Hoje falaremos sobre a depressão. Atualmente, com tantas informações e conhecimentos acessíveis, é mais simples para muitos reconhecer uma depressão. Em tese, basta considerar algumas alterações óbvias e logo se dá um “diagnóstico”.
Entendendo sobre a depressão
Podemos notar, na maioria das redes sociais, um compartilhamento de dados que, de certa forma, facilita a compreensão do que é depressão. Geralmente, o que está errado é aquele que ousar dizer o contrário sobre o assunto, esse seria taxado como desumano.
Certo que nem tudo é frescura, como uns e outros costumam achar, mas e se eu te contar que, na verdade, nem tudo é depressão propriamente dita? Apesar de, em todos os casos, haver semelhanças, existem padrões distintos que apresentam variações. Cada uma dessas variações revela algo que nem sempre será um diagnóstico de depressão.
A depressão e padrões neuróticos
Falaremos aqui sobre as distinções e classificações de cada um desses padrões neuróticos. Faz-se importante entender antes o conceito de neurose, para em seguida enquadrar a depressão e qualquer padrão depressivo dentro desse conceito.
A neurose é uma condição patológica de origem psíquica, que basicamente é uma representação de defesa contra ideias insuportáveis para o indivíduo. Ela pode ser definida como doença de origem psíquica, e engloba fobias, obsessões, compulsões, amnésia e a depressão com suas variantes.
Podemos identificar a neurose como um conflito interno entre os impulsos do Id e os medos do superego, a presença de impulsos sexuais intensos, a incapacidade do ego de ajudar na superação de um conflito e de manifestação de uma ansiedade neurótica.
A neurose
Tendo entendido um pouco sobre a neurose, é também importante saber como ela se apresenta. Alfred Adler defendeu que as neuroses surgem de sentimentos de inferioridade, enquanto atualmente alguns médicos encontram explicações bioquímicas, em efeito, por exemplo, de substâncias encontradas em medicamentos que são inibidoras de algumas atividades cerebrais.
Você não verá facilmente o termo neurose sendo utilizado, por haver uma modificação na nomenclatura devido à crítica ao termo por parte de psicólogos que, por não usarem a abordagem psicanalítica o diagnóstico de neurose não tem sentido prático para eles, já que a definição de neurose é em essência ligado a Psicanálise.
Hoje vemos o diagnóstico de neurose ser dado descritivamente, onde se explica seus sintomas e efeitos e como afeta a vida do indivíduo. Um exemplo disso é o bem conhecido termo “Transtorno de ansiedade”.
A depressão e outras doenças
Em resumo, esse grupo de doenças, dados de forma descritiva, caracteriza-se como uma neurose por neles serem observados estados de apreensão, medo e incerteza com relação a situações reais e palpáveis ou irreais.
Outro fator bem determinante para detectar uma neurose é que o comportamento do indivíduo fica mais acentuado em diversas situações, tem mais intensidade diferente de uma pessoa em estado normal, e também esse indivíduo é incapaz de resolver um conflito de forma satisfatória.
Vale ressaltar que a neurose não incapacita o indivíduo, ele continua tendo capacidade racional e continua sendo funcional nos meios em que está inserido.
A ansiedade
Como dito antes, a neurose já não é mais utilizada como forma de diagnóstico, mas como o fator que compõe o diagnóstico propriamente dito, ou seja, resultante de condições como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo.
A proposta do texto é que você entenda que apesar das semelhanças, nem sempre um conjunto de sintomas está caracterizando uma depressão, por isso, quero apresentar outras manifestações neuróticas que possuem similaridades, mas não são depressões, apesar de que muitas delas, se não forem tratadas, podem evoluir.
Existem sintomas fisiológicos, comportamentais e cognitivos que irão classificar uma possível depressão. Os fisiológicos são, por exemplo, a fadiga, alterações no sono ou no apetite, desinteresse sexual entre outros.
A depressão e a automutilação
No cognitivo, seria a diminuição da experiência de prazer, tristeza contínua, sentimentos de vazio e culpa, diminuição da capacidade de pensar e resolver problemas, entre outros pontos também. Já no comportamental, seria a tentativa de suicídio, isolamento social, choro com frequência e automutilação.
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Apesar de todos esses fatores filtrarem de certo modo pessoas que estão acometidas de uma depressão, é preciso entender em que escala e intervalo que esses sintomas se apresentam, para aí então dar o diagnóstico correto.
Entender as vivências atuais do indivíduo, o conjunto de sintomas que o levam a um estado de tristeza, a duração e a intensidade desse estado, fará com que o profissional seja assertivo em diagnosticar seu paciente. E aqui temos um ponto importante, pois apenas um profissional saberá identificar corretamente o que para muitos é conhecido apenas como depressão.
Intensidade e sintomas
Além da depressão em si, também conhecida como depressão maior, que engloba todos os sintomas citados acima de uma forma mais agravante e severa. Também existe a distimia, caracterizada por uma depressão leve, prolongada, que dura em torno de dois anos.
Ela tem seus sintomas muito parecidos com a depressão maior, porém o que diferencia é a intensidade desses sintomas. Também existe a Depressão atípica, caracterizada por sentimentos intensos de rejeição que levam as pessoas a comer demais e dormir muito, além de estarem sempre indispostas.
Já outro tipo de depressão muito conhecida é a depressão pós-parto, modulada por diversos fatores hormonais, também se relaciona à ansiedade, frustração e medo da rejeição do companheiro.
O distúrbio afetivo sazonal
Em sequência, temos o Distúrbio afetivo sazonal (DAS), que eu particularmente acho bem curiosa, pois se apresenta anualmente, em épocas específicas, como, por exemplo, outono ou inverno.
Esse tipo de depressão está literalmente ligado à falta ou escassez da luz solar. Também temos a TPM como um tipo de depressão, nesse caso ela também é considerada uma depressão sazonal e está totalmente ligada a fatores hormonais.
E por fim temos o Pesar, que seria o Luto, esse não é considerado uma depressão em si, porém é importante destacar que devido a sua semelhança em sintomas com a Depressão maior, o pesar pode ser facilmente confundido, contudo, o pesar é uma resposta saudável da mente, sendo ela essencial para esse processo de perda.
Conclusão
Devido a suas muitas variações, se faz sempre necessário a compreensão e estudo de cada caso que parece uma depressão. Entender as causas, os fatores físicos, psicossociais e biológicos são extremamente importantes para um tratamento adequado.
Este artigo sobre a depressão e suas variações foi escrito por Zana Hitzschky. Siga-me no Instagram (@zana_geritza) para acompanhar meu progresso como estudante de Psicanálise.
1 thoughts on “Depressão e suas variações”
Em uma geração onde tudo é depressão, ter um diagnostico correto faz toda a diferença na vida de uma pessoa, hoje temos muito mais pessoas com algum tipo de neurose do que propriamente uma depressão.
Muitos jovens e adolescentes diagnosticados de forma superficial com depressão acabam piorando seu quadro, na verdade o que temos é uma geração ansiosa demais.