princípios e ética

Princípios e Ética: suas benesses na vida do psicanalista

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De uma forma macro os princípios e ética, são elementos que dão (inicialmente a nós) e ao meio social ao qual estamos inseridos, a visão (ou percepção apenas) de quem somos, de nossa conduta por assim dizer, ao longo de nossas vidas, de nosso crescimento e amadurecimento.

Dando um olhar mais restrito, inicio uma reflexão sobre os princípios e a ética: suas benesses na vida do psicanalista.

Os princípios e ética

De acordo com Miguel Reale: “Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade”. Do latim significa: fundamento, origem. Se nós pensarmos realmente, perceberemos que nossos princípios foram construídos, inicialmente através dos nossos cuidadores, que nos serviam de exemplos, através de suas palavras e/ou de suas próprias ações. Eles foram estruturados em nosso superego, igualmente ao longo de nossos relacionamentos sociais.

Ao entendermos que eles são nossos alicerces, pensemos o quanto eles podem afetar diretamente nossos relacionamentos pessoais e profissionais.

Quando chegamos na fase de vivermos o profissional, o desafio da vida se aflora, de uma forma que seremos continuamente postos a prova, perante nossas próprias escolhas e a dos outros. Nesse momento se apresenta o segundo elemento: A ÉTICA.

Os princípios e ética como segundo elemento

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ética é “o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

Neste elemento, tão importante e fundamental quanto o primeiro, temos uma análise do “ponto de vista do bem e do mal”, como cita a definição do dicionário Aurélio. Para alguns pode ser um pouco exagerado os termos usados: “… do bem e do mal…”, mas quando falamos em ética e damos o olhar da sociedade, ou o olhar profissional, as coisas se tornam mais tangíveis. Em tangibilizar, trazemos para a realidade o que se fez de certo ou errado, diante de regras e/ou leis, previamente acordadas e/ou conhecidas.

Desta forma, quero adicionar mais umas reflexões: Até onde vamos, em nossos julgamentos? Qual o limite entre julgamentos, preconceitos e como se dão em relação a ética?

O comportamento

Agora, podemos tentar juntar um pouco desses conceitos e, talvez iniciarmos uma pequena divagação (chamemos assim, por enquanto) , incluindo esses conceitos e a enorme responsabilidade, do analista, em ser autorizado a participar da vida e intimidade de outro ser humano.

Te convido a imaginar que, “alguém” deu a você uma missão e lhe entregou uma mochila. Você só sabe o que tem lá dentro de maneira superficial, porque esse “alguém” apenas disse: “Você vai sair em uma missão. Aí dentro tem tudo que é seu, ou tudo que, conceitualmente você conhece. Mas, para ser honesto, você pode se deparar com algo desconhecido. Sua missão, nesta jornada, é:

  1. descobrir o que tem dentro;
  2. decidir o que fica e o que sai;
  3. avaliar o que vale a pena incluir e
  4. em que momento você usará (e se), alguma dessas coisas”.

Informação Importante: todas as fases são perenes e podem se repetir, com pequenas mudanças de tempo, pessoas e cenários. Isso é viver. Esse é o nome da missão.

Viver, os princípios e ética

E, a partir disso, falemos da decisão de ser (ou estar) psicanalista e se deparar com pessoas, como você que, também tem a mesma missão e também está com mochila nas costas.

Viver (e vivenciar) a análise é olhar, incessantemente, a sua mochila. É lidar com ela e, ao longo da jornada ver os “objetos” das outras mochilas, e tentar apoiar as pessoas a encontrarem, por si próprias, as suas.

Sendo assim, vamos detalhar um pouco mais, as fases da missão.

Fase 1 da missão: Descobrir o que tem dentro

Para descobrir o que tem dentro, é preciso olhar atentamente. Mochilas possuem tantos bolsos…alguns deles, a gente nem imaginava que existia, tampouco ter algo dentro. Mas o que tem dentro, pode ser (e geralmente é) algo que não conseguimos ver, porque está escuro. Tentamos tatear, mas é tão amorfo… Então, só existe uma maneira de melhorarmos nossa chance de cumprir essa fase: acender a luz!

Essa luz é complexa? Sim, é. Leva tempo? Sim. Mas quem se importa, não é? Trata-se de uma jornada! E o caminho é sempre mais gostoso, do que o simples fato de chegar. Para acendermos luzes, precisamos (de forma MUITO reduzida, claro) de 3 coisas: querer acender, um interruptor e a lâmpada (ou luz).

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    O querer acender é a força motriz de conseguir cumprir a missão. Ela então ela só será mencionada agora e em 3 parágrafos à frente. Fechou? Rs

    A análise, princípios e ética

    Vamos a LUZ: essa luz tem alguns nomes, mas vou usar um apenas, para retratá-la e a chamaremos de ANÁLISE. Indo ao interruptor, peço que me permita utilizar um termo, com a intenção de fazer jus, a realidade de como se dá a análise.

    Ao interruptor chamarei, a partir de agora, de DIMMER (Dimmer é aquele tipo de interruptor que você pode graduar a intensidade da luz). O Dimmer representa a CORAGEM. A coragem para olhar, se ouvir, se deparar com qualquer coisa que apareça. Por isso, a analogia com o dimmer. Porque essa coragem se dá, gradual e lentamente.

    Sabe o querer acender? Ele pode ser veementemente tolhido, através da RESISTÊNCIA e isso afeta diretamente a nossa CORAGEM.

    Dicas para aumentar a chance de cumprir a fase 1:

    Se olhar, permitir ser analisado e pensar o quão difícil foi (e é) se abrir de forma tão ampla, se desnudar. Esse é o melhor caminho, para compreender o outro. É compreender o que o outro tem dentro de sua própria mochila. Inicie e não deixe a análise.

    Fase 2 da missão: Decidir o que fica e o que sai

    Partindo do princípio que vamos ter que identificar cada uma dessas coisas, dentro da mochila, é importante que, através da ANÁLISE, façamos essa triagem.

    Não sejamos tão (inocentemente…rs) simplistas. Uma coisa é saber o que precisa ser feito; a outra é conseguir fazer e em que tempo.

    Os princípios e ética: Quebrando essa fase

    O que fica: essa responsabilidade individual, geralmente parece fazer todo o vínculo com os princípios e a ética. Pensar nisso nos faz possivelmente ter a sensação de “isso aqui eu construí” ou “aprendi esses princípios, ou valores e entendo que é importante preservá-los”ou “percebo o quanto me sinto bem, diante de mim e dos outros, com esse item”. Cada um de nós tem sua construção. Talvez seja exagero de minha parte, mas quero mencionar que essas possíveis sensações, são as que geralmente nos levam a querer ser expostos (reconhecidos) pelo motivo que, moralmente, a sociedade nos acolhe.

    O que sai: já essa, provavelmente é a que endossa aquela frase que tanto temos ouvido, ultimamente: “posso não saber o que quero, mas sei o que não quero”. Se eu não quero, é importante eu compreender, o impacto dessas retiradas, na minha vida, nos meus relacionamentos. Essa decisão pode ser escolher não ter algumas pessoas, em nossa vida, por exemplo. A decisão, seja qual for, precisa vir acompanhada de responsabilidade e consciência, em fazê-la.

    Dicas para aumentar a chance de cumprir a fase 2: não tenha pressa, mas tenha critério e analise tudo o que aprendeu, para que possa decidir, tirar e ajustar o que ficou. Não deixe a análise.

    Fase 3 da missão: Avaliar o que vale a pena incluir

    Ahhh..essa fase é uma “benção” rs

    Significa que, através das minhas decisões do passado, eu vou decidir o que vale a pena ser colocado dentro da minha mochila. De fato, nos deparamos com várias descobertas, com “mazelas”, com situações e /ou pessoas intrigantes…

    Uma coisa é “passar” por elas, a outra é incluí-las em nossa vida. Podemos fazer? Sim. Mas lembre-se sempre da energia que gastamos para manter. No momento certo, se decidirmos realmente incluir, tem que valer muito a pena, porque mochilas com muita coisa dentro pesam, nos cansam e podem atrasar a caminhada.

    Mas não se preocupe tanto: podemos voltar à fase 2, e reavaliar tudo! Tudo é perene…Estava na informação importante e espero que tenha lido a regra…rs

    Dicas para aumentar a chance de cumprir a fase 3

    Geralmente essa fase acontece, quando já estamos mais maduros e vivenciamos coisas grandes e que nos impactam, a ponto de tirar algumas vendas dos olhos e destravar uns cadeados. Essas rupturas nos permite vivenciar a liberdade de não ter mais tanto medo, das escolhas. Não deixe a análise.

    Fase 4 da missão

    Em que momento você usará (e se), alguma dessas coisas Essa fase traz uma cereja nesse bolo tão sortido de sabores: A Inteligência emocional, mais trabalhada…apurada. Ahhh…Essa fase é única. E antes que eu induza você, erroneamente, a achar que parou aqui: não!

    Todas as fases coexistem, sempre. Mas quanto tocamos esse ponto, as possibilidades aumentam. Posso arriscar dizer que, aqui eu consigo sempre um pouco mais, distinguir e separar, o que é meu e o que do outro.

    O destaque que dei à IE (Inteligência Emocional) foi com a intenção real de mostrar o grande benefício e o desabrochar que a análise favorece, em nossas mentes e em nossa vida.

    Os princípios e ética: definições sobre IE

    Existem várias definições sobre IE, mas creio que, de maneira sucinta mas precisa, Goleman conseguiu retratar os pontos cruciais: “…capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.” (Goleman, 1998).

    Sabemos que uns, mais que outros possuem facilidades (soft skills, como chamamos) para se relacionar e com isso desenvolver e aprimorar relacionamentos. Mas sejamos sinceros…Temos muitas questões, incluindo as que nem sabemos que existem (lembra dos bolsos, que nem sabíamos que existiam?).

    As benesses que nossos princípios e responsabilidade com a ética nos traz, à luz da psicanálise, é o real motivo de estarmos conscientes e realmente comprometidos conosco e com o próximo. Aceitar, e não resistir tem a ver com amor próprio e coragem … .muita coragem.

    Uma nova oportunidade

    A análise, nos traz a grande oportunidade de olharmos os bolsos, revirarmos, esvaziarmos, incluir e realmente desenvolver nossa inteligência emocional, com a intenção de compreendermos as nossas limitações e todos os desafios do que é ser humano. Lidar com tudo e todos ao mesmo tempo, é sempre melhor quando estamos apoiados. Ficando claro que, todo o esforço é de si próprio.

    Se comprometer consigo, significa dar uma mensagem ao mundo: podemos conseguir, somos capazes. Só não desista de se sentir bem, feliz, se amar, saber que é digno de “amor bom”, e de ser inteiro para poder (também) encontrar o outro inteiro.

    Ah… e antes que eu esqueça: esse texto, NÃO É SOBRE MOCHILAS.

    Este artigo sobre princípios, ética e suas benesses na vida do psicanalista foi escrito por foi escrito por Poliana B. Falcão([email protected]), mulher feliz, assumindo o que sempre quis: conhecer e evoluir sempre, para ser o melhor possível para mim, e para o outro; estudante de Psicanálise (com muito amor e honra).

    One thought on “Princípios e Ética: suas benesses na vida do psicanalista

    1. Estar pronto para essa tarefa difícil que é ajudar a outros á melhor se conhecer e conviver consigo mesmo, precisa de muito estudo e amor pelo que faz. Texto maravilhoso que nos diz sobre a ética com uma forma legal para sua compreensão. Parabéns

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