A homossexualidade tida como o relacionamento afetivo-sexual entre pessoas do mesmo sexo é tão antiga e sempre acompanhou a história da humanidade, havendo registros desse tipo de comportamento até mesmo entre povos selvagens e, na natureza entre os animais.
O enfoque e o conceito dado a homossexualidade são muito variáveis, visto de forma diferente pelos povos, tendo, porém em comum, o fato de nunca ter sido efetivamente legitimado.
História da Homossexualidade: Grécia
“Na Grécia antiga, o filosofo Sócrates (469-399 a.C.) era adepto do amor homossexual como a mais alta forma de inspiração para homens bem-pensantes e achava que o sexo heterossexual servia apenas para procriar” (RODRIGUES, 2004, p.38).
Agesilau (446-362 a. C.), rei de Esparta durante 41 anos, considerado até a derrota para os tebanos o maior e mais poderoso rei, quase um capitão-general da Grécia, também rendia suas homenagens aos amores masculinos, sendo um grande adepto do amor pelos adolescentes.
Alexandre, o Grande, era adepto de belas mulheres, mas nutria especial carinho por Hefastião e Cratera, que eram seus melhores amigos, que chegaram a duelar por ciúmes do seu imperador.
História da Homossexualidade em Roma
Em Roma, o lesbianismo afrontava a masculinidade, e a virilidade era a coisa mais sagrada para o cidadão. No Império Romano, dos doze imperadores romanos, apenas um (Cláudio) nunca teve relações homossexuais. Júlio César foi o mais famoso e aos 19 anos teve um relacionamento com o rei Nicomedes. A homossexualidade era algo encarado com a maior naturalidade, jamais interpretada como obscenidade.
Era normal os homens usarem perfumes, maquiagem para os olhos, alongar as sobrancelhas com carvão, e sempre estavam munidos de espelhos, usavam farinha para tornar as faces macias. A brincadeira preferida para esses homens era casarem uns com os outros, em alguns casos, até com dote para o suposto esposo. No início do século II houve uma tentativa de repressão à homossexualidade e indução a abstinência sexual, recomendada por médicos e filósofos.
A expectativa média de vida de um cidadão romano era de 25 anos, alegando que as causas eram os contatos dos corpos e paixões desmedidas. Além disso, acontecimentos políticos e religiosos faziam prever um futuro incerto para o império. Seu fim poderia estar próximo. Com a conversão de Constantino, o paganismo foi se fundindo à religião do imperador, e assim a homossexualidade foi colocada totalmente fora da lei e às vezes era punida brutalmente.
Homossexualidade em Portugal dos séculos XV e XVI
Portugal também não ficou indiferente à homossexualidade, com a repressão da Inquisição. No século XV foram promulgadas as Ordenações Afonsinas, leis que considerava a sodomia o pior dos pecados, reforçadas logo em seguida pelas ordenações Manuelitas, de 1521, e Filipinas, em 1606. Em 1536, a Inquisição é instaurada em Portugal, e Dom João II, era conhecido por suas preferências homoeróticas.
Idade Média e Renascença
Durante a Idade Média, a filosofia e a moral cristã, sombria, rígida e melancólica, dominaram a Europa, ocasionando uma época obscura e bárbara. Os manuscritos gregos, especialmente os de Platão- atingiram o ocidente após a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. Surgia a imprensa, uma força que contribuiu para o declínio do papado, com o reaviva mento cultural. O povo instruiu-se contra a influência clerical.
“Destruamos a imprensa ou ela nos destruirá” (1492). Os humanistas lutavam com tenacidade contra a opressão religiosa e a crença dogmática em Deus, seguindo a filosofia do autoconhecimento, que foi, na realidade, a primeira máxima dos gregos, pois na porta de entrada do templo de Apolo, em Delfos, está à inscrição até hoje “Conhece-te a ti mesmo”. A vasta adesão à cultura pagã, muito diferente do mundo estático da Santíssima Trindade, provocou uma nova concepção ao lado dos deuses gregos – multifacetados e cheios de nuanças- e alarmou a Igreja que, por seu turno, naturalmente completava tal prática como pagã e associada às coisas do demônio.
Essa luta surtiu efeito tanto que a homossexualidade se tornava passiva de penas mais leves e execuções mais raras. A ignorância e a racionalidade estavam sendo varridas, dando-se mais atenção à educação das crianças e também à educação popular.
O humanismo
Muitos humanistas se consideravam cristãos e acreditavam que o humanismo nada mais era do que o cristianismo interpretado corretamente. No Oriente puderam constatar que sodomia era uma prática comum e sem nenhum sentimento de vergonha.
No Japão, o budismo era amplamente aceito e o hábito da homossexualidade bastante popular, sob o nome de “shudo”, uma filosofia cujo conceito era o amor por meninos, aceita entre as classes de monges, samurais entre a burguesia. Embora o shudo tivesse alguns princípios de moralidade e espiritualidade, a homossexualidade não tinha restrições.
Colonização das Américas e a História da Homossexualidade
Os missionários que chegaram à América encontraram o mesmo panorama, de liberdade e sodomia. E na tentativa de obter um resultado melhor do que o obtido no Oriente, os colonizadores europeus procuraram implantar algumas regras de sua religião e conseguiram, mais o custo disso foi muito alto. Aonde eles chegavam sempre havia muita repressão, perseguição e morte aos homossexuais.
No Brasil colônia isso também não foi diferente, a homossexualidade era praticada, tanto na sociedade como entre os índios. Muitos colonos que chegavam de Portugal e encontravam mais liberdade, logo adotavam os costumes dos nossos nativos, implantando algumas novidades. Assim que Portugal tomou conhecimento, enviou a Primeira Visitação do Santo Ofício da Inquisição ao Brasil, mais especificamente na Bahia, em 1584.
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Por mais que a religião católica afirmasse aos seus fiéis que a sodomia era pecado, não conseguia impedir que ela fosse praticada. Daquela época temos o registro de inúmeros casos de sodomia em nosso país envolvendo altas personalidades.
Preconceito e história da homossexualidade
O preconceito é caracterizado pela dificuldade e até desrespeito acerca do novo, que não corresponde aos modelos internalizados. Um exemplo do ápice do preconceito é a homofobia, que consiste na não aceitação de pessoas homossexuais, a quem se endereça medo ou ódio.
A homofobia pode ser considerada uma doença a partir do momento que existe a dificuldade em reconhecer a diversidade da manifestação da sexualidade humana. Deste modo, o preconceito voltado para a diversidade sexual está intrinsecamente relacionado com os referenciais sobre sexualidade transmitida de geração em geração, como verdades absolutas, valores distorcidos, os quais, por sua vez, levam à intolerância, a discriminação e ao estabelecimento de formas exclusivas e segregacionistas frente a diversidade sexual.
O presente artigo foi escrito por Cesar Santos(cesar.santospsicanalista@
5 thoughts on “História da Homossexualidade: revisão através dos tempos”
Se tomarmos a Bíblia sobre o enfoque Adão e que Eva teria sido criada da costela dele, temos a ótica que hetero esteja mais inerente à reprodução humana do que a Sexualidade! Pela Antropologia, os mamilos teriam uma conotação de alimentação, no sentido de que na época que os homens caçavam, eram nomades, encontravam gente faminta em situações piores, onde os mamilos dos homens que tivessem conseguido caçar (nutridos) eram estimulados, inclusive por outros homens! Com a urbanização dos territórios longínquos, foi diminuindo tal prática, sendo considerado como cicatriz, os atuais mamilos, digamos assim. Mesmo assim, a prática homossexual, pode dar certa alteração nos mamilos, com certo aumento (natural) do percentual de prolactina/progesterona, no organismo masculino, bem como certa “excitação” na área! Em última análise somos seres únicos, sem uma sexualidade “matemática”, isto é, atingir o climax poderá ser na vagina, ereção peniana ou orgasmo prostatico! Portugueses possuem uma visão bem fisiologica de suas anatomias, talvez pelo peso da Igreja Católica: presumo ser o povo que mais busque tornar inerente gênero e atração, exemplificando: advogar a causa transgenera! Não assimilam muito uma relação cisgenera homossexual, em especial, peludos com voz grossa ou não feminilizada! Se for manter-se peludo, usa vestido ou maquiagem, por exemplo!
Excelente informações Geraldo. Obrigado pelo enriquecimento das informações.
Disponha! A Sociedade Não chegou aos nossos dias, Sem trazer a História das gerações anteriores! Noutra ponta, tem o fato ocorrido ontem, ao final do jornal, de emissora do grupo Record, em que um veterano jornalista ao comentar sobre o eleitorado brasileiro e, também o catarinense, ter mais mulheres, se conteve ao completar o pensamento de em SC não termos candidatas a governadoras, sendo o Estado com nome feminino e se conteve para não pronunciar Santa! Ainda pensei será que próximo aos 70 anos, ele tem essa necessidade de “censura religiosa” implícita? Podendo ter seu espaço em site, como propõe esse site, que permite a gente interagir!
Esse tema é instigante e gera debates e reflexões, mas tenho me posicionado a favor da teoria da evolução psicossexual, onde a ‘catexis’ ou energia pulsional fica retida numa fase e isso vale também para as demais ‘parafilias’ e a pessoa vai expressar até inconscientemente os atributos daquela fase, seja ela, oral, anal, genital, fálica; são pessoas que não conseguiram ser resolvidas ou seja chegar no édipo/electra e ir para fase madura. Não é doença, concordo, mas é a pulsão retida, não fluiu. Aceito essa teoria do S Freud (1856-1939) como a mais proeminente evidente que ainda não decisiva. Até porque ainda não surgiu uma nova teoria. E tudo tem teorias. Por ex, na DA, Doença de Alzheimer, fico com a teoria das placas beta-amilóides e proteína tau, onde por hora usam o cloridrato de mamentina, para pelo menos estabilizar e recorrem a exame do liquor (coluna) para monitorar. E já tem uma nova droga em teste, o ‘aducanumabe’, em teste, aprovado pela FDA/EUA. Mas, vejam, em tudo tem uma teoria que temos que optar. Nessa questão das parafilias, voltando ao case, e coloco o homossexualismo masc/fem como parafilia ou transtorno de parafilia onde a teoria da evolução psicossexual tem sido a mais eficaz por hora, em explicar o fenômeno dessa condição existencial que não é doença como queriam no CID e tal. Houve uma evolução no código internacional das doenças. Recordo que um grupo que investigava a situação convidou muitos para ajudar a explicar porque sabiam da teoria psicossexual da Psicanálise mas poucos eram habilitados a tentar desvendar, e hoje em dia, tem que ter a interface multi, pluri, trans, meta, poli disciplinar além da interdisciplilnar. Igual a chamada maldade nata, onde a explicação estaria lá na formação do ‘id’, quando o tânatos é maior que o eros. A taxa de tânatos é que vai regular se a pessoa é mais má ou boa, segundo nossas culturas. Na India, comentam que é o lugar onde a taxa de eros é maior no psíquico até porque eles tem a teoria da reencarnação muito forte teoria do karma. Só que defendem a mentempsicose, ou seja, passagem pela fase animal. Outros países, tem a teoria do karma sem a passagem pela existência animal, e depois surgiu a teoria francesa no coração da Europa, o kardecismo do Allan Kardec e tal. E tem a teoria da ressuscitação (cristã) e a teoria da arrebatação, esta mais ligada aos evangélicos. Isso tudo afetou as conclusões. Vejam que usando a teoria espiritual, muitos dizem, que reencarnaram em corpo diferente, tendo a alma diferente. Nos EUA um gay argumentou que sua alma é feminina e que reencarnou num corpo masculino o que suscitou estudos. É algo que demanda estudos e pesquisas. Porém, ainda assim, a teoria da evolução psicossexual do Freud tem sido um clássico tremendamente atual comentam. Isso merece muita pesquisa. Canadá vinha se destacando nessas pesquisas anos atrás. Outros acham que é cultural, outros acham que é genético, hereditário, enfim. As teorias elas tendem a se encontrar e se chocar para um debate dialético. O tema esta e continuará ainda por anos a fio estando na galeria do mix dos temas instigantes que merecem muita investigação maturidade para ser abordado. Segue a contribuição para reflexão.
Muito bom artigo,parabéns! Os tempos mudaram mas, os vícios e costumes, não!