Freud idealizou e materializou a Psicanálise, dando vida a um método que revolucionou a medicina local ainda no século XX. Contrária a alguns, favorável para outros, a terapia alternativa angariou diversos seguidores ao longo do tempo. Assim, deixou suas marcas impressas nesse movimento. Nesse contexto, continue a leitura para conhecer alguns importantes sucessores da Psicanálise.
Melanie Klein
A austríaca nascida em 1882 conheceu a teoria de Freud com 24 anos de idade. Nesse contexto, submeteu-se a uma análise com Sándor Ferenczi. A partir de então, deu início aos estudos e encontrou o seio de seu trabalho psicanalítico com as crianças. Assim, tendo o seu trabalho reconhecido em poucos anos, ingressou na Sociedade de Psicanálise de Budapeste. Além disso, conheceu pessoalmente Freud no ano seguinte.
Em seu trabalho, Melanie Klein estabeleceu conceitos para definir o seu trabalho psicanalítico voltado às crianças, começando por:
Mundo interno
Segundo Klein, o mundo interior da criança era tão concreto quanto o externo. Assim, esse mundo interno seria nutrido desde as primeiras manifestações sociais do bebê. Um exemplo seria o contato com o seio da mãe. Nesse contexto, as fantasias inconscientes, ansiedades e defesas inerentes desse ambiente dariam estruturação à subjetividade do pequeno.
Fantasias
A psicanalista afirmava que as interpretações da criança se originavam conforme seu entendimento da realidade. Assim, no meio disto, a dor e o prazer também fariam parte da interpretação, mudando a sua percepção a respeito de um mesmo fato. No fim, seriam elas que garantiriam a algum objeto uma boa ou má associação.
Projeção, introjeção e identificação projetiva
Nesse contexto, Klein define que o ego do bebê não está integrado completamente. Assim sendo, ele se defenderá da ansiedade através de mecanismos mentais, como a introjeção e projeção. Além desses, a identificação projetiva serviria para controlar um objeto persecutório e se livrar das angústias mentais.
Wilfred Bion
Bion teve uma infância difícil quanto à educação e relação familiar. Contudo, anos mais tarde, ironicamente foi iniciado e instruído na Psicanálise por Melanie Klein. Como já vimos, ela foi uma psicanalista especializada na relação entre mãe e filho. Talvez Bion não soubesse, mas assim como ela, estaria ajudando a integrar o corpo dos sucessores da Psicanálise.
Bion causava rebuliço na sua mentora, que suspeitava das teorias que o pupilo desenvolveu. Isso porque Wilfred Bion foi pioneiro na dinâmica em grupo, submetendo o seu trabalho inicialmente aos combatentes da guerra. Embora alguns considerassem o método esquivo à Psicanálise, ele defendia que seu trabalho era análogo à terapia alternativa.
Donald Woods Winnicott
Seguindo a linha dos sucessores da Psicanálise, aqui temos Winnicott. Este, com base em experiências pessoais, estabeleceu a teoria onde destacava a importância dos cuidados maternos. A mãe seria a principal ponte da criança ao potencial que carregava.
Segundo ele, temos um potencial inerente à integração e amadurecimento. Contudo, não temos a garantia de que isto irá ocorrer. Aí entra o papel da mãe, biológica ou não. Uma mãe boa pode enxergar as necessidades do filho e trabalhar para supri-las, ajudando o filho a se desenvolver bem e alcançar o seu potencial nato.
André Green
André é marcado tanto pela diversidade étnica que possui quanto pela certa intransigência que possuía quanto ao trabalho. Embora possuísse uma fidelidade quase que cega a Freud e os caminhos propostos por ele, André também se influenciava pelos psicanalistas dos tópicos anteriores.
Nesse contexto, seu trabalho era pautado em dois aspectos:
Inovação
André costumava captar as antigas ideias e reformulá-las. Ele é considerado o vórtice da psicanálise mais modernizada e flexível, articulando a metapsicologia do criador original e adaptando-a ao novo mundo. Assim, ele conseguiu estabelecer os elementos decisivos para o fracasso e sucesso de uma clínica psicanalítica.
Mantinha-se fiel a Freud
Ainda que tivesse o seu trabalho encaixado numa nova vertente da Psicanálise, André trabalhava de forma ardorosa para proteger o legado de Freud. Assim, era um ativista constante das ideias dele, repelindo qualquer forma de ataque ao mesmo. Isso também se estendia a outros seguidores, que, de fato, se desviavam do princípio subjetivo da obra e incrementavam alianças fáceis e discursos bastante humanistas.
Jacques Lacan
Jacques Lacan é um dos sucessores da Psicanálise mais famosos da história. Mesmo revolucionando a história da terapia, sempre procurou manter-se perto do trabalho de Freud. Segundo ele, isso manteria a essência do seu trabalho próxima da do fundador. Nesse contexto, graças ao seu trabalho, Jacques Lacan é tido como um dos maiores interpretes de Freud.
Até hoje, muitas pessoas enxergam o seu trabalho de forma complexa. Segundo elas, até a sua escrita diverge da forma ao qual estamos acostumados. Não o bastante, até a sua posição parecia confusa e incerta quanto ao movimento. Por exemplo, ao mesmo tempo em que propunha um retorno a Freud, se opunha contra a ciência naturalista que este seguia.
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Lacan possui uma obra vasta e complexa, destrinchada nos níveis mais detalhados. Abaixo, há um resumo do seu trabalho, mostrando alguns aspectos em comum e até divergentes com o trabalho de Freud. Confira:
Inconsciente
Assim como o criador da Psicanálise, Lacan também acreditava no inconsciente. Segundo ele, o ser humano repelia todos os seus desejos e vontades a uma zona onde nenhum outro poderia alcançá-los. Assim sendo, o julgamento desse tipo de desejo fica inviabilizado. Entretanto, a ideia se tornava mais séria quando esta mesma repressão causava distúrbios e problemas comportamentais. Assim, poderia afetar a vida do paciente de maneira irreversível.
Linguagem
Outro aspecto em comum com Freud era o uso da linguagem para obter as respostas que precisava. Nesse contexto, esta seria o gancho que o psicanalista precisa para captar impressões por baixo da fala dos pacientes. Deste modo, encontraria os gatilhos dos males que afligiam os pacientes e a consequente solução para eles.
Imaginário
Depois de Freud, Lacan criou a sua própria trilogia mental. Esta primeira seria equivalente ao Ego proposto pelo pai da psicanálise. Em suma, uma pessoa procura em alguém um caminho para se completar, seja pela imagem ou amor. No entanto, o Outro não é obrigado a sustentar a imagem que o indivíduo de início produziu e quer manter.
Simbólico
Um dos sucessores da Psicanálise afirmava que o simbólico era a área referente à linguagem. Segundo ele, é por meio dela que um indivíduo tem contato com o outro. Dessa forma, trazendo à tona o seu inconsciente ao mundo externo. É a ponte a qualquer caminho ou indivíduo.
Jacques afirmava que o real não pode ser confundido com essa realidade que vivemos. É, portanto, aquilo que não pode ser simbolizado e é impenetrável por parte do sujeito.
Freud deixou um legado fundamental ao mundo, transformando a nossa visão de como podemos enxergar o mundo. Assim, o induziu a pensar em alternativas melhores para cuidar dele. Como qualquer outro ser humano, mesmo tendo feito grandiosidades, sua vida chegaria ao fim e sua ação de trabalho também.
Contudo, ainda assim, os valorosos sucessores da Psicanálise mantiveram o seu legado vivo. Nesse contexto, perpetuaram uma corrente científica de que necessitamos até hoje. Graças a eles, temos um contato mais próximo da essência de Freud e da própria essência de cada um também.
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3 thoughts on “Conheça os sucessores da Psicanálise”
A psicanálise é Fantástica pois ela nos fornece ferramentas e dispositivos lógicos para navegar no mundo mental ou seja no mundo das emoções,no mundo do espírito humano no intangível onde nem mesmo o homem e capaz de perscrutar mas somente observar os fenômenos manifestado pela reação do inconsciente com o mundo físico quando sonhando,falando e manifestando desejos.
A psique humana é bastante complexa e a sua análise e interpretação também. Muito interessante os posicionamentos no texto.
Muito bom o texto, pois a Psicanálise continuou seu crescimento e estabelecimento no mundo científico graças a muitos de seus sucessores, discípulos de Freud, que muito acrescentaram à esta ciência.