O que é psicologia reversa?

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Nem sempre uma pessoa pode obter o que quer e isso pode ser culpa da abordagem que esta utiliza. É preciso trabalhar a inteligência e construir caminhos por meio de uma situação aparentemente ruim e chegar num resultado positivo. Assim sendo, descubra o que é Psicologia reversa e como aplicá-la em sua vida.

O que é psicologia reversa?

Psicologia reversa é um técnica utilizada para se conseguir algo por meio de uma sugestão dúbia. Basicamente, você constrói uma situação de paradoxo a fim de obter um resultado ao qual almeja. Em geral, para se obter um resultado positivo, é feito uma sugestão negativa sobre o assunto. O mesmo ocorre quando o contrário é almejado, se valendo de uma sugestão positiva para conseguir resultado negativo.

Essa estratégia move a pessoa numa direção contrária à qual ela pretendia inicialmente. Portanto, a ideia aqui é efetuar o comando inverso para influenciar na decisão final de alguém e obter um benefício pessoal. É mais comum o seu uso na publicidade, já que é necessário vender algo aos compradores. Com a estratégia correta, o resultado positivo é garantido.

Cabe ressaltar que cada indivíduo é único e carrega uma forma pessoal de ceder e dizer “sim”. Dessa forma, algumas se adaptarão melhor a pedidos diretos para fazer algo. Contudo, nem todos reagem dessa forma, se mostrando mais autoritários e resistentes. Assim, a psicologia reversa pode intervir positivamente nesse grupo.

Exemplos de psicologia reversa

  • Um vendedor diz que um produto se esgotou (quando na verdade este produto ainda está em estoque), na expectativa que o cliente sinta que perdeu e implore por comprar.
  • Chico Buarque relata um caso de psicologia reversa que teve na adolescência. Seu pai, o famoso historiador Sérgio Buarque de Hollanda, lhe disse que Marcel Proust (escritor francês) era uma leitura muito difícil, que Chico não conseguiria ler. Na verdade, Sérgio queria que Chico lesse. Isso desafiou Chico Buarque a ler a obra de Proust e se formar como leitor.
  • Um filho está fazendo “birra”, a mãe demonstra não se incomodar. Na verdade, a mãe se incomoda, mas usa a psicologia reversa para fingir não se incomodar. É como se a mãe enviasse uma mensagem para a criança continuar. Como a intenção da criança é atingir a mãe, a criança interrompe a birra.

Exemplos de frases reversas

Nosso cérebro e nosso ego podem criar barreiras para rejeitar ordens. Então, na medida do possível:

  • evite verbos no imperativo (evite usar “Faça!”),
  • faça perguntas sugestivas (“Será que você poderia me ajudar a fazer a tarefa x?”) e
  • use frases e técnicas de psicologia reversa (como estamos vendo neste artigo) são meios de driblar este bloqueio.

Muitos são os exemplos de aplicação prática da psicologia reversa por meio de frases. Essas frases materializam a interação entre duas pessoas. Vamos destacar alguns exemplos principais:

  • Acredito que você não consiga fazer. Como no exemplo citado acima de Chico Buarque, esta frase tem a forma de desafio.
  • Será que você consegue fazer? Tem o mesmo intuito da frase destacada no parágrafo anterior, com a diferença que é transformada em pergunta e fica com tom menos desafiador.
  • Já que você não fez, pode deixar que eu faço. Isso alerta o receptor de que ele não está cumprindo sua parte e pode gerar um sentimento de culpa ou de reciprocidade, para que o receptor assuma ou ajude na tarefa.
  • Talvez você ainda não esteja preparado para isso. Dizer que se a pessoa ainda não percebe a necessidade de tomar uma ação representa que “ainda não está no momento dela” e “que ela ainda não está pronta para entender” é um recurso poderoso de psicologia reversa. Isso pode fazer a pessoa reagir: “Estou pronto sim, vou provar agora”.
  • Será que este é o melhor momento para você fazer? A ideia é a mesma do parágrafo anterior, só que agora ainda mais sugestiva e indireta, porque foi transformada em pergunta.

Técnicas de Psicologia Reversa

Como dito acima, cada indivíduo é único e responde de determinada forma a um estímulo. Com isso, é preciso se atentar aos caminhos pelos quais a Psicologia reversa percorrerá. Abaixo está uma lista com técnicas para convencer alguém a executar uma ação:

Apelar à identidade

Esse recurso é utilizado quando você conhece um pouco da pessoa que tenta persuadir. Com isso, você se valerá de um padrão oposto ao dela. Isso fará com que execute um pedido sem que você use uma ordem diretamente. As palavras “Eu aposto que você…” conduzem perfeitamente essa ação. Ou seja, uma ótima pedida também.

Autonomia

Aqui, você reforça que a decisão deve partir unicamente da pessoa, porém contrapor com os benefícios do que você quer. Por exemplo, “Não posso fazer a compra de nosso curso de Psicanálise por você, embora ele seja bastante eficaz e acessível”.

Comando negativo

Essa técnica se vale da palavra “Não” para conseguir o efeito desejado. O “não” funciona como elemento suavizador, mas que força o cérebro a fazer uma representação do pedido feito. Por exemplo, “Não pense na cor azul”. Certamente, você deve ter imaginado ela.

Autoridade externa

A ideia aqui é induzir alguém a algo com base numa opinião de uma autoridade, fazendo com que esse efetue o contrário. Por exemplo, você chegar a um grupo de jovens, se dizendo especialista, e afirmando que eles não podem empreender. Ao ouvir isso, certamente eles farão o contrário e se darão bem sendo empreendedores.

Debates e caminhos

Estudiosos defendem que a Psicologia reversa é uma ferramenta difícil de ser trabalhada com exatidão no ambiente físico e experimental. Isso porque não dá para montar um padrão específico de como e quando ela funciona ou não. Ainda assim, eles indicam que alguns fatores influenciam diretamente nos resultados, como:

Objeto o mais atraente possível

Há uma garantia maior de sucesso na persuasão quando o objeto em questão for muito atraente. Com isso, quanto mais chamativo for um objeto, mais chances a pessoa tem de acatar o pedido. A ideia é supervalorizar o objeto restringido a fim de se obter um maior efeito psicológico em quem se direciona.

As ameaças

Ameaças ou eventos contrários que se conectem a algum tipo de decisão acabam retardando ações. Ainda que não faça sentido, isso acaba por deixar as pessoas mais rebeldes às suas sugestões.

Falta de liberdade

É comprovado que a privação da liberdade funciona como um forte retardante psicológico. Com isso, quando se priva alguém de escolhas, o mesmo demora mais para reagir da forma que se espera. Quando se pensa em se obter algo, é preciso abrir um leque, ainda que direcione a determinado ponto.

Por exemplo, se disser a uma criança que não pode brincar, ela fará o contrário. Ou seja, a mesma vai concluir que teve sua liberdade negada e vai brincar apenas por desafio aos pais.

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    Mais exemplos

    Para entender melhor como funciona a psicologia reversa, observe os exemplos abaixo. Ainda que a mensagem seja clara para uma direção, conseguimos conduzir um indivíduo a uma rota contrária. Com isso, fica mais fácil executar nossa atividades e escolhas. Por isso, observe:

    Vendas

    A propaganda necessita de ações específicas para se chegar até o cliente e efetuar a venda. Por exemplo, “não entre aqui e descubra nosso segredo” costuma atiçar alguém a algo. Note que a frase instiga a curiosidade das pessoas, já que se perguntarão o que tem ali de especial. Naturalmente, muitas delas chegarão até a loja para descobrir o segredo. Portanto , a negativa

    Trabalho

    Seja na escola ou no ambiente laboral, é possível mudar a conduta de alguém de acordo com a nossa necessidade. Por exemplo, o faça acreditar que duvidam do potencial dele ali dentro. Por exemplo, “Aposto que não consegue fazer isso” costuma ser um bom começo. Para provar o seu valor e capacidade, o mesmo tomará medidas e mostrará o contrário. Dessa forma, o desafio é uma aliado.

    Quando usá-la a seu favor

    A psicologia reversa tem seu uso mais indicado a quem tem reatância psicológica exacerbada. Em suma, são aquelas pessoas que não aceitam fazer o que pedem, o famoso “do contra“. Elas acreditam que a sua liberdade está em jogo quando recebem uma ordem. Com isso, se valer da Psicologia reversa costuma trazer bons resultados aqui.

    À medida em que essa reatância se torna extrema, percebemos isso em atos ilícitos que a pessoa comete. No fundo, ela quer apenas proteger e afirmar a sua liberdade de direito. Sabendo disso, agir de forma que esta não se sinta ameaçada costuma dar certo.

    Considerações finais

    A Psicologia reversa costuma ser uma ferramenta eficaz para se vender qualquer ideia. Por isso, o intuito aqui é fazer o indivíduo caminhar numa direção sem que este perceba e faça isso voluntariamente. Com isso, conseguimos aquilo o que queremos, sem causar desconforto ou prejuízo a qualquer um.

    Caso a sua rotina se encaixe e necessite disso, é uma boa ideia implementar algumas técnicas em suas interações. Estude as pessoas, sua natureza e o ambiente ao qual estão acostumadas a interagir. A partir disso, pode montar um plano de ação eficaz e persuasivo.

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    15 thoughts on “O que é psicologia reversa?

    1. luis gonzaga disse:

      Muito bom este artigo. A psicologia reversa e uma ferramenta poderosa e perigosa pois pode ser utilizada tanto para o bem como para o mal.

    2. João Paulo Belchior de oliveira disse:

      Ótimo conteúdo da psicologia reversa

    3. muito útil esse artigo. Faz todo sentido pra mim. Mesmo sem saber a psicologia reversa me ajudou num momento bem extraordinário em meu trabalho. agora compreendi o que aconteceu naquela situação. muito bom mesmo!

    4. Fiz com minha filha esse exemplo da birra há muitos anos atrás, de forma totalmente instintiva, não conhecia o conceito de psicologia reversa. Foi a primeira birra dela, e em público, ignorei totalmente e nunca mais fez.

    5. Excelente o artigo. Vi a frase Psicologia Reversa num filme da série O Mentalista, quando a filha do Patrick disse que não adiantava ele usar a Psicologia Reversa com ela. Fui pesquisar sobre o assunto e encontrei essa explicação. Excelente. Obrigado por sempre compartilharem esses artigos tao valiosos!

    6. David Ferreira da Silva disse:

      Embora algo astucioso e manipulador (e aí concordo muito com comentário precedente: boa técnica, porém perigosa, dependente do uso), parece sem dúvida sua importância, em razão da natureza psicológica da resistência, que implica, às vezes, em redução de colaboração, para o indivíduo e para o grupo. Muito obrigado pelo artigo. Gostei demais!

    7. Aparecida Borges disse:

      Estava precisando desse artigo, vou começar e praticar agora mesmo.

    8. Julian Quintana disse:

      O tema é muito interessante, mas foi mal desenvolvido: com falta de conhecimentos técnicos e com erros, principalmente, nos exemplos. Usaram exemplos de gatilhos de escassez como se fosse Psicologia reversa. Sem falar de PNL errada.

    9. César Samblas Boscolo disse:

      Artigo bastante interessante. Gostei.
      Abraços!

    10. Evangelista Damasceno Santos disse:

      Muito interessante e sugestivo

    11. Rosamaria Cavalcanti Ferreira disse:

      Excelente artigo!

    12. JOSE AUGUSTO DA SILVA FILHO disse:

      ESPETACULAR PARA SER UTILIZADA NA AREA DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. PREVENÇAO DE ACIDENTES NO TRABALHO, COMPORTAMENTO HUMANO E SEGURANÇA BASEADA EM COMPORTAMENTO (SBC).TOP! Parabéns para todos desta Equipe maravilhosa!

    13. GERSIONILTON MUNIZ DE AGUIAR disse:

      Esse Artigo é excelente e fortalece nosso entendimento quanto as atitudes das pessoas. Desde crianças fazemos isso que diz no Artigo, mas só agora é que vemos uma definição “Psicologia Reversa”
      Muito obrigado!

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