Autismo

Autismo na psicanálise

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Para embasarmos as informações sobre o Autismo na psicanálise primeiramente descreverei um pouco os aspectos deste transtorno.

O que é o TEA (Transtorno do Espectro Autista) ?

Definido pelo DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) “É um distúrbio do neurodesenvolvimento, caracterizado pelas dificuldades de comunicação e interação social e também os comportamentos restritos e repetitivos.” ou seja, um desenvolvimento atípico, com manifestações de padrões comportamentais repetitivos e déficits na comunicação e na interação social.

Gene do autismo

Como sabemos os genes são os responsáveis por nossos traços específicos, tais como altura, cor dos olhos, cor dos cabelos, bem como pela pré-disposição à alguma doença ou transtorno.

Em 2010, com a comprovação de que o distúrbio é altamente herdável (passa facilmente de pai para filho), revelou-se o fator genético como presente no TEA. Qual é a parte do cérebro afetada pelo autismo?

O cerebelo, a amígdala e o hipocampo, entre outras, foram denominadas as principais estruturas cerebrais relacionadas ao autismo.

Diagnóstico

Já se sabe que quanto mais cedo é diagnosticado o autismo na criança, quanto mais terapias sejam possíveis oferecer-lhe, mais desenvolvida a mesma se tornará e, consequentemente, virá a levar uma vida social mais adequada.

A psicanálise leva em consideração a relação do autista com seus interesses específicos e por este motivo pode contribuir para o tratamento do autismo com suas terapias complementares, tais como o estímulo ao comportamento social, o estímulo ao contato visual e à comunicação funcional (onde há troca de mensagens entre as partes, bem como há entendimento das mesmas). A terapia ajuda ainda a incentivar a leitura, a escrita e o aprendizado em geral. Na terapia o autista aprende a viver da forma mais funcional possível, dentro de suas limitações físicas e mentais.

Aqui faço um adendo em relação aos níveis de autismo que são hoje conhecidos e reconhecidos. São três: Leve, onde há pouca necessidade de intervenção, moderado, onde há um nível maior de necessidade de intervenção terapêutica e Severo, onde a intervenção deve ocorrer de forma constante e intensa.

Casos de autismo

Houve um aumento dos casos de autismo? na verdade o que houve foi uma reforma psiquiátrica onde os critérios de avaliação foram ampliados e passaram a indicar os Transtornos do Espectro Autista, bem como houve mais treinamento para os profissionais de diversas áreas que atendem o autismo.

Psicanálise e autismo, métodos de tratamento

Embora a aplicação da psicanálise não seja muito divulgada, a pesquisa clínica do autismo iniciou-se na década de 50.

Há alguns métodos de tratamento que vêm sendo buscados pelos pais, familiares e/ou cuidadores de autistas. Além do ABA (Applied Behavior Analysis ) podemos citar o TEACCH (Tratamento e educação para autistas e crianças com déficits de comunicação) e o PECS (Picture Exchange Communication System – Sistema de comunicação por troca de imagem).

As terapias mais buscadas para estimular o desenvolvimento do autista são, fisioterapia, tratamento com fonoaudiólogo, acompanhamento pedagógico, terapia ocupacional, entre outros. Estes tratamentos ajudam o autista a ser inserido, de forma mais abrangente possível, ao contexto social em que vive, oferecendo à ele a oportunidade de obter independência e aceitação.

Tratamentos psicológicos para familiares, pais e cuidadores

Não só os autistas necessitam estímulos e tratamentos. Normalmente as mães são as primeiras a perceberem que seus filhos possuem algo de diferente, porém em grande parte, devido ao preconceito e por medo de serem consideradas malucas, não comentam e não buscam ajuda profissional para identificar o TEA.

Os pais, muitas vezes, não aceitam com facilidade o diagnóstico, pois sentem a necessidade de ouvir que seus filhos se desenvolverão e que tudo é uma questão de fase. Em um primeiro momento ocorre, por parte da mãe e do pai, a negação, pois há um choque da notícia. Quando se está esperando a chegada de um bebê não se pensa nesta possibilidade e muitos planos e sonhos são feitos nesta fase.

Com o diagnóstico há a quebra destes sonhos e o medo do futuro. Despois da negação vem a raiva, a impotência perante ao diagnóstico. Nesta fase os pais culpam terceiros (pediatras, ginecologistas, obstetras, etc.). A próxima fase é a culpa, a angústia que advém de pensamentos diários quanto ao fato de não ter tido a possiblidade de evitar este transtorno.

A aceitação do diagnóstico

Após a aceitação do diagnóstico vem a obsessão por ajudar seus filhos e os pais então buscam se inteirar dos detalhes do TEA e as diferentes formas de tratamento. Só então os pais aceitam a realidade.

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    A estabilidade dos pais e familiares é importantíssima para o progresso da criança e muitas vezes é necessário haver o acompanhamento psicológico dos mesmos, no intuito de “aliviar” a carga emocional que carregam e dar espaço à força necessária para o desenvolvimento de seus filhos.

    Autismo e a sociedade

    Ainda há muito preconceito em relação ao autista devido ao pouco conhecimento da sociedade do que ser autista ou ter um parente autista significa. A ignorância da sociedade quanto ao TEA faz com que haja um certo despreparo e este despreparo gera preconceitos e ações equivocadas, tais como a falta de prioridade, que é tão necessária, na fila de um banco ou no consultório de um dentista.

    Para ser capaz de suportar a pressão da sociedade os pais e os cuidadores devem se fortalecer emocional e psicologicamente e a melhor forma de conseguir este fortalecimento é através da terapia. Ser capaz de externalizar seus medos, suas culpas, seus pensamentos, e tudo o que temem, sem sofrer qualquer tipo de julgamento ou preconceito, favorece este fortalecimento e estimula a seguir a vida, buscando sempre o bem-estar da criança e familiar.

    Em suma pode-se dizer que há ainda muito o que descobrir e conhecer a respeito do TEA e qualquer ajuda na preparação e sustentação emocional de quem convive com o autismo, seja como cuidadores ou como autista, é essencial para desenvolver e estimular a convivência social.

    Artigo escrito por Adriana Gobbi([email protected]). Pedagoga, formada em Psicanálise Clínica.

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