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Ouvir e escutar: diferenças para a Psicanálise

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Ouvir é compreender. Escutar é mais que ouvir: é entender e engajar-se no discurso do outro. A terapia em psicanálise é um processo de escuta, mas com procedimentos ainda mais específicos, que iremos abordar neste artigo.

A arte de sentir o outro pela escuta

Cada ser humano é único e sendo único possui diferentes modos de sentir seus medos, seus anseios, suas vontades.

Cada um sente suas emoções com uma intensidade, e o modo de lidar com essas emoções é diferente em cada ser humano.

Sentir o outro pela fala, sentir o outro pela escuta, demanda desejo, vontade, estar aberto, receptivo e atento a escutar, as dores, as angústias, os medos, os desejos, as alegrias.

A escuta terapêutica

Para existir, o ser humano precisa se comunicar, seja pela fala, pelas gesticulações, pelo toque, pelos olhos, usamos várias linguagens para nos comunicar, e através dessas várias linguagens, deixamos transparecer aquilo que muitas vezes não queremos dizer.

A escuta terapêutica escuta com atenção e compaixão, escuta aquilo que está sendo dito em suas entrelinhas, compreende as emoções que estão por trás daqueles sentimentos. Aquilo que Krishnananda chamou de bolha.

O conceito da Bolha por Krishnananda

Krishnananda, seguidor de Osho, nos ensina que todo ser humano está preso em uma bolha, com um conjunto único de crenças, expectativas e reações que refletem como reagimos a nossas emoções.

Esta bolha é formada quando somos crianças e estamos aprendendo a lidar com nossas emoções, formando nossa personalidade.

Comandados pelas vivências da infância

Quando nos tornamos adultos, passamos a reagir conforme o conteúdo dessa bolha, de acordo com a criança ferida, presa nessa bolha, de acordo com o nosso inconsciente.

E a cada disparo, essa criança ferida vem à tona e não conseguimos ver e nem vivenciar outra realidade, não vemos a situação como ela é, mas sim como nossa criança a faz ver.

A identificação das bolhas através da escuta terapêutica

É preciso escutar o outro, e procurar esta criança ferida em seu interior, no seu inconsciente, escutar e encontrar onde essa criança foi ferida, se ela foi reprimida, abandonada, privada, sufocada, limitada.

E é através da escuta terapêutica, escuta atenta que sentimos o outro, identificamos as bolhas em que cada ser se encontra.

A chave é se colocar no lugar do outro

Krishnananda chamou as emoções da criança ferida, de bolhas, pois no momento que tomamos consciência dessas emoções, as bolhas se dissolvem, trazendo luz para nossa consciência e tornando-nos capazes de reagir com consciência e presença diante das adversidades.

Escutar o outro é basicamente uma função de amor, alguns chamam de empatia. É compreender que nunca sentiremos o que o outro está sentindo, mas ao estar atento, tentar compreender a posição da pessoa.

Se colocar no lugar do outro pode ser complicado

Vemos o outro através de nossas crenças, padrões mentais e expectativas, o que acaba nos blindado a respeito do outro. Ouvir o outro com empatia pode fazer cair essa blindagem.

Como é difícil escutar o outro, como é difícil nos propormos a ouvir o outro. Estamos tão acostumados a falar de nós de mesmos, que quando o outro quer falar, não conseguimos nos silenciar, sem comparações, sem articulações, ou sem expor algo da nossa vida.

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    Ouvir o outro requer uma mudança interna

    Ouvir o outro é tocá-lo com o coração. Mas para ouvir o outro, primeiro precisamos nos ouvir, quanta bagagem trazemos em nosso inconsciente, quanto lixo emocional, armazenamos durante anos, varremos para debaixo do tapete.

    Seja por cautela, por medo, medo de como lidaremos com essas emoções reprimidas. O lixo emocional vem à tona a cada disparo, a cada associação que o nosso cérebro com as emoções.

    E como se aquilo que estamos sentimos fosse potencializado por aquela emoção reprimida, aquela emoção que na infância que varremos para debaixo do tapete.

    É necessário escutar-se

    Não só na infância, mas também no nosso dia-a-dia, quantas coisas deixamos de racionalizar, e varremos para debaixo do tapete, e após semanas, associamos e disparamos algum gatilho mental.
    Ouvir a si mesmo é fundamental para você e para outro, as palavras são liberações de fortes energias psíquicas.

    Não nos cabe julgar o outro

    Escutar os sentimentos e emoções do outro, exige responsabilidade, pois é solo sagrado, cada vida é única, cada ser humano é único, sendo assim cada emoção e sentimento são únicos.

    Não podemos generalizar dizendo isso dói, isso não dói, isso é bom, isso não é bom, isso é gostoso, isso não é gostoso.

    Um método auxiliar para sair da bolha

    Cada ser irá sentir de uma maneira e vai nos transmitir à sua maneira. Se estivermos abertos e atentos, iremos sentir o outro, iremos encontrar a criança ferida em seu âmago.

    E poderemos através da escuta terapêutica, auxiliar a sair da bolha que se encontra, auxiliar a se conhecer, a aprender como lidar com suas emoções.

    Conclusão

    Nada nos ensina mais sobre nós mesmo do que relacionamentos e relacionamento é saber escutar o outro, e querer escutar e sentir o outro. Como dizem: ” Empatia é fruto de consciência e sabedoria.”

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    Autora: Jennifer Claret

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