A tolerância e a intolerância religiosa são conceitos complexos e muitas vezes mal compreendidos. É importante entender as diferenças entre esses dois fenômenos para promover uma convivência harmoniosa entre as diversas crenças e tradições. Neste artigo, discutiremos os conceitos de tolerância e intolerância religiosa, bem como os desafios e as oportunidades que surgem ao lidar com a diversidade religiosa.
Alguns sinônimos de ideias relacionadas ao assunto:
- Tolerância Religiosa: Respeito, aceitação, compreensão, empatia, acolhimento.
- Intolerância Religiosa: Discriminação, hostilidade, preconceito, violência, perseguição e exclusão.
Os tópicos abordados neste artigo vão falar de:
- O que é tolerância religiosa
- O que é intolerância religiosa
- Exemplos históricos de tolerância e intolerância religiosa
- Lições e benefícios da tolerância religiosa
- Recursos adicionais para aprofundar o tema
Diferenciando Tolerância e Intolerância Religiosa
Primeiramente, vamos entender o que é (e o que não é) cada um desses elementos. Para isso, faremos uma síntese bem enxuta.
O que é Tolerância Religiosa?
- É o respeito e aceitação das crenças e práticas religiosas dos outros.
O que é Intolerância Religiosa?
- É a discriminação, hostilidade ou perseguição com base nas crenças ou práticas religiosas de uma pessoa.
O que não é Tolerância Religiosa?
- Não é concordar e seguir todas as crenças, regras e práticas religiosas. Afinal, é possível discordar de ideias religiosas, mas sem que isso implique em segregação e violência.
O que não é Intolerância Religiosa?
- Não é discordar respeitosamente das crenças e práticas religiosas dos outros.
É importante reforçar que pessoas que não tenham crenças (como ateus ou agnósticos) também devem ser respeitados. Não faria sentido defender a tolerância, se as pessoas não-crentes não forem toleradas pelas pessoas crentes.
Exemplos Históricos de Tolerância e Intolerância Religiosa
A título de ilustração histórica, veja cinco exemplos (negativos e positivos) sobre o assunto:
- Édito de Milão (313 d.C.): O imperador romano Constantino promulgou o édito que garantia a liberdade religiosa a todos os cidadãos do Império Romano. Isso acabou com a perseguição aos cristãos e marcando um passo importante na história da tolerância religiosa.
- Expulsão dos judeus da Espanha (1492): Os reis católicos Fernando e Isabel expulsaram os judeus da Espanha. Forçou-os a se converterem ao cristianismo ou a deixarem o país. Esse ato de intolerância religiosa teve consequências duradouras para a comunidade judaica.
- Colonização das Américas (a partir de 1492): A colonização das Américas pelos europeus levou à conversão forçada e à destruição de culturas e crenças religiosas indígenas. Trata-se de um exemplo de intolerância religiosa em larga escala, devastando culturas e vidas.
- Iluminismo (séculos XVII e XVIII): O Iluminismo promoveu o pensamento racional e o questionamento das tradições, incluindo a religião. Muitos pensadores iluministas defendiam a liberdade religiosa e a tolerância, como John Locke e Voltaire.
- Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948): A liberdade religiosa é garantida no Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esta foi uma conquista histórica para a promoção da tolerância religiosa em todo o mundo.
- Movimento ecumênico: O movimento ecumênico, que busca a unidade entre diferentes denominações cristãs. Este é um exemplo de tolerância religiosa e cooperação entre diferentes tradições religiosas.
- Diálogo inter-religioso: Iniciativas como o Parlamento das Religiões do Mundo promovem o diálogo e a cooperação entre diferentes tradições religiosas> Isso é um incentivo à tolerância e à compreensão mútua.
- Atentados terroristas em nome da religião: Atos de violência e terrorismo realizados em nome da religião são exemplos extremos de intolerância religiosa.
- Genocídio em Ruanda (1994): A violência étnica e religiosa entre os grupos hutu e tutsi em Ruanda resultou no assassinato de aproximadamente 800.000 pessoas. É um triste exemplo das terríveis consequências da intolerância.
- Caso Salman Rushdie (1989): A publicação do romance “Os Versos Satânicos” provocou a ira do líder supremo do Irã, aiatolá Khomeini. Este emitiu uma “fatwa” pedindo a morte do autor Salman Rushdie.
- Índia: A violência entre hindus e muçulmanos é um exemplo de intolerância religiosa que ocorre há séculos na Índia, resultando em conflitos e mortes.
- Cristãos no Oriente Médio: A perseguição aos cristãos no Oriente Médio.
- Projeto de Lei da Apostasia na Nigéria (2008): Na Nigéria, um projeto de lei que tornaria a apostasia, ou seja, o abandono da fé islâmica, um crime punível com a morte. Isso gerou controvérsia e preocupação com a intolerância religiosa no país.
- Direitos LGBTQ+ e religião: Em muitos países, o reconhecimento dos direitos das pessoas LGBTQ+ levou a debates sobre a liberdade religiosa e a tolerância. Algumas comunidades religiosas se opuseram às mudanças por motivos doutrinários. Por outro lado, existiram comunidades religiosas mais progressistas que decidiram não discriminar pessoas por suas diferentes orientações sexuais.
- Aung San Suu Kyi e a crise dos rohingyas (2017): A líder birmanesa Aung San Suu Kyi foi criticada por sua resposta à violência contra a minoria muçulmana rohingya. Esse fato resultou em um êxodo em massa e acusações de limpeza étnica. A crise dos rohingyas é um exemplo de intolerância religiosa e étnica em um contexto contemporâneo.
Esses exemplos ilustram a complexidade das questões envolvendo tolerância e intolerância religiosa ao longo da história e em diferentes culturas. A promoção da tolerância religiosa e do respeito às diferenças é fundamental para a construção de sociedades mais justas e inclusivas.
Perspectivas de Diferentes Autores sobre Tolerância Religiosa
Alguns exemplos de líderes e pensadores que atuaram na temática da tolerância religiosa.
- John Locke (filósofo inglês): Defendeu a tolerância religiosa como um direito humano fundamental.
- Voltaire (filósofo francês): Criticou a intolerância religiosa e defendeu a liberdade de expressão e de crença.
- Jean-Jacques Rousseau (filósofo suíço): Acreditava que a tolerância religiosa deveria ser promovida, mas também reconhecia a necessidade de limites.
- Malala Yousafzai (ativista paquistanesa): Luta pelo direito à educação e pela promoção da tolerância e da compreensão entre as diferentes tradições religiosas.
- Desmond Tutu (arcebispo sul-africano): Defende a reconciliação e a cooperação entre pessoas de diferentes crenças e tradições religiosas.
- Mahatma Gandhi (líder indiano): Enfatizou a importância do respeito mútuo e do diálogo entre as diferentes tradições religiosas.
- Martin Luther King Jr. (pastor líder dos direitos civis nos EUA): Lutou contra a discriminação racial e religiosa e defendeu a igualdade e a justiça para todos.
- Karen Armstrong (escritora e historiadora britânica): Aborda a importância da compaixão e da empatia na promoção da tolerância religiosa.
- Dalai Lama (líder espiritual tibetano): Defende a importância do diálogo inter-religioso e do respeito mútuo entre as diferentes tradições religiosas.
- Elie Wiesel (escritor e sobrevivente do Holocausto): Fala sobre a importância de combater a intolerância religiosa e promover a paz e a compreensão entre as diversas crenças.
Relação deste tema na prática clínica psicanalítica
Esta diferenciação entre tolerância e intolerância religiosa também pode ser analisada sob a perspectiva da psicanálise e da psicologia. Para isso, podemos retomar alguns conceitos-chave dessas áreas e a prática clínica.
Aqui estão cinco conceitos que podem ser relacionados ao tema:
Transferência e Contratransferência
A transferência é a projeção de sentimentos e desejos inconscientes do paciente sobre o terapeuta. A contratransferência ocorre quando o terapeuta projeta seus próprios sentimentos e desejos inconscientes no paciente. Esses conceitos são relevantes na abordagem da tolerância religiosa. Isso porque ambas as partes podem querer influenciar a forma como o outro entende a religião, a espiritualidade ou até mesmo a não-espiritualidade.
O respeito é a palavra de ordem, sem tentar fazer uma psicanálise religiosa. Mas também sem a necessidade de pregar absolutamente contra todas as formas de espiritualidade.
Complexo de Édipo
Esse conceito freudiano se refere ao conjunto de sentimentos e desejos que surgem na infância. O complexo de Édipo influencia o desenvolvimento psiquico do sujeito. A relação entre tolerância e intolerância religiosa pode ser analisada pelo viés edipiano. Especialmente se as crenças, práticas e imposições religiosas da família estiverem envolvidas na formação do conflito edípico.
Mecanismos de Defesa
São estratégias inconscientes que os indivíduos utilizam para lidar com sentimentos ou pensamentos difíceis de aceitar. Desempenham um papel importante ao influenciar a maneira como as pessoas lidam com conflitos de crenças e a forma como reagem à diversidade religiosa.
Identificação
É um processo psicológico pelo qual um indivíduo se identifica com outra pessoa. Com isso, adota características, crenças ou comportamentos dessa pessoa. A identificação pode contribuir para a formação de identidades religiosas. E, por consequência, afetar a forma como os indivíduos reagem a outras crenças e não-crenças.
Aliança Terapêutica ou Par Analítico
É a relação colaborativa e de confiança entre o terapeuta e o paciente, fundamental para o sucesso da terapia. O par analítico pode ser desafiado se houver discordância ou mal-entendidos sobre as crenças religiosas do paciente. Requer respeito e empatia, independentemente das diferenças religiosas.
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Frases Sobre Tolerância e Intolerância Religiosa
- “A tolerância é o maior presente da mente; isso requer o mesmo esforço do cérebro que seria necessário para equilibrar-se em uma bicicleta.” (Helen Keller)
- “A intolerância é a marca de uma mente insegura.” (Mahatma Gandhi)
- “Tolerância não é indiferença devido à falta de convicção; é respeito pelo diferente e o reconhecimento de que a verdade tem muitas faces.” (Paulo Freire)
- “A intolerância religiosa é um convite ao ódio e à violência.” (Desmond Tutu)
- “A verdadeira liberdade requer a liberdade de errar.” (Mahatma Gandhi)
- “Se você é neutro em situações de injustiça, você escolheu o lado do opressor.” (Desmond Tutu)
- “Acreditar que o seu próprio caminho é o único caminho certo para todos é a raiz da intolerância.” (Dalai Lama)
- “A única maneira de garantir a liberdade para mim é garantir a liberdade para todos, inclusive para aqueles com quem eu discordo.” (Voltaire)
- “Tolerância é dar aos outros o direito de serem eles mesmos.” (Oscar Wilde)
- “A intolerância é uma forma de violência e um obstáculo à harmonia social e espiritual.” (Dalai Lama)
Lições e Benefícios da Tolerância Religiosa
- Promove a paz e a harmonia na sociedade.
- Encoraja o diálogo e a cooperação entre diferentes crenças e tradições.
- Combate o preconceito e a discriminação.
- Fortalece a compreensão e a empatia entre as pessoas.
- Contribui para o desenvolvimento pessoal e espiritual.
- Enriquece a diversidade cultural e a troca de ideias.
- Defende os direitos humanos e a dignidade de todas as pessoas.
- Estimula a reflexão crítica e o respeito à liberdade de pensamento.
- Facilita a resolução de conflitos e a reconciliação.
- Constrói uma base sólida para a justiça social e a igualdade.
Conclusão: a importância da tolerância religiosa
Entender a diferença entre tolerância e intolerância religiosa é fundamental para promover uma convivência pacífica e harmoniosa entre pessoas e tradições.
A tolerância religiosa envolve respeito, aceitação e empatia, enquanto a intolerância religiosa se manifesta como discriminação, hostilidade e perseguição. Através do diálogo, da compreensão mútua e da promoção dos direitos humanos, podemos construir uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.
Perguntas Frequentes sobre tolerância e intolerância
- O que é tolerância religiosa? Respeito e aceitação das crenças e práticas religiosas dos outros.
- O que é intolerância religiosa? Discriminação, hostilidade ou perseguição com base nas crenças ou práticas religiosas de uma pessoa.
- Por que é importante promover a tolerância religiosa? Para promover a paz, a harmonia e a compreensão entre pessoas de diferentes crenças e tradições.
- Como posso promover a tolerância religiosa? Através do diálogo, da empatia e do respeito mútuo entre diferentes tradições religiosas.
- Quais são alguns exemplos históricos de tolerância e intolerância religiosa? Rei Salomão e a construção do Templo de Jerusalém, as Cruzadas, o Édito de Milão, a Inquisição e o Iluminismo.
Materiais Recomendados
- Livro: “Uma História de Deus” de Karen Armstrong.
- Artigo: “The Power of Tolerance” por Desmond Tutu e Mpho Tutu.
- Documentário: “Além da Crença: Encontro com a Sabedoria em Religiões” por Peter Russell.
- Entidade: Interfaith Youth Core (IFYC) – uma organização que promove o diálogo inter-religioso e a cooperação entre jovens líderes de diferentes tradições religiosas.
- Organização: United Religions Initiative (URI) – uma rede global de cooperação inter-religiosa que visa promover a paz, a justiça e a cura para a Terra e todos os seus habitantes.
- Organização: The Parliament of the World’s Religions – uma organização internacional que promove o diálogo inter-religioso e a cooperação entre pessoas de diferentes tradições religiosas.
- Curso Online: “Promoting Tolerance: The Role of Religion” – um curso online gratuito que explora a importância da tolerância religiosa e as maneiras pelas quais as tradições religiosas podem contribuir para a promoção da tolerância e da paz.
Esperamos que este artigo tenha sido útil e esclarecedor para você. A compreensão das diferenças entre tolerância e intolerância religiosa é fundamental para promover um ambiente mais harmonioso e pacífico em nossa sociedade.
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1 thoughts on “Tolerância e intolerância religiosa: diferenças, definições, exemplos”
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