arteterapia

Arteterapia: o que é, sua história e principais tipos

Posted on Posted in Terapias

Hoje falaremos sobre a arteterapia. A manifestação da expressão artística ao longo da história da humanidade não é uma tarefa que possa ser resolvida com precisão. Conforme destaca OSTROWER (2010, p.13), “o homem aparece na história como um ser cultural”, estabelecendo conexões com o grupo e o ambiente ao seu redor.

Entendendo sobre a arteterapia

Para transmitir suas experiências ao grupo, foi necessário utilizar algum tipo de expressão simbólica que correspondesse ao vivido, seja em situações cotidianas de sobrevivência ou mesmo no contexto cosmológico-ritualístico, como as inscrições em rochas nas paredes das cavernas.

Mesmo antes disso, no Paleolítico (era da pedra lascada) na África, há cerca de dois milhões de anos, o uso de ferramentas (lascas de pedra) já estava disponível entre os hominídeos, influenciando o desenvolvimento de habilidades manuais, motoras e cognitivas para essa ação. (Albuquerque, 2011)

Antes da fala a arte era o meio de comunicação utilizado para que o homem pudesse transmitir pensamentos, tradições, valores, costumes culturais. Fora ela responsável pela adaptação e sobrevivência.

A arteterapia e expressão atística

Datar a emergência da expressão artística no percurso da humanidade aborda a complexidade em estabelecer uma data precisa para o surgimento da expressão artística ao longo da história. O ser humano advém necessariamente como um ser cultural, estabelecendo conexões com o grupo e o ambiente ao seu redor.

A fim de comunicar suas experiências ao grupo, foi necessário utilizar formas de expressão simbólica que correspondessem às vivências, seja nas situações do cotidiano de sobrevivência ou mesmo nos contextos rituais e cosmológicos, como as inscrições rupestres encontradas em cavernas.

Já no Paleolítico, na África, há aproximadamente dois milhões de anos, já se evidencia a utilização de ferramentas de pedra, como pontas de pedra, pelos hominídeos, impulsionando o desenvolvimento de habilidades manuais, motoras e cognitivas.

A jornada humana

O texto ressalta a importância dessas manifestações artísticas como parte intrínseca da jornada humana, revelando a complexidade e a evolução das capacidades humanas ao longo do tempo (Albuquerque 2011).

Ainda para Albuquerque 2011, A saga da arte viabiliza o mapeamento do entrelaçamento do subjetivo humano com a cultura em distintos períodos históricos. Com tal apreensão, é factível afirmar que a linguagem artística desempenha o papel de um caudaloso canal no qual processos individualizados e culturais de construção de significados se comunicam de modo sinfônico.

A inquietude de se encontrar novos tipos de tratamento para doenças psíquicas a ciência se reconecta com a arte a fim de que conteúdos encarcerados no inconsciente possam emergir à consciência para trazer alívio psíquico.

A arteterapia e a ciência

Cabe destacar que a adoção da Arteterapia como uma prática que visa promover a integração e a cura através da expressão artística. Ao longo da História, houve uma separação entre a Arte e a Ciência, bem como uma divisão entre a razão e a emoção. No entanto, a Arteterapia desafia essas exposições e busca reunir esses elementos em um processo terapêutico eficaz. (Sei 2023).

A arteterapia tem em seu arcabouço inúmeras linguagens artísticas englobando todas as formas de arte que vão desde a dança, gravuras, literatura, música, pintura, escultura, etc.

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre a arteterapia como ferramenta terapêutica no campo da psicoterapia com ênfase em teatro terapia.

Arteterapia como ferramenta terapêutica

A arte como uma terapia revolucionária mudou a medicina ocidental e vários programas de teatro hospitalar foram criados na Através dos séculos, diferentes concepções estéticas têm emergido, refletindo as transformações culturais e filosóficas de cada época.

Na Grécia Antiga, a harmonia era enaltecida em uníssono com o divino, enquanto o movimento enciclopedista do século XVIII categorizava objetos dignos de serem exibidos, conferindo um caráter sacralizado à criação humana.

No advento do Impressionismo, a embriaguez sensorial rompeu com o sentimentalismo romântico e a metáfora espiritual do Idealismo Neoclássico, abrindo espaço para a “vibração errante do olhar”. Essas mudanças na percepção e representação artística refletem as nuances e as complexidades da experiência humana ao longo da história (Albuquerque, 2011).

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Câmaras de aconselhamento

    A terapia artística é um recurso limitado nas câmaras de aconselhamento, desvendando-se como uma ferramenta valorosa para intervenções nos domínios da psicologia social, educacional, organizacional, saúde e hospitalar.

    O que aqui se revela é o potencial dessa forma de expressão artística como um veículo poderoso de manifestação da subjetividade humana, permitindo ao psicólogo e aos seus clientes, sejam eles individuais ou coletivos, acesso a conteúdo emocionais e de transformação através da própria atividade artística.

    Diversos temas, desde traumas e conflitos emocionais até aspectos das relações interpessoais em grupo, perspectivas profissionais, questões de gênero e sexualidade, individualidade e coletividade, entre outros, podem ser explorados pelo psicólogo através da arte. É uma ferramenta que expande as possibilidades de expressão, indo além da abordagem tradicional baseada na linguagem falada.

    Arte contemporânea

    No contexto da arte contemporânea, observamos um fenômeno único de polifonia, no qual sua singularidade se manifesta e sua capacidade de aceitar o imprevisível. O conceito tradicional de beleza e os modelos canônicos da arte foram quebrados, e a arte contemporânea abre novos horizontes em sua expressão (Paim, 2009 apud Albuquerque, 2011).

    O processo criativo que surge na arte contemporânea torna-se um fenômeno fenomenológico, refletindo sua singularidade e complexidade. Nessa nova forma de expressão artística, a polifonia se torna essencial, permitindo a coexistência de múltiplas vozes e perspectivas. A arte contemporânea desafia as noções tradicionais de beleza, rompendo com as convenções estabelecidas e abraçando a imprevisibilidade como um elemento fundamental.

    Dá voz ao protagonismo do observador que deixa sua posição de “ele” para o ”eu” se libertando de sua passividade indo de encontro com a liberdade criativa abrindo novos caminhos à exploração de novas ideias, conceitos e formas de expressão, resultando em obras de arte que transcendem as fronteiras tradicionais. ( Albuquerque 2011)

    Quebra de paradigmas

    Ao mesmo tempo, a arte contemporânea adota uma quebra de paradigma fenomenológica, na qual a experiência do observador é parte do espetáculo se transportando para dentro da ação apresentada na obra de arte. Essa abordagem enfatiza a subjetividade do espectador e busca estabelecer uma conexão direta entre a obra de arte e aqueles que a contemplam. Dessa forma, a arte contemporânea se torna um espaço de diálogo e reflexão, no qual as fronteiras entre o artista, a obra e o espectador se tornam permeáveis.

    Em suma, a arte contemporânea se destaca por sua polifonia, que permite a coexistência de diferentes vozes e perspectivas, e por sua abordagem fenomenológica, que valoriza a experiência estética e a participação ativa do observador. Essas características refletem a singularidade e complexidade da arte contemporânea, que continua a desafiar as convenções estabelecidas e a explorar novos caminhos de expressão artística.

    Ao se conectar com o indivíduo criativo abre uma espécie de portal dimensional capaz de reconstruir todo o ser capaz de transplantar o olhar do homem novo para o homem velho, que em seguida vai se remodelar em um homem novo ressignificando seus padrões culturais e seu próprio eu em uma nova jornada.

    A criatividade

    A criatividade, portanto, não é um dom isolado ou uma habilidade específica, mas uma expressão da potencialidade humana que se realiza em diferentes contextos e situações. Para que ela se manifeste, é preciso que o indivíduo tenha oportunidades de explorar sua curiosidade, sua imaginação, seu pensamento crítico e sua autonomia.

    Além disso, é preciso que ele esteja motivado a enfrentar desafios, a buscar soluções originais e a compartilhar suas ideias com os outros. A criatividade é, assim, um processo dinâmico e complexo que envolve aspectos cognitivos, afetivos, sociais e culturais.

    A partir do declínio do século XIX, certos psiquiatras passaram a conferir uma maior ênfase às manifestações plásticas produzidas por seus pacientes, proporcionando-lhes um acervo dessas expressões e analisando-as em profundidade.

    A arteterapia e a saúde mental

    Diante do aumento da demanda por cuidados no âmbito da saúde mental e de seu peso significativo, houve uma diversificação dos recursos terapêuticos disponíveis. Surgiram propostas além dos paradigmas da Psiquiatria Clássica, tais como as terapias de grupo e familiar, o Psicodrama moreniano e uma variedade de técnicas de mediação artística, como a musicoterapia ativa e passiva, a dançoterapia e as terapias através da expressão plástica (PAIN & JARREAU, 1996 apud,Albuquerque 2011).

    Europa no século XIX. O escritor Marquês de Sade, durante sua estadia como paciente no Hospício de Charenton, em 1803, foi convidado a dirigir peças teatrais com fins terapêuticos, que chegaram a se tornar uma atração para a aristocracia parisiense (Gorer, 1962 apud, Rojas 2019).

    Ainda no mesmo século, na Itália e em Nova York, muitos hospícios foram construído, contando com teatros hospitalares como parte de suas instalações; alguns até encenavam peças famosas, como os contos do Marquês de Sade e também de Shakespeare (Gorer, 1962 apud, Rojas 2019).

    A abordagem gestáltica

    No universo da arteterapia, é possível encontrar diversas referências teóricas provenientes do campo da psicologia. Entre elas, destacam-se a abordagem junguiana, alinhada a esta tese, e a terapia gestáltica, que assume um papel predominante.

    A abordagem gestáltica da arteterapia foi introduzida no Brasil na década de 1980 por Selma Ciornai, uma terapeuta ocupacional formada em arteterapia em Israel e nos Estados Unidos. Em São Paulo, no início dos anos 1990, o Instituto Sedes Sapientiae estabeleceu um curso de formação em arteterapia.

    Já a Clínica Pomar, com ênfase na abordagem junguiana, foi fundada em 1982, no Rio de Janeiro, por um grupo que incluía Angela Filipini, psicóloga e arteterapeuta que ainda lidera essa iniciativa. Ao longo dos últimos 28 anos, a clínica tem se dedicado não apenas às atividades artísticas e terapêuticas, mas também à formação/educação de arteterapeutas e ao desenvolvimento de publicações que se tornam referência nessa área no país ( Albuquerque 2011).

    Arteterapia e Freud

    No campo específico da psicanálise, Freud se interessou em estabelecer relações entre arte e psicanálise, seguido por outros pesquisadores, como o psicanalista Pfister, que começou a incluir atividades artísticas em sessões terapêuticas (Ferraz, 1998 apud Albuquerque 2011).

    No campo da psicologia analítica, o psiquiatra Carl Gustav Jung começou a usar, a partir da década de 1920, recursos provenientes do campo da arte como parte do tratamento. Ele pedia aos pacientes que desenhassem seus sonhos ou situações conflitantes e considerava os desenhos como uma simbolização do inconsciente pessoal ou coletivo (Andrade, 2000 apud, Albuquerque 2011).

    A terapia artística é um recurso limitado nas câmaras de aconselhamento, desvendando-se como uma ferramenta valorosa para intervenções nos domínios da psicologia social, educacional, organizacional, saúde e hospitalar. O que aqui se revela é o potencial dessa forma de expressão artística como um veículo poderoso de manifestação da subjetividade humana, permitindo ao psicólogo e aos seus clientes, sejam eles individuais ou coletivos, acesso a conteúdo emocionais e de transformação através da própria atividade artística.

    Conflitos emocionais

    Diversos temas, desde traumas e conflitos emocionais até aspectos das relações interpessoais em grupo, perspectivas profissionais, questões de gênero e sexualidade, individualidade e coletividade, entre outros, podem ser explorados pelo psicólogo através da arte. É uma ferramenta que expande as possibilidades de expressão, indo além da abordagem tradicional baseada na linguagem falada

    O processo de individualização pode ser descrito como “a manifestação consciente e contínua de um indivíduo na complexidade paradoxal da psique” (STEIN, 2006, p. 84, apud Albuquerque 2011). Alcançar um estado de personalidade integrada e unificada é um notável feito humano.

    A arteterapia, ao oferecer suporte ao desenvolvimento da expressão do self e abordar a integração da sombra, do anima e do animus, desempenha um papel significativo nesse processo.

    Arte e psicanálise

    De acordo com Carvalho e Andrade (1995 apud Araújo 2022), as teorias de Freud e Jung nas décadas de 20 e 30 estabeleceram os alicerces para o desenvolvimento da arteterapia como uma área específica de intervenção. Eles recordam que Freud (1856-1939), ao analisar algumas obras de arte (como a escultura de Moisés, de Michelangelo), observou que elas revelavam aspectos inconscientes do artista, considerando-as como uma forma de comunicação simbólica e catarse.

    A concepção freudiana de que o inconsciente se manifesta por meio de imagens, como as que surgem nos sonhos, levou à compreensão de que as imagens produzidas na arte eram uma via privilegiada para o inconsciente, pois escapavam mais facilmente do controle do que as palavras. No entanto, apesar dessa descoberta importante, Freud não utilizou a arte como parte da psicoterapia.

    É importante enfatizar o trabalho de Nise da Silveira, uma psiquiatra brasileira que desde a década de 1940 vem explorando a expressão artística como uma fonte terapêutica no Centro Psiquiátrico Pedro II (Engenho de Dentro, Rio de Janeiro).

    A resistência

    Na época, sua resistência aos métodos tradicionais agressivos da psiquiatria levou-a a fundar, em 1946, o Departamento de Terapia Ocupacional (nome que ela não achava muito adequado) e, seis anos depois, o Museu da Imagem do Inconsciente. A maestria de seu trabalho chamou a atenção de Carl Gustav Jung, patrono da Psicologia Analítica, com quem ela começou a se corresponder por correspondência.

    Embora o trabalho de Nise da Silveira não possa ser limitado apenas ao campo da arte terapia, certamente trouxe contribuições significativas para essa área. No campo da arte terapia, existem diferentes referências teóricas oriundas da psicologia. Entre elas, destacam-se a abordagem junguiana (em consonância com esta tese) e a Gestalt-Terapia ( Albuquerque 2011).

    A ideia freudiana de que o inconsciente se expressa por meio de imagens, como aquelas que surgem nos sonhos, levou à compreensão de que as imagens criadas na arte são uma via privilegiada de acesso ao inconsciente, pois escapam mais facilmente à censura do que as palavras.

    O processo psicoterapêutico

    Apesar dessa importante descoberta, Freud não utilizou a arte como parte do processo psicoterapêutico. No entanto, ele reconheceu o valor da arte como fonte de inspiração e conhecimento da natureza humana, bem como o papel do artista como intérprete e criador de símbolos.

    Jung, discípulo de Freud, e posteriormente seguiu seu caminho deu uma contribuição fundamental para a arteterapia, introduzindo uma abordagem inovadora que reconhece a arte como uma forma de expressão terapêutica profunda e autêntica.

    Ele enfatizou a importância da simbologia, do inconsciente coletivo e da transformação por meio da arte. Através do desenho livre e outras formas de manifestação artística, os indivíduos têm a oportunidade de explorar seu mundo interior, acessar conteúdos inconscientes e promover sua própria cura e crescimento pessoal.

    A matriz junguiana

    A abordagem junguiana ampliou o escopo da arteterapia, permitindo uma compreensão mais holística e integrativa da expressão artística como uma ferramenta terapêutica poderosa.

    A arteterapia de matriz junguiana se baseou nessas referências conceituais e construiu seu método de trabalho ao longo dos últimos cinquenta anos. Proporcionar, no contexto terapêutico, possibilidades de contato com as funções psicológicas de acordo com a dinâmica vivida por cada indivíduo é uma promissora via na arteterapia. Eis alguns exemplos plausíveis no tratamento dos quatro elementos na indicação de materiais, técnicas para as propostas ao artista ( Albuquerque 2011).

    A partir da corrente freudiana e junguiana, a utilização da arte como instrumento terapêutico gradualmente conquistou espaço. A educadora norte-americana Margareth Naumburg (1890-1983) pode ser considerada a pioneira da arteterapia, uma vez que foi a responsável por sistematizá-la em 1941 (Andrade, 1995, 2000. Apud por Reis 2009).

    Representações pictóricas

    Seu trabalho, intitulado Arteterapia de orientação dinâmica, foi desenvolvido com base na teoria psicanalítica (Naumburg, 1966 apud por Reis 2009). Nessa abordagem, as técnicas de arteterapia têm o objetivo de facilitar a projeção de conflitos inconscientes em representações pictóricas, sendo esse material sujeito à interpretação conforme o modelo teórico proposto por Freud.

    A partir da perspectiva psicanalítica, o simbolismo psíquico intrínseco e complexo, que permeia as relações entre indivíduos e instituições. Nessa abordagem, os especialistas se dedicam à construção de representações simbólicas visuais, visando compreender a conexão significativa entre diferentes domínios e intermediários.

    Essa análise destaca a importância do estudo aprofundado das imagens simbólicas, a fim de fornecer um sistema autônomo de organização e facilitar a compreensão da complexidade e das interações intrínsecas. (Reis 2009)

    O inconsciente, o paciente e o terapeuta

    Margaret Naumburg foi uma das pioneiras da arteterapia, desenvolvendo uma abordagem dinâmica baseada na psicanálise. Inicialmente envolvida na educação, juntamente com sua irmã Florence Cane, ela utilizou os princípios da arte-educação para transformar a arte em uma ferramenta terapêutica.

    Naumburg acreditava que a expressão artística funcionava como um espelho que refletia os conteúdos do inconsciente, permitindo a comunicação simbólica entre o paciente e o terapeuta. Ela enfatizava que as imagens produzidas na arte eram uma forma poderosa de expressar os conflitos internos, os sonhos, as fantasias e os traumas vivenciados pelo indivíduo.

    Ao promover a verbalização e a compreensão dessas produções artísticas, a arteterapia tinha o potencial de auxiliar na cura e no crescimento pessoal. A contribuição de Naumburg na arteterapia ressalta a importância da arte como uma ferramenta terapêutica eficaz na exploração do inconsciente e na promoção do autoconhecimento.

    O contexto transferencial

    Naumburg defendeu que todo indivíduo, independentemente de ter ou não treinamento artístico, possui a capacidade de projetar seus conflitos internos em formas visuais. Nessa abordagem, a interpretação da expressão artística ocorre sempre em um contexto transferencial, no qual o paciente é estimulado pelo terapeuta a descobrir o significado de suas produções, utilizando a associação livre para expressar verbalmente os sentimentos e pensamentos projetados nas imagens pictóricas.

    Segundo Naumburg, apud por Reis 2009 a arteterapia pode auxiliar na redução do sofrimento e do transfer negativo, pois “as imagens objetivadas funcionam como uma comunicação simbólica imediata, que supera as dificuldades inerentes à linguagem verbal”. Outro aspecto importante na arteterapia psicanalítica é a concepção da arte como forma de sublimação, conforme proposto por Freud.

    A sublimação é o processo pelo qual os impulsos são desviados de sua meta original, de natureza sexual, e utilizados em atividades culturais, como a criação artística ou a pesquisa intelectual, com o objetivo de alcançar objetos socialmente valorizados (Laplanche & Pontalis, 1998).

    A sublimação e a arteterapia

    Outro aspecto importante na arteterapia psicanalítica é a concepção da arte como forma de sublimação, conforme proposto por Freud. A sublimação é o processo pelo qual os impulsos são desviados de sua meta original, de natureza sexual, e utilizados em atividades culturais, como a criação artística ou a pesquisa intelectual, com o objetivo de alcançar objetos socialmente valorizados (Laplanche & Pontalis, 1998).

    A arteterapia, além de estimular o potencial criativo e expressivo do indivíduo, busca integrar as quatro dimensões que compõem sua existência: terra, água, ar e fogo. Cada uma dessas dimensões representa aspectos fundamentais de nossa realidade e pode ser explorada por meio de diferentes formas de expressão artística.

    A dimensão terra abrange o corpo, a forma, a materialidade e a sensação de segurança. A dimensão água envolve as emoções, os afetos, a fluidez e a capacidade de adaptação. A dimensão ar está relacionada ao pensamento, à lógica, à linguagem e à clareza mental. Já a dimensão fogo se conecta à energia vital, ao desejo, à iniciativa e à capacidade de promover mudanças.

    Uma melhor qualidade de vida

    Através da arteterapia, esses elementos são harmonizados de maneira equilibrada e original, possibilitando o autoconhecimento, a comunicação efetiva e o desenvolvimento pleno do indivíduo.

    Obter a liberdade expressiva, a capacidade criativa e a autoria, é um importante passo na trajetória da busca da saúde e da qualidade na vida vivida. Esta é também a jornada de arteterapeutas, pois quem cuida também requer cuidados. A relação cotidiana (contínua) do nosso interior habitado com o que nos circunda nos demanda dinamismos e pertencimentos.

    No desenvolvimento psíquico não há progressão linear, há circumambulação, ou seja, aproximar-se do self circulando. Apresentam-se alguns exemplos viáveis no tratamento dos quatro elementos na indicação de materiais, técnicas para as propostas

    O teatro como terapia

    A origem e o desenvolvimento da terapia teatral, uma arte cênica com propósitos terapêuticos, que tem repercussões nas esferas social e psicológica, que busca estimular mudanças mentais e emocionais, permitindo aos participantes o enfrentamento de desafios e adversidades do dia a dia. Em oposição ao teatro psicoterapêutico, essa forma de terapia, por meio do uso de metáforas e técnicas de projeção, como a criação de personagens ou histórias, consegue estabelecer um certo afastamento entre os envolvidos e seus problemas, visando uma resolução gradual e sensível.

    O desenvolvimento da terapia teatral, uma atividade teatral com intenção terapêutica que visa promover mudanças psicológicas e emocionais, permitindo aos participantes lidar com dificuldades e problemas do cotidiano. Diferente do teatro psicológico, essa forma de terapia utiliza metáforas e técnicas de projeção, como o uso de personagens ou histórias, para criar uma distância entre os participantes e seus problemas, buscando uma resolução gradual. Destacam-se os autores Sue Jennings e Renee Emunah como importantes contribuidores nesse campo (Araújo, 2022)

    A terapia teatral é uma forma de intervenção psicossocial que utiliza o teatro como ferramenta de transformação pessoal e coletiva. A terapia teatral é dividida em três estágios principais: aquecimento, desenvolvimento e conclusão. No estágio de aquecimento, busca-se estabelecer a confiança entre os membros do grupo e prepará-los para expressarem-se, trazendo à tona os temas ou pontos de interesse do grupo.

    A dramatização e improvisação

    Geralmente, essa etapa envolve jogos que estimulam a interação espontânea entre todos, bem como exercícios de relaxamento, respiração e vocalização. No estágio de desenvolvimento, os participantes são convidados a explorar as suas emoções, sentimentos e conflitos por meio de técnicas teatrais como improvisação, dramatização, role-playing e storytelling.

    Nesse momento, o terapeuta teatral atua como facilitador, orientando o processo criativo e terapêutico do grupo. No estágio de conclusão, os participantes são incentivados a refletir sobre as suas experiências, compartilhar as suas impressões e aprendizados e avaliar os resultados da terapia teatral. Essa etapa visa consolidar os benefícios da terapia teatral, tais como aumento da autoestima, da autoexpressão, da comunicação, da empatia, da criatividade e da resolução de problemas.

    O estágio seguinte caracteriza-se por maior envolvimento e riscos assumidos pelos participantes, encorajando a exploração e expressão de seu mundo interior. Nessa fase, podem ser utilizadas diversas técnicas, como trabalho com textos, encenações ou improvisações, contação de histórias, uso de maquiagem, máscaras ou marionetes, trabalho com movimentos e sons, escultura ou jogos.

    A democratização do teatro

    O Teatro do Oprimido, criado por Augusto Boal nos anos 1970, surge como uma forma de teatro participativo, no qual o público é convidado a desempenhar um papel ativo na encenação. Boal buscava democratizar o teatro, subvertendo os rituais convencionais e promovendo o diálogo entre espectadores e atores.

    Essa abordagem teatral se entrelaça com a psicologia e o psicodrama, na medida em que busca refletir o passado e preparar o sujeito para o futuro. O método do Arco-Íris do Desejo, desenvolvido por Boal, permite que as pessoas expressem suas opressões internalizadas e as transformem por meio da criação artística.

    Ao longo de sua trajetória, Boal incorporou técnicas psicológicas em sua abordagem, focando no processo em detrimento do produto final. O Teatro do Oprimido passou a ser visto como uma modalidade de teatro psicológico, pois a política e a terapia são vistas intrinsecamente ligadas.

    O teatro do oprimido

    Através do Arco-Íris do Desejo, o Teatro do Oprimido oferece um espaço para a expressão das opressões individuais e coletivas. As narrativas pessoais dos participantes são transformadas em imagens e cenas compartilhadas, possibilitando uma análise à distância e a criação de um modelo livre de opressões individuais.

    Dessa forma, o Teatro do Oprimido se apresenta como uma poderosa ferramenta terapêutica, promovendo a reflexão, o diálogo e a transformação social por meio da arte e da participação ativa do público.

    Conclusão sobre a arteterapia

    A manifestação artística sempre acompanhou o homem desde seus primórdios ora imprimindo suas digitais no mundo para que seus descendentes pudessem saber e aprender como sobreviver e a partir disso criarem novas estratégias de sobrevivência e subsistência, ora conectando com o sagrado como forma de buscar sabedoria para explicar fenômenos da natureza. A arte nos reconecta a nossa essência, ao criador como diz parafraseando o papa João Paulo II “ o artista representa imagem e semelhança de Deus”, sendo assim, ela é um instrumento poderosíssimo para o tratamento e prevenção de diversas doenças psíquicas.

    Ao encontrar com o verdadeiro eu é possível remodelar por meio de simbologias expressas pelas projeções artísticas de forma objetiva e subjetiva em sua profunda nudeza de alma uma análise real do self. A expressão pura da alma revela-se no processo lúdico palpável pronto para que seja remodelado e reinventado conscientemente que antes era inconsciente.

    No que se refere a cura, creio que vá depender de infinitas variáveis a principal é o ‘querer’ não se pode beber água ou alimentar-se pelo outro, e por sua vez, depende de reconhecimento que há um problema a ser trabalhado, além de fatores bioquímicos e neuroquímicos.

    O subconsciente e a arteterapia

    Superando a variável citada acima, a arte vai despertar a criatividade algo perdido na infância que é fundamental e sempre esteve conosco desde o primórdios e que nos diferencia dos demais seres vivos, sem ela é improvável uma reconexão com eu ego escondido no subconsciente que não passa de um borrão, influenciado por pressões externas de imagens ideais.

    Se a expressão artística cura? Recorro a Michelangelo quando diz que retira os excessos do concreto para fazer uma escultura. A arte como um todo oportuniza que o analista guie o analisando a retirar todos os excessos do subconsciente para que remodele seu próprio “eu” se libertando do antigo e transformando em uma nova pessoa.

    Referências bibliográficas

    ALBUQUERQUE, Carla Pontes de. Ser e devir arteterapeuta: imagens que narram intensidades da jornada. 2011. 75 f. Monografia (Especialização em Arteterapia) POMAR/SPEI, Curitiba, 2011. Disponível em: https://www.arteterapia.org.br/pdfs/seredevirarteterapeuta.pdf. Acesso em: 21 jun. 2023

    ARAÚJO, A. I. P. Teatro e doença mental: o (ir)romper de novas formas de terapia. 2022. 115 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto, Porto, 2022. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/145341/2/591276.pdf. Acesso em: 27 jun. 2023

    OLIVEIRA, E. C. S.; ARAÚJO, M. F. Aproximações do Teatro do Oprimido com a Psicologia e o Psicodrama. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 25, n. 2, p. 238-251, jun. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/HGhymc65SpNCSR8qHV4mYyK/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 27 jun. 2023.

    OLIVEIRA, Urânia Auxiliadora Santos Maia de. O teatro épico e as peças didáticas de Bertolt Brecht: uma abordagem das mazelas sociais e a busca de uma significação política pelo teatro. [S.l.]: [s.n.], [s.d.]. Disponível em: https://www.ufrgs.br/ppgac/wp-content/uploads/2013/10/O-teatro-épico-e-as-peças-didáticas-de-Bertolt-Brecht__uma-abordagem-das-mazelas-sociais-e-a-busca-de-uma-significação-política-pelo-teatro.pdf. Acesso em: 19 jun. 2023.

    REIS, A. C. Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do psicólogo. Revista Brasileira de Arteterapia, v. 14, n. 27, p. 11-18, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/5vdgTHLvfkzynKFHnR84jqP/. Acesso em: 27 jan. 2023.

    ROJAS, Viviane Ramos. Teatro Terapia: Um estudo com jovens vulneráveis. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, 2019. Tese de doutorado. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/22546. Acesso em: 19 de junho de 2023, às 09:50.

    SEI, Maira Bonafé Arteterapia com famílias e psicanálise winnicottiana: uma proposta de intervenção em instituição de atendimento à violência familiar São Paulo USP 2009 Disponível em https://doceru.com/doc/snce5v Acesso em 27 jun 2023

    Este artigo sobre arteterapia foi escrito por Cleubson Neri ([email protected]), concluinte do curso de formação em psicanálise clínica.

    One thought on “Arteterapia: o que é, sua história e principais tipos

    1. Top, bem interessante. Obrigado por compartilhar

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *