Análise da Frase: Nada se Perde, Nada se Cria, Tudo se Transforma

Lavoisier uma vez disse a frase “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E por meio dessas palavras é possível hoje se pôr a pensar bastante sobre o significado dela. Este post é uma análise ao mesmo tempo breve e completa sobre essa frase no campo da psicanálise.

Desta forma, fizemos este post para analisar com profundidade, o significado desta frase de Lavoisier. Continue lendo para saber mais!

Princípios do Universo e da Psicanálise

É sem nenhuma dúvida que o universo e a psicanálise seguem alguns princípios básicos, como a origem de fenômenos a partir de transformações. E não apenas por uma espécie de geração espontânea. As transformações que fazer os fenômenos do universo, em especial na psicanálise, se mostram como uma das mais encantadoras leis que a regem.

Por isso, quando estudávamos química no ensino médio e sabíamos os ensinamentos de Antoine Lavoisier, como a famosa frase “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Achávamos que essa lei se limitaria à química ou ao estudo da energia.

Dizer que nada se cria, tudo se transforma é reconhecer que a física não aceita a criação espontânea de matéria e de vida. Trazendo a ideia para a mente humana, podemos dizer que tudo se transforma em nossas vidas. Uma experiência de vida soma-se à nossa trajetória, não como ocorreu, mas como a interpretamos.

Hoje, como somos pessoas que de maneira natural ampliam a visão de mundo e interpretação da realidade, constatamos que essa lei da transformação sempre esteve em nossa vida. Isso desde a nossa fecundação no óvulo de nossas mães.

Isto é, a nossa própria fecundação já se mostra a transformação inicial das nossas vidas. E, talvez, como uma das mais belas. Após isso, podemos constatar que até o momento de nossa morte, a vida é regida por transformações tanto no âmbito material quanto na psique. Transformações essas que muitas vezes servem para explicar como cada um de nós funciona.

Sobre as Transformações Físicas e Psíquicas

No âmbito material, constatamos que as transformações físicas vão desde o espermatozoide até a formação completa de um ser humano adulto. Na esfera psíquica:

• Nada se perde: nosso inconsciente pode reprimir conteúdos, mas isso não significa que eles desapareceram. Isso é uma forma que a mente usa para inibir que lembranças negativas ocupem nossa consciência.
• Nada se cria: nossas crenças, valores, medos e desejos são resultados de nossa cultura, nossa formação, nossa ideologia, nossas vivências.
• Tudo se transforma: um trauma inconsciente pode virar um sintoma ou em um medo, que a terapia psicanalítica pode ajudar a trazer à tona e elaborar com conceito. Aquele recalcamento de que falamos pode se transformar em sintoma. Manifestando-se na forma de algum incomodo físico ou mental, como angústias e ansiedades.

Podemos observar que no início, apresentamos uma estrutura psíquica. Mas após nossa formação completa como seres humanos adultos apresentamos outra bem diferente. Mesmo de termos ainda traços das nossas estruturas psíquicas passadas.

Além disso, as relações humanas e nossos próprios acontecimentos de dentro mostram que têm como princípio básico a transformação. E isso por si só diz muito respeito à frase. Duas pessoas se conhecem, percebem a existência de uma empatia mútua e se tornam amigas. Ora, como pode?

No caso, pode-se dizer que eram pessoas que não se conheciam e mal tinham poder de interferir com intensidade no estado emocional uma da outra. Mas agora se transformaram em amigas e são capazes disso, já que agora elas desenvolveram um grau de importância mútua. E este é um exemplo muito simples e que ocorre no dia a dia com qualquer pessoa.

As leis que regem as emoções

Como constatamos, ao fazer uma observação cuidadosa, que estamos sujeitos a transformações que se iniciam de dentro e terminam do lado de fora.

Que exemplo melhor disso, se não as emoções? Por isso, as leis que regem as emoções podem muito bem ser comparadas às que regem as leis que negam a criação. Ou, ainda, a perda de qualquer tipo de energia.

A Presença da frase de Lavoisier nos Dias Atuais

Um exemplo que contribui para a justificação da frase de Lavoisier é sobre o funcionamento de um carro. Para um automóvel andar, ele utiliza energia química que vem do combustível que o alimenta.

Então, a energia química do combustível vira uma energia de combustão pela queima do mesmo. E, por último, quando o carro se movimenta, constatamos a transformação em energia de movimento.

Da mesma forma, as emoções que vivemos, que se originam por fatores externos ou internos, tendem a sempre se exteriorizar no plano somático. E podem muito bem ser comparadas a transformações de energia que ocorrem para um carro poder se movimentar.

Uma pessoa que sente medo não apenas experimenta a emoção do medo internamente. Pois, por mais que ela não perceba, tal emoção gerou uma série de reações corporais, como:

• calafrios;
• aceleração do ritmo cardíaco;
• liberação de adrenalina;
• deslocamento do sangue para as regiões das coxas (fazendo para uma possível fuga);
• arrepios;
• boca seca;
• respiração ofegante;
• olhos abertos mais do que o normal e;
• tremedeira.

Muitos outros sintomas físicos são derivados do medo ou de outras emoções, pois há uma ligação entre corpo e psique.

Exteriorização das Emoções

Sem sombras de dúvidas, tanto as emoções como os pensamentos que temos acabam por ser exteriorizados. E na maioria das vezes tal exteriorização é alinhada com a emoção ou o pensamento para que os objetivos dos mesmos sejam alcançados. Ou, ainda, para que possamos nos defender daquilo que não gostamos.

Da mesma forma, ao estudarmos psicanálise, constatamos a existência do inconsciente. E assim vemos mais uma vez uma série de transformações que envolvem a função desta parte tão curiosa e linda do nosso aparelho psíquico.

O Consciente Palpável, e o Oposto

Sem dúvida, o inconsciente não é palpável, pois trata-se de um tipo de ambiente constituído por conteúdos que não estão presentes no nível consciente, considerado acessível. Eles se reprimem para evitar o nosso próprio sofrimento. Além disso, o inconsciente dispõe de leis próprias, por exemplo, a comunicação através de imagens mnêmicas (lembranças).

Desse modo, ao estudar tais repressões ao nível inconsciente, veremos com mais clareza transformações que podem muito bem se comparar às citadas anteriores. Um dos grandes exemplos disso é a origem do trauma e como é a vivência dele no cérebro de uma pessoa.

Exemplo do Trauma

Com certeza, um trauma é um ótimo exemplo disso, já que quando ele se origina há uma transformação da energia da emoção em sintomas no plano somático. Demonstrando maestria na missão desempenhada pela conexão entre o corpo e a alma. E esse desempenho tem o objetivo de libertar de alguma forma toda a angústia reprimida ao nível inconsciente.

A origem do trauma se dá pela separação entre o afeto e a lembrança. E tal separação pode ocorrer quando, por exemplo, em uma situação muito desagradável, a pessoa não descarrega o afeto diante daquela situação e assim origina o trauma.

Saiba mais…

Então, a lembrança fica recalcada ao nível inconsciente e o afeto é descarregado no plano somático (físico). As chamadas doenças psicossomáticas se chamam desse nome porque têm origem na mente mas descarregam sintomas físicos gerados pela repressão inconsciente.

A transformação descrita na frase de Lavoisier é bastante interessante. Em síntese, verificamos que as transformações em nossas vidas, tanto no plano material como no plano da alma, não ocorrem por acaso, sempre vindo com um propósito. No plano material, muitas vezes tem o objetivo de nos ajudar a evoluir fisicamente, e no plano da alma de nos afastar do sofrimento.

O Que mais Você Gostaria de saber?

Por fim, lembre-se que a repressão no plano da alma nos livra do sofrimento da lembrança. Mas não escapamos do descarregamento do afeto no plano somático.

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Este post foi escrito pela equipe Psicanálise Clínica, com a colaboração de João Gabriel Lopes Antoniassi.