clínica psicanalítica

A Clínica Psicanalítica: princípios e funcionamento

Posted on Posted in Psicanálise e Cultura

Neste trabalho, tentarei desenvolver o conceito da Clínica Psicanalítica, são muitas vozes diversos Teóricos renomados e anônimos que descrevem o conceito da clínica analítica…

Esta abordagem é relevante, porque abre um campo de tamanho indeterminado é de suma importância, tanto na parte teórica e/ou prática, hoje com a cultura do “Novo Real”, esse momento pós pandemia a psicanálise toma ou assume um papel de relevância diferenciada onde tantas vozes enlutadas e decepcionadas precisam de uma escuta, discutiremos o setting, os insights, abordaremos as transferências, veremos a importância do vínculo terapêutico.

A clínica psicanalítica para Freud

Como disse Freud: O que o paciente viveu sob a forma de transferência nunca mais esquecerá (Sigmund Freud). Como objetivos, buscarei neste trabalho demonstrar as ideias de alguns autores, sobre o tema, comparando pontos de vista de alguns sobre esse tema, tão discutido e debatido, sabemos que as divergências estarão sempre presentes e de forma exaustivas e contundentes defenderam suas ideias e objetivos. “A incerteza não tem cheiro, não é palpável, mas ela existe. Se existe algo que é certo, é que a certeza é errada.” (Bion- 1992b-pg 202)

Na primeira parte do trabalho, abordaremos A técnica analítica e seu desmembrar na segunda parte, focaremos na direção do tratamento a forma utilizada e ou tratamento aplicado por cada psicanalista dentre de suas perspectivas referentes escolas de formação psicanalítica, minha intenção, é alcançar os mecanismo usados por eles de uma forma bem subjetiva e íntima de suas compreensões do trabalho psicanalítico em suas esferas de ação, salientando esse trabalho que busca acima de tudo, o trabalho fundamental da psicanálise o Inconsciente. Dizia Lacan: “Ponham algo de si na psicanálise, não se identifiquem comigo (…) tenham seu estilo próprio, pois eu tenho o meu” (Jacques Lacan).

A imagem do analista eternamente silencioso tem sido alvo de discussão na contemporaneidade, muitas discussões calorosas vem sugerindo, sobre a metodologia aplicada nos settings, a fala do analista deve fazer parte ativamente, o trabalho consiste somente no ouvir? Se só assim for nosso trabalho se tornará nocivo, como pontua J.-D. Nasio. Para atingir esses objetivos, a metodologia empregada foi de leituras de livros, pesquisa em sites de psicanálise e psicologia e matérias complementares indicado pelo próprio Curso em epígrafe.

A Clínica Psicanalítica: a importância da Psicanálise

A crescente procura por atendimento psicanalítico descreve o atual momento que a saúde mental atravessa em nossa sociedade, não desconstruindo outros atendimentos, ou que não sejam suficientes ou capacitados para tal (ajuda), como os consultório psicológicos, psiquiátricos, terapia holísticas e tantas que se apresentam ofertando seus serviços de cura aos sujeitos e seus transtornos. Muito está sendo cogitado, buscado, pesquisado.

A psicanálise está vivendo um momento de profunda introspecção, no sentido do que ela pode oferecer a respeito do tratamento das dores, sofrimentos almático, dos desejos reprimidos, recalcados, enfim das emoções humanas que investem sobre a mente hora doentia, as obras deixadas do Dr, Freud, que através de sua genialidade, nos deixou um legado, que cabe a nós, seres pensantes e altamente disposto, apaixonados a dar continuidade a esse trabalho, ele lançou os fundamentos e os alicerces dessa forma teórica , nos cabe a cada um de nós verificar como sob edificar sobre esses fundamentos psicanalíticos.

A psicanálise visa promover o bem-estar do sujeito e do próprio analista, penso que esse desenvolver na prática da psicanálise, o analista através dos métodos conhecido por nós, transferência, contratransferência, associação livre e outros que cabe somente a psicanálise clássica vem colaborar no decifrar das dificuldades que a vida apresenta no seu desenrolar cotidiano, os graus de sofrimento humano compreender suas experiências pessoais, todo esse trabalho têm na verdade ajudado ao par analítico a aperfeiçoar a prática clínica , refinando escuta, intervenções e interpretações do aparelho psíquico.

A Psicanálise Atualmente

Não é só um método terapêutico, do que estamos falando e que geralmente visa cuidar da saúde mental de seus pacientes, mas sim de tentar organizar a psique a vida psíquica de seus pacientes, fazer o paciente ter seu equilíbrio emocional e favorecer o autoconhecimento. Desde quando surgiu no século XIX a partir das investigações e estudos aprofundados do Dr. Sigmund Freud percebeu que os diversos distúrbios físicos e emocionais tinham origem psíquica, em seu auge em meados do século XX, abriu espaço para outras escolas que estudavam a psique humana.

O processo de análise, esse é o nome caracterizando a psicanálise clínica, consiste na fala do analisado e na escuta do analista durante as sessões, o conteúdo manifesto desse relato são diversos, da exposição de suas emoções, sentimentos de raiva, ódio todo tipo de forma que esse material venha a expurgar a se manifestar através de sua vida cotidiana, seu passado, seus sonhos suas incertezas e medos, quando o analisando fala o analista tem a oportunidade de ouvir a si próprio, ele toma consciência de várias de suas motivações e frustrações essa transferência positiva ou negativa irá fazer que o analista nas entrevista preliminares veja como vai ser a condução do processo analítico. E assim vai se desenhando, percebendo se conscientizando de seu eu, libertando-se das amarras das coisas reprimidas/recalcadas que lhe causam dor, sofrimentos e vai se equilibrando.

Leia Também:  “Esse obscuro objeto do desejo” e a psicanálise

Atuando através das interpretações e intervenções necessárias, apoiado sempre na teoria e técnicas psicanalíticas. “A pesquisa empírica em psicanálise parece não ter mais como meta aprofundar os conhecimentos do funcionamento psíquico, mas está mais destinada isso a convencer as pessoas que não são analistas da utilidade da eficácia de uma relação preço/ eficiência que não seja um desfavor para a psicanálise comparadas às terapias centradas nos sintomas” [ Fornagy 2002,2004 ].

A Direção do Tratamento: O Tratamento Psicanalítico

Hoje A clínica psicanalítica é lugar de produção de pensamentos, muitos hoje querem polemizar a psicanálise como disse o pai da psicanálise; “As criações do homem são fáceis de destruir, E a ciência e a técnica que as edificaram Também podem servir para sua aniquilação.”

Sigmund Freud Diante do exposto, vemos que a psicanálise ainda é levada para muitos como uma forma de “ charlatanismo “, com a epidemia que nos abateu, ficamos a mercê de aproveitadores que se nomeiam psicanalista, sem a devida qualificação (tripé da psicanálise), atualmente são ofertados mais serviços sobre a variada forma de psicoterapias em nossa formação, nos deparamos com; O Estudo da Teoria, Análise Pessoal e Supervisão, diante dessa demanda de ofertas pela “ cura” devemos refletir sobre a proposta terapêutica do trabalho psicanalítico.

Trabalhamos com a escuta, a relevância da fala buscamos a cura pela palavra, e no presente século XXI, não podemos sucumbir à tentação de ofertar nada a mais do que Psicanálise, nesse processo psicanalítico encontramos a somatização de procedimentos que organizam, normatizam as atitudes que deveremos ter que dar-se inicio das entrevista preliminares ao contrato e a evolução propriamente dita da análise.

A importância do setting para a Psicanálise

Na clínica psicanalítica do cotidiano o setting analítico e o manejo clínico em nossa prática cotidiana nos oferecem uma luz da teoria psicanalítica, referindo-me à visão freudiana inicialmente. Assim o setting vai se desenhando por si próprio, funcionando como um importante fator terapêutico psicanalítico.

O espaço possibilita, ao analisando trazer suas mazelas, seus infortúnios através da transferência que poderá acontecer através do analista que é o responsável direto pela atmosfera de trabalho indispensável no setting, existe um vínculo emocional que ditará o processo analítico, temos alguns tipos de pacientes que podem não se enquadrar nesse dito como os “psicóticos”, por mais que alguns os coloquem em uma classificação de “pacientes regredidos” Sabemos da importância que tem para o paciente o encontro de um alívio para seus sintomas, o profissional tem como função lhe ensinar a compreender a composição das formações psíquicas mais complicada, reduzindo assim os sintomas que provocam sofrimento.

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    O lugar do Psicanalista

    Em primeiro lugar teremos que exercer na íntegra um posicionamento ético, colocar em prática a desterritorialização, usar de Lacan, “sujeito suposto saber”. O analista é um ouvinte servindo-se da “atenção flutuante “, privilegiado que, do lugar do Outro, convida o analisando a falar o que lhe vier à cabeça, sem considerações pelas conveniências, conduzindo-o para aplicação da regra analítica destacada por Freud: a associação livre.

    O psicanalista deve se posicionar de um jeito que não vai transferir um sentido de superior, deve ignorar o que sabe, pois só assim poderá deixar o analisado suficientemente motivado para uma análise, ou seja, ele permite entrar na questão do sujeito com seu inconsciente, expressando temores próprios de uma caracterologia fóbica ou de uma indecisão obsessiva, isto é, os saberes que estão do lado daquele que vai a procura de sua análise.

    Por gerações em gerações, vemos as claras mudanças dos novos pacientes vítimas afetadas de uma sociedade deprimida, traumas pós-pandêmicos, traumas que ficarão pra sempre, reprimidos e recalcados, vivem nessa sociedade depressiva, a perda de suas identidades e solidões que sofrem, já nos deixa a certeza de sintomas psicossomáticos, apresentam uma série de distúrbios narcisistas, obsessivos, compulsivos e por ai a fora em seus psiques, mentes conturbadas abaladas por essa série de acontecimentos inesperados, tudo isso sendo enviado ao inconsciente de forma abrupta, quais as forma de psicoterapias que estarão sendo oferecida, na clínica, na busca de encontrar soluções para cura. “Não se tem outra escolha nesse mundo a não ser entre a solidão e a vulgaridade! “ (Schopenhauer, Aforismo)

    Terapias analíticas e a clínica psicanalítica

    Todos nós acabamos nos acostumando com uma coisa extraordinária: esta conversa esquisita, que denominamos […] psicanálise, funciona. É inacreditável, mas ela funciona. Bion (conversando com Bion, p.127). Quais fatores podemos elencar como característica em uma análise, o ambiente físico, uma atmosfera emocional apropriada já consigna a formação de algum tipo de vínculo, que pode ou não promover uma transferência positiva entre o analista e o analisando, a semiose envolvente, é determinante para o primeiro encontro, das entrevistas preliminares, deverá o analista usar das técnicas psicanalítica aprendidas em sua formação dentro tripé analítico.

    Não transgredindo as regras da psicanálise, o terapeuta deve estar apto em condições de exercer com naturalidade a escuta livre (associação livre e atenção flutuante ), fazendo surgir o par analítico, essa relação pode ser isomórfica, ou seja ambos se comportam da mesma maneira, como seres humanos que são, sabendo que a ideia desse conceito de isomorfia , não anulará a ideia que o analista será um substituto para um pai ou mãe, que possivelmente foram falhos, mas o analisando desempenhará transitoriamente as funções de maternagem, que o paciente carece. Cabe enfatizar que se faça unicamente ou se pratique Psicanálise.

    Leia Também:  A clínica psicanalítica: como funciona?

    O inconsciente (UNBEWUSSTE)

    É o ponto central da teoria psicanalítica, a sua pedra angular, na qual se concentra toda descoberta freudiana, poderia aqui frasear a poetisa Clara Nunes quando canta a canção: “…Mar misterioso mar, que vem do horizonte…”, quão misterioso é o inconsciente, coberto por camadas da psique humana quase inatingível. Sabemos que tudo que é reprimido tem que permanecer inconsciente, mas constatamos logo de início que o reprimido não cobre tudo que é inconsciente.

    O Inconsciente tem o âmbito maior; o reprimido é uma parte do inconsciente. Será que podemos pressupor que sobre o ponto de vista de que é uma pretensão insustentável exigir que tudo o que sucede na psique teria de se tornar conhecido também para consciência? São vestígios as recordações/lembranças latentes, podem ser tomadas como provas de processos somáticos, a partir dos quais o psíquico pode novamente surgir. São muitas as perguntas, incógnitas sobre o “inconsciente”.

    Freud já deixava o texto: “O inconsciente é o círculo maior que abrange em si o círculo menor da consciência; tudo o que é consciente tem um estágio prévio inconsciente, enquanto o inconsciente pode permanecer nesse estágio e ainda assim reclamar o valor pleno de uma produção psíquica.” (Sigmund Freud) Um submundo fascinante, que gera fantasias, lapsos e impulsos incontroláveis nos permitir, por fim, ver grande parte dos transtornos mentais, não como anomalias, doenças mentais, ou somáticas, mas como alterações pontuais na nossa mente.

    Conclusão sobre a clínica psicanalítica

    Com as muitas aparições das ofertas demandadas devido ao aumento dos transtornos mentais, e a procura pela cura a promessa de vários tipos de terapias, só as holísticas são mais de 30, não quero com a minha fala desqualificar nenhum profissional da área da saúde mental, nenhum tipo de terapia no sentido comum. Na história do Movimento Psicanalítico (1914), Freud caracterizou por quatro elementos: o inconsciente, a interpretação, a resistência e a transferência. Estes quatro elementos são essenciais para que um trabalho clínico possa ser chamado de psicanálise. Se uma forma de trabalho clínico não os emprega, não deve ser chamada de psicanálise.

    Repito: não quero com a minha fala desqualificar nenhum profissional da área da saúde mental. Então ao abordar os assuntos dessa TCC, quero abordar os assuntos que por anos permeiam a psicanálise, a clínica psicanalítica do tempo lógico aos não analisáveis, não falei da “análise leiga “, ou do pensamento das Escolas Psicanalíticas, não abordei outros Teóricos me prendi em Freud e suas incontáveis formas de descrever a psicanálise, talvez tenha me faltado a experiência, a ousadia de abordar assuntos tão vastos e politizados ao longo de mais de cem anos do nascimento da Psicanálise.

    Talvez tenha explorado pouco a relevância dessa ciência, sim para mim é uma ciência e não entrarei aqui em detalhes, científicos…tentei falar da atualidade e ainda essas poucas linhas não foram suficientes, o setting, o insight, as transferências, as tenaz resistências de certos pacientes, do vínculo terapêutico, enfim falar de Psicanálise é falar de Sigmund Freud e de suas incontáveis contribuições, para medicina, para a psicologia para uma sociedade.

    Referências

    ZIMERMAN, DAVID E.- MANUAL DE TÉCNICA PSICANALÍTICA- uma re-visão-Porto Alegre: Artmed. 2004. QUINET, ANTONIO- As 4+1 condições da análise, Rio de Janeiro: Zahar-1991. Roudinesco, Elisabeth- Por Que é a psicanálise? Rio de Janeiro: Zahar-2000. Dunker, Christian- Uma biografia da depressão. São Paulo: Planeta- 2001. Fonagy, P. (2002). Reflections on psychoanalytic research problems: a French-speaking view. In P. Fonagy, An Open Door Review of Outcome Studies in Psychoanalysis. (pp. 3-9). London: IPA publications. Fonagy, P. (2004). Foreword. In P. Richardson, H. Kächele, C. Renlund, Conceito de Psicanálise. [Online]. Disponível em: <www. psicanaliseclinica.com/conceito-psicanalise/ >. Acesso em: abr. 2018.

    Este texto sobre a clínica psicanalítica foi escrito por Reinaldo dos Santos Rangel, concluinte do Curso de Formação em Psicanálise.

    One thought on “A Clínica Psicanalítica: princípios e funcionamento

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *