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A Síndrome de Asperger: diagnóstico e cotidiano do portador

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A Síndrome de Asperger parece representar uma desordem neurobiológica e é caracterizada por anormalidades e desvios na interação social, no uso da linguagem para comunicação e em certas características repetitivas e perseverantes sobre um número intenso e limitado de interesses.

Características dos portadores da Síndrome de Asperger

Os portadores dessa síndrome, tem elevadas habilidades cognitivas, com QI normal ou elevado. Normalmente, podem ou não procurar interação social, porém têm sempre dificuldades em interpretar e aprender as capacidades nessa interação social e emocional com os outros.

Há uma incapacidade para interagir emocionalmente. Mas o que torna essas crianças únicas e fascinantes, é a sua peculiar “área de interesse especial”, por áreas intelectuais específicas.

A caracterização da Síndrome de Asperger

A síndrome foi descrita por Hans Asperger em 1944, no artigo “Psicopatologia Autística na Infância” e apenas em 1994 foi incluída no DSM-IV, com critérios para diagnóstico. É mais comum em meninos.

Sobre as raízes neurobiológicas dessa síndrome, sabe-se que portadores de autismo tem anormalidades nos lobos frontais e parietais. E que alguns também apresentam anormalidades sutis, no córtex cerebral, cerebelo e ventrículos.

Características da Síndrome de Asperger

Normalmente é uma síndrome que é diagnosticada tardiamente, devido à falta de conhecimento por parte dos profissionais. Mas é importante que a criança receba educação especializada o mais cedo possível, para que possa ser auxiliada a contornar os problemas de comportamento e também para que tenha auxílio na direção dos seus
campos de interesse e estudos.

Algumas características da síndrome de Asperger:

  1. Atraso na fala, mas com desenvolvimento fluente da linguagem verbal antes dos 5 anos e geralmente com: Dificuldades na linguagem, linguagem pedante e rebuscada, ecolalia ou repetição de palavras ou frases ouvidas de outros, voz pouco emotiva ou sem entonação.
  2. Interesses restritos: Eles escolhem um único assunto, que pode tornar- se seu único interesse por muito tempo. Apegam-se mais aos fatos que aos significados. Exemplos comuns são interesses exacerbados por coleções e cálculos. A atenção ao assunto escolhido sobressai aos assuntos cotidianos ou sociais.
  3. Presença de habilidades incomuns, como memorização de mapas da cidade, cálculos complexos, ouvido musical absoluto etc.
  4. Interpretação literal, incapacidade para entender metáforas, ironias, mentiras, frases com duplo sentido etc.
  5. Dificuldades no uso do olhar, das expressões faciais, dos gestos e movimentos corporais, como comunicação não verbal.
  6. Dificuldade para expressar e entender emoções.
  7. Falta de autocensura: costumam falar tudo o que pensam.
  8. Apego a rituais e rotinas, com dificuldade de adaptação a mudanças.
  9. Dificuldades na coordenação motora, fina e grossa, também na escrita. Atraso no desenvolvimento motor.
  10. Hipersensibilidade sensorial: Sensibilidade exacerbada a determinados ruídos, fascinação por objetos luminosos ou com música, atração por determinados tipos de textura.
  11. Comportamentos estranhos de autoestimulação.
  12. Dificuldades no planejamento e organização de tarefas.
  13. Falta de reciprocidade emocional e social.
  14. Maneirismos motores estereotipados ou repetitivos. Linguagem
    corporal desajeitada.
  15. Expressões faciais limitadas ou impróprias.
  16. Olhar fixo peculiar.

Diagnóstico da Síndrome de Asperger

O diagnóstico é feito através da observação dos comportamentos. E os critérios podem ser vistos do DSM-IV.

Torna-se necessário desenvolver a autonomia e a independência, a comunicação não verbal, através do uso de jogos e mímicas, jogos em equipe, para desenvolver os aspectos sociais e a aprender a esperar sua vez; e desenvolver a flexibilização das tendências repetitivas.

Desenvolver habilidades cognitivas, trabalhar na diminuição dos problemas de comportamento. Orientar a família, professores e demais pessoas com relação direta com o portador da síndrome de Asperger.

Dicas aos pais e educadores de crianças e adolescentes com Síndrome de Asperger

Na escola, a orientação deve ser para o uso de agenda, lista de tarefas, e que também seja estimulado a trabalhar em grupo, a aprender a esperar sua vez, a pedir ajuda e que durante o recreio seja estimulado a dedicar-se aos seus assuntos de interesse, para que não fique vagando e não seja alvo de brincadeiras, por parte dos seus colegas.

O professor deverá elogiar sempre que for bem sucedido e deverá requisitar o aluno como seu ajudante mais vezes e deverá colocar a criança sentada próxima de si. O ensino deve ser baseado no concreto, evitando linguagem figurada, sarcasmo, duplo sentido e metáforas.

Aos pais, a orientação é que, em um primeiro momento pós diagnóstico da síndrome de Asperger, que permitam-se sofrer, pois perderão parte dos planos que fizeram para seu filho e isso é doloroso. Mas percebam que, com o tempo, novos sonhos e planos surgirão.

Sejam honestos em relação aos seus próprios sentimentos para poderem apoiar seus outros filhos e cônjuge e orientá-los a lidar com seu filho. Procurem a sua própria fonte de apoio, que pode ser um amigo, alguém da família ou um terapeuta.

A psicoterapia comportamental pode auxiliar a criança e a família. Lembrem-se que vocês podem fazer muito para melhorar as perspectivas e qualidade de vida do seu filho. E que o amor é a base das relações. Informem-se e
entendam a síndrome de Asperger.

Por fim, administrem seu tempo para darem atenção ao seu filho e oferecerem as oportunidades necessárias ao seu desenvolvimento.

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    Sobre a Autora

    Este artigo sobre Síndrome de Asperger foi escrito pela Psicanalista e Psicoterapeuta Karla Oliveira (Rio de Janeiro). O artigo foi publicado exclusivamente em nosso blog Psicanálise Clínica. Contato da Autora: [email protected]

    Leia Também:  Afinal, o que é Síndrome de Asperger?

    Bibliografia

    American Psychiatric Association(1994). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4 ed. Washington, DC.

    Bauer, S.(1995). Asperger Syndrome- Trought the lifespan. New York, The developmental unit, Genesee hospital Rochester.

    Catherine Maurice, Behavioral Intervention for Young Children with autismo: A manual for parentes and professionals (Austin, Texas: PRO-ED, 1996).

    Lynn M. Hamilton, Facing autism (Colorado springs, Colorado: waterbrook press, 2000).

    Tager- Flusberg, H.(1993). What language reveals about the understanding of minds in children whit autismo. In Understanding other minds. Perspectives from autism(eds. S. Baron- Cohen, H. Tiger-Flusberg, & D.J. Cohen). Oxford

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