livro As Brumas de Avalon

As Brumas de Avalon: 4 ideias do livro de Marion Zimmer Bradley

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As Brumas de Avalon, este clássico livro de fantasia, de Marion Zimmer Bradley, publicado em 1983, recentemente publicado em uma versão única, trata do universo mitológico, recontando as lendas arturianas. Principalmente sob uma vertente feminina, com destaque para personagem principal Morgana, que nesta história é contada não como uma personagem má, mas como símbolo de luta. 

A história gira em torno de conflitos religiosos entre o paganismo matriarcal e o cristianismo patriarcal. A autora mostra a história de forma a não existir o certo ou errado, mas sim mostrando como se chegar ao equilíbrio entre as crenças. Isso através de dois cenários distintos, Avalon e o reinado do Rei Arthur. 

Primeiramente, saiba que Avalon não é um lugar que existe de verdade. Trata-se de uma terra mística, uma ilha mitológica que, segundo a lenda, abrigava as sacerdotisas da antiga religião do povo que habitava a Bretanha, antes da chegada do Império Romano.  

Ideias do livro As Brumas de Avalon 

1. História do Império Romano

Como se sabe, a história mostra que o Império Romano da antiguidade foi o maior império já visto. Ocupou toda Europa Ocidental, parte do Oriente Médio, Norte da África e a então Ilha Bretanha, que foi um dos últimos territórios ocupados. Sendo nesta última onde remonta a trama de As Brumas de Avalon.  

Em suma, os povos que até então habitavam a Bretanha consideravam os romanos invasores, sobremaneira acerca da imposição da religião cristã. Para podermos nos localizar um pouco na história, vale recordar que o Império Romano perdurou entre os séculos 5 e 6. Então, quando este império começou a desmoronar, algumas ilhas da Bretanha já tinham absorvido a cultura romana e se convertido ao cristianismo.  

Entretanto, em paralelo, como o império romano ruiu, a Bretanha acabou por ficar sem um domínio e proteção. Assim, estava a mercê de invasões bárbaras, que eram temidas à época, do chamado povo Saxão.  

As Brumas de Avalon resumido

2. Cristianismo e a cultura celta

Em meio a uma Bretanha que não estava totalmente cristianizada, já existiam muitas pessoas convertidas, onde já se tinha muitos conventos e igrejas. Porém, ainda permaneciam resquícios de religiões dos povos locais, atrelados a cultura celta.  

Em suma, os celtas seguiam uma estrutura hierárquica e os druidas eram um dos mais influentes grupos, onde a sua fé tinha uma relação marcante com a natureza. 

3. Rei Arthur e Morgana: equilíbrio entre as religiões

Diante desse cenário de disputa religiosa surge a importante figura do Rei Arthur, que, segundo a lenda da mitologia britânica, foi o primeiro grande rei da Bretanha. Sendo ele o primeiro líder que conseguiu unificar os reinados e os povos de diferentes religiões que habitavam a ilha. 

Em paralelo, existia Avalon, a ilha mística que servia de reduto de sacerdotisas da antiga religião, onde se cultuava não um Deus, mas sim uma Deusa. Desse modo, era uma religião matriarcal, que coloca as mulheres no topo da hierarquia.  

Nesse ínterim, Avalon é uma terra sagrada, escondida aos olhares comuns, que só pode ser revelada através de magia. E nessa terra, protegida por brumas, que as sacerdotisas conseguem exercer a sua religião em paz, protegida por Morgana. 

Então, nesse contexto religioso e político, Marion Zimmer Bradley, em As Brumas de Avalon, misturando história com lendas, colocou Morgana e o Rei Arthur como irmãos, que seguiram caminhos diferentes.  

Morgana foi direcionada para virar uma sacerdotisa na ilha mágica de Avalon, passando a vida na defesa da religião dos seus antepassados. Ao passo que seu irmão, o Rei Arthur, acaba sendo escolhido como o grande Rei da Bretanha, sob a égide do cristianismo. Porém, um rei cristão que tenta pacificar o caos político e religioso existentes e, finalmente, trazer unidade para a Bretanha. 

4. Questões femininas da época

A condição feminina da época é bastante retratada no livro, mostrando um período em que as mulheres não tinham liberdade de escolha. E, de certo modo, eram vistas como objeto de poder para serem negociadas pelos homens.  

Assim, diante desse cenário, As Brumas de Avalon destaca Morgana, uma representante de uma religião antiga que coloca as mulheres como o topo da sociedade, protegendo uma religião matriarcal.  

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    Ou seja, o oposto do patriarcalismo, mostrando a história do livro as suas dificuldades em lidar com a situação enfrentada pelas mulheres. Afinal, Morgana não passa o tempo todo em Avalon, e, quando precisa ir a Corte do Rei Arthur sofre por essa condição feminina de inferioridade, sendo diversas vezes subjugada. 

    Principais personagens de As Brumas de Avalon 

    • Morgana:  

    Irmão de Arthur, Morgana cresce em Avalon, onde é treinada para ser uma grande sacerdotisa. Morgana, em diversas histórias é vista como má e obscura, porém, em As Brumas de Avalon é diferente. Ela se destaca por mostrar uma visão diferente para compreensão das coisas, lutando sempre para manter as crenças antigas acesas. 

    As brumas de Avalon trecho

    • Viviane (A Senhora do Lago): 

    Viviane, conhecida como a Senhora do Lago, foi quem treinou Morgana para ser uma grande sacerdotisa. Sendo assim, na história, ela é considerada a sacerdotisa mais importante, responsável por proteger a religião antiga em meio as tentativas de conversão e demonização de suas crenças. 

    • Rei Arthur:

    O primeiro grande rei da Bretanha, no livro o Rei Artur é retratado como um homem tolerante, que acredita que as pessoas com religiões diferentes podem viver pacificamente. 

    Nesse sentido, ele acredita que sua missão deles seja pacificar o convívio entre religiões diferentes, e, por isso, aceita em sua corte, como os seus conselheiros, não apenas padres cristãos, mas também ele aceita o aconselhamento de Merlin.  

    • Guinevere: 

    Esposa do Rei Arthur, na história de As Brumas de Avalon, é retratada como uma cristá extremamente devota, que teme as religiões pagãs. Dessa forma, ao longo da história do livro, tenta de várias formas convencer o marido a exterminar as demais religiões. Para que, assim, a Bretanha seja uma ilha unicamente cristã. 

    Além desses personagens, As Brumas de Avalon também traz figuras tradicionais das lendas arturianas. Como, por exemplo, Lancelotti, que é descrito como um descendente da antiga religião, primo de Morgana, que fica dividido entre os dois mundos (religião antiga e cristianismo). Além de outros diversos personagens que possuem um papel político importante na trama. 

    Resenha As Brumas de Avalon 

    As Brumas de Avalon é deve ser vista somente como uma história de conto de fadas, mas sim com pontos de reflexão para temas delicados e importantes. Como é o caso do casamento por conveniência. Além de outros temas marcantes, como, por exemplo, a homossexualidade, eutanásia, liberdade sexual, aborto, incesto, dentre outros. 

    Em suma, As Brumas de Avalon é um livro fascinante que nos conta a história do lendário Rei Arthur, seu círculo de Cavaleiros da Távola Redonda e sua luta para manter a paz no reino. A autora, Marion Zimmer Bradley, usa uma abordagem única para contar a história de forma a permitir ao leitor ver a narrativa através dos olhos de vários personagens, cada um com suas próprias motivações e desejos. 

    Portanto, o livro apresenta um enredo envolvente, personagens interessantes e um mundo mágico e misterioso. Assim, é uma obra-prima que desafia a imaginação e a criatividade, e que nos ensina a valorizar a importância do heroísmo, da compaixão e da amizade. 

    Então, você já leu este clássico? Nos conte o que achou do livro na caixinha de comentários logo abaixo. Ainda, se gostou deste artigo, não se esqueça de curtir e compartilhar em suas redes sociais. Assim, nos incentivará a continuar produzindo conteúdos de qualidade. 

    One thought on “As Brumas de Avalon: 4 ideias do livro de Marion Zimmer Bradley

    1. Poliana Falcão disse:

      Excelente texto!!! Sou uma apaixonada por todas as versões e visões do “mundo arthuriano”. Texto bem escrito, esclarecedor e espero que realmente provoquem curiosidade sobre essa obra tão magnifíca! Foi ela quem me fez apaixonar. Para quem gostar, indico demais a obra de T.H. White (O único e verdadeiro Rei). É conhecida como a versão definitiva da lenda arthuriana.

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