Existe uma parábola indígena, muito famosa que diz que existem dois lobos dentro da gente um é bom, que representa as mais nobres virtudes do carácter humano, tais como; alegria, esperança harmonia, paz, empatia, verdade, amor, perdão, compaixão e fé, e o outro lobo é mau e seus dentes são fortes como; a raiva, os ciúmes, a tristeza, a cobiça, a arrogância, a culpa, o ressentimento, o orgulho e um ego gigante.
Entendendo sobre os dois lobos
Os lobos se alimentam de tais sentimentos humanos, e se tornam grandes e fortes, porém muitas pessoas alimentam apenas um dos lobos e se esquecem de alimentar o outro, fazendo com que um domine o outro. Podemos chamar o lobo bom de Eros (pulsão de vida), e o lobo mau de Tânatos (pulsão de morte), as duas forças pulsionais dentro da gente, que fazem parte do nosso funcionamento psíquico.
Assim como na parábola dos índios Cherokees , podemos escolher qual das pulsões alimentar, se é Eros ou Tânatos, essa escolha deve ser feita pautada em nossas vivências e experiências, vividas e experimentadas em sociedade e consigo mesmas. Nossa escolha sobre alimentar qual lobo, deve ser equilibrada, ou seja, os sentimentos e emoções devem ser cuidadosamente dosados, para que um não subjugue o outro, e não haja um desequilíbrio entre os dois.
Se um lobo tiver domínio sobre o outro, ele pode o destruir por completo, e gradativamente ele pode até dominar o seu “dono”.
Os dois lobos e o equilíbrio
Os lobos diferentemente de nós, agem por instintos, ou seja, para eles não existe certo ou errado, apenas o sobreviver importa, já as pulsões depende, não de nossos instintos, mas de nosso superego, que nos diz o que é certo e errado para se fazer nas mais diversas situações, que se fazem presentes em nossas vidas.
Para manter esse equilíbrio entre Eros e Tânatos, devemos ter conhecimento sobre nós mesmos e saber quando estamos alimentando mais um e, o outro não.
O grande problema é que algumas pessoas não têm esse conhecimento de si mesmas e, acabam alimentando mais um do que o outro, e isso faz com que gradativamente seus superego enfraqueça e por fim o lobo ou a pulsão, que fora mais bem alimentada, pode facilmente subjugar e destruir o superego.
O funcionamento psíquico
Para proteger-nos desses dois lobos, devemos mantê-los sob nosso controle, não podemos “matar” um, e deixar o outro viver, porque os dois se complementam e há uma harmonia entre os dois, e é justamente essa harmonia que nos garantirá um funcionamento psíquico normal.
Quando acontece de um dos lobos dominar o outro, começam a surgir as anomalias do comportamento ou do pensamento, porque não há mais essa harmonia entre Eros e Tânatos. É nesse momento em que os transtornos mentais podem surgir.
Existem muitos transtornos psicológicos, justamente porque essa harmonia entre essas duas forças, deixou de existir, e aquele lobo que se tornou mais forte, finalmente venceu a barreira do superego, e pode enfim, demonstrar toda a sua força, sem que seu “dono” o possa controlar.
Os dois lobos e a natureza humana
Os índios Cherokees são povos nativos dos Estados da América, que habitavam o leste do país até o século XVI , quando foram expulsos para o Planalto de Ozark (fonte Wikipédia).
Eu imagino que esses povos ancestrais já possuíam um grande conhecimento sobre a natureza humana, ainda que rudimentar, pois o ser humano sempre foi observado por outro ser humano, no intuito de conhecer o outro e a si mesmo.
Os dilemas são, em sua maioria, iguais a todos, ou seja , a maioria das pessoas, do passado, tiveram os mesmos questionamentos que temos hoje, porém hoje temos uma nova roupagem e , provavelmente, estas questões permearão a mente de futuras gerações. O que vai diferenciar talvez seja a forma como lidaremos com elas.
Conclusão
Antigamente, penso que os índios, afligidos com esse tipo de problema (Eros X Tânatos) pediam conselhos aos anciões mais sábios da tribo, os pajés. Hoje em dia muitos procuram os psicólogos e psicanalistas, tentamos ajudar utilizando técnicas e métodos pré-estruturados, ou seja conhecimentos advindos de experiências e observações, feitas através dos longos anos de estudos.
Como a Psicanálise é um campo de estudo, nada nela está fechado, ou seja, ela está em constante evolução e crescimento, talvez as futuras gerações desfrutem de uma Psicanálise que seja mais “evoluída”. E que não tenha mais como a sua principal característica, o caráter exploratório, quem sabe se no futuro alguém mapeie o cérebro imaterial com tamanha genialidade e intuição, que com apenas um único exame de imagem, possamos descobrir o que pode estar acontecendo com aquele paciente.
Loucura isso, não, os índios Cherokees chamavam essas duas forças, como dois lobos dentro das pessoas, Freud chamou essas forças de pulsões, pulsão de vida e pulsão de morte, e, nos tempos vindouros talvez possamos ver essas pulsões agindo na mente dos pacientes, por meio de imagens.
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Este artigo sobre Dois Lobos (lenda ou parábola indígena) foi escrito por Sandra Perin, estudante do curso de Psicologia, residente na cidade de Paulínia, cadeirante. Contato [email protected].
2 thoughts on “Dois lobos dentro de nós: lenda ou parábola indígena”
Nunca perder a própria essência! É uma questão tão séria – vida e morte – que pessoas podem passar de “amor reciproco” a Indiferença e de todos os tipos de amor: pais e filhos até o amor conjugal! Não é raro ouvirmos que quando morre um ente querido, perdemos em seguida outros entes queridos! Porém não me lembro haver Pesquisa que tenha traçado um paralelo entre tais óbitos! Seriam familiares muito afins que a dor do luto foi “eternizada”, desencadeando sequência de óbitos? Ou entre eles havia uma espécie de “almas gemeas” em que as jornadas delas como que tiveram durações próximas??? A Bíblia traz até a situação de viúvas e viúvos: uma tia avó foi a segunda esposa de quatro casamentos que ele teve. A questão Biblica se ateve a ocasião da “Vida Eterna” e voltando ao “exemplo” do meu tio: como seria ele e as quatro esposas, na Vida Eterna! Naquela Dimensão Espiritual, será uma vivência angelical!
Em todos os povos que existem podemos encontrar pérolas de sabedoria.