Psicanálise para idosos: benefícios e desafios

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Para os idosos, não é fácil se equilibrar. Vários fatores contribuem para que a sua vida se torne mais debilitada. Alguns exemplos são a preocupação com a aposentadoria, funções corporais falhando, aumento da vulnerabilidade, potencial institucionalização e a morte, que é inevitável.

Para alguns, esta é uma fase da vida repleta de memórias difíceis. Nem todos podem se orgulhar das atitudes que tomaram durante a juventude. Por outro lado, não é incomum ver alguns idosos com uma história de traumas de infância, além de problemas com seus relacionamentos. Ademais, alguns têm em sua bagagem a interrupção involuntária de sua carreira ou mesmo a perda de um ente querido.

Visto que estão sujeitos a tantas vulnerabilidades, este é um público que pode obter enormes benefícios das abordagens psicoterapêuticas. A transformação pessoal pode permitir que eles desfrutem de antigos e novos relacionamentos significativos e frutíferos, mesmo na velhice. Isso seja na comunidade ou em um lar de idosos. Confira mais algumas informações interessantes mais abaixo!

Os desafios psíquicos do envelhecimento

Na velhice, uma simples queda pode tornar-se uma experiência devastadora. Suas consequências, como a quebra de um osso, estão geralmente associados à perda de confiança dos filhos para deixar a pessoa vivendo sozinha. Assim sendo, às vezes, é comum que a família recorra à institucionalização do idoso.

No entanto, para além das quedas físicas é interessante analisar esse evento pelo lado psíquico também. Nesse contexto, as quedas geralmente são significativas porque refletem mudanças no cotidiano que estão associadas à mudanças internas. Assim, uma doença ou uma perda significativa podem ser consideradas quedas com consequências graves para alguém com muita idade.

Tomemos por exemplo a pele que, à medida que envelhece, torna-se frágil, tanto externa quanto internamente. Dessa forma, revela a fragilidade do corpo que está envelhecendo no interior.

Levando esse fator em consideração, observamos que muitas vezes o cuidado com o idoso se concentra apenas na fragilidade física. Nesse contexto, considera-se apenas corpo do indivíduo, que está lá para ser lavado, alimentado e higienizado.

É compreensível, já que uma incontinência urinária pode levar a situações constrangedoras, por exemplo. Assim, torna-se imprescindível estar sempre de olho na higiene da pessoa portadora do problema. No entanto, as necessidades emocionais decorrentes de mudanças na velhice são frequentemente negligenciadas.

O problema disso é que o emocional de um indivíduo precisa ser considerado sempre, não importa a sua idade. Isso com o mesmo grau de preocupação com que se cuida do físico. Vamos explicar as razões mais abaixo.

Queda física e psíquica

Como comentamos anteriormente, há uma necessidade de reconhecer a vulnerabilidade emocional de uma pessoa idosa. Se o corpo falha, não há razões para imaginar que o mesmo não venha acontecer com o psicológico de um indivíduo.

Tais mudanças no equilíbrio causam dor emocional na forma de vergonha e nojo, por exemplo. Uma pessoa idosa em geral não se sente confortável ao precisar de ajuda para desempenhar funções cotidianas. Assim sendo, de acordo com a Psicanálise, durante a velhice é possível que se desenvolva uma lesão narcisista. Esta, por sua vez, se origina do sentimento de orgulho e independência.

Quantas vezes você já ouviu um idoso dizer que não precisa de ajuda para nada? É desse tipo de sentimento que estamos falando aqui.

Quem observa o problema de fora entende que é óbvia a necessidade de ajuda. No entanto, para quem vivencia a situação a percepção é outra. Nesse contexto, surge o medo da dependência. Para muitos indivíduos, essa necessidade de se apoiar nos outros ocorrerá provavelmente pela primeira vez em suas vidas desde a infância.

Assim sendo, o envelhecimento e suas vicissitudes reavivam os medos infantis, trazidos para o aqui e agora. Durante a idade adulta, tais medos podem ter sido isolados da mente consciente. Isso porque nos acostumamos a usar nossas maduras como o domínio e a independência para sobreviver.

No entanto, às vezes nos valemos também de mecanismos imaturos como a negação e a projeção. Assim, diante das realidades do envelhecimento, esses mecanismos de defesa podem ficar mais aflorados. Dessa forma, também fica mais evidente o quanto devemos ser mais compreensivos com as pessoas idosas. Elas passam por desconstruções mais profundas do que imaginamos para se tornarem dependentes.

Uma nova intensidade para o medo

Além de considerar todos esses fatores, há também que se pensar no medo da morte. Na velhice é algo tão comum quanto como o medo da perda e do luto. Embora todos sejam fatores que podem nos assombrar em qualquer idade, certamente tem mais significado para os idosos. 

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    O medo de acabar com a vida sem resolução completa dos objetivos e arrependimentos pode ser um fator motivacional ou não. Assim, pode contribuir para a melhoria de vida e com o desejo de acertar os problemas não resolvidos, como pode servir como um alerta para a intervenção psicológica. Isso porque o indivíduo pode ver esse momento como um momento útil para recordação e reflexão, dada a inevitabilidade da morte, ou como um sinal de que tudo está perdido.

    Visto que o tempo passa rápido, essa urgência serve como mais uma motivação para tratar o psicológico dos idosos. Ainda mais tendo em vista os vários medos que podem vir com a velhice.

    Dificuldades no cuidado: origens

    Diante de tantos fatores a considerar, quem cuida de um idoso acaba carregando um fardo de sentimentos que surgem com o contato. Sem o cuidado necessário, essa é uma tarefa quase impossível de suportar. Assim, sem o apoio adequado, pode tornar-se esmagadora.

    Por essa razão, à vezes, os sentimentos dos cuidadores em resposta ao idoso podem tornar-se particularmente agressivos, resultando em sentimentos ressentidos e até mesmo odiosos. Embora admitir tais sentimentos possa parecer vergonhoso, eles são normais e merecem tanta atenção quanto a pessoa sendo cuidada. Isso porque obviamente existe o risco de tais sentimentos interferirem na qualidade do cuidado, caso não sejam discutidos.

    A impaciência com a lentidão dos movimentos do paciente ou a repetição da linguagem pode levar a explosões de raiva por parte do cuidador. Nesse contexto, quem cuida pode se irritar excessivamente com a lentidão do paciente ou simplesmente ignorar suas repetições. Trata-se de uma situação em que todos saem perdendo. Assim sendo, fica evidente a necessidade de que tanto o que cuida como aquele que recebe os cuidados passem por uma análise.

    Um tratamento adequado, portanto, pode evitar experiências de exclusão e constrangimento social. Tomemos como exemplo situações em que estamos cuidando de idosos com demência. Nesse contexto, sabemos o quanto a exposição social dessas pessoas pode ser problemática. Visto que há um desejo de evitar situações embaraçosas, muios optam pela exclusão social total do idoso.

    No entanto, em vez de pensar nas necessidades de quem está debilitado, há quem leve em consideração principalmente os próprios constrangimentos. Isso porque pode ser desafiador proteger uma necessidade frequentemente assumida de dignidade, especialmente quando o sofredor de demência não pode comunicar seus próprios desejos. Nesse contexto, como considerar seu psicológico?

    Tratamento dos idosos e para quem cuida deles

    Como viemos comentando ao longo do texto, é importante que se considerem os melhores tratamentos possíveis para os idosos. No entanto, esses tratamentos devem levar em consideração tanto o aspecto físico de suas debilidades quanto o aspecto emocional e psíquico. Assim sendo, caso observem-se comportamentos atípicos em qualquer um desses contextos, assistência especializada será necessária.

    Assim sendo, o que defendemos é que os familiares evitem cuidar dos idosos sozinhos. No entanto, isso não significa que eles devam ser jogados em asilos. O esforço para cuidar dessas pessoas deve ser feito em conjunto com profissionais que saibam lidar com esse público. Ademais, melhor que isso, que sejam profissionais que ensinem os familiares a lidar com seus idosos também. 

    Nesse contexto, o tratamento psicanalítico de idosos e cuidadores se destaca no grupo de cuidados necessários. Trata-se de um método terapêutico que auxilia tanto no entendimento de medos, como a morte, quanto nos problemas de relacionamento entre o familiar que cuida e aquele que é cuidado.

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