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Terapia Lacaniana: 10 princípios

Posted on Posted in Psicanálise, Teoria Psicanalítica

Jacques Lacan, como um proeminente terapeuta, fez vários questionamentos pertinentes a respeito do seu trabalho com a mente humana. Por esse motivo, não é nada absurdo falar a respeito da Psicanálise de Lacan como um estudo a parte das demais modalidades de terapia que exploramos por aqui. Entenda hoje 10 princípios básicos a respeito da terapia lacaniana!

A fala é apenas do analisado

Um dos principais princípios da terapia lacaniana é a ausência de intervenção enquanto o analisado fala. O paciente precisa deixar que todas as suas impressões venham à tona durante a sua sessão. Para que isso ocorra, um terapeuta lacaniano evita se intrometer nesse processo de busca interior.

Isso acontece porque existe a possibilidade de ocorrerem interferências no raciocínio lógico e subjetivo do indivíduo. Ainda que procure ajudar, interromper a fala pode influenciar no que o outro precisa externar. Essa contaminação vai impedir que o inconsciente formalize a imagem que ele pede ao paciente para mostrar.

A priorização da linguagem

Segundo Lacan, o inconsciente é estruturado como uma linguagem. O terapeuta primava pela prevalência da função da palavra e o domínio da linguagem no seu trabalho. Nisso, acaba alimentando uma identidade própria por ter levado uma premissa básica a outro nível, mas sem se vangloriar.

Jacques reformulou a forma de entender a realidade ao redor por meio da ideia de significante. O conceito sobre algo era muito mais importante do que a forma que o concebeu de fato.

Focalização no que não é exposto

O terapeuta trabalha diretamente sobre tudo aquilo que o paciente entrega a ele. Em primeira instância, alcançamos a fala, sendo este o principal canal por onde as angustias caminham. Entretanto, ser o principal não significa que ele também é único.

Nesse caminho, a terapia lacaniana induz a observar também:

O comportamento

Todos nós carregamos uma postura ao nos abrir em determinado ponto. Isso acontece também quando não escolhemos fazer, de modo que o silêncio revele muita coisa.

As reações

Existem impulsos que mesmo sob controle desencadeiam um série de movimentos. Quando estamos chocados, ficamos atônitos; se estamos com raiva, somos agressivos; quando estamos tristes, nos encolhemos. Nesse caminho, um bom terapeuta se atenta a essas peças e estuda essas reações.

O modo de externar

As reações caminham por plataformas de comum acordo que ajudam a representar o que não é verbal. Por exemplo, se estou triste, eu não irei rir com isso, a menos que eu queria esconder esse sentimento. Pense também nas pessoas que utilizam de gestos com as mãos e pés para significar o que pretendem dizer.

Tempo de sessão

Outro ponto a ser visto nos princípios lacanianos é a duração das sessões quando começam. Freud e os demais psicanalistas trabalhavam de forma padronizada, de maneira a tornar reconhecido o tempo de trabalho. Nisso, se propunham a sessões de quase 1 hora ao longo das semanas com o paciente.

Por sua vez, no trabalho da terapia lacaniana, Lacan administrava sessões mais curtas do trabalho. Há relatos de que ele já passou apenas alguns minutos com o paciente e deu por encerrada a visita. Sem contar também que o trabalho era menos rígido e as técnicas utilizadas eram flexíveis.

Simbólico

Outro princípio fundamental da terapia lacaniana é a noção do que se chama de “simbólico”. A linguagem tem o seu centro no imaginário, dando origem à relação entre o sujeito e o outro. Nesse caminho fica exposto que o sujeito vai definir ele mesmo por meio do sistema simbólico.

Essa parte simbólica faz relações entre a parte consciente e inconsciente do indivíduo. É justamente por meio da linguagem que o subconsciente vai se manifestar ao mundo. A linguagem se mostra como o simbólico, pois somos determinados através do sistema de representação dos significantes.

Imaginário

O imaginário se trata de um sistema para registro psíquico que se corresponde ao Ego do sujeito. De acordo com Lacan, uma pessoa procura nos demais se identificar para que consiga se preencher. Todavia, a existência do outro não tem por função alimentar a imagem que o Ego está desejando.

O tamanho dessa estrutura fica a cargo do registro de referências, sendo este a base para a sua estrutura. Ele acaba sendo passado por um aglomerado de posições que acabam representando a dimensão do simbólico.

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    Real

    O real se trata de tudo o que uma pessoa não consegue processar no plano simbólico. Com isso, acaba seguindo dentro dele de modo impenetrável e sem assimilação. Esse fundamento implica no registro psíquico, mas que não corresponde ao pensamento de realidade, já que o real é impossível.

    No que, segundo essa premissa, a dimensão do real fica independente da descrita da dimensão do material. Além disso, tal ideia também se aplica à ideia de desejo.

    Nó barromeano

    O nó barromeano nada mais é do que a integração dos três princípios anteriores: simbólico, imaginário e real. Eles foram agrupados adequadamente, embora ainda sejam interdependentes enquanto interagem entre si. Nisso, acabam se caracterizando na desestruturação de dois eixos caso um deles seja desfeito.

    Em suma, de forma mais simplista, não há como existir relação em pares aqui. Ou eles existem e trabalham em conjunto ou nem sequer podem existir. O nó barromeano se mostra como um ponto médio entre esses três pontos, em que cada um tem relevância igualitária.

    Sujeito do inconsciente

    A Psicanálise lacaniana define a linguagem como peça estrutural que antecipa o sujeito no meio de desenvolvimento. Ainda que Lacan tenha feito a gênese, a influência para esse trabalho se dá a Saussure e Freud. Este último, aliás, nunca ficou escondido como referência para Lacan.

    Lacan defende que o indivíduo é constituído e formalizado por meio da linguagem. Da mesma forma acontece com o seu inconsciente, já que sem a linguagem ele seria vazio. Ainda por Lacan, essa constituição advém da relação com o outro.

    Alienação

    Para encerrar os princípios da terapia lacaniana, trazemos uma visão sobre a alienação. Alienação designa o movimento de colocar um sujeito como produto da fala de outro. Isso fica visto, por exemplo, na relação entre:

    Pais e filhos

    A criança já nasce rodeada no discurso dos pais onde ela formaliza suas fantasias e desejos. Neste exemplo, a criança é vista como desejada de acordo com o discurso escolhido pelos pais. Em casos de alienação parental, a criança é manipulada para ficar contra um dos pais por interesse do outro.

    Alienação social

    Neste ponto, as pessoas não se sentem ou reconhecem como produtoras das entidades sociopolíticas. Com isso, oscilam entre aceitar tudo com passividade, vendo como racional ou natural, ou se rebelam. Nisso, a sociedade acaba por ser o outro, peça externa e separada de nós que possui ou não algum poder sobre nós.

    Considerações finais sobre terapia lacaniana

    Pode ser um pouco difícil elaborar uma lista limitada com os princípios da terapia lacaniana. Isso porque o trabalho de Lacan possui abordagens quase que infinitas e que merecem uma atenção especial. Ainda assim, podemos trabalhar alguns pilares e dar partida no assunto.

    Cabe ressaltar que o terapeuta bebia saudavelmente da fonte de outras pessoas. Por isso que muitas de suas ideias se encontram em outros trabalhos, embora sejam originais.

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    2 thoughts on “Terapia Lacaniana: 10 princípios

    1. maria domingas disse:

      Como explica o texto é uma abordagem infinita e que merece uma atenção especial.

    2. Rodrigo Pereira dos Santos disse:

      Muito bem explanado. Complexo, porém possível de ser explorado.

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