Tricotilomania: 5 formas de entender o conceito

Publicado em Publicado em Comportamentos e Relacionamentos, Psicanálise

Por natureza, o ser humano carrega alguns impulsos inerentes que são condicionados a certas ocasiões. Alguns podem ser inofensivos, tendo pouca influencia em nossa vida, ao contrário de outros que podem acabar com sua autoestima. Esse é o caso da tricotilomania, transtorno que afeta milhares de pessoas pelo mundo.

No título deste post, dissemos que há 5 maneiras de entender o que a doença significa. Apresentaremos cada uma de seus aspectos, nesse contexto: conceito, sintomas, causas, diagnóstico e tratamento.

O que é tricotilomania?

Tricotilomania é um transtorno psíquico irreprimível e urgente em arrancar o próprio cabelo. Seja do couro cabeludo, sobrancelhas, axilas ou partes íntimas, o indivíduo não se controla e procura arrancá-los. Configura-se como TOC e a pessoa que o carrega sabe de sua condição, mas não consegue fazer nada para impedir.

Nesse contexto, se você tem o hábito de arrancar os cabelos, tenha cuidado para não fazer disso uma mania. Especialistas alertam que este é o tipo de hábito que pode acabar virando uma doença.

Em raros casos, algumas pessoas conseguem reter o vício e ter uma vida mais equilibrada. Entretanto, o mesmo não se aplica à maioria dos casos. Ainda que sofram por saberem que não devem fazer isso, muitos indivíduos continuam a se agredir. Sua cabeça guarda as marcas vazias e dolorosas de uma compulsão violenta e persistente.

Foi constatado que 2% da população mundial carrega diferentes níveis do transtorno. O mais impressionante se concentra nas taxas internas: 91% dos casos são mulheres. Grande parte disso se deve a elas procurarem um médico com mais frequência do que os homens.

Em geral, puxar os cabelos compulsivamente começa na adolescência.

Sintomas

A tricotilomania carrega sinais evidentes de sua presença física e psicológica no paciente. Seu comportamento impulsivo deixa marcas severas e com o tempo só tende a aumentar. Isso pode comprometer sua autoestima, bem como o relacionamento com outras pessoas. Começa e ser visto em:

Puxar fios repetidamente

Sendo o principal sintoma, o indivíduo arranca seus próprios cabelos continuadamente. Notavelmente conseguimos perceber buracos em seu couro cabeludo, sobrancelhas e até nos cílios. Em casos mais severos, feridas podem surgir, dada à força que a pessoa usa para arrancar o cabelo.

Alívio ao puxar

Existe uma tensão crescente antes desse ato de finalmente puxar o fio de cabelo. Alguns ainda conseguem se segurar, mas não conseguem fazer isso por muito tempo. A fim de sentirem livres daquele mal-estar, arrancam o cabelo da forma que podem. Naturalmente, sentem um prazer imenso nisso, servindo até de estímulo para arrancar novamente.

“Saborear” os pelos

Pode parecer algo esquisito a nós, porém os “tricotilômicos” gostam de saborear os próprios pelos. Não raro, são vistos mordendo, mastigando, enrolando e até engolindo os próprios fios. Não se sabe se apresentam queixas ou doenças em decorrência desse habito incomum.

Quais as causas do impulso?

Até o momento, não se sabe as causas exatas que dão gatilho à tricotilomania. Contudo, os especialistas acreditam que a genética influencie diretamente nesse quadro. Ademais, apontam os fatores ambientais como contribuintes direto ao mal-estar. Somando os dois, podemos avaliar melhor a ocorrência do problema em determinados grupos.

Além disso, é certo que alterações químicas no cérebro do paciente podem induzir ao quadro. São reações naturais que movimentam tanto ao comportamento impulsivo-agressivo, quanto à queda capilar. Tais reações estão ligadas diretamente à serotonina e dopamina, influenciando no prazer que este sente ao arrancar os fios.

Ademais, são creditados alguns fatores de risco que podem alimentar esse quadro. Emoções negativas, já que estas influenciam diretamente a estabilidade física e mental do indivíduo. Transtornos de ansiedade, depressão ou qualquer outra forma de TOC. Por fim, ter de 11 a 13 anos, graças às mudanças que o indivíduo passa por conta da puberdade.

Diagnóstico

A tricotilomania não carrega um exame específico para que possa ser identificada. Dessa forma, é preciso construir uma conversa honesta e aberta com o paciente quando o médico o avalia. A ideia aqui é fazer um resgate de quando esse problema começou e fazer possíveis associações. A partir daí, o especialista montará um tratamento adequado.

Nesse caminho, não é incomum que se peça algum exame para companhar o status físico do paciente. A intenção é se valer de cada caminho que possa indicar o que está por trás desse problema.

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    Na consulta, o médico responsável procurará a incidência constante da agressão aos fios. Em seguida, verificará se o paciente tende a repetir os movimentos ou se procura reduzi-los. Situações de estresse são levadas em conta, já que o mesmo pode ser um gatilho à automutilação. Por fim, será investigado se há outras causas à perda de cabelo.

    Tratamento

    O tratamento da tricotilomania é dividido em duas frentes, de modo a trabalhar o corpo físico e a mente. O paciente pode optar por uma opção específica ou escolher todas, de modo a se livrar do problema de vez. A segunda opção é mais indicada, já que trabalha o conjunto completo. São elas:

    Medicamentos

    Remédios costumam ser eficazes no controle da tricotilomania, agindo de maneira indireta sobre o empecilho. Não existem comprimidos que ajam diretamente sobre este problema e combata a retirada dos fios. Assim, os psiquiatras se valem de antidepressivos para que os pacientes respondam adequadamente ao tratamento.

    Os antidepressivos funcionarão como inibidores à captação da serotonina no corpo do paciente. Dessa forma, ele passa a sentir menos prazer e alívio ao arrancar os próprios cabelos. Além desse, remédios usados no transtorno de humor podem aliviar os outros sintomas.

    Psicoterapia

    A psicoterapia entra para trabalhar a condição psicológica em que este se encontra. Por meio dela, é possível fazer reprogramações sadias que consigam reverter este hábito destrutivo. A terapia cognitiva comportamental, por exemplo, ensina como identificar situações em que os cabelos seriam arrancados.

    Com isso, o indivíduo passa a antecipar as sensações que antecedem o impulso do problema. Por fim, a participação em grupos de apoio costuma potencializar os efeitos do transtorno. Dessa forma, o paciente não se sente isolado.

    Arrancar os cabelos de preocupação pode assumir outro contexto quando se fala de Transtorno Obsessivo Compulsivo. A tricotilomania é um distúrbio incomum capaz de levar bem mais que o cabelo dos pacientes. Por meio dela, eles experimentam sinais visíveis da deformação de alguns componentes de suas mentes.

    Junto com o cabelo, o seu sossego, conforto e autoestima também vão ao chão. Assim que notar qualquer alteração em seu comportamento que o machuque, procure ajuda especializada. Um psicoterapeuta tem a bagagem precisa para conduzir esse problema de forma segura e completa. Claro, o maior esforço em direção à cura dependerá do próprio paciente.

    Considerações finais sobre a tricotilomania

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    1 thoughts on “Tricotilomania: 5 formas de entender o conceito

    1. Excelente texto, me ajudou a pensar outros ângulos de um caso em atendimento. Gostaria de saber se conhecem bibliografia com enfoque psicanalítico sobre tricotilomania. Grata!

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