Melanie Klein trouxe contribuições valiosas para entender sentimentos como o ciúme e a possessividade, que ela acreditava estarem ligados às primeiras experiências emocionais na infância.
Esses sentimentos surgem das ansiedades primitivas vivenciadas nos primeiros meses de vida e estão profundamente conectados à dificuldade de aceitar a independência do outro.
Melanie Klein e a possessividade
No início da vida, o bebê passa por um estágio que Klein chamou de posição esquizoparanóide, onde tudo é dividido em bom ou ruim. O seio materno é idealizado como algo totalmente bom, fonte de conforto e satisfação, e isso cria um desejo de posse total.
Mais tarde, essas experiências podem aparecer como ciúme ou possessividade nas relações. Quando o bebê percebe que esse amor e atenção podem ser direcionados a outro, surge a sensação de ameaça e perda.
À medida que o desenvolvimento emocional avança, o bebê entra na posição depressiva.
A possessividade, culpa e desejo
Nesse estágio, começa a enxergar a mãe como uma pessoa completa, com lados bons e ruins. Essa percepção traz sentimentos de culpa e um desejo de reparação, ajudando a criar uma visão mais realista das relações.
No entanto, se essas etapas não forem bem elaboradas, sentimentos como ciúme e possessividade podem persistir de forma intensa na vida adulta.
Freud também abordou o ciúme de maneira complementar. Para ele, o ciúme reflete inseguranças inconscientes, medos de perder o amor e rivalidades, como no caso do Complexo de Édipo não superado, que reflete uma fase não bem resolvida na infância.
Freud e teorias
Ele descreveu três tipos de ciúme: o normal, ligado ao medo de perda; o projetado, em que os próprios desejos reprimidos são colocados no outro; e o delirante, associado a desejos inconscientes mais profundos, muitas vezes de natureza homossexual.
Klein faz uma distinção interessante entre ciúme e inveja. O ciúme envolve um terceiro elemento e o medo de perder algo ou alguém para outra pessoa, enquanto a inveja é mais direta: é o desejo de destruir ou possuir completamente o que o outro tem.
Ambas as emoções têm raízes profundas nas primeiras experiências de vida e podem influenciar de forma significativa os relacionamentos.
Conclusão
Compreender essas dinâmicas ajuda a enxergar além da aparência dos comportamentos e explorar suas origens mais profundas. É um convite a refletir sobre os próprios sentimentos e padrões nas relações, buscando crescimento e equilíbrio emocional.
Artigo escrito por Jacqueline Silva. Em 2022, concluiu sua formação em psicanálise (curso livre), pelo ibpc, e desde então, segue em constante aprendizado, atualmente matriculada no bacharelado (Uninter). Visando integrar essas abordagens para oferecer um suporte terapêutico mais completo e eficaz, estuda mediação extrajudicial, terapias integrativas e psicoterapia breve, visando integrar essas áreas para oferecer um suporte terapêutico mais completo em questões relacionais e de mediação de conflitos, no âmbito familiar e entre casais. E-mail: [email protected]