O ciclo de vida comum de uma família é criar os filhos e deixar que ganhem o mundo assim que estiverem prontos. Contudo, muitos pais têm dificuldades em aceitar esse momento, sentindo como se suas vidas não tivessem mais sentido. Entenda melhor o conceito de síndrome do ninho vazio e como passar por ela.
O que é a síndrome do ninho vazio?
Síndrome do ninho vazio é a sensação solitária de pesar após a saída dos filhos de casa. Ao longo da vida, muitos pais dedicam seu tempo e esforço para criarem os seus filhos à fase adulta. Contudo, quando esse tempo chega, sentem dificuldades em deixar suas crias partirem. Ainda que tivessem treinando para isso, não estão preparados.
Essa sensação não se trata de uma doença, mesmo que apresente sintomas relevantes aos genitores. Trata-se de um processo social natural e inerente a qualquer família, impactando a dinâmica psíquica delas. As mulheres são as mais afetadas, embora os homens sintam à sua própria maneira a ausência dos filhos.
Já que se trata de um movimento natural, os sinais sentidos nos pais podem passar despercebidos até por eles mesmos. Entretanto, isso pode afetar a própria relação do casal, fazendo com que se afastem um do outro. Caso isso aconteça, é recomendável procurar a ajuda de um psicoterapeuta para atravessar esse momento de mudanças.
Causas
Todas as pessoas que possuem filhos estão suscetíveis a desenvolverem a síndrome do ninho vazio. Mesmo que pareça algo terrível, se lembre de que é uma passagem natural da vida. Todavia, alguns mecanismos podem aumentar a predisposição de um casal a evidenciar os sinais da síndrome.
Um casamento instável, por exemplo, pode contribuir para essa sensação de vazio. O filho acabaria por servir de elo entre o pai e a mãe em casa, impedindo que fiquem a sós diariamente. Assim que este se vai, os pais podem experimentar os conflitos da relação. Sem contar a dissolução da mesma, já que a sensação de perda pode ser bem maior.
Além disso, pais em tempo integral têm mais dificuldade em aceitar a dissolução da vida comum em família. Isso porque têm uma ligação maior com os filhos, sentindo a falta deles em escala maior. Por fim, adultos com estresse, que perderam o cônjuge ou que estão inativos de alguma forma podem desenvolver a síndrome.
Sintomas
Cabe ressaltar novamente que a síndrome do ninho vazio não se trata de uma doença. Mostra-se mais como um estado psicológico ocasionado pelas mudanças ocorridas dentro de casa. Ainda assim, é sintomatizado, visto que altera a percepção dos pais em relação ao momento em que vivem. Em geral, eles acabam mostrando:
Crise existencial
É como se não soubessem o que fazer da vida, como se suas funções existenciais fossem apenas serem pais. Sentem-se perdidos, visto que não há mais direcionamento às ações que executavam como de costume. Isso acaba por levar até a sensação de vazio, como se nada pudesse preencher suas vidas como antes.
Depressão
Consequentemente, o tópico acima pode levar alguns pais a desenvolverem depressão em situações mais sérias. Os filhos acabavam por servir de cerne às próprias vidas, movimentando a rotina deles. Por causa da falta, muitos se sentem inadequados com a nova realidade e perspectiva que enfrentam. Uma apatia crescente pela vida surge.
Ansiedade e estresse
Mesmo que os filhos estejam distantes, os pais não deixam de se preocuparem com o bem-estar deles. Com isso, acabam ficando ansiosos, imaginando situações que não correspondem à realidade. Sem contar que também acabam vítimas de um estresse crescente e bastante incômodo que acaba por agravar os sinais anteriores.
Geração bumerangue
Dada às transformações contantes do mundo, a relação entre pais e filhos também muda constantemente. A síndrome do ninho vazio se inicia quando os filhos se vão, mas é amenizada com a volta deles. Isso porque o custo de vida e a realidade mudam e impossibilitam a vida mais independente. Assim, muitos filhos acabam voltando à casa dos pais.
Trata-se da chamada geração bumerangue, os jovens e adultos que decidiram voltar a morar com os pais. Ainda que muitos tenham se preparado, o mercado se mostrou hostil com tanta variação ao longo do tempo. A crise de 2008 fez com que 20 milhões de jovens adultos retornassem à casa dos pais.
Por conta desse cenário, muitos não preferem até não arriscar e continuam a morar com os pais. Nesse caso, a dinâmica se volta aos filhos, que se tornam adultos, de certa forma, dependentes. Mesmo que trabalhem, não possuem autonomia suficiente para serem independentes por completo.
Como lidar com o momento
Aos pais que vivenciam a síndrome do ninho vazio o entendimento da transição facilita suas vidas. Afinal de contas, vocês prepararam os filhos para isso e certamente o fizeram bem. A ideia é que mudem a sua perspectiva da situação, entendendo o seu papel em sua própria vida. Assim, comece a:
Reconhecer a nova fase
Compreenda de uma vez que isso é natural, comum e recorrente em qualquer família. Mesmo que a saudade aperte, seus pensamentos e emoções devem focar exclusivamente em você. Em suma, você tem permissão para ser egoísta e se acostumar com a própria companhia. Os filhos são independentes e instintivamente sabe disso.
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Tente encerrar esse círculo
Quando os filhos estiverem se desprendendo de casa, simplesmente os deixe ir. Eles precisam enfrentar os desafios do mundo, a fim de compreenderem que isso ajudará em seu crescimento. Como pais, é claro que se preocuparão, mas não podem intervir contra cada ameaça. Seu afastamento permite o desenvolvimento deles.
Veja pelo lado positivo
Quando os filhos saem, você pode ter um tempo apenas para si mesmo. Isso é fundamental para aqueles projetos engavetados aos quais você nunca conseguiu se dedicar. Além disso, a distância é mais saudável do que parece para qualquer pessoa. Vai estimular a saudade, bem como melhorar o relacionamento com o seu filho.
Considerações finais sobre a síndrome do ninho vazio
Sabemos o quanto pode ser difícil enxergar o lugar ausente dos filhos, mas isso é necessário. Os mesmos precisam entender o valor que as experiências da vida proporcionam sem a intervenção dos pais. Eles ainda precisarão de você, mas sem a mesma frequência ou com a mesma vulnerabilidade.
Ter esse tipo de reflexão sadia evita com que se entregue aos sintomas do ninho vazio. A partir de agora, foque em você, nas suas vontades e suas necessidades. Os filhos sempre vão, mas também sempre voltam e essa é uma das alegrias em ser pai e mãe. Perceber o quanto eles cresceram conosco e sem a gente.
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