terapia de casal na psicanálise

O que é Terapia para Casal? Exemplo de caso.

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O que é terapia para casal? Qual escolher? Neste artigo, faremos um resumo sobre tipos de terapia de casal, com foco na Psicanálise, em comparação com outras técnicas de psicoterapia.

Percebendo os pensamentos e comportamentos dentro de um relacionamento através da Terapia para casal

Esta terapia é do tipo que aborda uma dupla. Em uma terapia para casal, é importante que o analista ajude essas pessoas a perceberem os pensamentos e comportamentos individuais de cada uma e, também, as complicações que emanam do relacionamento entre elas.

Neste artigo, faremos um resumo e um exemplo de caso de psicoterapia de casal em Psicanálise.

A avaliação dos indivíduos na Terapia para casal

Um caso de terapia para casal me chamou bastante a atenção, pois, imediatamente, associei-o a um ex-colega de trabalho e sua esposa.

Procurei avaliar bem tudo que sei a respeito deles enquanto casal e também separadamente. Avaliei os problemas emocionais e a reação extrema deles mediante situações corriqueiras do dia-a-dia.

Também foram avaliados problemas comportamentais através do humor e dos hábitos de cada um e de ambos enquanto casal. Observei problemas de desenvolvimento e amadurecimento mental adequado, baseada no histórico familiar dele. Nenhum deles apresentava problema fisiológico.

Os conflitos presentes numa relação

São jovens adultos: ela 27 e ele 30 anos de idade. Namoraram por cerca de dois anos e estão casados há um pouco mais de 3 anos. Eles têm um filho, que está com 2 anos de idade.

Dizem que ela engravidou já na lua de mel, porém acredito que o casamento, que ainda estava em planejamento, pode ter sido antecipado devido a gravidez. Principalmente pelo fato de ambos serem de famílias bem religiosas e um tanto quanto tradicionalistas.

A maior queixa dele é sobre o quanto ela mudou após o casamento. A frequência das relações sexuais despencaram desde a gravidez. Os gastos da esposa aumentaram exageradamente, principalmente para ajudar alguns membros da família: em especial a cunhada que tem uma deficiência física da qual não a impossibilita de trabalhar, mas dificulta a busca e permanência nos trabalhos. Além disso, gastos constantes com médicos e medicamentos para o filho que tem imunidade bem baixa.

As consequências por ter sido criado por pais rígidos

Conheci este colega há mais ou menos 15 anos atrás, enquanto ele ainda era adolescente. Sempre muito educado, porém bem introspectivo. Falava abaixo do tom normal e somente com as pessoas com que ele adquirisse uma certa afinidade.

A gagueira nos momentos de tensão era “marca registrada” e permanece até hoje. Em uma conversa atual, ele relatou que a gagueira começou quando criança, mas não se lembra exatamente a idade em que iniciou.

Seus pais foram e ainda são bem rígidos, então não toleravam nenhum tipo de desobediência por parte dele ou da irmã. Quando eles visitavam algum parente ou amigo, a recomendação era que eles ficassem calados, pois crianças não devem se meter em conversa de adultos.

Uma vida de aparências

Por esse motivo, ele diz que várias vezes chegou a chorar de nervosismo e medo quando alguém dirigia a palavra a ele. Ele não sabia como reagir, pois o pai havia dito para ficar quieto, calado.

Quando ele deu por si, a gagueira já era presente em sua vida, criando ainda mais problemas para ele. Era bullying sofrido na escola e a vergonha de se comunicar com estranhos ou falar ao telefone. Para fazer um simples pedido em uma pizzaria, ele ainda recorre a esposa ou amigos.

Embora o casamento dos pais pareça sólido, amigos próximos comentam que o pai é um tanto quanto infeliz e que não se divorciou por ser muito conservador. Sua fuga foi o trabalho, do qual ele passava horas e horas em extras e, inclusive, aos fins de semana quando possível. Porém sempre com o argumento de era necessário, devido a esposa não trabalhar e ele ser o provedor da casa.

Pretextos para chamar atenção

Não me surpreende então, meu colega estar “preso” a mesma situação hoje. Sua carga horária de trabalho é extrema, cerca de 14 horas ou mais por dia, de segunda a sexta, e mais 8 horas aos sábados. Totalmente desnecessária, pois mesmo com a esposa desempregada, ele tem uma situação financeira estável. Para mim não há outra explicação, senão a fuga.

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    Quando indagado sobre o casamento, ele não tem nada agradável a acrescentar, com exceção do filho. Mas mesmo assim, qualquer gasto relacionado a criança é motivo de extremo mal humor e reclamação, como por exemplo gastar R$ 100,00 reais em um exame médico já é motivo para ter que fazer hora extra, caso contrário ele passaria “fome”.

    Minha impressão é que ele culpa a esposa pelos problemas do filho. Não duvido que ele apresente problemas comuns devido à baixa imunidade, mas ela potencializa alguns deles conseguindo assim seu objetivo, que é chamar a atenção do marido.

    A socialização é um aspecto importante que deve ser considerado desde a infância

    Na metade do ano passado, ela passou por vários médicos especialistas com ele e um pediatra sugeriu que ela fizesse alguns exames a mais, pois ele não falava e não respondia bem a estímulos auditivos ou visuais. Então a suspeita era de que ele poderia ser autista.

    Sempre que tive contato com ele obtive boas respostas. As crianças normalmente respondem quando se interessam por determinado objeto ou assunto, principalmente tão novas como ele. Eles precisam de alguém para se espelhar e “copiar” as ações.

    Então conversando com meu colega, sugeri que ele seguisse as ordens médicas e fizesse todos os exames necessários, porém, que ele procurasse uma escolinha para matricular o filho para que ele tivesse contato com outras crianças e que começasse a ser não só alfabetizado, mas o mais importante , socializar e conhecer o mundo.

    O resultado dos exames, comprovando a saúde do garotinho

    Os resultados dos exames foram ótimos, não havia problema algum e após 6 meses de escolinha ele é outra criança.
    Pensei que em termos de convivência eles melhorariam um pouco, pois com o filho na escola, ela tem mais tempo para si mesma ou talvez para arrumar um emprego de meio período e ajudá-lo financeiramente.

    Os sintomas do Transtorno factício

    Agregando a todos os sintomas de Neurastenia que ela já apresentava anteriormente, ela desenvolveu transtorno factício. Frequentemente percebe-se nela os seguintes comportamentos e sintomas:

    • recusa-se a buscar o filho na escola, que fica a três quarteirões de casa, pois não consegue andar tanto devido a fortes dores nos joelhos;
    • não consegue assistir muita televisão à noite, devido a enxaqueca;
    • não consegue ter relações, pois tem dores inexplicáveis antes, durante e após a relação.

    O que foi citado me faz pensar no Transtorno Doloroso.

    Ela faz todo tipo de acompanhamento médico e exames dos quais não apresentam problemas fisiológicos. Ambos estão “sobrevivendo” a um casamento, adoecendo mentalmente e envelhecendo precocemente pelas frustrações.

    Conclusão

    Portanto, sugeri que eles façam terapia individual e posteriormente a terapia para casal. Não acho que seja necessário, neste momento, o encaminhamento para um psiquiatra ou o uso de medicamentos, como antidepressivos.

    Acredito que a Psicanálise tem todas as ferramentas necessárias para poder ajudá-los.

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