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Doutrinas na Psicanálise: por que há tantas divergências?

Publicado em Publicado em Teoria Psicanalítica

O surgimento e o reconhecimento da psicanálise estão relacionados a divergências ocorridas, inclusive, entre os primeiros membros do movimento psicanalítico. Entretanto, as causas das divergências na psicanálise tiveram diversas origens, e não apenas de questões surgidas a partir das diferentes opiniões pessoais dos primeiros psicanalistas. Quer saber mais? Então continue a leitura!

As primeiras divergências na psicanálise  

Vários fatores contribuíram para que houvesse essas divergências na Psicanálise. Dentre eles, a própria dificuldade em se compreender e em se aceitar as teorias da psicanálise individualmente. Ainda mais se tratando de um grupo de estudiosos, cada qual com a sua visão de mundo. Isso acabou propiciando o surgimento de divergências na psicanálise.

Além disso, existia a própria aplicação da terapia, que poderia repercutir de forma diferente entre os pacientes. Devido à reação ao tratamento, ou devido aos seus problemas psicológicos. Os resultados dessa terapia, muitas vezes diversos, propulsionaram novos métodos às terapias e formas de tratamento pela psicanálise.

Também há o fato de a psicanálise ter sido considerada uma ciência revolucionária, a qual trouxe diferentes concepções das que haviam relacionadas à mente humana, à sexualidade e aos tabus de tantas sociedades. Tudo isso contribuiu para divergências entre os pensamentos dos psicanalistas. Dessa forma, fatores como cultura, história e religião, dentre outros, também acabassem contribuindo para as divergências na psicanálise.

Outro fator foi a própria disputa pelo poder e pelo domínio da ciência. Como a psicanálise surgiu entorno de um único indivíduo, Sigmund Freud que, provavelmente, era bastante autoritário. Ele, além disso, tentou manter o controle sobre o movimento como o tinha criado, isto é, em sua linha teórica. Isso acabou causando também divergência entre Freud e seus seguidores. Apesar de o próprio Freud, por vezes, ter mudado de ideia em relação a certos aspectos por ele mesmo apontados na psicanálise.

Dessa forma, muitos dos seguidores de Freud acabaram divergindo das ideias do fundador da psicanálise. Inclusive, alguns que ficaram também conhecidos por sua linha de pensamento. Dentre eles está: Otto Rank, Alfred Adler, Sandor Ferenczi e Carl Gustav Jung.

As divergências entre Freud e Jung  

Um dos alunos de Freud que causou muita polêmica entre os dois foi Carl Jung. Inclusive os dois tiveram um rompimento definitivo em sua relação devido divergências na psicanálise.

Devido à forma como cada um defendia o seu ponto de vista sobre alguns aspectos dessa ciência. Isso contribuiu para o surgimento de uma escola distinta da de Freud, a escola de Jung. Sendo que a doutrina de Jung foi uma das mais difundidas, dentre as doutrinas que existem na Psicanálise.

Dentre as principais diferenças entre os pensamentos de Freud e Jung estão, por exemplo, que Freud definiu o inconsciente tal como uma coleção de material pessoal reprimido. Já Jung foi além dessa concepção, segundo ele, a psique poderia ser dividida em três partes. São elas: a consciência (ego), o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. A questão do inconsciente coletivo foi uma das principais razões para a quebra da associação que havia entre ambos. Isso por que, apesar de Freud não negar a existência dos instintos no ser humano, ele não aceitava a profundidade que Jung atribuía ao inconsciente coletivo.

Dessa forma, quando Jung publicou seu livro “Símbolos de Transformação”, em 1912, a relação entre os dois foi rompida. Jung afirmava que a evolução do corpo humano guarda vestígios de organismos ancestrais. E que a psique humana carrega em si a história anterior ao desenvolvimento humano. Freud não aceitava a amplitude dessa afirmação. Com esse rompimento, Jung deixa de ser o sucessor por Freud escolhido, iniciando a sua carreira de forma mais independente. Jung elabora outras teorias, as quais continuam a diferenciar e se contrapor às de Freud. Dando, assim, maior amplitude e, também, uma maior divergência na psicanálise.

As teorias de Jung

Dentre outros fatores divergentes, Freud considerava a libido sexual como a principal força da psique humana. Jung colocava que a libido sexual era uma força poderosa, mas não a única na psique humana. Jung dizia que, conforme amadurecemos e envelhecemos, a libido sexual passa a ter menos importância, dando-se maior relevância a outros fatores.

Senso assim, muitas das teorias de Freud convergiam para a área sexual e da libido. Enquanto ia além dessas concepções. Em “A Interpretação de Sonhos”, por exemplo, Freud considerava qualquer objeto pontiagudo poderia ser tido como um símbolo do pênis. Já Jung considerava que mesmo o pênis poderia simbolizar algo mais, e que isso dependia do conteúdo do sonho.

Além disso, as questões religiosas ou místicas eram muito diferentes em ambos. E isso também contribuía para as suas divergências na psicanálise e repercutia em suas teorias psicanalíticas. Freud era ateu e defendia uma visão bastante crítica com relação à religião. Jung considera a psique humana tendo, por natureza, uma religiosidade. Sendo assim, ele acreditava que as pessoas deveriam prestar atenção à sua vida espiritual.

Jung era filho de um pastor e além de ter estudado cristianismo também estudou religiões orientais. Ele também estudou astrologia, Alquimia, Gnosticismo, Mitologia, I Ching, dentre outras filosofias e religiões. Isso fez com que a religiosidade e o misticismo estivessem presentes em suas teorias psicanalíticas.

Outras doutrinas da psicanálise

Além de Jung existem outros psicanalistas e escolas ou doutrinas teóricas da psicanálise que, atualmente se diferenciam da psicanálise freudiana.

Além da doutrina de Jung, por exemplo, foi muito difundida a doutrina de Jacques Lacan (1901-1981). A qual também é muito conhecida atualmente.

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    Dentre outros fatores, Lacan não tomou as neuroses, as psicoses e perversões apenas a partir dos critérios herdados da psiquiatria. Ele organizou a psicopatologia embasando-se na observação da clínica psicanalítica e se referindo aos mecanismos de defesa elaborados por Freud.

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