primeira tópica freudiana

Primeira Tópica Freudiana: surgimento e teorizações

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Ao se pensar em Psicanálise e primeira tópica freudiana é necessário a priori se lembrar de Sigmund Freud, o dito “pai da psicanálise”. Continue a leitura e entenda mais sobre a primeira tópica freudiana.

Psicanálise e a primeira tópica freudiana

Freud leva esse apelido por ter sido o primeiro a tentar tratar no aparelho psíquico com uma nova visão, a de que o paciente através do método de associação livre, se cura pela fala. Freud se torna visionário ao tentar tratar das enfermidades da mente com um método totalmente novo, mas antes de chegarmos à psicanálise propriamente dita, precisamos revisar um pouco da trajetória de Freud.

Tudo se inicia quando Freud vai à Paris para realizar um estágio com o neurologista francês Jean-Martin Charcot que já vinha trabalhando a algum tempo com seus pacientes a técnica da hipnose. Então, Freud ao finalizar seu estágio, volta a Viena e começa a tratar de seus pacientes com a recém aprendida técnica da sugestão hipnótica, tendo percebido que através da sugestão do médico era possível provocar o aparecimento e o desaparecimento de sintomas físicos e psíquicos.

Mas para chegar onde chegou, Freud também precisa passar por mais um degrau, então este, se alia a Josef Breuer, médico que descobre que ao acessar as lembranças traumáticas do indivíduo e dar voz a estes pensamentos, as memórias que a priori eram ocultas, surgem ao nível consciente, o que acabava por acarretar o desaparecimento do sintoma queixado pelo paciente. Surge então, em 1896, o termo Psicanálise, utilizado pela primeira vez por Freud.

O tratamento da Psicanálise e a primeira tópica freudiana

Sendo este, um método considerado hermenêutico, ou seja, um tratamento que possui base em métodos investigativos do inconsciente. Hoje em dia, nos utilizamos bastante do termo “inconsciente”, mas como este termo surge a priori nos estudos da mente humana? Freud começa então a criar a teoria de chamada Primeira Tópica, a seguir desmembraremos melhor este conceito.

A primeira tópica surge como um intuito de Freud de subdividir em categorias a mente humana, essa divisão é a do sistema Ics/Pcs/Cs. Mas o que essas siglas significam? A primeira categoria que iremos ilustrar neste texto é a do Ics (Inconsciente), termo, que nos dias atuais, é comumente utilizado ao se falar de transtornos psíquicos ou sofrimentos mentais, também sempre relacionado a aquilo que se é reprimido.

Para melhor ilustrar, podemos dizer que esta instância psíquica se baseia na retenção de conteúdos reprimidos ao nível do inconsciente e que não possuem acesso ao sistema Pcs/Cs. Já o Pcs (Pré-Consciente) possui a função de manter os conteúdos acessíveis ao nível consciente. Mas o que isso nos diz? Que o Pcs fornece os conteúdos, porém não pertence ao nível da consciência neste dado momento. Este também se relaciona tanto ao nível inconsciente quanto ao nível consciente.

Sobre os níveis da mente

Por fim, temos o Cs (Consciente), o nível que poderíamos dizer que flutua sobre a superfície. Este, possui relação principalmente com os conteúdos externos ao indivíduo, como “regras” sociais e também se relaciona principalmente com as ideologias que os pais impõem na criança. Ou seja, tudo aquilo que advém no mundo externo, regras sociais, ideologias, convivência em sociedade, o que se pode ou não ser feito pelo viés das normas sociais e principalmente relacionado a ideologia e sistema de regras que nos são passados por nossos pais logo na infância. Este nível é o responsável pela percepção, pela atenção e também pelo raciocínio.

Melhor exemplificando, observe abaixo: Inconsciente (Ics) < Pré-Consciente (Pcs) > < Consciente (Cs) Ou seja, temos primeiramente o Inconsciente (Ics) que é o lugar de retenção daquilo que não pode surgir ao Consciente (Cs), como desejos não aceitos pela sociedade, traumas que acabam por causar demasiado sofrimento ao indivíduo, ou qualquer coisa que sofra repreensão pela sociedade.

Então seguimos ao nível do Pré-Consciente (Pcs), este por sua vez possuí certo acesso ao Inconsciente (Ics) e “seleciona” aquilo que deve ser passado para o nível Consciente (Cs) e aquilo que deve ser mantido sem acesso ao Inconsciente (Ics). Então, ao fim, temos o nível do Consciente (Cs), este não possui acesso direto ao Inconsciente (Ics) e recebe do Pré-Consciente (Pcs) aquilo que já foi autorizado a “passar”.

Um sofrimento psíquico

O problema ocorre, quando certa questão reprimida e mantida no Inconsciente (Ics), se torna algum sofrimento psíquico ou até mesmo físico através da psicossomatização a ponto de se tornar um sintoma. Pois apesar de estar na instância do Inconsciente (Ics), ele acaba causando tanto sofrimento que “escapa” em forma de sintomas.

É aí que o tratamento através da análise se torna efetivo, ao buscar por meios investigativos a causa do sofrimento do indivíduo em seu Inconsciente (Ics), trazendo à tona aquela questão através da fala na análise.

Conclusão sobre a primeira tópica freudiana

Em conclusão, podemos observar os níveis da primeira tópica teorizada por Freud, e entender como se deu o surgimento da teoria psicanalítica e seu funcionamento no cuidado do paciente neurótico. Freud posteriormente irá renovar esta teoria, chamando-a de Segunda Tópica e utilizando-se de novos termos, que seriam o Id/Ego/Superego, mas este é um tema para outro dia.

Este artigo sobre a primeira tópica freudiana foi escrito por Maria Eduarda Martins ([email protected]), 21 anos, graduanda do curso de Letras – Licenciatura pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), se interessou por Psicanálise ao se deparar em estudos linguísticos com Lacan e sua ideia de sujeito e agora também estudante de Psicanálise pela Psicanálise Clínica. Vem do interior de Minas Gerais, porém, atualmente reside em Belo Horizonte – MG.

One thought on “Primeira Tópica Freudiana: surgimento e teorizações

  1. Mizael Carvalho disse:

    Parabéns pelo trabalho! A cada dia, aprendemos mais um pouco. O saber sempre se renovando!

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