Um dos temas que as pessoas mais gostam de explorar em relacionamentos dos mais variados tipos é a reciprocidade. Caso você não saiba o que essa palavra significa, trata-se simplesmente de dar e receber. No entanto, essa não é uma coisa muito simples de fazer, não é mesmo? Nos relacionamentos, parece que cada um oferece o que tem e nem sempre o que é oferecido é satisfatório. É isso que discutirmos no artigo de hoje. Confira!
Reforçando a reciprocidade nas interações humanas comuns
Antes de discutirmos mais a fundo a ideia de que cada um oferece o que tem, precisamos explorar um pouco mais a noção do recíproco. Isso é uma necessidade real porque é muito comum achar que em uma relação em que há reciprocidade, todo mundo faz exatamente a mesma coisa. Isso não é verdade.
A ação recíproca, também conhecida como “dar e receber”, envolve um evento em que responde-se uma ação positiva com outra. Na língua portuguesa, por exemplo, a reciprocidade está presente em vocábulos cujos sentidos contrários expressam uma relação recíproca. Ao passo que uma pessoa “compra”, a outra “vende”. Mas quando você abraça e o abraço é recíproco, você é abraçado de volta.
No entanto, como dissemos, nem sempre a ação positiva recíproca será exatamente igual a ação positiva que foi feita primeiro. Quando alguém beija a sua testa, você pode sentir vontade de beijar a testa da pessoa. Mas não é necessário fazer isso para agir com um sentimento recíproco. Você pode responder ao estímulo com um “eu te amo” ou fazer algum outro carinho. A pessoa que desempenhou a primeira ação sentirá que foi correspondida.
A ligação entre expectativa e reciprocidade
Agora vamos pensar que a pessoa do exemplo acima realmente queira um beijo na testa de volta. Essa é uma expectativa que ela nutriu sobre o que seria o gesto recíproco ideal para aquilo que ela deu. No entanto, reforçamos que isso é o que ela quer, e não o que é recíproco.
É o desalinhamento entre a expectativa e o real que traz muitos problemas para relacionamentos variados. Não precisamos nos conter e falar apenas de relações homem-mulher.
Para que você consiga apreender melhor as nuances e complexidades do dar e receber, confira abaixo alguns exemplos! Neles, você verá que quando cada um oferece o que tem nem sempre isso é negativo. Na verdade, o problema está nas expectativas que foram construídas sobre o que deveria ser dado em retorno. Quando colocamos esse peso nas pessoas (e muitas vezes elas não sabem disso), atraímos muitos problemas.
Reciprocidade no relacionamento conjugal
Não é segredo para ninguém que para homens e mulheres as expectativas não são iguais em um relacionamento conjugal. Aqui nós nem vamos fazer referência a estereótipos sociais que não coincidem com a realidade. Não é verdade que todos os homens sentem mais desejo sexual por suas parceiras. Além disso, não é toda mulher que é mais emotiva e falante.
Cada pessoa tem uma personalidade diferente e os tipos de personalidades são tão amplos que jamais a dicotomia homem-mulher poderia dar conta de suas distinções. Assim, em um relacionamento, podemos sim ter uma mulher que tem muito mais libido e vontade de fazer sexo do que seu parceiro. Nesse caso, ela pode imaginar que suas investidas só são recebidas com reciprocidade quando o ato sexual ocorre.
Como já vimos, esse pensamento está completamente vinculado a uma expectativa que ela desenvolveu. Nesse caso, o conceito de reciprocidade desse casal não está em sintonia. O parceiro desta mulher pode nem saber que não agiu sendo recíproco. Para ele pode bastar um beijo ou apenas algumas carícias para sentir que satisfez sua esposa. Quando não há conversa, a situação piora ainda mais. A sujeira é varrida para debaixo do tapete por anos!
Amizade e reciprocidade
No caso da amizade, também é muito importante decidir o que é reciprocidade. Quando um amigo se sente desamparado pelo outro por algum motivo, sente que não recebeu a mesma coisa que deu. Assim, a tendência é dar uma conotação negativa à ideia de que cada um oferece o que tem. No entanto, reforçamos que é importante ter em mente que expectativas são frustradas muito facilmente na ausência de diálogo.
Como culpar alguém de não ser recíproco quando o acordo do que é reciprocidade habita na mente de uma pessoa só? Não é possível. Assim sendo, assim como em um casamento, é necessário conversar sobre o que significa ser amigo. Seu amigo ou amiga precisa saber o que esperar de você enquanto está nesse lugar. Não raro vemos pessoas na friendzone esperando por um algo a mais que nunca acontecerá.
Como estimular a reciprocidade no relacionamento com os filhos
Um dos relacionamentos que mais fere as pessoas é aquele desenvolvido entre pais e filhos. Na Psicanálise, discutimos com frequência o quanto o papel do pai e da mãe interfere na vida dos filhos por anos. Nos consultórios de psicanalistas ao redor do mundo, com certeza sempre há filhos feridos pela ausência de reciprocidade no relacionamento com os pais.
No entanto, o mesmo se observa na maneira como os pais percebem seus filhos também. Muitas vezes, pais controladores acabam se frustrando porque julgavam a escolha da carreira do filho uma ação recíproca. Assim, os filhos se frustram em carreiras que não teriam escolhido se não fosse para serem recíprocos com os pais. Nesse caso, cada um oferece o que tem e há reciprocidade em algum grau. No entanto, não há felicidade, o que é pior.
É possível se sentir menos ferido pela ausência de reciprocidade nos relacionamentos humanos?
Diante de tudo o que conversamos hoje, está muito claro que quando cada um oferece o que tem é possível ser feliz. Mesmo quando um parceiro não corresponde às investidas do outro, isso não significa que ele não esteja sendo recíproco. É entender isso que ajudará o casal a sentir-se menos ferido por cobranças ou expectativas frustradas. É no diálogo que nasce o equilíbrio que deixa ambas as partes nutridas e felizes.
Obviamente, o diálogo sincero também faz maravilha no relacionamento entre pais e filhos ou amigos. Quando uma pessoa sabe o que machuca, excita e entristece a outra, é capaz de exigir menos. Além disso, o conhecimento mútuo não diz respeito a você cobrar menos do outro. Essa informação também ajuda você a se doar mais para ver quem ama feliz, o que também te beneficia quando você precisa. É assim que conseguimos a reciprocidade verdadeira.
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Considerações finais: cada um oferece o que tem e nem sempre isso é bom
No texto de hoje, você viu que o conceito e reciprocidade está intimamente ligado às expectativas que as pessoas nutrem sobre seus relacionamentos. Quando há conversa e diálogo, cada um oferece o que tem e fica mais fácil exigir menos e se doar mais. Para aprender como fazer isso, conhecer a si mesmo e tratar os relacionamentos com mais tato, matricule-se em nosso curso online de Psicanálise Clínica. Podemos ajudá-lo com isso!