Wilhelm Fliess

Wilhelm Fliess: vida e contribuições

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Ainda que contribuam diretamente com áreas importantes como a Psicanálise, muitos nomes acabam por serem esquecidos ao longo da história. É o caso de Wilhelm Fliess, que teve um papel nas origens da Psicanálise. Confira mais sobre a sua vida, contribuições e como impactou no mundo medicinal e terapêutico.

Vida pessoal

Nascido na Polônia em 1858, Wilhelm Fliess foi um médico especializado em cirurgia e otorrinolaringologia alemão com papel na pré-Psicanálise. Suas atividades se estenderam até o ano de 1928, ano em que faleceu. Porém antes de falecer, ele se encontrou com Freud em 1887 quando tinhas os seus 27 anos.

Fliess se casou 5 anos depois com Ida Bondy, sendo ela ex-paciente do Doutor Breuer. Com Bondy teve cinco filhos e um deles, Robert, se tornou um psicanalista na fase adulta. Quanto a seu pai, em contato com Freud, passou a elaborar teorias sobre neurose, bissexualidade e representação biomédica.

Wilhelm era, de certo modo, orgulhoso com suas hipóteses, se especializando em diversos tipos de aprimoramento pessoal e intelectual. Com isso, além da Medicina, se dedicou à Bilogia, Antropologia, Matemática, Literatura, Artes e outros mais. Pessoalmente, carregava o hábito de conectar todas as incidências sobre doenças que se manifestavam.

Encontros e influências

Wilhelm Fließ concluiu os seus estudos de Medicina na cidade alemã de Berlim. Em algum momento em 1887 ele se encontrou com Freud a pedido e sugestão do Doutor Josef Breuer. Na época Breuer era amigo íntimo de Freud e encontrou oportunidades favoráveis para que pudessem se encontrar.

Logo após conferir o trabalho de Freud em conferências na cidade de Viena, acabou construindo amizade com o psicanalista. Tanto que passou a dar apoio moral nas ações e atividades de Freud, se tornando um confidente também. Nisso, eles passaram e enviar cartas entre si logo no início da Psicanálise.

Ademais, Wilhelm era um ouvinte crítico a respeito das ideias lançadas por Freud. Ele mesmo iniciou algumas contribuições dentro da psiquiatria trabalhada na época pedindo o retorno de Freud para analisá-las.

A teoria da neurose reflexa nasal

Wilhelm Fliess descreveu a neurose nasal reflexa, indicando sua origem em perturbações orgânicas e desordens na genitália. Em suma, afirmou que havia ligação entre as estruturas nasais com a menstruação feminina na origem de neuroses. Tanto que determinou um ciclo para encontrar as datas de nascimento, doenças e mortes numa pessoa, além da bissexualidade humana.

Entretanto, essas mesmas teorias acabaram por colocar em jogo sua proximidade com Freud, o distanciando. Isso porque surge um problema com Emma Eckstein indicava a ele por Freud para tratar a depressão pré-menstrual. Wilhelm Fließ teria de operar o seu nariz, ao qual ele retirou um terço anterior do corneto médio esquerdo.

O problema é que Emma sentiu muitas dores e apresentou secreções infecciosas com cheiro muito fétido após a intervenção. Quando Freud chamou Ignaz Rosanes para limpar a ferida, notarou que havia um pedaço de gaze com tintura de iodo esquecida ali. Infelizmente, Emma nunca se recuperou da cirurgia que necrosou um osso do nariz, tendo sequelas irreversíveis.

Entretanto, essa paciente:

  • Continuou a se tratar com Freud, não o culpando em qualquer nível pelo episódio;
  • Acabou por se tornar a primeira psicanalista da história freudiana.

Teorias

Em toda a sua carreira Wilhelm Fliess consolidou três teorias, ainda que sejam classificadas como pseudocientíficas. Como forma de entender mais do seu trabalho, vamos a elas:

Neurose nasal reflexa

Como leu linhas acima, Fließ indicava a conexão entre os órgãos genitais e a mucosa nasal de cada pessoa. Para ele, a neurose histérica seria curada quando um pedaço da mucosa e dos ossos nasais eram retirados.

Bissexualidade

De acordo com ele, todos os seres humanos eram inerentemente bissexuais. Observando a correspondência completa de Sigmund Freud para Wilhelm Fliess, o pai da Psicanálise chegou a colocar essa ideia.

Periodicidade vital

Existia um tipo de biorritmo em que todos os processos do nosso corpo se desenvolveriam em 28 dias nas mulheres e 23 nos homens. Com base nesse números, Fliess indicava a utilidade para sabermos quando nos recuperar de uma doença ou mesmo morrer.

A correspondência completa de Sigmund Freud para Wilhelm Fliess

Essas cartas condensam a correspondência, endereços, rascunhos de artigos e possibilitando encontros entre eles, chamados por Freud de “congressos”. Isso incluía também anotações dos pacientes, os resultados e pesquisas devidamente sinalizadas no corpo da carta. Ademais, relatos de sonhos e formações do inconsciente ligados com autoanálise e perspectivas de Freud sobre si e o outro.

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    Esses documentos trocados pela escrita contribuiu em parte à criação da Psicanálise e do próprio psicanalista. Usando termos simples, o novo conceito o movia para um lugar de ineditismo e inesperado, sendo agora um analista.

    A interação e descobertas foram importantes a Freud porque contribui à organização de sua própria existência. Por meio desses discursos para Fliess, Freud estaria constituindo toda a sua obra mais importante.

    As neuroses e o sexo

    Observando as cartas a Wilhelm Fliess, as reflexões freudianas partem do que está estagnado no relacionamento entre os sexos. Com isso, as neuroses atuais nasceriam da inadequação entre a satisfação obtida e encontro sexual. Do outro lado, o surgimento da insatisfação no selamento do encontro mudaria para angústia e exposição neurótica.

    Freud fala que o coito interrompido prejudica os indivíduos e a esposa se prejudica mais se o marido faz incorretamente. Ou seja, se está perto do fim sem se preocupar com a excitação da parceira. Porém, se ele espera a satisfação dela o coto se normalizará para ela, mas ele terá neurose da angústia.

    Aqui se cria um raciocínio em distribuição danosa entre os parceiros distinguindo o gozo que considera o outro ou não. Para lidar com isso, Freud falou em carta sobre “as relações sexuais livres entre rapazes e moças liberadas”. Nisso, claro, evitando a gravidez e seria útil para evitar prejuízos no cito interrompido.

    O rompimento

    Existem algumas versões para se explicar as causas envolvendo a briga e rompimento de Fliess e Freud. Enquanto o primeiro falou sobre a agressividade de Freud com ele, o segundo afirmava a falta de reconhecimento sobre suas descobertas. Ele, aliás, teria destruído as cartas do ex-amigo, mas Marie Bonaparte as recuperou de um negociante e foi confrontada sobre publicá-las.

    Ademais, Wilhelm acusou Sigmund de ter falado sobre a sua teoria da periodicidade com um plagiador que a copiou. Daqui em diante não havia mais qualquer contato entre eles.

    Considerações finais sobre Wilhelm Fliess

    Vimos que Wilhelm Fliess influenciou diretamente a Psicanálise com propostas que não foram tão reconhecidas assim, o que justifica seu “ostracismo”. Contudo, é importante notar o relacionamento dele com Freud e os estágios futuros da terapia que, naquele momento, estava nascendo.

    Sabemos que os métodos e percepções dele a respeito do ser humano e os distúrbios mentais que eram apresentados são discutíveis. Ainda assim, servem de paralelo para compreendermos cenários, casos e apostas falhas antes da consolidação psicanalítica. Afinal, muitos de nós só aprendemos a acertar errando. Em parte, talvez Freud tenha usado das conversas com ele para encontrar os gatilhos para a criação definitiva da sua obra prima.

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    3 thoughts on “Wilhelm Fliess: vida e contribuições

    1. Concordo que a sexualidade mal resolvida, gera neuroses ou aquele estilo ranzinza, mesmo sem estar na velhice! E minha “tese” ao que “definem” como “hetero”, seja o Bissexual que busca “reprodução”, até já sendo admitido nas certidões pai ou mãe afetivo, destinado a padrastos ou madrastas, ou “alguém” mais próximo, quem sabe “abraçando” as relações homo afetivas dos (das) Bissexuais!

    2. Zana Hitzschky disse:

      Achei as idéias dele muito aleatórias. Parece que ele queria estar ali e participar, mas não tinha profundidade em nenhuma das suas construções teóricas. Era como dizer qualquer coisa que não se possa provar e pronto. Ele deve ter sido pra Freud o paramêtro do que não ser e de como não fazer.

    3. juliana Alberini disse:

      Tive essa mesma percepção sobre Fliess, parecia que ele não estava na mesma sintonia que Freud.

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