mito de Sísifo de Albert Camus

O Mito de Sísifo: resumo em filosofia e mitologia

Posted on Posted in Psicanálise e Cultura

O mito de Sísifo foi um personagem da mitologia grega que fundou o reino de Corinto. Ele era tão astuto que conseguiu enganar os deuses. Sísifo era ávido por dinheiro e para obtê-lo recorreu a qualquer forma de engano. Diz-se também dele que fomentava a navegação e o comércio.

Você verá neste artigo um detalhe sobre a história de Sísifo, que:

  • Como castigo, foi condenado a carregar uma pedra morro acima, até o alto de uma montanha;
  • Lá chegando, deveria soltar a pedra, descer a montanha e recomeçar seu “trabalho” de subida, eternamente.
  • Para analistas da atualidade, o Mito de Sísifo é uma alegoria da condição interminável e alienada do trabalho humano.
  • Por esta análise, o trabalho se mostra como incapaz de satisfazer o sujeito, pois se volta a reproduzir o funcionamento de um status quo.
  • Assim como no mito de Sísifo, o trabalho seria uma forma (pelo menos, em uma análise hiperbólica) de uma tortura; na etimologia, a palavra “trabalho” vem de “tripalium“, um instrumento de tortura de “três paus”, em latim.

Sísifo

Ele era filho de Eolo e Enareta, e marido de Mérope, há culturas que indicam que ele foi pai de Odisseu com Anticlea antes de ela se casar com Laertes. No entanto, ele é conhecido por sua sentença que era colocar uma pedra no alto de uma montanha. Que antes de atingir seu ápice voltaria ao seu início, reiterando cada vez mais aquele fracasso desse processo ilógico.

Foi promotor da navegação e do comércio. Mas também ganancioso e mentiroso, recorrendo a medidas ilegais. Entre as quais o assassinato de viajantes e caminhantes para aumentar a sua fortuna. Dos mesmos períodos de Homero, Sísifo tinha fama de ser o mais inteligente e sábio de todos os homens.

Mito de Sísifo na mitologia grega

Diz a lenda que Sísifo testemunhou o sequestro de Egina, uma ninfa, pelo deus Zeus. Ela decide ficar em silêncio diante do fato, até que seu pai, Asopo, deus dos rios, chega a Corinto perguntando por ela.

Dessa forma, é quando Sísifo encontra a oportunidade de propor uma troca: o segredo, em troca de uma fonte de água doce para Corinto. Asopo aceita.

No entanto, ao descobrir, Zeus fica furioso e envia Thanatos, deus da morte, para matar Sísifo. A aparência de Thanatos era assustadora, mas Sísifo não se incomodou. Ele o recebe com carinho e o convida para comer em uma cela, na qual o surpreende ao prendê-lo de um momento para o outro.

Os vivos não morrerão mais

Por muito tempo, ninguém morreu e quem agora fica furioso é Hades, deus do submundo. Este último exige que Zeus (seu irmão) resolva a situação.

Sendo assim, Zeus decide enviar Ares, deus da guerra, para libertar Thanatos e conduzir Sísifo ao submundo. No entanto, com antecedência, Sísifo havia pedido à esposa que não lhe prestassem homenagens fúnebres quando ela morresse. A mulher cumpriu integralmente o compromisso.

Entenda

Com Sísifo já no submundo, ele começou a reclamar com Hades. Disse-lhe que sua esposa não cumpria o dever sagrado de prestar-lhe qualquer homenagem fúnebre.

Hades o ignorou no início, mas devido à sua insistência, ele concedeu-lhe o favor de voltar à vida para repreender sua esposa por tal ofensa. Claro, Sísifo havia planejado com antecedência não retornar ao submundo.

Sendo assim, ele viveu por muitos anos até que finalmente concordou em voltar para Thanatos ao submundo.

Punição

Enquanto Sísifo estava no submundo, Zeus e Hades, que não estavam nada felizes com os truques de Sísifo. Por isso, decidem impor uma punição exemplar sobre ele.

Essa punição consistia em escalar uma pedra pesada pela encosta de uma montanha íngreme. E quando ele estava prestes a chegar ao topo, a grande rocha cairia no vale, para ele escalar novamente. Isso teria que se repetir por toda a eternidade.

Albert Camus

Albert Camus foi um escritor e filósofo que promoveu a filosofia que buscava a liberdade individual, por isso o ensaio de O Mito de Sísifo aborda os aspectos da existência que buscam resultados para sair do ilógico da humanidade

Mito de Sísifo de Albert Camus

Albert Camus parte desse mito grego para desenvolver um ensaio filosófico intitulado precisamente: “O mito de Sísifo” . Nele ele desenvolve um conjunto de ideias associadas ao conceito de absurdo e futilidade da vida. Aspectos determinantes no destino de Sísifo são tão característicos do homem hoje.

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Portanto, Camus refere-se ao absurdo como a esperança que fundamenta o amanhã, como se não houvesse certeza da morte. O mundo, despojado de romantismo, é um território estranho e desumano.

    Sendo assim, um verdadeiro conhecimento não é possível, nem a razão nem a ciência podem revelar a realidade do universo: suas tentativas residem em abstrações sem sentido. O absurdo é a mais dolorosa das paixões.

    A interpretação de Camus

    Segundo Camus, os deuses haviam condenado Sísifo a carregar constantemente uma pedra até o topo de uma montanha. Lá, a pedra caiu novamente sob seu próprio peso. Eles pensaram, com algum fundamento, que não há punição mais terrível do que trabalho inútil e sem esperança.

    Para Camus, levar o absurdo a sério significa aceitar a contradição entre razão e desejo, em um mundo irracional. Portanto, o suicídio deve ser rejeitado, pois o absurdo não existe sem o homem.

    Desse modo, a contradição deve ser vivida e os limites da razão devem ser aceitos sem falsas esperanças. O absurdo nunca deve ser totalmente aceito, pelo contrário, exige ser confrontado com uma rebelião constante. Assim, a liberdade vence.

    A vida do absurdo

    Camus vê em Sísifo o herói do absurdo, que vive plenamente a vida, abomina a morte e está condenado a realizar uma tarefa inútil. Porém, o autor mostra a obra infinita e inútil de Sísifo, como uma metáfora presente na vida moderna.

    Dessa forma, trabalhar em uma fábrica ou em um escritório é uma tarefa repetitiva. Esse trabalho é absurdo, mas não trágico, exceto nas raras ocasiões em que se toma conhecimento dele.

    Portanto, Camus está particularmente interessado no que Sísifo pensa, enquanto caminha de volta ao sopé da colina para começar de novo. Este é o momento verdadeiramente trágico, quando aquele homem se dá conta de quão miserável é sua condição. Sem esperança, o destino se conquista com desprezo.

    Considerações finais sobre o mito de Sísifo

    Reconhecer a verdade é a maneira de conquistá-la. Sísifo, como um homem absurdo, mantém a tarefa de seguir em frente. No entanto, quando Sísifo consegue reconhecer a futilidade de sua obra e tem certeza de seu destino, ele se liberta para perceber o absurdo de sua condição. Assim, ele atinge o estado de aceitação.

    O mito de Sísifo diz muito sobre o comportamento humano, eles nos permitem visualizar de forma representativa o que muitas vezes não conseguimos compreender. Por isso, convidamos você para conhecer mais sobre a mente humana para inscrever-se em nosso curso online de psicanálise clínica.

    9 thoughts on “O Mito de Sísifo: resumo em filosofia e mitologia

    1. augusto cesar disse:

      Só que a maioria dos homens conscientemente ou inconscientemente não assume sua finitude e a a falta de sentido, de significado de sua vida; por isso a todo esforço procura a manter, mesmo sabendo que é inútil e sem sentido

      1. Cleisson Alexander Klaus disse:

        “Você precisa entender, a maioria destas pessoas não está preparada para despertar. E muitas delas estão tão inertes, tão desesperadamente dependentes do sistema, que irão lutar para protegê-lo.” (Matrix)

      2. A vida é um mistério, acho que somos parte do universo, somos eternos.

        1. MARIA DE FATIMA DA SILVA disse:

          Nossa Meire. Adorei pensar ser possível isso que vc colocou. Ser eterna – ainda que numa outra forma de matéria/energia – é sublime demais. Prometo refletir com vc. Amei…

    2. Victor Hugo Lavesso disse:

      A vida nada mais é do que um esforço imensurável pelo sentido. Quando nos encontramos em uma atividade, trabalho, situação fútil e contínua, vemos que tal como a situação é a vida. Basta aceitar o vazio da existência para, então, se encontrar neste caos.

    3. Carlos Newton disse:

      As teses de Victor Frankl e a sua Logoterapia/ Análise Existencial bem explicam que o Sentido de Vida é a própria Vida. Nada se faz, tampouco se constrói ou se ultrapassa sem o Sentido de Vida. O encontro da Vida com a futilidade deve fazer o homem lutar pela mudança de paradigma, mas sempre PRESERVANDO VIDA: A SUA E A DO OUTRO!

    4. Miguel Ângelo Rodrigues disse:

      A lenda Sísifo contraria a defesa da eutanásia. Concordo com a teoria de Carlos Newton.

    5. A vida só faz sentido com a ideia da eternidade ao lado de Deus. O resto é perda de tempo.

    6. Marcos Jansen disse:

      O trabalho não se coaduna com o homem. Existimos para o lazer, o ócio, as artes. Os robots e a IA vão nos proporcionar chutarmos a pedra de Sísifo.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *