ninfomania conceito

Ninfomania: significado para a psicanálise

Publicado em Publicado em Comportamentos e Relacionamentos, Psicanálise

A ninfomania é um transtorno psiquiátrico que tem como principal sintoma um apetite sexual constante e insaciável. No entanto, esse problema não está relacionado à produção de hormônios sexuais. Se assim fosse seria facilmente resolvido com um bom médico endocrinologista. O grande problema da ninfomania é ser uma compulsão, ou seja, a pessoa não tem capacidade controlar o seu impulso sexual.

É preciso ter cautela com esse diagnóstico. Geralmente, é considerado ninfomania quando começa a prejudicar a vida da pessoa em todos os aspectos, como no trabalho. Não há critérios para diagnosticar um quadro de ninfomania.  O diagnóstico é dado apenas depois de o psiquiatra ou psicanalista conversar e analisar qual seria a causa do transtorno.

Nesse contexto, não existe um médico ou psicanalista que possa, de acordo com um conjunto de normas, estabelecer se o desejo sexual da paciente passou do limite da normalidade. O desejo é algo pessoal, que varia entre indivíduos. Se há compulsão, a mulher deve buscar voluntariamente por ajuda. Isso quando entende que aquele seu desejo está atrapalhando sua vida e causando sentimentos negativos, como vergonha.

Somente nas mulheres a compulsão sexual leva o nome de ninfomania. Nos homens, é conhecida como satiríase.

O que provoca a ninfomania?

Não há uma causa específica para o surgimento dessa ou de qualquer compulsão. Da mesma forma que pode ser para tentar suprir alguma falta na vida da mulher, pode ser também uma forma que ela encontrou para aliviar algum estresse. Ceder ao impulso sexual não resolve problemas maiores. Por essa razão, a pessoa compulsiva continua cedendo em busca de solução e entra num ciclo prejudicial à própria vida.

Mulheres que sofreram traumas na infância ou possuem algum outro transtorno mental, como o bipolar, podem ter mais chances de desenvolver a ninfomania.

Há algumas hipóteses da origem, como diz o psiquiatra Glenn-Gabbard. O abandono físico ou afetivo dos pais nos primeiros anos de vida provoca no indivíduo provocam traumas que podem se tornar diversos tipos de compulsão. Nesse contexto, algumas dessas crianças, já na infância, apresentam alguma compulsão, como a alimentar.

Repressão sexual de mulheres e ninfomania

Quando corretamente diagnosticada, uma mulher com ninfomania é, na verdade, portadora de um tipo de compulsão. Nela, a mulher tenta preencher algum vazio ou buscar algum tipo de alívio através do sexo. Assim como qualquer outra compulsão, o tratamento é imprescindível. Isso porque afeta a vida em todos os aspectos.

Porém, por muitos anos, o termo “ninfomaníaca” foi usado para simplesmente designar mulheres que expressam mais a sua sexualidade do que o que é esperado pela sociedade. Tomemos como exemplo o século XIX, em que alguns tratamentos psiquiátricos eram desenvolvidos de forma extremamente cruel. Diagnósticos errados de ninfomania levavam mulheres a terem seus clítoris decepados e seus cérebros eletrocutados.

A iniciativa sexual feminina é um tabu, pois não se fala tanto sobre isso. Assim, a responsabilidade pelo sexo em um relacionamento acaba sendo designada ao homem. Dessa forma, uma mulher com iniciativa ou com uma relação saudável com a própria sexualidade, sai do “padrão” social e acaba considerada “ninfomaníaca”. No entanto, o diagnóstico é atribuído erroneamente.

Nesse contexto, ninfomania é o nome de uma doença que também é utilizado pejorativamente para designar mulheres que, de alguma forma, saem do padrão esperado. Isso se estiver buscando muitos parceiros ou exercendo fantasias. O termo também traduz o mito da mulher insaciável por sexo, extremamente explorado pela indústria pornográfica.

Problemas relacionados à sexo podem ter diversos nomes e causas. No entanto, para mulheres é muito mais fácil que isso se resuma a ninfomania. No caso dos homens, dificilmente consideram um transtorno quando ele se envolve com muitas parceiras. Isso porque o envolvimento sexual com múltiplas parceiras é bem aceito socialmente.

Por isso, temos que saber diferenciar o que é uma compulsão da relação do indivíduo com sexualidade.

Sinais de ninfomania

Apesar de não haver uma fórmula ou conjunto de sintomas específicos do transtorno, alguns sinais devem ser observados na hora do diagnóstico. Apresentamos alguns deles a seguir.

Compulsão por sexo

Fazer sexo o tempo todo e procurar múltiplos parceiros, por si só, não é compulsão. O que caracteriza o transtorno é a falta de capacidade de resistir ao impulso do sexo, não importa a hora e o lugar. É uma necessidade incontrolável que precisa ser resolvida com urgência, e que leva à procura de mais de um parceiro no mesmo dia.

Masturbação excessiva e uso exagerado de pornografia

No filme “Ninfomaníaca”, determinada cena mostra a protagonista ferida por causa de masturbação excessiva. Mesmo tendo muitos parceiros por dia, ainda assim ela tinha necessidade de masturbação.

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    Da mesma forma, há procura e uso exagerado de vídeos pornográficos todos os dias, especialmente se a pessoa tem fantasias específicas que os vídeos podem mostrar. A masturbação e o consumo desses vídeos também fazem parte da compulsão quando resistir a eles se torna impossível.

    Fantasias sexuais recorrentes e intensas

    Ter fantasias sexuais é comum e saudável. Mas tê-las de formas intensas e recorrentes de forma que você não pode controlar é um sinal de compulsão. Isso afeta até mesmo a capacidade de concentração da mulher em tarefas necessárias do dia-a-dia ou trabalho.

    Relação sexual com um ou diversos parceiros

    Os números de parceiros de uma pessoa com ninfomania são maiores do que o normal. Elas buscam muitas relações com um parceiro de cada vez ou com vários ao mesmo tempo.

    Compulsão por diversos relacionamentos afetivos

    Não somente sexual, a ninfomaníaca pode ter compulsão por afeto com múltiplos parceiros. No entanto,  nesses relacionamentos não necessariamente há sexo. Além disso, a mulher pode manter vários simultaneamente.

    Muitas vezes, o transtorno está relacionado à necessidade da pessoa em aliviar sentimentos ruins dentro de si. Portanto, ter relacionamentos afetivos pode se tornar uma fonte de alívio momentâneo.

    Falta de prazer ou satisfação

    Engana-se quem acha que uma mulher ninfomaníaca sente prazer em toda e qualquer relação. Pelo contrário: a busca incessante por preencher um vazio tão grande só traz angústia e sofrimento. Por isso, é muito comum que a ninfomania venha acompanhada de ansiedade ou depressão.

    Como mulheres acabam passando o dia pensando em suas fantasias, em buscar e encontrar com parceiros, acabam também sentindo muita vergonha pela sua condição.

    Tratamento

    Junto com psiquiatra e psicanalista, é preciso primeiro buscar se existe algum outro distúrbio ou transtorno que pode estar causando a compulsão em sexo. Há remédios que tratam de transtornos da compulsão. No entanto, ter um acompanhamento terapêutico é essencial para buscar resolver a causa do problema.

    Também deve haver uma investigação da saúde da pessoa, para saber se houve contração de alguma doença sexualmente transmissível. Problemas hormonais também devem ser investigados. Nesse contexto, as visitas ao endocrinologista e ginecologista devem ser feitas em conjunto.

    Por fim, todos precisamos, inclusive as portadoras do transtorno, nos munir de informações sobre a compulsão. Isso para desconstruir todo o preconceito que temos sobre o assunto. É importante que essa desconstrução seja feita, já que ninfomania tem sido um termo usado de um jeito pejorativo durante tantos anos.

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    5 thoughts on “Ninfomania: significado para a psicanálise

    1. Olá, boa tarde! Gostaria a autorização do autor dessa redação para publicar em uma história que abarca o conceito “ninfomania”. Não usarei meu nome como o verdadeiro autor do psicanálise. Deixarei em claro que foi uma pesquisa retirada do google. Me concede?

    2. David Ferreira da Silva disse:

      Mais um artigo bastante esclarecedor.
      Ressalto o importantíssimo tópico sobre a liberdade da prática do sexo com iniciativa das mulheres terem, por assim dizer, esse carimbo pejorativo e infante de ninfomania, por conta da repressão sexual, criando ainda mais dificuldade em perceber que se trata de um transtorno ou doença. Muito bom! Obrigado!

    3. David Ferreira da Silva disse:

      Complementando o comentário anterior: a repressão sexual pune a mulher e dificulta entendermos quando efetivamente pode trata-se de um transtorno, que aliás, também acomete os homens (como nos explica o artigo) sob o nome de satiríase.
      Obrigado!

    4. Toda compulsão, traz em si, algo a ser “atendido”! E já li que os Bissexuais se “queixam” de discriminação na “Adversidade”, mas a questão é se de fato são Bissexuais! Já conheci homens que comentavam de terem pouco “sexo” com a namorada ou esposa, com aquela “conhecida” alegação de “enxaqueca” e, ai teve ocasião de questionar será que ele é bissexual ou ele queira transar muito. Parecia que estar comigo era como se satisfazer! Quando um quis me penetrar, no terceiro dia consecutivo, ai conversei com ele, buscar terapia de casal, porque ele que buscava saciedade sexual constante. Nem quando eu namorei homem, transava todo dia e nem sempre era penetração que ocorria, havia sexo oral/69!

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