A síndrome de Poliana foi descrita no ano de 1978 por Margaret Matlin e David Stang como um distúrbio psicológico. Segundo eles, as pessoas tendem a enxergar memórias do passado sempre de forma positiva.
O cérebro tem uma tendência natural de guardar informações boas e positivas em detrimento dos acontecimentos ruins e negativos.
Porém Matlin e Stang não foram os primeiros a usarem esse termo. Ou seja, no ano de 1969 Boucher e Osgood já haviam usado o termo “hipótese de Poliana” para se referirem a tendência natural de usarmos palavras positivas para nos comunicar.
Índice de Conteúdos
Quem é Poliana
A origem do termo síndrome de Poliana, vem do livro “Pollyana” escrito por Eleanor H. Porter. Nessa novela, a autora norte americana conta a história de uma menina órfã que dá nome a história.
Poliana é uma menina de onze anos que após perder seu pai, tem que morar com uma tia má que ela não conhecia. Nesse sentido, a vida da menina passa a ser problemática em diversos níveis.
Por isso, para não encarar os problemas que enfrentava, Poliana passa a utilizar o “jogo do contente”. Esse jogo consistia basicamente ver um lado positivo em tudo, até mesmo nas situações mais difíceis.
O jogo do contente
Para se ver livre dos maus-tratos de sua tia rica e severa, Poliana decide fazer esse jogo como forma de escapar da nova realidade que estava vivendo.
Nesse sentido, “O jogo é exatamente encontrar, em tudo, alguma coisa para ficar contente, não importa o quê […] Em tudo há sempre uma coisa boa para se ser grato se você procura o suficiente para descobrir onde está…”
“Uma vez eu tinha pedido bonecas e ganhei muletas. Mas fiquei feliz porque não precisava delas.” Trechos do livro Poliana.
O otimismo é contagiante
Na história, Poliana vai morar em um porão bastante solitário, mas não perde nunca seu otimismo. Ela cria uma relação muito próxima com os empregados da casa de sua tia.
Aos poucos vai conhecendo toda a vizinhança e levando bom humor e otimismo a todos eles. Em certo ponto, até sua tia é contagiada pelas atitudes de Poliana.
Em dado momento a menina sofre um grave acidente que a deixa em dúvida sobre o poder do otimismo. Mas vamos parar por aqui para não dar mais spoiler.
A síndrome de Poliana
Vale frisar que essa personagem foi o que norteou os psicólogos Matlin e Stang a analisar a influência do pensamento positivo exacerbado em nossas vidas. O polianismo.
Em um estudo divulgado na década de 1980 eles chegaram a conclusão de que pessoas extremamente positivas, demoram muito mais tempo para identificar eventos desagradáveis, perigosos e tristes.
Oue seja, é como se houvesse um descolamento da realidade, há um certo tipo de cegueira momentânea, mas não permanente. Dito de outra forma, é como se o indivíduo optasse por ver somente o lado positivo de todas as situações.
O foco somente no positivo
Pessoas que tem a síndrome de Poliana, ou do chamado viés de positividade, tem uma grande dificuldade em armazenar memórias negativas de seu passado, sejam traumas, dores ou perdas.
Para essas pessoas, suas memórias sempre aparecem mais suavizadas, ou seja, suas lembranças são sempre positivas e perfeitas. Isso acontece porque para elas os eventos negativos não são considerados significativos.
Uma ramificação da psicologia procura dar essa abordagem em seu tratamento, mas esse viés é questionável. Principalmente porque esse “óculos cor-de-rosa” usado para amenizar os problemas, nem sempre funciona.
O problema do viés de positividade
Embora muitos profissionais utilizem esse método da positividade, de olhar todos os problemas sob uma ótica positiva, outros não veem isso com bons olhos. Isso porque, o foco exclusivo em uma vida 100% otimista pode causar problemas no enfrentamento das dificuldades diárias.
O polianismo pode ajudar em muitos casos, e as vezes é essencial termos um olhar otimista. Entretanto, a vida também é feita de momentos tristes e difíceis. Por isso, é essencial saber lidar com isso.
O polianismo nas redes sociais
Com a ascensão da internet e com o surgimento das redes sociais, notamos que o viés da positividade é cada vez mais usado nessas redes.
Em mídias sociais como Instagram, Pinterest e até mesmo o LinkedIn, as pessoas buscam sempre postar mensagens e fotos positivas, de forma com que todos pensem que essa é a sua realidade 100% do tempo, entretanto sabemos que não é sempre assim.
Esse tem sido um problema real, porque ao invés de estimular e trazer inspiração para os outros, a tal da positividade “fake” tem trazido cada vez mais ansiedade e a busca exacerbada pela perfeição inatingível.
Todos temos um pouco de Poliana
Os psicólogos americanos Charles Osgood e Boucher foram os primeiros a usarem o termo Poliana para definir a utilização de palavras positivas em nossa comunicação.
Recentemente a Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) publicou um estudo afirmando que nós temos sim uma preferência por termos e palavras que soam otimistas.
Com a ajuda da internet, redes sociais, filmes e romances, os pesquisadores concluíram que essa é uma tendência natural de todos. O português falado no Brasil foi considerado um dos mais otimistas.
Sobre o nome
O nome Pollyana como escrito na publicação original é a junção dos nomes do inglês Polly e Anna, que significa “senhora soberana cheia de graça” ou “aquela que é pura e graciosa”.
Esse nome ficou popular com o livro Pollyanna, publicado em 1913 da escritora americana Eleanor H. Porter.
Os desdobramentos do nome Poliana
Após o tremendo sucesso da publicação de Porter, o termo Pollyana virou um verbete publicado no dicionário de Cambridge. Nesse sentido, ficou:
- Pollyanna: uma pessoa que acredita que coisas boas têm mais probabilidade de acontecer do que coisas ruins, mesmo quando isso é muito improvável.
Sendo poliana
Além disso, na língua inglesa existem alguns termos como:
- “be a pollyanna about…”, que significa ser extremamente otimista com relação a algo.
- “Stop being a pollyanna about the final tests.” [Pare de ser tão otimista com relação aos exames finais].
- “We cannot be a pollyana about our future together.” [Não podemos ser sempre otimistas com relação ao nosso futuro juntos].
- “I used to be a Pollyanna about people”. [Eu costumava ser otimista com relação as pessoas].
Encarando as dificuldades
A teoria da positividade é bastante inspiradora e pode te ajudar em situações difíceis. Entretanto é importante entender que a vida é feita de altos e baixos, coisas ruins acontecem e faz parta de vida de todos enfrenta-los.
Nem tudo está 100% sob nosso controle, cabe a nós sabermos gerenciar os momentos de crise e entender que os momentos difíceis também fazem parte natureza humana.
Se você não gostou de aprender sobre a Síndrome de Poliana, acessando o nosso site você pode se inscrever em nosso curso 100% online de Psicanálise e entender um pouco mais sobre o tema, sem precisar sair de casa. Por isso, corra e não perca essa oportunidade!
5 thoughts on “Síndrome de Poliana: o que significa”
Excelente texto
Parabéns pelo excelente texto.
Sei q a vida tem suas dificuldades mas vejo o lado positivo das coisas e gosto de ser assim. Tenho raras memórias desagradáveis e isso me faz muito bem. Cada um vive da forma q acha melhor
A gente amadurece mais pela dor! Percebo que meus irmãos que eram adolescentes quando nosso pai faleceu, tem uma “atuação passiva” agora depois dos 60 anos, no envelhecimento. Já meu irmão que ia fazer 5 anos, é bem “idealista”! Eu que ia fazer 4 anos parece que “desperto” na “Irmandade” a sensação paternal de estar a frente para resolver questões familiares, paradoxalmente, tendo sido, o filho, que teve menos tempo de convívio com o pai, nessa dimensão terrena!
TENTE OUTRA VEZ !!!