Começar um texto com esse título é bastante instigante. Porém, ao pensar assim, também é possível lançar um olhar reflexivo sobre a nossa necessidade constante de avaliação e de julgamento. Tal olhar é passível de cura também.
Freud nos dá um olhar reflexivo sobre a metáfora do iceberg
O título do texto nos remete ao pai da psicanálise e, como estudante, não poderia deixar de mencioná-lo. Ao citar que “o eu não é senhor em sua própria morada”, Sigmund Freud nos apresenta a metáfora do iceberg. Segundo essa metáfora, a ponta foi chamada de “consciente” e essa parte do seu tão profundo âmago é o inconsciente.
Posteriormente, ele classifica esses lugares da mente em: id, ego e superego. Classifica o ID, nosso instinto primitivo, com suas pulsões mediadas pelo ego. Ele, por sua vez, também controla o superego, já que tem a função de controlar nossas pulsões através de regras e conceitos morais a nós impostos pela sociedade.
Sigmund Freud, ao nos apresentar a psicanálise, fez um trabalho de levar à consciência do doente o psiquismo recalcado, mascarado nele. Esse inconsciente adoecido é que o autor chama de ferida narcísica.
A prática clínica
Quanto à sua prática clínica, o autor apresenta uma organização psíquica dividida em neuroses, perversões e psicoses. Parece, a meu ver, que quando o psicanalista observa o paciente, deve se pautar pelos itens acima: se sua dor, seu sofrer, tem ligação com um dos três itens. Além disso, deve observar com olhar reflexivo o que o desencadeou, ou se estão intercalados, e se tem predominância para algum, em específico.
A dor do paciente e as fases de sua infância
Também nos são apresentadas as fases das crianças, assim facilitando o entendimento do que levou à dor do paciente. Assim, ao observarmos as fases oral, anal e fase fálica, poderemos perceber de que maneira, na forma adulta, os interesses sexuais são sublimados. Esses interesses são direcionados a outras áreas sociais, culturais etc., chamado período de latência.
Esses e outros ensinamentos de Freud, o grande mestre que vai pautar nosso trabalho e nossa conduta profissional nos apresenta. Ele nos propõe uma análise primeiramente pessoal e interna, que servirá como base para a nossa vida diária. Depois, a partir desse conhecimento, vamos nos tornando seres melhores. Desse modo, passamos a ser transformadores da nossa própria história e da história de outras pessoas que conosco interagem.
Jacques Lacan
Um dos seguidores de Freud, já abordando uma psicanálise mais contemporânea, foi Jacques Lacan. Sua biografia é a seguinte “nasceu em Paris, em 13 de abril de 1901, primogênito de uma próspera família católica, burgueses da ordem provinciana. Estudou no Colégio Stanislaw, dirigido por jesuítas; em 1919 matricula-se em medicina e no ano seguinte inicia os estudos, especializando-se em psiquiatria.
Paralelamente, estudava Literatura e Filosofia e se aproximou do Movimento Surrealista. Dois grandes mestres do jovem Lacan foram Henri Wallon (e sua teoria do espelho) e Alexandre Kojeve.”
Segundo Lacan, por meio da fala, é dada ao paciente a oportunidade de relembrar fatos. Além disso, ele se conecta com ideias recalcadas do passado que, sendo tão danosas e sofríveis, produzem a condição de sofrimento.
Josef Breuer
No mesmo sentido, Josef Breuer, anteriormente, já apresentou essa técnica a seu amigo Freud, que a chamou de “limpeza de chaminé”. O analista, da mesma forma que o paciente, utiliza-se da associação livre como se abrisse mão de seu pensamento consciente.
A técnica da livre associação
Na livre associação, cenas são trazidas à mente. Segundo observa Freud, tais técnicas tinham função catártica. Imagina-se que, ao tratar de cenas dolorosas, tirá-las do universo das emoções e trazê-las para o campo das palavras são atitudes curativas, reflexivas, pois, a partir da catarse provocada pelas lembranças, há a possibilidade de racionalizar a dor e, a partir disso, possibilitar ao paciente uma perspectiva mais racional para suportá-la.
O analista mantém sobre o paciente uma atenção flutuante, um tipo de escuta que não privilegia nem um nem outro conteúdo. As palavras falam sobre algo que o sujeito quer falar e também daquilo que ele quer esconder.
Lacan proporciona um retorno a Freud e à psicanálise freudiana, tendo como método o pensamento sobre os problemas sociais como forma de linguagem. Ao refletir que “o mito pensa por nós”, Lacan vê no Estruturalismo uma saída para entender melhor a teoria do inconsciente.
A partir daí, procura explicar (acrescentando ideias de Michael Foucalt, Sausurre etc) que o inconsciente se mostra também na linguagem.
As etapas do desenvolvimento do ser humano
Também no âmbito do trabalho estruturalista nos são apresentadas várias etapas do ser humano, como por exemplo:
QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
- Etapa do Espelho: a criança (de seis a dezoito meses) não se reconhece, imagina-se uma continuidade do corpo da mãe ou como se mãe e criança fossem uma coisa só. Já que não tem percepção ainda do próprio corpo, há uma direta identificação com a mãe.
- Etapa da Linguagem: nessa fase posterior, a criança se identifica com a representação e o afeto que o adulto lhe atribui. Tal representação pode partir do adulto para celebrar ou desqualificar as qualidades da criança. Nesse período, a criança olha para o adulto como se o seu julgamento e suas opiniões é que definissem quem ela realmente é. Desse modo, a criança busca incessantemente a admiração e a aprovação do adulto.
Considerações sobre o trabalho de Lacan
Para concluir todo o texto acima exposto, é mister reconhecer Lacan como o analista da linguagem. Ele explorou os mecanismos de expressão, abrindo novas possibilidades de lançar um olhar reflexivo sobre as relações humanas.
Lacan rejeitava a tendência de considerar o ego como a força predominante na estrutura psíquica do sujeito. Para ele, o sujeito opera em conflito eterno e a situação é sustentável por meio de artifícios, entre eles a alienação.
Lacan nos revela que tendemos a funcionar por inércia e que não há um verdadeiro desejo de saber. Assim, temos sempre o mesmo resultado de insatisfação e fracasso. Isso ocorre porque somos acostumados ao comodismo e a padrões pré-estabelecidos confortáveis.
Conclusão
Concluo que, como primeiro trabalho para conclusão do Módulo 1 do curso de Psicanálise, a escolha do título e das palavras ainda passíveis de profundidade e aperfeiçoamento, têm a função de proporcionar reflexões acerca da mente humana.
Além disso, pretende estudar os seus conflitos e angústia nas mais diferentes fases da vida e de como tais conflitos se mostram e caminham para a libertação a partir da palavra.
Faça parte do curso de Psicanálise Clínica!
O que você achou desse ponto de vista? Comente aqui embaixo qual é o seu entendimento sobre a expressão “Não somos senhores em nosso próprio lar”. Deixe um outro olhar reflexivo sobre o tema.
Você conhecer diversas outras opiniões visitando o nosso blog. Além disso, para aprimorar ainda mais os seus conhecimentos, inscreva-se no nosso curso de Psicanálise Clínica.
O texto acima foi escrito por Claudete Martins, aluno do nosso curso, Exclusivamente para o Blog Psicanálise Clínica.
One thought on “Olhar Reflexivo para a Frase “Não somos senhores em nosso próprio lar””
Nessa metáfora, vislumbramos que diante desse aparelho topográfico temos muito ainda a ser explorado no nosso pre-consciente e inconsciente. São profundezas, das quis não conseguimos acessar que se reverberam desde dos primórdios. Tais profundezas se explicariam muitas das perguntas, ao longo dos seculos sobre o ser humano…