Psicologia das Massas

Psicologia das Massas segundo Freud

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No trabalho Psicologia das massas, Freud faz avaliações a respeito da composição psicológica das massas. Embora tenha sido construído no período das guerras, é possível notar que ele também reflete o tempo em que vivemos. Vamos compreender um pouco mais da mensagem transmitida nessa análise grupal.

Sobre a constituição grupal da sociedade

Em a Psicologia das massas fica evidente que Freud tinha uma crítica bastante saliente sobre o modo de pensar coletivo. Segundo ele, somos criaturas muito reativas a um julgamento generalizado sobre determinada situação. Ainda que tenhamos a nossa individualidade, isso não significa pluralidade em imagens.

Como resultado, apresentamos a patente de seres sem vontade definida de forma independente. Estamos interligados à outra pessoa ou pessoas para que possamos construir um juízo a respeito de algo. Consequentemente, isso leva a situações degradantes e impensadas que prejudicam a maior parte desse povo.

De certo modo, é possível apontar uma certa hipocrisia advinda das massas. Isso porque, ao mesmo tempo em que repudia a força, bondade como fraqueza e violência, recorre a elas para se justificar. A inovação costuma ser inimiga, de modo que se apegue bastante à tradição e ao conservadorismo.

“O rei mandou dizer…”

Psicologia das massas aborda um enlaçamento sobre a identificação de um grupo em relação a uma única pessoa. De acordo com as resoluções da obra, as massas necessitam de um líder autoritário para conduzi-las. Por meio deste se estabelecem regras que se não forem cumpridas acabam gerando retaliações aos infratores.

Por exemplo, podemos nos ater ao movimento nazista que resultou na morte de milhões de pessoas. Os nazistas veneravam a ideologia supremacista de Hitler em relação ao judeus ou quem não se encaixasse na “pureza” étnica. Aos que não se encaixavam aqui ou eram alvos, a morte era a punição por serem o que simplesmente eram.

Note que autoridade tem um sentido completamente corrompido, se tornando autoritarismo. Enquanto na primeira temos alguém que te ajuda a alcançar o seu melhor, a segunda indica alguém no controle de suas ações.

Fake News

No trabalho em Psicologia das massas é possível avaliar o efeito das Fake News no mundo moderno. A figura das massas elaboram imagens de modo muito simples sem ao menos colher informações coesas. Com isso, aos interessados, as Fake News se tornam um recurso para controlar a vontade das massas e obter poder.

Retomando à obra, as massas são descritas como aglomerados sem muita vontade e vulneráveis a um poder maior. No mundo político, os políticos disseminam livremente argumentos falaciosos para obterem vantagens ou mesmo um ganho específico. Isso é possível porque as histórias implantadas acabam ensandecendo as pessoas.

O cenário político brasileiro, por exemplo, possui muitas referências de pessoas que fizeram manipulação pública. Um exemplo geral é a exposição dos partidos rivais na última presidencial eleição realizada em 2018. Embora o objetivo fosse enfraquecer a imagem pública do adversário, isso acabou por refletir e influenciar negativamente na vida dos eleitores.

Características

O trabalho construído em Psicologia das massas revela pontos indiscutíveis a respeito da postura humana. De modo geral é como se as novas gerações acabassem mescladas às antigas, perpetuando características inevitáveis da sociedade. Isso pode ser visto na:

Intolerância

A violência sempre se mostrou como resposta imediata ao que era contrário da maioria. Por exemplo, pense nos ataques sofridos aos grupos da Umbanda e do Candomblé por extremistas cristãos. Já que os primeiros não obedeciam ao grupo maior, foram e continuam sendo agredidos das mas variadas formas.

Extremismo

É difícil alcançar a ideia de meio termo quando se tem um grupo muito exaltado comportamentalmente. Os sentimentos dessas massas são simples, lineares, mas também manipuláveis. Dependendo do meio em que vivem, isso resulta em um tipo de sofrimento específico, gerado particularmente por tais oposições.

O exagero é funcional

Para um líder ser visto e obedecido no grupo, não precisa construir logicamente seus argumentos. Na maioria das vezes, a criação de imagens fortes e chocantes é suficiente para tal. A repetição das falas, bem como o exagero bem empregado, costumam convencer e converter milhões de pessoas.

A singularidade vinda de modelos

Ao longo da leitura de Psicologia das massas fica evidente que todos nós somos frutos de uma criação. O ser humano não se desenvolve como uma página em branco sem qualquer rascunho. Ele é moldado, de maneira que outros elementos já existentes impactaram em sua construção de vida.

Somos criaturas singulares, sim, mas essa particularidade foi feita através de outros seres sociais. Nossos pais, amigos, escolas, igreja, empresas e até endereço contribuem para a formação de quem somos e viremos a nos tornar. Por meio de tudo isso, o ser humano formulou a sua perspectiva em relação a si mesmo em sociedade.

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    Com isso, nós acabamos tendo uma repetição de um padrão dominante captado de uma força externa. Veja um exemplo: crianças que convivem mais com os avós tendem a puxar mais aspectos destes do que os próprios pais. O famoso “criado pela vó” reflete em suas ações a vida de uma pessoa que cresceu em lar de brandura, algo pertencente à figura dos idosos.

    Ser individual X ser social

    Outro aspecto amplamente abordado em Psicologia das massas é a divisão insistente entre indivíduo e o grupo. Freud apontava que nós deveríamos ser vistos de modo menos linear e mais aberto. Não apenas sendo parte de nós mesmos sozinhos, mas também sendo vistos dentro de um grupo.

    Nisso, a Psicologia individual e a Psicologia social não faziam sentido se entendidas separadamente. Ao mesmo tempo em que temos particularidades, precisamos ser vistos como criaturas pertencentes a um grupo.

    Consequências da influência sobre as massas

    O aparato trabalhado em Psicologia das massas explora um aspecto bastante reativo dos grupos no que tange à influência. Retomando Le Bon em suas introduções, fica claro que essa influência é um objeto bastante negativo aos grupos. Haveria regressão social humana, dando luz à:

    Estupidez

    O raciocínio se torna um item difícil de alcançar, principalmente em situações mais delicadas. Por causa disso, se cria uma aura em que, aparentemente, as pessoas parecem não pensar de forma suficiente. Em parte, isso explica porque descrevemos ações tão chocantes de outras pessoas como burrice inadmissível.

    Impulsos irracionais

    O homem regride a um ponto em que se entrega quase que completamente aos seus impulsos. Nesse caminho, se torna mais agressivo, impulsivo e irracionalmente violento com tudo o que o contraria.

    Anulação do Ego

    A pessoa vai perder a sua própria vontade e se deixar levar pela influência dos outros. Neste processo, é como se ela mesma perdesse o centro de sua própria identidade. Pense, por exemplo, na torcidas organizadas que agridem os semelhantes nas ruas e que não conseguem de uma resposta racional sobre suas ações.

    Considerações finais sobre Psicologia das Massas

    Psicologia das massas foi um estudo necessário e importante para entender o movimento dos grupos em torno de um padrão. Graças a ele, conseguimos entender melhor o que conduz coletivamente os padrões sociais humanos.

    Cabe deixar claro que, em suas citações, Freud traz à luz a negatividade do indivíduo nas massas. Isso porque os círculos o ajudam a regredir ao estado primitivo de seus relacionamentos pessoais. Ao todo, se mostra uma avaliação profunda sobre quando estamos sozinhos e o que acontece quando somos manipulados por um poder maior.

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    2 thoughts on “Psicologia das Massas segundo Freud

    1. Excelente reflexão sobre Psicologia das Massas e atualizada em nossa sociedade. Parabéns.

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