Neste presente artigo falaremos sobre o nascimento da resistência em psicanálise. Tudo aquilo que impede o acesso ao inconsciente é denominado de Resistência.
Durante uma sessão terapêutica não apenas as palavras mas também as atitudes do analisando apresentam impedimento de acesso aos seus conteúdos mais internos fazendo oposição ao tratamento psicanalítico.
O nascimento da resistência em psicanálise ao mesmo tempo
Freud falou de Resistência dentro da Psicanálise para explicar as atitudes que faziam oposição aos conteúdos acessados pelo analista em que na ocasião o analisando expressava sinais de constrangimento em relação ao acesso dos conteúdos de seus desejos inconscientes. Portanto, a Resistência foi descoberta quando se caracterizou como um impedimento à elucidação dos sintomas apresentados e obstáculo à continuidade do processo terapêutico.
Sua descoberta apresentou um caminho eficaz para o surgimento da Psicanálise fronte ao declínio e renúncia da hipnose e a sugestão hipnótica até então utilizada por Freud para acessar os conteúdos inconscientes. Isso porque até certo ponto da vida e carreira de Freud ele defendera a ideia de que certos conteúdos inconscientes só eram possíveis de serem acessados a partir da sugestão hipnótica, onde o analisando não tinha acesso consciente aos conteúdos inconscientes mas o analista sim. Sendo assim, a partir da resistência permanente que alguns de seus pacientes apresentaram, Freud, em meio aos estudos e questionamentos, chegou a crer na legitimidade do não acesso ao inconsciente e também na hipótese de que certos conteúdos não poderiam ser interpretados nem superados por meio da sugestão hipnótica.
Então a partir desse ponto é que Freud abandona a hipnose como fonte de acesso e tratamento dos conteúdos recalcados e parte para o investimento no método psicanalítico onde o paciente consegue permitir a explanação e elucidação de maneira contínua acerca das resistências, mas, ao fazê-lo, Freud constata a quebra da regra fundamental da Psicanálise.
Ainda sobre o nascimento da resistência em psicanálise
Dizer que houve quebra da regra fundamental não significa que seja ruim, uma vez que a quebra também investiga os diferentes meios de acesso aos conteúdos inconscientes através do rompimento dos diversos tipos de resistências que podem ser apresentadas durante o setting analítico. A regra fundamental é a regra que estrutura toda a situação analítica.
Segundo Laplanche e Pontalis (1982), o analisando quando inicia o processo analítico, é convidado a dizer o que pensa e sente sem nada escolher ou esconder do que lhe vem à mente, mesmo que o conteúdo que vier lhe pareça desagradável de comunicar, ridículo, desprovido de interesse ou despropositado.
Lembrou do termo mais comum e sólido dentro do processo psicanalítico? Isso mesmo, a Associação livre. A regra fundamental da situação analítica estabelece que no início do tratamento psicanalítico o método utilizado seja o de associação livre.
Voltando ao nosso tópico, a resistência
Foi como uma trave para o esclarecimento dos sintomas, um obstáculo à progressão do tratamento que a Resistência foi descoberta. Com o decorrer do tempo em que Freud continuou suas pesquisas a respeito dos mecanismos que levavam o sujeito à resistência, após a segunda tópica, a ênfase incidiu sobre o ego, ou seja, a resistência é um mecanismo de defesa do ego do sujeito.
Também nesse mesmo raciocínio defende-se a ideia de que a resistência ao tratamento tem origem na mesma esfera psíquica onde o recalcamento foi produzido. Portanto, nota-se que a cura pode ser considerada para o ego como um novo perigo e por isso o paciente tende a resistir a cura, pois ele tende também a resistir que a ferida recalcada seja acessada e cause dor igual ou maior para ele.
Porém, Freud afirmou que as resistências advindas do ego não são suficientes para dar continuidade e finalizar um processo analítico. O analista encontrará resistências provenientes de outros processos que não terão ligação direta com o ego. Ao final do seu trabalho denominado Inibição, sintoma e angústia (1926), Freud defende cinco formas de resistência sendo três delas ligadas ao ego, uma ligada ao id e a última ligada ao superego.
O nascimento da resistência em psicanálise provenientes do ego
Resistência de repressão: recusa que o ego provoca frente a tentativas de acesso ao conteúdo recalcado. Resistência de transferência: resistência do paciente frente à transferência imediata ao analista. Resistência de ganho secundário: o ego reconhece o sintoma e o aceita para se beneficiar com os ganhos secundários advindos da doença.
As provenientes do id Deriva da resistência trazida pelo id à qualquer mudança na forma de se expressar e/ou de viver. Essa forma de resistência possui compulsão à repetição e para sua eliminação precisa passar pelo processo denominado por Freud de elaboração.
As provenientes do superego
As resistências do superego estão claramente relacionadas a sentimento de culpa (inconsciente) e necessidade de punição em nome da pressão da consciência moral.
Freud se recusou a assimilar o fenômeno da resistência apenas aos mecanismos de defesa do associados com a estrutura do ego e por isso catalogou também as resistências advindas do id e do superego.
Além do seu trabalho sobre a classificação das resistências, ele chama a atenção para a necessidade de considerar uma resistência radical que se repete e não alivia a pressão no sujeito mesmo após esgotar a lista de possíveis classificações de resistência.
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O presente artigo foi escrito por Alana Carvalho, estudante de Psicanálise Clínica. Trabalha como terapeuta Reikiana (@alanacarvalhoreiki) e o curso de Psicanálise está expandindo seus horizontes e ajudando com o processo de autoconhecimento.
One thought on “O nascimento da resistência em psicanálise”
Muito bom artigo! O medo, se a descoberta da cura, vai ser boa ou ruim. Na dúvida o paciente usa os mecanismo defesa, para não ser descoberto, o causador de seu sofrimento. A ideia é a seguinte: eu já aprendi a conviver com esse mal ! Será se for descoberto o que causa esse mal, vai ser bom?