nhanderuvuçu então criou a terra e os céus a partir da Jasuka, que dizia ter flores em seus seios. Na terra, havia quatro pontos cardeais e nesses pontos, quatro elementos, mais o elemento do centro. Esses pontos seriam em formato de cruz.
Além disso, cada ponto era uma morada para uma respectiva divindade: no leste, existe o fogo sagrado; no norte, a neblina; no oeste, estava as águas e no sul, o poder gerador.
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Os primeiros humanos
Em um certo momento, houve uma tensão entre o Nosso Avô Eterno e a Nossa Avó, pois ela não fez um favor para ele. E isso o afetou de tal forma que resolveu destruir a sua criação. Para acalmá-lo, a Nossa Avó começou um cântico com um instrumento de percussão chamado tukuapu.
O Nosso Avô resolveu imitar seu movimento, tocando um Porongo e nisso, foi gerado o primeiro homem. Ele também tocou uma taquara em um cesto sagrado, que faz um som parecido com o tukuapu – são feitos do mesmo material, o bambu – e gerou a primeira mulher.
Os descendentes
A partir desses entes criadores, temos o Nosso Pai de Todos, que foi o responsável por dividir as tribos e colocar montanhas, rios e florestas entre elas. Ele também criou o tabaco ritualístico e a flauta sagrada dos tupis, instrumento usado até hoje em rituais.
Ademais, existe a Nossa Mãe. É ela que recolhe as almas até os sete céus ou para a casa da escuridão. Ela também é mãe dos gêmeos Guaraci e Jaci.
Os Gêmeos
São várias lendas que contam a origem e história de Guaraci e Jaci. Guaraci é a divindade do sol. Ele tem a missão de cuidar dos seres vivos durante o dia, fornecer o calor e a luz do sol.
Conta a lenda que Guaraci estava cansada de ficar sempre nessas tarefas e foi dormir. Quando ele fechou os olhos, as trevas tomaram conta da Terra. Para que o céu ficasse iluminado, Jaci foi designado como o deus da lua.
Jaci é a deusa protetora da lua, das plantas e da reprodução. Conta-se que em alguns rituais, as indígenas rezam para Jaci para que ela proteja seus maridos que saem para caçar e guerrear. Ao ouvir essas preces, ela cuida para que os indígenas sintam saudades e voltem para as suas famílias.
Ademais, existe o encontro dos gêmeos, que é quando o dia se finda e começa a noite. Nesse encontro, Guaraci acabou se encantando pela beleza de Jaci. Mas sempre quando terminava o dia, ele dormia e não conseguia mais vê-la. Por isso, ele pediu para que Tupã criasse Rudá, o mensageiro e deus do amor. Rudá pode andar tanto na luz quanto na escuridão. Sendo assim, a união passou a ser possível.
4 – Tupã
Mencionamos Tupã, mas ainda não tínhamos falado sobre sua história. Sua origem também tem diversas fontes. Algumas delas dizem que ele e Nhanderuvuçu são a mesma entidade. Outras, que ele foi criado. Há também a lenda que mostra Tupã como sendo o marido de Jaci.
De qualquer forma, Tupã é o deus da criação, do trovão e da luz. Ele controla os mares e sua voz ecoa através das tempestades. Ele criou os primeiros seres humanos no topo de uma colina onde hoje é a cidade de Areguá, uma cidade perto de Assunção, no Paraguai. Além disso, pediu que os humanos se reproduzissem e vivessem em harmonia.
5 – Outros deuses
O panteão de deuses tupi-guarani também é formado por Caramuru, o deus dragão, que controla as ondas dos oceanos; Caupé, a deusa da beleza; Anhum, o deus da música que tocava o Sacro Taré, instrumento criado pelos deuses. Além disso, temos Anhangá, o protetor das matas. Sua missão era proteger os animais dos caçadores.
Considerações Finais
Como vimos, a mitologia Tupi-Guarani é muito abrangente. Por ter uma tradição oral, suas lendas possuem diversas versões e todas elas de alguma forma, tem semelhanças com outras religiões no que tange a origem dos seres vivos.
Assim como essa mitologia, tantas outras são alvo de pesquisas que abordam a relação entre fé e ciência. Por isso, não perca tempo e seja um aluno do curso online de Psicanálise Clínica. Você terá uma oportunidade ímpar de aprender esse e tantos outros conteúdos.
1 thoughts on “Mitologia Tupi Guarani: mitos, deuses e lendas”
Sou formado em Filosofia e tenho interesse nesse curso.