diálogo inconsciente

Do diálogo inconsciente e das suas repercussões

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Hoje falaremos sobre o diálogo inconsciente. A teoria psicanalítica confirma a dualidade do ser humano: por um lado temos um lado consciente e racional, que processa informações, analisa, julga e critica. E por outro lado, temos uma parte emocional. O inconsciente não obedece a uma lógica racional, e ainda assim, não é aleatório, mas tem um logos peculiar.

O objetivo principal da Psicanálise é ajudar a pessoa a fortalecer o Ego. Freud já afirmou que um Ego enfraquecido faz com que a pessoa seja acometida por transtornos psicopatológicos.

Entendendo sobre o diálogo inconsciente

A maioria dos pacientes que atendi nestes dois anos de atuação como psicanalista sofrem devido a um Superego “inflado” que, por sua vez, proporciona a hipotrofia do Ego. Trata-se de uma espécie de “briga por território” assim, como aquela que, no mundo exterior, acontece entre facções pelo controle do território suburbano, ou entre países, como é o caso do conflito atual entre Rússia e Ucrânia ou, também, aquele entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

As instâncias psíquicas podem desencadear uma situação de conflito intrapsíquico, onde um Superego hipertrofiado tende a “invadir” continuamente o território do Ego, reduzindo-o e enfraquecendo-o. Além disso, esta invasão força o Ego a repelir os conteúdos inconscientes procedentes do ID e movidos pela energia libidinal, o que impele o Ego a ativar seus mecanismos de defesa.

Na prática, isso gera um desgaste de energia psíquica que pode chegar a ser consistente. Resultado: ansiedade, mas também depressão, devido ao esgotamento ou exaustão da energia psíquica. A pessoa acometida por conflitos intrapsíquicos tende a ser desanimada, letárgica, com baixa autoestima, pouco entusiasmo, pouca disposição e pouco prazer de viver.

O diálogo inconsciente e o superego

Notadamente, o Superego é advindo da introjeção da “autoridade” parental (materna e paterna), como também, a autoridade escolar (professoras e professores, coordenadora, diretor/diretora escolar) e religiosa (padres, pastores etc), e eu acrescentaria também a autoridade midiática, ou seja, aqueles que, através da mídia, podem ser considerados pela criança como autoridade.

A este respeito, basta pensar no tom solene com o qual o âncora apresenta o jornal em determinada emissora da televisão. Cria-se, então, algo que simbolicamente, pode ser considerado uma espécie de vigia interior, um fiscal, um juiz, enfim, esta introjeção de regras, normas e bons costumes torna-se uma instância psíquica cuja responsabilidade é contrastar os conteúdos inconscientes de fundo agressivo e sexual, que se encontram no ID e, através da libido, “sobem” com o intuito de buscar a gratificação das referidas moções pulsionais (desejos) por meio do soma (corpo).

Quer dizer que esta energia carregada de desejos de natureza sexual e agressiva tende a descarregar no corpo. O Superego procura impedir tudo aquilo que é descabido pelo seu teor indecente ou agressivo, ou ao menos atrasar a sua descarga por meio do soma (corpo). Por exemplo, determinada carga sexual pode ser descarregada no corpo, mas apenas em determinados momentos, e não a qualquer hora ou em qualquer situação. Resumindo, a minha breve, mas intensa experiência como psicanalista (dois anos) confirma a teoria de Anna Freud referente às angústias.

Angústias e o id

De fato, a autora está certa quando afirma que a maioria das angústias dos adultos se referem ao Superego (angústia do Superego), enquanto as outras duas angústias são menos comuns (a angústia objetiva ocorre mais entre as crianças e a angústia do ID é menos típica entre a população adulta). De maneira dialógica e complementar à referida emancipação do Ego do paciente, acredito seja possível apontar outra finalidade da Psicanálise, que é a de levar o paciente a se tornar íntimo de seu subconsciente.

Afinal, para alcançar a referida autonomia psíquica do Ego e, consequentemente, manter as três instâncias psíquicas (ID, Ego e Superego) em harmonia, é preciso lembrar da Primeira Tópica freudiana e da famosa alegoria do Iceberg. Assim como é bem exemplificado por Freud, a consciência é como a ponta do iceberg, que é a parte visível da tal ilha de gelo. A maior parte fica submersa. E assim ocorre em nosso aparelho psíquico.

Voltando à Segunda Tópica e a tripartição que representa as mencionadas instâncias (ID, Ego e Superego), Freud destacou que o Ego e o Superego perpassam as três camadas apontadas na Primeira Tópica, a saber: Consciente, Pré-consciente e Inconsciente. Somente o ID é completamente inconsciente. Neste sentido, se a esfera consciente é apenas a “ponta do iceberg”, entende-se que a verdadeira emancipação psíquica passa pela intimidade que o paciente passa a ter com seu subconsciente (Pré-consciente e Inconsciente profundo). Isso leva um tempo, que depende do próprio paciente.

O subconsciente e o diálogo inconsciente

A Psicanálise leva a compreender que este ato de tornar-se íntimo do subconsciente é algo extremamente revolucionário e disruptivo. Afinal, não somos criados para sermos “amigos do inconsciente”, e sim, para sermos lógico-racionais. Ora, a nossa parte lógico-racional é consciente.

É por esta razão que as pessoas tendem a estranhar seus próprios conteúdos inconscientes. Notadamente, a projeção é uma defesa do Ego muito comum entre as pessoas, simplesmente pelo fato que é muito mais fácil “projetar” o desconhecido em terceiros, do que tornar-se íntimo dele até que o mesmo passe a ser familiar. O processo de familiarização com o desconhecido que há em nós comporta certa dificuldade de absorção, não é facilmente digerível e pode ser bastante amargo. O doce só vem depois.

Explicar isso para as pessoas não é fácil e, de fato, percebi que, porquanto “batida”, a metáfora apresentada pelo filme Matrix ainda representa um dos melhores exemplos. E a maioria das pessoas simplesmente toma a pílula azul, e faz questão de continuar a viver sua “vidinha” em automático, movida por padrões emocionais inconscientes e… reclamando do azar, de sua genética, das circunstâncias, e dos outros.

O abismo

Poucos, eu diria, pouquíssimos, aceitam o desafio de tomar a pílula vermelha ou, utilizando a metáfora dantesca, descer até o Abismo e começar pelo “Ades” para subir, assim como um salmão, até o Paraíso. Dante Alighieri escreveu algo profundamente psicanalítico: A Divina Comédia. Lamento estar reiterando as mesmas figuras que utilizei em outras publicações, mas ainda não encontrei analogias e metáforas melhores.

Morpheus em Matrix (o primeiro) diz que, se Neo escolher a pílula vermelha, “vai lhe mostrar o quão profunda é a toca do coelho”. Se existe uma metáfora mais freudiana do que essa, ainda desconheço. E com Jung (que também não canso de citar), é necessário “integrar a sombra”.

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    Pouquíssimos aceitam este desafio. E trata-se de um caminho sem volta. Aceitar significa não ser mais a mesma pessoa, ou para melhor dizer, equivale passar a não ser mais “parcial” e “superficial”. Integrar a sombra quer dizer se tornar mais íntegro, já que integrar a sombra é, afinal das contas, integrar a própria essência, a qual não se encontra em superfície, mas sim, em profundidade, no miolo de nosso ser psíquico.

    Freud e o diálogo inconsciente

    Considerando a estatística, entende-se a sagacidade de Freud, muitas vezes confundida (erroneamente) com a atitude de um soberbo, de um metido. Freud já tinha compreendido que, afinal das contas, Psicanálise é para poucos. Em realidade, potencialmente é para todos.

    Assim como afirma um dos preceitos da PNL, ou Programação Neurolinguística: “aquilo que uma pessoa fizer, qualquer outra pessoa pode fazer”. Porém, a questão é, justamente, o livre arbítrio, pois a maioria das pessoas que nos procura, pelo visto, quer aprender a nadar, mas não quer se molhar!

    Há os curiosos, há aqueles que acham “chique” entrar em análise, para falar em seus círculos sociais. Há os que até querem se “resolver”, mas assim que começam a tomar consciência do “lado obscuro da lua” (como o título da música e álbum do Pink Floyd) se mandam na carreira! Alguns desistem definitivamente, outros passam de um psicanalista para outro e, toda vez que chegam a certa altura do campeonato, somem, fogem, desaparecem.

    Abordagem psicoterápica

    Alguns até passam de uma abordagem psicoterápica para outra e, inclusive, é comum receber pacientes que já provaram de tudo, da psiquiatria para diversas linhas de psicologia e diversas terapias “alternativas”. Poucos fazem o nosso esforço valer a penas e, neste quesito, tanto Freud como Lacan, por meio, respectivamente, do “Tratamento de ensaio” e das “Entrevistas preliminares”, se “protegiam” de curiosos e outros pacientes inadequados, para não dizer inaptos.

    Afinal, a Psicanálise é uma ciência e uma arte que comporta a formação de uma dupla psicanalítica. Como costumo dizer às pessoas que me procuram, desde o primeiro contato, é como a prática esportiva do remo. Psicanalista e analisando estão num mesmo barco, onde um rema de um lado e o outro do lado oposto. Pessoalmente, sou um homem dotado de certa disposição, entusiasmo e vontade.

    Ou seja, remo com bastante vigor e, ao perceber que o barco está andando em círculo, um misto de raiva e desânimo toma conta do meu ser. Graças a Deus esta frustração dura pouco. Depois volto ao meu normal.

    O diálogo inconsciente e as frustrações

    A analogia do remo é significativa, porque é exatamente isso que fazem, terapeuta e paciente. Se só um remar, o barco vai andar em círculos. Ora, Freud era um cara muito ambicioso e não tolerava as frustrações. Gostava de ser bem sucedido. Logo, selecionava apenas pacientes aptos, dispostos a remar para aliviar seu sofrimento.

    O que dá raiva é que, qualquer pessoa acometida por qualquer tipo de aflição psíquica, deveria ter esta vontade, esta disposição de reduzir seu/s transtorno/s. Aqui, porquanto seja óbvio, ao ponto de beirar a banalidade, vale frisar que, infelizmente, a maioria das pessoas que me procuraram nestes dois anos, estavam procurando a solução no outro, ou seja, em mim, no terapeuta, e não em si mesmo/a.

    Sabemos que a cura é um processo interior e nós, psicanalistas, apenas facilitamos a ativação deste mecanismos. Em miúdos, com Freud, nós tão somente ajudamos a pessoa a reduzir o Tanatos (pulsão da morte) e a aumentar o Eros (pulsão da vida). Além do mais, sabemos também que os inconscientes, do analista e do analisando, dialogam entre si. E é normal que nós vejamos, antes do paciente, aquele desenho que, voltando à metáfora “matrixiana”: “ele precisa ver por si mesmo” (com seus próprios olhos).

    Conceito taoísta

    A análise proporciona a visão de “pontos”, ou utilizando outra metáfora, desta vez astronômica, “estrelas”. Uma estrela é apenas uma estrela, mas um conjunto de estrelas forma uma constelação. É este o desenho ao qual me referi. E sabemos que não podemos nos “empolgar”, partindo atrás de uma “pista”, de um “indício”, assim como (mas de forma diferente) ocorre no campo da investigação policial ou forense.

    Precisamos deixar que o “quebra-cabeça” se manifeste. Neste quesito, costumo falar aos pacientes sobre o conceito taoísta (que também já mencionei em artigos anteriormente publicados neste Blog/Portal) denominado Wu Wei. Trata-se de um fazer-sem fazer, ação na inação (e inação na ação).

    Outro exemplo que veio para mim é o reggae do artista jamaicano Dennis Brown intitulado “Sitting and watching” (sentando e observando). A “verdade” psíquica vai se manifestar por si só em toda sua complexidade. Esta foi a grande sacada de Freud.

    A hipnose e o diálogo inconsciente

    A Hipnose é interessante e permite sim, resolver questões menos profundas, localizadas em nível Pré-consciente. Mas para questões mais profundas, o “lance” é justamente sentar e observar (sem julgar, sem pressa e sem chegar logo às conclusões assim que aparecer uma “pista”).

    Outro reggae do qual não lembro o nome, aliás, um Ragga-jungle, diz “just let the truth manifest itself” (deixe que a verdade se manifeste por si só). Pois é, a verdade vem à tona, inclusive a verdade psíquica mais profunda.

    A integração da sombra, assim como fora apontado por Carl Gustav Jung, é justamente a absorção dos conteúdos profundos de nosso aparelho psíquico. A questão é que o ID (e as camadas inconscientes de Ego e Superego) é praticamente insondável. Essa coisa de dizer que o “subconsciente” (como é chamado atualmente) representa 90 ou 95% do aparelho psíquico é uma estimativa que, do ponto de vista científico, nem sequer tem como ser demonstrada.

    A Neurociência

    De acordo com os avanços no âmbito da Neurociência, o que eles chamam de sistema límbico (e principalmente as amígdalas) permite localizar e, de certa maneira, “mensurar”, aquilo que Freud tinha denominado de “Pré-consciente”. Mas onde fica o inconsciente, para não falar de sua extensão, ainda representa algo obscuro e, portanto, imensurável. Podemos afirmar se tratar da maior parte do aparelho psíquico, mas tentar quantificar representa uma mera especulação.

    Logo, a integração da sombra é um processo que podemos definir como “vitalício”, perpétuo, sem fim. O que é certo é que, quanto mais integramos a nossa sombra, quanto mais nos tornamos íntimos de nosso Subconsciente (pré-consciente e inconsciente profundo), melhor vivemos, mais íntegros nos tornamos e, ao mesmo tempo, quanto mais nos conhecemos e nos compreendemos a nós mesmos, mais conhecemos e compreendemos a alteridade, isto é, o outro, o próximo.

    Pessoas mal resolvidas tendem a estabelecer (quando as estabelecem) relações conflituosas com o próximo. O motivo se encontra nos conflitos intrapsíquicos, que esgotam a energia psíquica e, portanto, geram desânimo, impaciência e mau humor.

    O livre arbítrio

    Como já enfatizei acima, existe o livre arbítrio. Tanto que não podemos obrigar ninguém a “integrar a sombra”. Nem sequer podemos atender um paciente que nos foi trazido por um parente, como é o caso de uma mãe, um pai, ou uma esposa, um marido, um filho etc. O processo de cura interior só pode ser ativado se a pessoa assim o desejar, se ela permitir.

    A este respeito, sabemos que o chamado “ganho secundário” é algo que proporciona certo tipo de prazer inconsciente. Este conceito psicanalítico é fundamental para o avanço da análise.

    E não é nada fácil fazer entender às pessoas que tem algo dentro delas que impede a ativação do processo de cura porque, simplesmente, faz com que, de alguma forma inconsciente, a pessoa sinta prazer ao estar do jeito que ela está. Pode parecer até ofensivo, por nossa parte. E algum paciente pode até se irritar: “como assim, o Sr quer dizer que eu sinto prazer em ter depressão?”.

    O subconsciente e o diálogo inconsciente

    Por essa e por outras, precisamos ajudar o paciente a se tornar íntimo de seu subconsciente. Não adianta tentar compreender de forma racional aquilo que de racional não tem nada. Qual a lógica de ter prazer em sofrer? Do ponto de vista racional é muito difícil de se compreender. Mas quem disse que o logos racional é o único existente?

    E é justamente esta compreensão que representa o aspecto mais revolucionário e disruptivo da Psicanálise. Somos seres duais, e só a pontinha do iceberg é racional. Aquilo que está lá embaixo, a “sombra” (como é chamada por Jung) não é aleatória, não lhe falta uma lógica própria.

    Ela apenas não segue o logos racional, porque é movida por um logos outro. Não pela ausência total de um logos. O logos inconsciente é, ao mesmo tempo, emocional e, em sua esfera mais profunda, almeja a autopreservação.

    Análise do paciente

    Compreender qual o ganho secundário que sustenta determinado transtorno é fundamental para o sucesso da análise de um paciente. Porém, esta compreensão precisa passar pelo próprio paciente, que precisa se permitir ir além do logos racional para se familiarizar com o “logos outro” caracterizado pelo seu subconsciente.

    Como frisei acima, trata-se de algo revolucionário e, ao mesmo tempo, disruptivo, porque, de fato, fomos criados para sermos racionais. Dito isso, vale ressaltar que a coisa vai muito além da redução ou eliminação da aflição atrelada a determinado transtorno psicopatológico (que por si só representa algo muito valioso).

    Uma simples “olhada” no mundo virtual das redes sociais e da internet, permite compreender que, na contemporaneidade, executivos e homens de negócios, entre outros, buscam com sempre maior afinco, tornar-se íntimos de seu subconsciente.

    Por que será?

    Primeiramente porque, tanto a Psicanálise como a Neurociência, já demonstraram que a nossa mente subconsciente é exponencialmente mais poderosa que a camada consciente (a ponta do iceberg).

    Logo, considerando que o mundo corporativo e organizacional é baseado numa competição acirrada, é fácil compreender que os executivos, ao buscarem se tornar íntimos de seu subconsciente, estão procurando caminhos voltados para a diferenciação, com o intuito de alcançarem uma vantagem competitiva.

    A mente consciente é bastante limitada. É o processador, serve para separar, analisar, julgar. Mas a mente subconsciente é onde se encontra a imaginação, a criatividade, e basicamente, tendo presente o fato do inconsciente ser insondável, como já foi discutido acima, fica claro que, a referida criatividade e imaginação presente em nosso subconsciente, é potencialmente infinita.

    O diálogo inconsciente e interno

    Numa analogia bastante inteligível aqui no interior do Nordeste brasileiro, é como encontrar um rio d’ água viva subterrâneo, cavar um poço e dispor de água ad infinitum. Dito isso, porquanto saibamos, graças a Freud (e quem veio depois dele), que o inconsciente profundo é inacessível por vias diretas, sabemos que ele se manifesta por vias indiretas, a saber: sonhos, atos falhos, chistes e livre associação de ideias.

    Vale frisar que há um diálogo interno, de fato, inconsciente, por meio do qual, por um lado, as várias camadas psíquicas (consciente, pré-consciente e inconsciente) trocam informações e, por outro lado, há um diálogo entre o soma e a nossa psique subconsciente.

    Segundo o expert em PNL e Desenvolvimento Humano, Tony Robbins, estudos da Universidade de Harvard (núcleo de Psicologia), a postura do Super Homem e da mulher Maravilha, praticada durante apenas dois minutos por dia, proporciona benefícios tais quais a redução de cortisol (hormônio do estresse), a redução de ansiedade e depressão e o aumento da autoconfiança. Durante uma palestra que assisti online, Tony Robbins detalhou a porcentagem dos benefícios acima.

    O experimento do pote de arroz

    Se uma postura ereta, como a do Super Homem e a da Mulher Maravilha, praticada por tão pouco tempo todos os dias, proporciona uma melhora tão significativa da nossa saúde psíquica, entende-se que, por outro lado, uma postura curva vai desencadear prejuízos psíquicos e corporais. Isso significa que há, de fato, um diálogo interno e inconsciente. E a questão é: se a postura física repercute em nossa saúde ou morbidez psíquica, qual o peso de nossa postura mental?

    Muito se fala sobre Lei da Atração, ou da Vibração, como deveria ser chamada. Porquanto possa parecer algo místico e dificilmente comprovável, estudos e experimentos demonstram o impacto do emocional até mesmo em objetos.

    O famoso experimento dos potes de arroz, efetuado por um médico japonês (encontra-se facilmente no Google), demonstra a cientificidade do impacto vibracional, e portanto físico, do emocional em objetos não-animados. Experimentos parecidos foram desenvolvidos com moléculas de água e, notadamente, o corpo humano é composto majoritariamente de água.

    O diálogo inconsciente e o imã

    O que pretendo frisar é o seguinte: o diálogo interno inconsciente é algo fundamental para o nosso funcionamento e para o nosso bem estar (ou mal estar) psíquico. Isso porque o nosso subconsciente é um instrumento poderosíssimo, o qual é, ao mesmo tempo, como um rádio e como um imã. Trata-se de algo parecido com um rádio, porque ele, via diálogo interno, nos sintoniza em determinada frequência. E, ao fazer isso, ele atrai exatamente aquilo que aquela frequência emana.

    Pablo Picasso, o famoso pintor impressionista e cubista, costumava afirmar: “eu não procuro, eu acho”.

    Mudando de contexto, na Bíblia, a chamada Lei da Atração é confirmada em várias passagens, entre as quais, o Provérbio: “Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos” (Provérbios 4, 23), e o trecho do Evangelho de Marcos: “Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis” (Marcos 11, 24).

    “Em águas mais profundas”

    Em outra passagem do Evangelho, Jesus sugere que Pedro pesque “em águas mais profundas” e ainda, ao falar do Reino de Deus, Jesus informa se tratar de algo parecido com “uma semente de mostarda”.

    Se os trechos dos Evangelhos aqui citados podem sugerir algo familiar para nós psicanalistas, a leitura dos Evangelhos apócrifos, entre os quais o de Tomé de o da Maria Madalena, confirma o teor profundamente psicanalítico dos ensinamentos do Messias. Afinal, assim como foi bem sublinhado por Augusto Cury, Jesus teve apenas três anos para preparar os seus discípulos, homens jovens e rudes, alguns dos quais fortemente geniosos.

    Nós, psicanalistas, sabemos que não é fácil, para não dizer que é insensato, tentar mudar alguém apenas por meio da consciência, já que os padrões comportamentais são emocionais e inconscientes. Portanto, entende-se que as parábolas do Cristo tratam-se de uma maneira de plantar a semente no subconsciente dos discípulos.

    Seminários de Psicanálise e o diálogo inconsciente

    O estudo dos Seminários de Psicanálise do famoso psiquiatra Dr Milton Erickson permite compreender de qual fonte Erickson bebeu (embora ele não o tenha declarado abertamente) para criar aquilo que hoje conhecemos como Hipnose Ericksoniana, ou Hipnose conversacional.

    Trata-se de uma forma de acessar o subconsciente por meio de analogias, metáforas e anedotas, inclusive referentes à própria vida do Dr Milton Erickson, fato que contraria certa tendência, pretensamente “correta”, do psicoterapeuta atuar em sua clínica, pautada em uma pretensa neutralidade de fundo ou herança positivista.

    O terapeuta e, no caso, o psicanalista, pode sim, se revelar enquanto sujeito histórico, pessoa dotada de uma personalidade, que é fruto de experiências de vida. A questão é não ofuscar o foco no paciente com a sobreposição de si e do próprio Ego. Mas utilizar anedotas pode reverberar no subconsciente do paciente e proporcionar a emersão de conteúdos ocultos, o que pode ser valioso no âmbito da terapia.

    A lei da vibração

    Com Bakhtin, somos através do outro, e o outro pode tornar-se íntimo de seu próprio subconsciente por meio de nossas anedotas.

    Voltando à Lei da Vibração (ou da Atração, como costuma ser chamada), nosso diálogo interno inconsciente promove a sintonização em uma frequência vibracional que, de maneira sutil, mas extremamente precisa, gera a atração de determinadas pessoas, situações e contextos.

    E retornando à citação de Picasso, este grande artista espanhol, longe de ser soberbo, parecia colocar em prática os princípios atualmente associados à chamada “lei da atração”. Sim, porque o ato de procurar, sutil e inconscientemente, pode apontar para a carência de algo.

    Esfera amorosa e o diálogo inconsciente

    Um exemplo clássico é aquele inerente à esfera amorosa e relacional: a pessoa que procura desesperadamente alguém, tende a se deparar com duas possíveis situações: a primeira é a solidão. Como se não conseguisse “atrair” ninguém. A segunda é a atração “de quem não presta”.

    O funcionamento do Subconsciente explica este mecanismo “atração” tão penoso. Interior e intimamente, ocorre um diálogo naquela pessoa. Trata-se de um diálogo inconsciente. Este diálogo aponta para a referida carência. Ao ser captado pela mente mais profunda e inconsciente, esta “mensagem” é traduzida de uma forma parecida com o “chat GPT”, e então é como se o Subconsciente dissesse: “ah, entendi, você está querendo escassez. Ótimo.

    Vou sintonizar na frequência da pobreza”. Ele (o subconsciente) faz isso de uma maneira extremamente acurada e, portanto, sintoniza na miséria. Após ter sintonizado na frequência “desejada”, o Subconsciente, sendo um imã, atrai exatamente aquilo pelo qual acabou de ser programado.

    A solidão

    Consequentemente, embora em nível consciente a pessoa “queira” alguém e, possivelmente, alguém legal, sua mensagem inconsciente é interpretada pelo Subconsciente como: “quero escassez”. E escassez é atraída, o que resulta ou na solidão (escassez significa falta), ou na atração de pessoas escassas, pobres, no caso, incapazes de amar e de relacionar.

    Outro exemplo que pode ser interessante para nós, psicanalistas. A maioria das pessoas, quando me procuram, logo perguntam qual o “valor” da sessão. Aproveito para abrir um parêntese e destacar que valor e preço são coisas diferentes! O preço é o cachê, é a retribuição pelo nosso serviço: ex. R$ 100,00, R$ 150,00, R$ 300,00. Valor é aquilo que a análise vai agregar na vida daquela pessoa. Notadamente, o valor ultrapassa o preço. Como assim?

    Bom, se perguntar a uma pessoa que sofre de insônia, pânico e depressão quanto estaria disposta a pagar para voltar a se sentir bem, tenho certeza que ela ia sugerir um valor muito superior àquele solicitado pelo psicanalista.

    Conclusão sobre o diálogo inconsciente

    O fato de uma pessoa interessada em aliviar ou mesmo eliminar determinado transtorno psicopatológico e a aflição que este provoca, manifestar interesse apenas no preço da sessão (confundindo, inclusive, preço com valor), aponta para um diálogo interno no qual, sutil e inconscientemente, esta pessoa está sugerindo para o seu próprio Subconsciente que é uma pessoa mesquinha, miserável.

    Não estou aqui para insultar ou ofender ninguém, não sou eu que estou tachando a pessoa de mesquinha, e sim, é ela mesma que está transmitindo isso para o seu Subconsciente.

    Como foi discutido acima, o logos do Inconsciente é diferente do logos racional. Para compreender o referido diálogo interno e a maneira como nós nos sintonizamos em determinada frequência (ou seja, nos programamos), é preciso fazer um baita de um esforço que nos leva a agir contrariamente à maneira pela qual fomos educados a agir.

    Mais uma vez, fomos criados e educados para sermos racionais. Quantas vezes o leitor e a leitora ouviram a seguinte exortação: “use a cabeça!”?. Muitas, imagino. Por isso que a Psicanálise é algo disruptivo e revolucionário. É ir contra a correnteza, reiterando, como um salmão. Enquanto isso, a maioria apenas faz seguir a correnteza. E continua a andar em automático, e vai chamar aquele automatismo de destino. Isso é uma autocondenação! Mas cada um…

    O diálogo inconsciente e o bom senso

    Resumindo, esta característica do Subconsciente de nos sintonizar em determinada frequência vibracional e (“tudo é vibração”, dizia Albert Einstein), após ter sintonizado, desempenhar a função de imã (com uma precisão absurda) é algo que reforça a importância, a necessidade e a urgência de cada pessoa (esclarecida e dotada de bom senso), procurar caminhos para se tornar íntima de seu Subconsciente.

    Um excelente caminho, pelo visto, é representado por esta nossa ciência que é, ao mesmo tempo, uma arte, e é chamada de Psicanálise.

    C’est tout!

    Este artigo foi escrito por Riccardo Migliore (PhD), Psicanalista Clínico formado pelo IBPC, Master em Hipnose Clínica, Master em Inteligência Emocional, PNL Practitioner, Mindfulness e Flow Practitioner, Prof. de Meditação. Doutor em Letras. Licenciado em Ciências Sociais, Letras e Pedagogia. Mestre em Comunicação. Pós-Graduado em Psicanálise, Psicopedagogia e Educação Inclusiva. Poeta no tempo livre. Já escrevi com imagens em movimento. Em breve voltarei a ser fazedor artesanal de documentários… Contato: https://taggo.one/institutoportaldaalma

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