Os Mecanismos de Defesa em Psicanálise e o conceito de Resistência exerceu um papel decisivo no aparecimento da psicanálise, segundo Freud. Não é algo que aparece esporadicamente, durante o processo psicanalítico, mas é algo presente constantemente durante o tratamento.
Entendendo os mecanismos de defesa em Psicanálise
Chama-se resistência a tudo que tanto nos atos quanto nas palavras do analisando se oponha ao acesso ao seu inconsciente, durante o processo psicanalítico. É toda e qualquer manifestação de oposição ao método psicanalítico. O analista deve estar apto a reconhecer a resistência do analisando.
Formas comuns de resistência são: o silêncio do analisando, o silêncio do analista, afetos, postura do paciente, fixação no tempo, evitar determinadas palavras, atraso, não comparecimento às sessões, esquecer de pagar, ausência de sonhos, entre outras.
Os tipos de defesa empregados pela resistência podem ser: repressão, anulação, conversão, deslocamento, dissociação da consciência, escotomização, humor, inibição, isolamento, lembrança encobridora, negação e postergação dos afetos, como serão descritos abaixo:
Repressão e Anulação como mecanismos de defesa em Psicanálise
É o mecanismo de defesa da mente humana para evitar que se acesse a consciência e as representações desconfortáveis. Ocorre quando determinados conteúdos são reprimidos ao longo do inconsciente. É o mecanismo que impede que sentimentos e pensamentos, que podem trazer dor ou representar alguma ameaça, cheguem à consciência.
O medo de perder o controle, de ser julgado, condenado e punido e o medo maior, de ser aniquilado, fazem com que o ego acione esse mecanismo de defesa que controla a pulsão, organiza o ego e assegura o amor do objeto. Um exemplo disso é o indivíduo que vive no “piloto automático” e não entra em contato com suas emoções e sentimentos, como se estivesse fugindo deles. Está sempre em movimento, mas não está presente nas ações que realiza.
A Anulação é o fortalecimento da repressão. É comum nos obsessivos, que tentam apagar o significado daquele ato, fazendo contrário do que foi feito, como por exemplo, quando o indivíduo obsessivo-compulsivo que vai verificar se trancou a porta, abre a mesma para trancá-la novamente. Existem pessoas que conquistam para se desfazer do conquistado. Assim, o indivíduo só se sente em enquanto está correndo atrás de u realizar uma meta. Se sente desafiado a conquistar. Quando consegue, precisa de um novo desafio. Ao invés de ser o que faz e acontece é o que faz e “desacontece”.
Conversão, Deslocamento, Dissociação da Consciência, Escotomização e Humor
Alivia a tensão afetivo-emocional através das expressões somáticas. Formas de conversão são: o choro copioso, os risos imotivados, a compulsão incoercível a falar, entre outros. A conversão se dá através da musculatura voluntária, como braço paralisado, maxilar enrijecido ou pernas contraídas e nesse caso tem um significado, como o medo da atividade masturbatória, o desejo proibido de destampar um discurso ofensivo e injurioso destinado a ofender alguém ou conflitos com o órgão sexual masculino, pelo desejo da presença ou da ausência, respectivamente nesta ordem.
O deslocamento ocorre quando o sentimento, que na maior parte das vezes é a raiva, relacionado a uma pessoa é deslocado para outra. Como por exemplo, um indivíduo que teve um aborrecimento no trabalho e, ao chegar em casa, é agressivo ou impaciente com o parceiro ou os filhos. A dissociação da Consciência caracteriza-se pela divisão da personalidade, onde uma parte se mantém reprimida e a outra em operação plena, como por exemplo no sonambulismo, na amnésia, entre outros.
A Escotomização é quando o indivíduo olha mas não vê, ou seja, como que por decisão, o indivíduo não vê acontecimentos óbvios. O humor Freud apontou o humor como uma fuga ao sofrimento. Uma boa forma de fugir ao medo de alguns temas como sexo, morte, racismo, situações assustadoras, constrangedoras ou ameaçadores é rindo delas. Por isso não é raro indivíduos tendo ataques de riso num velório ou no elevador com desconhecidos.
Inibição, Isolamento, Lembrança Encobridora e a Negação nos mecanismos de defesa em Psicanálise
A inibição também conhecida como bloqueio emocional, é um mecanismo de defesa muito comum no processo psicanalítico. Sendo representada pelo silêncio, a timidez bloqueios ao falar, entre outros, na maioria das vezes devido á repressões dos pais na infância, devido á exigências e críticas que inibiram a criança. O isolamento ocorre quando se separa um pensamento ou uma ação do seu contexto geral. Assim o indivíduo pode lembrar de algo traumático sem associar qualquer sentimento a este fato, como por exemplo, um indivíduo adulto que lembra da separação dos pais, que aconteceu em sua infância, e não se permite sentir nada.
O isolamento acontece após os sentimentos terem sido reprimidos no inconsciente com o recalcamento ou repressão. Após isso, o isolamento vai se tornando frequente em diversas situações. É a tentativa de se distanciar de situações e experiências ameaçadoras. A Lembrança Encobridora é quando o indivíduo apresenta lembranças que vão encobrir ou substituir outra recordação desagradável, penosa ou ameaçadora.
A negação ocorre quando o indivíduo nega a realidade exterior, substituindo-a por outra que não é real, através da negação de uma realidade que, para ele, não é agradável ou desejável. Um exemplo disso é quando o indivíduo perde um ente querido e continua agindo como se ele ainda estivesse vivo. Existem vários tipos sociais de negação da realidade, como: escapismo, adiamento de compromissos, recusa de enfrentamentos desagradáveis, criação de doenças imaginárias para fugir de responsabilidades, subterfúgios, entre outros. Geralmente, o indivíduo cria falsas situações que acredita serem mais importantes, para não enfrentar o que é preciso.
Postergação dos Afetos
Ocorre quando há explosões retardadas de sentimentos para ações de luto, raiva, medo, vergonha, nojo, entre outras. A reação emocional não ocorre no momento em que a situação acontece, mas sim algum tempo depois. Ao longo do processo psicanalítico, o analista vai identificando esses mecanismos de defesa, através de técnicas e ferramentas, e, assim, conduz o analisando a identificar e ressignificá-los.
O presente artigo foi escrito por Beatriz Costa. Professora, psicoterapeuta, coach e psicanalista em formação. Contato: [email protected]
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4 thoughts on “Doze Mecanismos de Defesa em Psicanálise”
O que foi definido como “isolamento” vai ao encontro do que sugiro aos diagnosticados com câncer e buscam crer no tratamento ou torna-lo eficaz: Como estava o emocional no dia ou momento do diagnóstico, alguns pacientes, logo, ficaram/ficam com olhos marejados. Uma pessoa, disse, outrora: “uma frase dita, mas que vai no âmago da questão, para chegar a cura”! Não adianta ir “alimentando” traumas ou provações; se não foram “encarados” a História vai mandando as faturas. Exemplo: A mídia sempre vai na “contramão”: vão “comentando” dos “políticos bem conhecidos” como se fossem “estreantes” por ser ano eleitoral! Ainda penso: como gostam de “esqueletos politicos”! Melhor que lembrar aos jovens a fazer o titulo de eleitor, lembrem que a partir dos 18 anos, podem ser votados, também!
Muito bom artigo, muito esclarecedor!
Parabéns!
Um artigo bem escrito e muito esclarecedor.
Muito bom e esclarecedor