compulsão alimentar

Compulsão alimentar: tipos, causas e tratamentos

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Você sabe o que é compulsão alimentar?

Para alguns, o relacionamento com os alimentos pode assumir uma escala extremamente sensível e desagradável. O descontrole sobre a alimentação afeta gravemente a vida de muitos, colocando pessoas em risco severo.

Assim, tendo esse problema em vista, vamos entender o que é compulsão alimentar, as causas e seu tratamento!

O que é a compulsão alimentar?

Compulsão alimentar se trata de uma doença que envolve o impulso de comer, mesmo sem ter fome. O indivíduo busca a todo momento saciar uma fome sem fim, se mantendo próximo da comida sempre.

Nisso, quando não está fazendo uma refeição em ambiente propício, carrega lanches na bolsa ou recursos para comer sempre.

Esse tipo de comportamento costuma ser bastante destrutivo, já que não há uma válvula que regule a ação. Mesmo quando não há fome, a pessoa não vai deixar de se alimentar, mesmo satisfeita.

Os compulsivos costumam comer muita quantidade de comida em um curto espaço de tempo, algo até espantoso. Uma dieta recomendada de 2 000 calorias pode chegar a 15 000 sem qualquer dificuldade. Infelizmente, a única companheira presente nessas horas é a perda de controle insistente.

Causas

A compulsão alimentar é uma condição complexa, geralmente influenciada por uma combinação de fatores psicológicos, biológicos e sociais. As principais causas incluem:

1. Fatores psicológicos

Muitas vezes, a compulsão alimentar está ligada a questões emocionais. Estresse, ansiedade, depressão e baixa autoestima podem levar as pessoas a comer em excesso como uma forma de lidar com sentimentos negativos. Eventos traumáticos ou a pressão para se encaixar em padrões estéticos também podem influenciar esse comportamento.

2. Distúrbios alimentares

A compulsão alimentar pode ser parte de transtornos como o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), caracterizado por episódios de consumo de grandes quantidades de alimentos em curto tempo, seguido de sentimento de culpa ou vergonha. Diferente da bulimia, não há comportamento compensatório (como vômito).

3. Fatores biológicos

Alterações nos níveis de neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, que estão relacionadas ao prazer e ao bem-estar, podem aumentar a busca por alimentos como forma de aliviar desconfortos emocionais. Além disso, predisposição genética pode desempenhar um papel importante em como o corpo reage ao estresse e ao consumo alimentar.

4. Cultura alimentar e dietas restritivas

A pressão cultural para seguir dietas muito restritivas ou a busca por emagrecimento rápido pode resultar em episódios de compulsão alimentar. Isso ocorre quando o corpo responde à privação de alimentos com uma vontade descontrolada de comer em excesso. Esse ciclo de dieta e compulsão é comum e prejudicial.

5. Ambiente social

A disponibilidade de alimentos altamente palatáveis, ricos em açúcar e gordura, pode desencadear o desejo de comer em excesso. Além disso, hábitos alimentares familiares e influências sociais, como publicidade e redes sociais, podem reforçar comportamentos compulsivos.

6. Problemas hormonais

Desequilíbrios hormonais, como níveis alterados de insulina e leptina (hormônio que controla a fome), podem interferir na regulação da saciedade, levando a episódios de compulsão.

7. Sono insuficiente

A privação de sono está relacionada ao aumento do apetite e do desejo por alimentos ricos em carboidratos e gordura, o que pode contribuir para a compulsão alimentar. O sono desregulado afeta hormônios ligados à fome, como a grelina e a leptina.

8. Comportamentos aprendidos

Por fim, pessoas que associam comida com conforto ou recompensa podem desenvolver um padrão de compulsão ao longo da vida. O ato de comer para se sentir melhor, em vez de atender às necessidades fisiológicas, é um comportamento aprendido que pode ser difícil de quebrar.

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    O poder da baixa autoestima

    Indivíduos com baixa autoestima tendem a sofrer ainda mais com a compulsão alimentar. O descontrole com a comida alimenta diretamente a pouca confiança que qualquer pessoa pode ter de si mesma. Graças a isso, a forma como enxerga a sua imagem corporal se torna degradante e cada vez mais nociva.

    Há uma dor maior em relação a esse público quando pensam na fase que enfrentam. Isso porque eles tem plena consciência de que deveriam comer menos do que realmente ingerem. Entretanto, eles não conseguem fazer nada quanto a isso porque o controle escapa de suas mãos.

    Sentindo-se e até ganhando mais peso, o medo acaba empurrando a enfrentar dietas duvidosas e até perigosas. Enquanto alguns se privam da comida e passam fome, outros recorrem a remédios para tal meta. De todo modo, isso abre portas a outros problemas e agravamento da situação.

    Sintomas

    Os sintomas de compulsão alimentar denunciam um problema que, por vezes, permanece oculto para as outras pessoas. Por isso, se atentar a alguns sinais pode ser vital na ajuda de alguém. Observe se alguém:

    Come quando não tem fome

    É comum a esse grupo comer mesmo quando não há fome ou continuar a fazer quando está saciado. A raiz da compulsão é criar um mecanismo que gere um impulso automático de buscar a comida. Sem contar que o indivíduo pode comer muito rápido, o que causa desconforto ao corpo.

    Comer em segredo

    Quando alguém passa a comer em segredo, é porque alguém já tem chamado a sua atenção ou depreciado seu comportamento. Além de comer bastante à mesa, o mesmo acaba fazendo isso quando não há ninguém por perto. Dessa forma, a pessoa culpada passa a comer de madrugada, no quarto ou até em reuniões, se afastando do grupo para degustar algo em segredo.

    Sentir mal-estar ou culpa após comer

    Por fim, quando a consciência fala mais alto, o compulsivo demonstra uma grande culpa e mal-estar. O mesmo se arrepende de sua fraqueza, se condenando por não ter qualquer tipo de controle. Isso pode acentuar casos de depressão ou melancolia.

    A fala denuncia

    Tratando-se de compulsão alimentar, teste é algo muito simples a se fazer quando estamos desconfiados do dependente alimentar. O principal deles é prestar atenção em sua fala, já que a pessoa denuncia o que carrega por dentro. Por meio dos seus comentários é possível traçar um perfil a fim de confirmar as suas suspeitas.

    As mais comuns são “Já sou gordo e não vai fazer diferença”, “a comida me controla” ou “eu não consigo me controlar”. “Como bem na frente dos outros, mas em casa, sozinho, como muito quando ninguém me olha”. E até “quando sei que minha família vai sair, tento ficar em casa para comer sozinho”.

    Ainda que isso pareça comum, a fala inconsciente desse indivíduo mostra sua dura relação com a comida. Mesmo que isso seja difícil, é preciso convidá-lo a se abrir e expor voluntariamente o que passa para ser ajudado.

    O meio externo e os comentários maldosos

    Para quem está acima do peso, o mundo pode ser um lugar bastante desagradável de interagir. Ao longo dos séculos se alimentou um padrão de beleza nocivo e que não comporta esse público. Caso não seja magro, alto, cabelo liso e rosto perfeito, você não se encaixa.

    Pessoas com transtorno da compulsão alimentar periódica desenvolvem rapidamente um biotipo físico que foge ao padrão. E, claro, ficam expostas a comentários maldosos na rua ou estruturas públicas padronizadas. Quem nunca soube de alguém que ficou preso em uma catraca de ônibus ou sofreu discriminação pela imagem?

    Os comentários ou vexames aqui impactam de maneira cavalar no comportamento do indivíduo. Mais uma vez, a pressão e violência externa vão empurrar o compulsivo aos braços da comida.

    Tratamento

    Não é difícil saber como controlar a compulsão alimentar, ficando o maior desafio na execução. Entender como vencer a compulsão alimentar depende de uma série de esforços que não merecem desleixo. Tudo começa pela:

    Saúde mental

    Com a ajuda de um psiquiatra, o paciente vai trabalhar suas questões emocionais em relação à comida. Ele vai lidar melhor com seus sentimentos, controlar a sua autoestima e como comer de maneira saudável. Consequentemente isso ajudará:

    • A nutrir bons relacionamentos pessoais, buscando boas referências e suportes;
    • Saber dizer “não” à comida quando for preciso;
    • Como lidar com épocas festivas, como o Natal.

    Saúde física

    Alguns dos medicamentos podem ser utilizados para o controle de ansiedade ou mesmo para inibir o apetite. Uma dieta equilibrada feita com auxílio de nutricionista vai recondicionar o indivíduo a se alimentar adequadamente. A compulsão por doces, por exemplo, vai ser muito bem atendida.

    Considerações finais sobre compulsão alimentar

    Enfim, é difícil mensurar os estragos que a compulsão alimentar pode acarretar na vida de alguém. Sendo um meio de aliviar seus problemas internos, a comida se mostra essencial à sua sobrevivência ao mesmo tempo em que arrisca ela.

    Mesmo que isso não seja aberto a alguém próximo, é preciso ter consciência do problema para que se alcance uma ajuda especializada. É possível, sim, comer bem, satisfatoriamente sem que isso vire um espaço de declínio em sua vida. Aposte em si mesmo, no seu bem-estar e reveja a sua postura quanto ao que e quanto come.

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    One thought on “Compulsão alimentar: tipos, causas e tratamentos

    1. Mitchell Monegro disse:

      Olá. Estou a seguir todo o seu conteúdo há algum tempo. Está sempre bem fundamentado.

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