Os relacionamentos amorosos têm estado no coração da psicanálise desde a sua concepção. Contudo, o que distingue sua abordagem psicanalítica da abordagem psicológica clássica é a consciência da ligação entre o amor adulto e o amor na infância. Assim sendo, a maioria das abordagens psicanalíticas contemporâneas são expansões das teorias do amor de Freud.
Neste artigo, vamos explicar com base em algumas teorias quais os estágios e efeitos dos relacionamentos amorosos. Confira!
Primeira Teoria Freudiana sobre o amor
Para começo de conversa, Freud desenvolveu duas teorias psicanalíticas sobre o amor. Nesta parte do artigo, falaremos sobre a primeira.
Nela, o psicanalista discute que o amor e a sexualidade são inicialmente combinados quando a criança está sugando o seio de sua mãe. Assim sendo, a descoberta do objeto de amor é, na verdade, uma afirmação. Esta fase também é conhecida como a “fase oral” do desenvolvimento psicossexual da criança (0-1 anos de idade).
A relação entre o desenvolvimento Psicossexual e os relacionamentos amorosos
Esta fase é seguida pela fase anal (1-3 anos de idade), que por sua vez é seguida pela fase fálica ou edipiana (3 a 6 anos). Não nos deteremos muito nesses conceitos, mas você pode consultar este outro artigo sobre as 5 fases do desenvolvimento psicossexual segundo Freud.
Durante a latência (6-12 anos de idade), a criança aprende a reprimir o componente sexual de seu amor por seus pais. Contudo, durante a adolescência (ou a fase genital, 12+ anos de idade), os impulsos sexuais ressurgem. Dessa forma, se os outros estágios tiverem sido resolvidos com sucesso, um indivíduo pode passar a ter relacionamentos amorosos naturalmente.
Assim, a capacidade do indivíduo de amar (também conhecido como “amor genital”) e engajar-se em um relacionamento amoroso saudável depende de sua capacidade de recombinar a capacidade de ter amor terno com a sexualidade reemergente.
No entanto, isso exige que o indivíduo tenha se separado completamente dos pais. Caso contrário, o indivíduo experimentará o amado apenas como uma versão corrigida de um dos pais. Obviamente, esse espelhamento não terá consequências positivas para um relacionamento.
Segunda teoria do amor
A segunda teoria de Freud seguiu sua descoberta do narcisismo. Dessa forma, nesta teoria posterior, a separação do pai é necessária para que possamos experimentar o amor. No entanto, não é suficiente.
De acordo com Freud, nós nos apaixonamos por pessoas que são imagens espelhadas de nosso eu ideal. Nesse contexto, o amor completa nossos eus narcisistas deficientes. Contudo, quando o amor é recíproco, a tensão entre o eu e o outro é eliminada, de modo que o amante experimenta um alívio da liberdade de inveja das qualidades e habilidades do outro.
Isso, por sua vez, leva ao sentimento característico de recompensa na presença do amado, bem como uma idealização do amado. Esta segunda teoria compartilha elementos centrais em comum com a teoria da autoexpansão de Aron. Ela também prevê que nos apaixonemos por pessoas que nos complementam e que podem desencadear um sentimento de nosso próprio eu sendo expandido.
Ponto de vista atuais
As mais recentes abordagens psicanalíticas dos relacionamentos amorosos tornaram-se cada vez mais dessexualizadas. Dessa forma, aproximaram o campo da teoria do apego. Assim, as frases sexuais inerentes à teoria psicanalítica são agora primeiramente consideradas como metáforas para a dinâmica entre o indivíduo e seus pais ou, mais tarde, um parceiro.
Contudo, destacamos que assim como a teoria do apego, a psicanálise moderna também prevê duas formas fundamentais de estar inseguramente ligado a outras pessoas.
Uma polaridade fundamental na teoria psicanalítica é aquela entre unidade e agência, ou relacionamento e auto-suficiência.
Nesse contexto, o indivíduo ansiosamente ligado procura preservar a unidade e prevenir a solidão e a alienação. Isso ao passo que a pessoa evasivamente ligada procura preservar a agência, a individualidade e a autonomia pessoal.
Assim sendo, o amor saudável requer que se mantenha um equilíbrio saudável entre unidade e agência, ou relacionamento e auto-suficiência.
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Aprofundamento no relacionamento ao longo da vivência e conflitos
No começo, estágios obsessivos de relacionamentos amorosos nos quais o amor é mútuo, os amantes buscam um nível de unidade. No entanto, a princípio essa unidade não é sadia. Assim, é somente quando o amor amadurece e os neuroquímicos e hormônios voltam ao normal que os amantes esperam recuperar um equilíbrio entre unidade e agência.
No entanto, este é também o ponto em que os amantes podem ir longe demais na direção oposta e procurar ser auto-suficientes. Dessa forma, expressam sua própria agência sem se preocupar com o outro.
Reações Cerebrais
Levando em consideração o que dissemos mais acima, é importante mencionar algumas coisas sobre os relacionamentos. Em primeiro lugar, muitos confundem a mudança de hormônios e neuroquímicos que são naturais em relacionamentos amorosos saudáveis e duradouros com uma súbita ausência de amor.
Assim, se uma pessoa está acostumada aos sentimentos obsessivos de estar apaixonada e, de repente, não sente nada além de proximidade ocasional e atração sexual, ele ou ela está fadado a pensar que algo está errado com o relacionamento.
Uma reação natural a esse sentimento é buscar a auto-expansão em outro lugar. Assim, essa busca ocorre seja através de um novo amante, ou de uma nova atividade auto-expansiva, ou de uma dedicação renovada ao trabalho.
Esse tipo de comportamento é, de fato, previsível em indivíduos esquivos. Isso significa que são mais propensos a nunca se apaixonar ou a experimentar apenas o amor de baixa intensidade.
Problemas pelo apego
Quando o apego se torna muito inseguro, especialmente na infância, esse fator pode gerar uma patopsicologia. Dessa forma, um estilo ansioso de apego na primeira infância é um preditor de transtornos de personalidade dramáticos. Nesse contexto, são exemplos o transtorno de personalidade histriônica, borderline e dependência.
Por outro lado, um estilo de apego evitativo na primeira infância é um preditor de transtorno de personalidade esquizotípico. Além disso, pode ser esquizoide, narcisista, antissocial e demonstrar esquiva.
Ademais, estar inseguro com um ou mais parceiros na idade adulta também pode dar origem a marcadores da patopsicologia. Ser abandonado por vários parceiros consecutivos, por exemplo, pode levar um indivíduo a um estilo de ligação mais inseguro. Juntamente com disposições genéticas, é um preditor de psicopatologia também.
Como agem os inseguros
Os amantes ligados com segurança, que conseguem encontrar o equilíbrio certo entre parentesco e auto-suficiência, têm a capacidade de estabelecer relacionamentos interpessoais maduros e mutuamente satisfatórios. Assim, podem explorar novas atividades e desenvolver seu próprio senso de identidade.
Nesse contexto, o amante apegado com segurança respeita a necessidade de tempo sozinho da outra pessoa, reservando tempo para se conectar. Isso, por sua vez, dá a ambas as partes a oportunidade de experimentar independência e união.
Em resumo, a Psicanálise trata dos efeitos causados por se relacionar de forma amorosa com alguém. Por meio dela, o terapeuta tenta encontrar razões pelas quais você pode não estar satisfeito nessa área, mesmo que amando seu parceiro. Como vimos mais acima, os motivos podem estar muito mais escondidos em nosso passado do que imaginamos.
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One thought on “Psicanálise nos relacionamentos amorosos”
Muito bom artigo.