qual o conceito de Inconsciente

Qual o conceito de Inconsciente?

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Você sabe qual o conceito de Inconsciente? Durante muito tempo acreditou-se que o ser humano era um ser puramente racional, ou seja, totalmente consciente de si mesmo e de tudo aquilo que ocorria em seu interior.

Contextualizando qual o conceito de Inconsciente

Desde o “Penso, logo existo” de Descartes, e mesmo muito antes, na filosofia desenvolvida na Grécia Antiga, a qualidade que tornava o ser humano superior aos outros animais era justamente a sua capacidade de racionalizar, de investigar, de interpretar, de sintetizar, de qualificar, de enumerar e produzir. Dessa forma, a utilização e o refinamento dessas capacidades inatas para aplicação em nossas vidas práticas passou a ser o caminho prescrito como mais correto, objetivo e eficiente para aqueles que queriam atingir a verdade sobre as coisas desse mundo.

A razão como caminho para verdade Quando a razão foi colocada em seu pedestal de “caminho para a verdade absoluta”, tudo o que estava fora de suas leis e limites precisos passou a ser considerado como sendo errado, falso e/ou inconcluso. A objetividade e a racionalidade se tornaram a medida para todas as coisas, enquanto o nosso mundo subjetivo, aquele formado por nossas emoções, sentimentos, sonhos, desejos e fantasias, foi tachado como um “mundo ilusório” a ser devidamente superado pela “pura racionalidade” da mente consciente.

Com isso, desenvolver o intelecto significou obter um controle cada vez maior sobre os nossos pensamentos e ações de modo a atingir um nível de compreensão/consciência pelo qual o homem estaria completamente livre das suas paixões mundanas, desejos irracionais e emoções mais baixas, superando as “falsificações do mundo” e definindo com eficiência e verdade as suas certezas sobre si mesmo e sobre toda a realidade que o cercava.

Qual o conceito de Inconsciente para a Psicanálise

A Psicanálise, por meio de seu criador, Sigmund Freud, representou uma quebra revolucionária com relação à tradição filosófica que entendia o ser humano como esse ser totalmente racional, indivisível, completo e centrado em si mesmo. Através de sua “descoberta fundamental”, o Inconsciente, Freud revelou ao mundo uma nova concepção de ser humano – um ser irracional, dividido, descentrado, incompleto e, principalmente, ignorante sobre muitas “partes ocultas” daquilo que o constituía.

E não é que antes de Freud nunca se tenha discutido sobre a existência de uma camada oculta/inconsciente dentro da mente humana, mas foi com ele que esse conceito ganhou lugar, conteúdo e importância enquanto estrutura constituinte fundamental do aparelho psíquico humano.

“O eu não é mais senhor em sua própria casa” A partir da análise de palavras, memórias, sonhos, desejos e fantasias de seus pacientes e também através da observação de seus comportamentos, emoções reprimidas, atos falhos e esquecimentos, Freud identificou a existência de um abundante “material oculto” dentro de nossas mentes, um material cujas informações e conteúdos fluíam de um “lugar secreto” dentro de nós, onde diversos processos mentais ocorriam e se desenvolviam livremente sem que nos déssemos conta deles, e mais ainda, sem que tivéssemos acesso ou controle sobre eles.

Freud e qual o conceito de Inconsciente

Nas palavras de Freud, isso mostrava que não éramos mais “senhores em nossa própria casa”, ou seja, revelava que os nossos pensamentos não se produziam de maneira totalmente racional, direta e consciente como acreditávamos. O desenvolvimento da ideia de Inconsciente foi algo revolucionário porque representou a retirada da Consciência da sua posição de centralidade, como único núcleo operante da mente humana, e deslocou-a para uma posição de “coadjuvante” no nosso processo de produção de pensamentos.

Identificando por meio de seus estudos a existência de “camadas mentais” mais profundas na mente humana, camadas que estavam além da “superfície da consciência”, Freud lançou as bases de uma teoria Psicanalítica que destacou a mente como uma estrutura muito mais complexa, mutável e dinâmica do que se acreditava até então. Através da formulação de sua Primeira Tópica, Freud dividiu o aparelho psíquico em três partes, que ele chamou de instâncias que, embora correlacionadas, atuavam de maneiras especificas dentro da nossa psique:

  • Consciente (Cs) – instância onde todos os conteúdos/informações estão imediatamente disponíveis à mente do sujeito;
  • Pré-Consciente (Pcs) – instância que serve como um “elo” entre o consciente e o inconsciente da pessoa. Ali estão conteúdos que podem, ou não, vir a se tornarem conscientes, dependendo de fatores como educação, regras sociais, normas, padrões de comportamento, valores morais e outros.
  • Inconsciente (Ics) – parte mais “profunda” do aparelho psíquico. Ali se encontram lembranças primitivas, representações arcaicas, desejos reprimidos e emoções subjetivas.

As diferentes “camadas” e o iceberg

Com essa divisão em diferentes “camadas”, Freud comparou a mente humana à um gigantesco iceberg, onde a parte visível representava os conteúdos conscientes (aqueles que estavam diretamente acessíveis à mente) e a parte submersa (a maior, portanto) representava os conteúdos inconscientes, ou seja, aqueles que permaneciam ocultos e inacessíveis ao sujeito, barrados pelas fronteiras estabelecidas pelos diversos mecanismos de defesa da mente, tais como a repressão, o recalcamento, a projeção e a negação.

Diante disso, trazer ao nível consciente esses “fatores submersos” (inconscientes) que atuavam sorrateiramente na psique do individuo fazendo-o um refém de si mesmo, tornou-se o objetivo principal da Psicanálise. O inconsciente para Jung Concordando com Freud sobre a existência do Inconsciente, Jung, um importante psiquiatra e psicoterapeuta suíço, vai ainda mais longe, defendendo a existência de uma divisão dentro do próprio inconsciente que resultava em uma camada ainda mais profunda da psique humana, uma camada que estava além das experiências individuais do Inconsciente Pessoal.

À essa camada ele deu o nome de Inconsciente Coletivo – uma espécie de “baú de memórias universais” herdadas da coletividade, de onde retiramos diversos modelos simbólicos de experiência que refletem direta e indiretamente na forma como cada um de nós interpreta a realidade e se relaciona com ela.

Qual o conceito de Inconsciente e a força invisível

Assim como Freud, Jung também acreditava que não éramos “senhores plenos de nossas vontades”, pois havia dentro de nossas mentes um espaço “misterioso e desconhecido” de onde brotavam elementos que “pensavam” de forma independente de nós, deturpando os nossos pensamentos e nos fazendo agir em muitos momentos de forma “irracional” e desmedida, levados por paixões, medos e desejos incontroláveis, que não sabíamos explicar de onde vinham ou por que surgiam, mas que exerciam uma “força invisível” muito poderosa sobre cada um de nós.

Sobre esse “eu desconhecido” que atuava em nossas mentes, Jung escreveu em seu livro “O eu e o inconsciente”: “Assim, pois, sem que o perceba, a personalidade consciente, como se fosse uma peça entre outras num tabuleiro de xadrez, é movida por um jogador invisível. É este quem decide o jogo do destino e não a consciência e suas intenções.” (JUNG, 2012, p.50)

Segundo Jung, algo atuava “por trás de nós através do véu das imagens” e, por isso, para que o indivíduo atingisse a consciência sobre si mesmo, primeiro era preciso que ele descesse aos níveis mais baixos do seu inconsciente pessoal para investigar os elementos que se escondiam ali; e que também fosse capaz de penetrar ainda mais profundamente, para reconhecer nas imagens, fantasias e representações herdadas do inconsciente coletivo, as origens dos seus medos e traumas mais antigos e arraigados.

Considerações Finais

A descoberta do Inconsciente revelou a existência de um gigantesco “mundo secreto” dentro de nós, um mundo povoado por conteúdos, elementos e representações que escapavam à nossa racionalidade, que estavam além do nosso controle e que evidenciavam a nossa ignorância sobre partes fundamentais daquilo que nos forma enquanto indivíduos.

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    Foi por meio dessa incrível descoberta que a consciência mostrou os seus limites de atuação, enquanto o inconsciente se afigurou como a nova “chave” para o acesso, compreensão e possível iluminação dos “espaços escuros” que existem dentro de nós.

    O presente artigo foi escrito por Pedro Costa. Historiador, escritor e estudante de Psicanálise. https://www.instagram.com/_pedro.costa

    2 thoughts on “Qual o conceito de Inconsciente?

    1. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom artigo! Essa descoberta Dr. Freud, acerca do inconsciente, foi maravilhosa. Se isso não acontecesse, nós ficaríamos se nos conhecermos pois, mais de noventa por cento, “que está no nosso inconsciente, não conhecemos.”

    2. Gilberto Damasio A. disse:

      Texto de excelência! Torna patente que cada ser humano a seu tempo, na busca incessante pela “verdade” dos sistemas que o compõem, transpassa realidades ou paradigmas temporais, os quais se desdobram e descortinam com o avanço das indagações expressas por grandes estudiosos, ícones de sua época como Freud e Jung… certamente há e houve outros, cuja importância de suas proposições nos impele a tentativa de conhecimento do ser em seus detalhes, decompondo seus véus! Gratidão!!! Namastê!!!

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