como se tornar vegetariano

Ser vegetariano: princípios, métodos e estilo de vida

Posted on Posted in Comportamentos e Relacionamentos, Conceitos e Significados

Está pensando em ser vegetariano e não sabe por onde começar? Neste post, falamos um pouco sobre o processo de transição, os princípios do vegetarianismo e quais são suas principais diferenças com relação ao veganismo. Sabemos que uma mudança de estilo de vida como essa requer conhecimento. Assim, confira essa leitura com calma para fazer a transição com segurança.

A definição de ser vegetariano

Em linhas gerais, o vegetarianismo é um regime alimentar. Enquanto regime, ele regulamenta os alimentos que podem ser incluídos na dieta de todos que se determinam vegetarianos. Neste regime, alimentos de origem animal não são permitidos por diversas razões que explicamos logo em seguida!

Os princípios do vegetarianismo

Em uma sociedade em que o consumo de carne ainda faz parte da dieta da maior parte da população, deixar de consumir produtos animais é intrigante. Há pessoas que não gostam de carne e por isso deixam de consumir. Contudo, ser vegetariano não se trata apenas disso. Ademais, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, há algumas justificativas para abandonar de vez o consumo de QUALQUER alimento que tenha origem animal.

Posicionamento ético

Para quem decide se tornar vegetariano, está evidente que animais são seres vivos que merecem respeito. Ademais, uma das considerações que mais afetam o posicionamento ético dos vegetarianos é o fato de que os animais mais atingidos pelo setor pecuário são seres sencientes. Ou seja, os porcos, bois, vacas e frangos que vão para a mesa de culturas como a brasileira são seres que sentem dor e felicidade, assim como nós.

Assim sendo, os vegetarianos não consideram ético subjugar espécies de animais à exploração, confinamento  e abate.

Prevenção de doenças

Para além do posicionamento ético, os vegetarianos pautam seu regime alimentar em estudos que comprovam a eficiência de uma dieta livre de produtos de origem animal. Assim, a premissa é a de que uma dieta com alimentos exclusivamente vegetais é mais saudável. Alguns dos problemas que esse regime alimentar ajuda a evitar são:

  • hipertensão,
  • diabetes,
  • obesidade,
  • câncer.

Preservação do meio ambiente

Um outro princípio do vegetarianismo diz respeito ao impacto positivo que a redução do consumo de carne traz para o meio ambiente. Para sustentar o setor pecuário, é necessário trazer impactos negativos para a natureza.

O primeiro exemplo disso é a erosão do solo que, além de sofrer com as máquinas agrícolas, também é afetado por conta da concentração do gado que pisoteia a terra. Em segundo lugar, o setor agrícola também é responsável por contaminar mananciais aquíferos ao liberar substâncias como pesticidas, nitrato e fosfato. De acordo com grandes jornais, a indústria pecuária é uma das que mais contaminam a água. 

Portanto, faz sentido que a preservação do meio ambiente seja um dos princípios de quem se torna vegetariano.

Luta contra o desperdício de alimentos

Por fim, destacamos ainda que um dos princípios do vegetarianismo é a preocupação com o desperdício.

Para os vegetarianos, sustentar uma indústria pecuária não é rentável. Por exemplo, para alimentar animais que serão mortos, é necessário usar muitos grãos que poderiam alimentar pessoas. Apesar de parecer absurdo falar em dar comida a pessoas ao invés de alimentar animais, o raciocínio não deve ir por aí.

A questão aqui é que você usa mais kg de grãos para alimentar um animal que será morto do que esse animal retorna já enquanto alimento. Dessa forma, estamos sempre gastando mais recursos que obtendo.

Portanto, é esse o raciocínio que os vegetarianos fazem quando dizem que muito alimento é usado para engordar animais que serão abatidos. É caro alimentá-los e a humanidade faz esse investimento sem considerar seres humanos que passam fome. Ademais, quem consome a carne do animal é um número muito reduzido de pessoas.

Estamos lidando aqui com uma questão também de dignidade humana. Há uma preocupação legítima com a parcela da população mundial que ainda morre de fome. Tudo enquanto alimentamos animais que irão para o abate.

Vegetarianismo versus veganismo

Agora que você já conhece os principais princípios por trás do vegetarianismo, chegou a hora de desmistificar algo que faz muita gente coçar a cabeça. Afinal, qual a diferença entre ser vegano e ser vegetariano?

Similaridades

A principal semelhança entre veganos e vegetarianos está no fato de que ambos não comem carne. Ou seja, o regime alimentar dos dois grupos não incluem carne animal de qualquer tipo. Algumas das motivações para deixar de realizar esse consumo são as mesmas, mas podemos encontrar mais diferenças que semelhanças aqui.

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Diferenças

    Possibilidade de ingerir leite e ovos

    Existe uma modalidade de vegetarianismo que permite o consumo de produtos de origem vegetal, como é o caso de leite e ovos. Essa dieta é conhecida como ovolactovegetarianismo. Contudo, os veganos abominam o consumo não só de carne, como de qualquer produto de origem animal ou que tenha sido testado em animais. Assim, configura-se como uma filosofia muito mais radical.

    Consumo de produtos que foram testados em animais

    Como dissemos anteriormente, o veganismo apresenta uma preocupação ética muito mais firme no que diz respeito aos animais. Assim, por essa razão, não usam nenhum tipo de produto que tenha sido testado em animais ou que tenham animais em sua composição. As carnes, os ovos e o leite são os produtos mais óbvios. No entanto, há vários outros que são comercializados com certa frequência.

    Abaixo citamos alguns exemplos:

    • bolsas e sapatos de couro,
    • roupas feitas com lã,
    • mel,
    • escovas de cabelo com cerdas naturais,
    • cosméticos.

    Você pode ver que a lista engloba produtos muito comuns ao dia a dia do brasileiro. Ainda há que se considerar os medicamentos e vacinas, que muitas vezes são testados em animais também.

    Mais que um regime alimentar, o veganismo é uma filosofia de vida

    Em linhas gerais, uma das maiores distinções entre veganismo e vegetarianismo é que, no caso do primeiro, não é possível chamá-lo apenas de “regime alimentar”. Está muito mais para uma filosofia, um posicionamento político com razões éticas firmes. Trata-se de um compromisso contra todo o processo de exploração animal, desde o seu financiamento.

    A firmeza do compromisso que os veganos assumem é tão robusta que muitos deles deixam de usar qualquer marca que financie ou explore animais. Isso vale para mercados, empresas farmacêuticas, empresas do ramo alimentício e até do ramo de cosméticos. Contudo, esse compromisso custa caro para muitos veganos, pois suas opções de produtos ficam mais caras e restritas.

    Por outro lado, essa relativa dificuldade para respeitar os animais mostra quão bonito um compromisso mais rígido pode ser. Não estamos aqui para fazer um julgamento de valor sobre a dieta de ninguém. No entanto, achamos válido destacar características positivas de todos os tipos de alimentação que citamos até agora. 

    Os principais métodos para se tornar vegetariano

    1 – Aprenda a fazer substituições nutritivas

    Uma das primeiras lições que você deve aprender quando for implementar a dieta vegetariana é a importância de dar um passo de cada vez. Para mostrar como fazer isso, não vamos nem falar em abandonar de vez o consumo de carne ainda. Talvez seja mais interessante aprender a substituir antes de fazer uma mudança tão brusca em sua alimentação.

    Para começo de conversa, você já falou sobre a sua transição com um profissional da nutrição? Ele é o mais indicado para elaborar uma dieta rica em nutrientes que vai dar tudo o que o seu corpo precisa ainda que você não coma carne. 

    Com esse tipo de profissional, você aprenderá a manter a ingestão de vitamina B12 com os ovos e vegetais, por exemplo. Ademais, aprenderá a extrair:

    • o Ômega 3 de grãos específicos,
    • o zinco de oleaginosas,
    • o ferro das folhas com coloração verde escura, como espinafre e couve,
    • proteínas de feijão e soja.

    Essas substituições que nós citamos são muito comuns. Contudo, quem pode receitar as porções para o seu consumo específico é um nutricionista. Ademais, ele é quem vai adaptar a sua dieta para o que você gosta ou não de comer. Assim sendo, antes de qualquer coisa, visite um profissional e faça uma transição segura.

    2 – Aprenda a fazer substituições saborosas

    Ao deixar o consumo de carne para adotar o vegetarianismo, você terá que se acostumar com refeições sem o sabor dos produtos de origem animal. Para muitas pessoas, isso é bastante difícil, principalmente considerando a variedade de pratos feitos com carne.

    Para fazer uma transição efetiva, é legal já ir aprendendo a cozinhar pratos gostosos cuja composição é de produtos vegetais. Assim sendo, comece a aprender sobre temperos, métodos de preparo e combinações saborosas. Por exemplo, uma salada crua pode parecer pouco apetitosa. Contudo, com batatas rústicas grelhadas e um molho saboroso, você pode ter em mãos uma bela entrada!

    Portanto, caso queira ser vegetariano, já se acostume com a ideia de que é bom ter algumas noções de cozinha. Isso só facilitará o seu processo!

    3 – Comece com uma refeição e vá fazendo progressões

    Agora que já conversamos sobre substituições e sabores, já podemos abordar o começo da transição. Se você não estiver pronto para “simplesmente” parar de comer carne, porém, quer se tornar vegetariano, comece simples. Assim, que tal reservar uma refeição sem carne em um ou mais dias da semana? 

    Ademais, conseguindo deixar refeições livres de carne, você pode começar a separar um ou alguns dias da semana para isso também. O ritmo da progressão da sua jornada é você quem vai ditar. O importante é se manter dentro do objetivo que você estipulou! Se ser vegetariano é algo importante de verdade para você, mesmo que com passos pequenos, você vai chegar lá.

    4 – Pare de comprar carne

    Uma maneira muito efetiva de deixar o preparo das suas refeições sem produtos de origem animal é não comprá-los. Dessa forma, você só consome o que for servido fora da sua casa e só se não conseguir resistir. Assim sendo, passe a excluí-los de sua lista de mercado e evite passar pela seção de açougue do supermercado.

    Essa dica também vale para os produtos congelados que contém carne em sua composição. Se for possível, escolha sabores vegetarianos!

    5 – Tente a dieta ovolactovegetariana por um tempo

    Por fim, não se culpe se achar que só consegue começar com uma dieta ovolactovegetariana. Apenas deixando de consumir carne, você já satisfaz vários dos princípios do vegetarianismo! Assim sendo, converse com o seu nutricionista sobre a possibilidade de manter os ovos e o leite na sua dieta até quando você sentir que é hora de deixar o regime mais restrito.

    O estilo de vida de quem pratica o vegetarianismo

    Alimentação mais saudável

    É importante esclarecer uma coisa: ser vegetariano não necessariamente é ser mais saudável. Dizemos isso porque é possível ter uma alimentação muito ruim ainda que ela não tenha produtos de origem animal em sua composição.

    Por exemplo, você pode comer batata frita excessivamente ou viver de vegetais empanados. Essas são receitas bastante gordurosas que não fazem bem para o corpo.

    Contudo, de modo geral, como falamos mais acima, quem se torna vegetariano também fica muito mais consciente do que é uma alimentação saudável. Ademais, muitos vegetarianos procuram o auxílio de um nutricionista para ter uma boa alimentação, o que envolve mais consciência sobre dietas especializadas e a necessidade de suplementação de algumas vitaminas.

    A alimentação mais saudável é uma premissa, mas nem sempre é um resultado 100% certo. É necessário fazer esforço para conquistar o equilíbrio na mesa.

    Aquisição de novos hábitos

    Além de o vegetariano se preocupar mais com sua alimentação, é normal que ele também passe a se preocupar com a qualidade do produto que vai para seu prato. Ademais, o preparo de cada receita também passa a ser uma preocupação. Por essa razão, quem adere ao vegetarianismo acaba adquirindo alguns hábitos decorrentes dessa escolha.

    Destacamos alguns deles logo abaixo:

    • Cozinhar – a pessoa toma gosto pelo preparo de novas receitas e a exploração de novos ambientes,
    • Ir à feira – é gostoso poder aprender sobre ingredientes diferentes e escolher bem o que levar para casa,
    • Fazer compras de mercado pessoalmente – pelos mesmos motivos acima,
    • Cultivar uma horta em casa – gasta-se menos dinheiro com tempero e o contato com o alimento ganha nuances mais sentimentais.

    Como você pode ver, estes são hábitos que estão ligados à preocupação com a seleção de produtos e com o preparo de cada refeição.

    Integridade e ativismo

    Por fim, não tem como não retomar as questões éticas nas quais o vegetarianismo se envolve.

    Assim como ocorre com o veganismo, escolher remover os produtos de origem vegetal da sua mesa é um ato que comunica uma ética, uma maneira de pensar o mundo. Querendo ou não, quem escolhe ser vegetariano voluntariamente acaba se tornando um pouco ativista também.

    Ao conhecer pessoas que tomaram a mesma decisão que você, acaba percebendo a força do movimento de que faz parte. Assim, conhece também outras causas pelas quais lutar que combinam com seus valores éticos e morais.

    O que queremos dizer aqui é que o vegetarianismo raramente acaba causando um impacto pequeno na vida de quem se torna adepto ao regime. O natural é você sentir o desejo de aprender mais sobre alimentação, exploração animal, políticas ecossocialistas e pessoas que pensam o mesmo que você. Não raro, quem se torna vegetariano acaba migrando para o veganismo.

    Essa reflexão é interessante para mostrar como uma decisão simples pode modificar a sua vida por completo. Decidir o que vai para o seu prato não é algo trivial e pode até se tornar um ato político a depender de como você enxerga a vida em sociedade.

    Considerações finais

    Neste artigo, você leu sobre como um regime alimentar tem potencial para modificar toda uma filosofia de vida. Falamos sobre o que é o vegetarianismo, quais as diferenças entre veganos e vegetarianos e ainda trouxemos um tutorial simples para que você faça uma transição alimentar sem grandes pulos.

    Ademais, discutimos um pouco sobre o estilo de vida do vegetariano. O que colocamos em nosso prato parece trivial, mas não é. Na verdade, a relação entre a comida e o comportamento humano guarda muitas relações interessantes. Não é à toa que nos consultórios vemos tantos casos de compulsão ou transtorno alimentar. A comida nos afeta.

    Caso queira aprender como auxiliar uma pessoa em fase de transição de regime alimentar para se tornar vegetariano ou até mesmo alguém com transtornos e compulsões, não deixe de fazer o nosso curso de Psicanálise Clínica. Ele é totalmente online. Ademais, certifica os alunos para clinicarem como psicanalistas. Contudo, se esse não for seu objetivo, tudo bem! Você pode usar os conhecimentos para desempenhar melhor a sua profissão. Confira!

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *