A psicoterapia breve é uma abordagem terapêutica que visa alcançar mudanças significativas em um período mais curto de tempo, ou seja, em uma sessão ou poucas sessões. Ainda que o termo seja amplo, engloba diversas formas de terapia analítica e comportamental.
Houve vezes em que Sigmund Freud atendeu de forma breve, pelas circunstâncias de curto tempo que teria no contato com o paciente. Isso é muitas vezes considerado uma das primeiras abordagens de psicoterapia breve.
Além disso, Milton Erickson (hipnoterapia ericksoniana) é um dos pioneiros da terapia breve, também foi fundamental no desenvolvimento da hipnoterapia moderna.
São exemplos:
- a psicoterapia breve de orientação psicanalítica,
- a psicologia breve de diversas linhagens,
- a psicoterapia breve focal, e
- a psicoterapia breve em psicodinâmica.
A psicoterapia breve emergiu no século XX como resposta à crescente demanda por tratamentos psicológicos mais acessíveis e rápidos. Na Segunda Guerra Mundial, a necessidade de tratar rapidamente os soldados afetados por traumas de guerra contribuiu para o desenvolvimento das terapias breves.
Há que se pensar também que a era da reprodutibilidade técnica (termo de Walter Benjamin) favorece a busca humana por respostas rápidas, o que nem sempre se aplica à psique.
Para os favoráveis às psicoterapias breves, há a ideia de que:
- adapta-se às necessidades culturais de diferentes populações e
- permite uma abordagem mais inclusiva e eficiente.
Neste artigo, exploraremos conceitos fundamentais, abordagens distintas, críticas e teorias relacionadas, além de curiosidades históricas e culturais. Ao final, responderemos algumas perguntas frequentes sobre o tema e convidaremos você a aprofundar seus conhecimentos através de um curso online de psicanálise clínica.
Principais Abordagens em Psicoterapia Breve
Você já se perguntou como nosso inconsciente molda nossas ações? Ou como a psicoterapia breve pode ajudar no processo de autoconhecimento? Pois bem, vamos navegar pelo universo da mente humana, compreendendo como essa abordagem terapêutica pode ser (ou não) eficaz em um tempo tão curto.
Vamos desvendar os segredos por trás das terapias breves e seus benefícios e suas limitações. Ao longo do texto, você descobrirá conceitos-chave, teorias e abordagens distintas, bem como suas críticas e reflexões históricas e culturais.
Começaremos por falar dos grupos principais de terapias breves, a nosso ver:
Psicoterapia breve de orientação psicanalítica
Com raízes na psicanálise, foca na relação entre o terapeuta e o paciente, chamada de transferência. Busca trabalhar os conflitos inconscientes, o desejo e a identifidade do ser em um curto espaço de tempo.
É importante lembrar que a psicanálise como regra não é uma terapia breve. Levam-se meses (ou anos) para conseguir criar um sistema de elaborações no vínculo psicanalista e seu analisando. A brevidade pode levar às imperfeições da pressa. Isso daria margem ao que a psicanálise chama de psicanálise selvagem.
Psicoterapia breve focal e TCC breve
Aqui, temos as diferentes linhas da psicologia que podem atuar de forma breve, isto é, com poucas sessões. Com um foco específico, a terapia trabalha aspectos pontuais da vida do paciente, alcançando resultados eficazes mais rapidamente.
Um exemplo seria a Terapia cognitivo-comportamental breve. Busca identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais, facilitando a resolução de problemas e atribuição de tarefas ao paciente. Há críticas de que esta abordagem ficará apenas no nível superficial, sem alcançar a essências e as demandas de desejo, como faria a psicanálise.
Psicoterapia breve integrativa e Terapia breve sistêmica
O terapeuta combina técnicas de várias abordagens terapêuticas, que se ajustam às necessidades específicas do paciente. Similar a isso é a terapia sistêmica breve, cujo foco é a interação entre os membros de um sistema, como uma família ou grupo, e como essa dinâmica afeta o sujeito.
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A crítica às palavras “integrativa” e “sistêmica” é que elas normalmente carecem de rigor técnico. O terapeuta pode não ser especialista em nada e estar simplesmente fazendo testes de mesclas (“integração” ou “sistematizando”) entre abordagens distintas.
Frases Inspiradoras e Críticas sobre abordagens breves
Algumas frases sobre psicoterapia breve nos ajudam a entender as razões para posições favoráveis ou contrárias à brevidade. Veja abaixo alguns exemplos sobre a missão da clínica.
E veja como, para alguns autores, isso parece ir contra à ideia de terapia breve.
- “Uma mente saudável é uma mente flexível” – Milton Erickson (Erickson, 1967)
- “A terapia existe para que as pessoas possam aprender a arte de viver” – Irvin Yalom (Yalom, 1980)
- “Nada é mais forte do que uma ideia cujo tempo chegou” – Sigmund Freud (Freud, 1924)
- “O papel do terapeuta é ser um espelho que reflete a verdade” – Carl Rogers (Rogers, 1951)
- “A cura começa com a aceitação da verdadeira natureza de nossos problemas” – Fritz Perls (Perls, 1969)
- “O objetivo da terapia é libertar o paciente de seu sofrimento” – Aaron T. Beck (Beck, 1979)
- “O caminho para a cura é o caminho do autoconhecimento” – Carl Jung (Jung, 1933)
Muitos autores apontam a necessidade de uma relação terapêutica sólida. Estudos como Lambert (2013) mostram que a qualidade da relação terapêutica é crucial para o sucesso da terapia. Porém, a rapidez da psicoterapia breve pode dificultar o estabelecimento dessa relação. Além disso, a eficácia da psicoterapia breve pode variar dependendo da abordagem, do terapeuta e das demandas do paciente.
No mesmo sentido, críticos como Fonagy (2001) argumentam que a psicoterapia breve pode ser superficial, não abordando problemas mais complexos do paciente.
Alguns pesquisadores como Wampold, (2015) acreditam que a psicoterapia breve pode priorizar técnicas em detrimento da compreensão do universo psíquico do paciente.
Dúvidas recorrentes sobre a Psicoterapia Breve
Vejamos algumas e perguntas e respostas sobre a psioterapia breve.
Qual é a duração média de uma psicoterapia breve?
Geralmente, dura entre 10 e 20 sessões, mas isso pode variar dependendo da abordagem e das necessidades do paciente. Há linhas que defendem até menos: uma única sessão.
É eficaz para todos os tipos de problemas? E para crianças e adolescentes?
Embora seja eficaz em muitos casos, a psicoterapia breve pode não ser adequada para problemas mais complexos ou crônicos, que exigem tratamento mais aprofundado.
A psicoterapia breve infantil tem sido aplicada com sucesso em crianças e adolescentes. Seus entusiastas dizem que a brevidade adapta-se às necessidades e ao desenvolvimento cognitivo e emocional de cada faixa etária.
É baseada em evidências científicas?
Sim, estudos mostram que a psicoterapia breve pode ser eficaz em muitos casos. Mas a eficácia pode variar dependendo da abordagem, do terapeuta e principalmente das demandas do paciente.
A escolha da abordagem deve levar em consideração as necessidades e objetivos específicos do paciente, bem como a experiência e formação do terapeuta.
Conclusão: potenciais e limitações da brevidade
A psicoterapia breve oferece uma abordagem eficaz para lidar com uma ampla gama de questões emocionais e psicológicas. Tanto linhas de psicologia quanto (mais raro) da psicanálise podem adotar abordagens mais breves. O objetivo com isso seria se adaptar às necessidades individuais e culturais dos pacientes.
Mesmo assim, é fundamental considerar as críticas e limitações dessa modalidade de terapia. É importante haver formação sólida para os profissionais envolvidos. E é preciso que o paciente se adapte a estes métodos, bem como que demandas do pacientes sejam mais pontuais. Sem isso, o ideial é seguir para terapias analíticas mais extensas, como a psicanálise convencional de linha freudiana, lacaniana etc.
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