Electra: significado do Complexo de Electra para Jung

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Por mais diferente que cada indivíduo seja, todos se assemelham na sua etapa de desenvolvimento psicossocial. Essa é um dos pilares que define a forma como esse ente se portará adiante assim que tiver independência familiar. Por isso, envolvido a isso, descubra o significado do Complexo de Electra para Carl Jung e como este se desenvolve.

O que é Complexo de Electra?

Complexo de Electra é a etapa de desenvolvimento psicossexual envolvendo as meninas. De acordo com Jung, as meninas passam a se sentirem atraídas pela figura do pai em detrimento da figura materna. Assim como a relação dos meninos rivaliza com a dos pais, as garotas também encontram alguém para disputar atenção paterna.

Complementando a teoria Freudiana, Jung afirmava que a relação das garotas com os pais era influenciada por seu desenvolvimento sexual. À medida em que o crescimento psicológico das meninas evoluía, a atração pelo pai crescia junto. Como este nutre uma relação amorosa com a mãe, a garota passa a enxergá-la com uma rival.

Todo esse processo se inicia aos três anos de idade, se estendendo, no máximo, até os seis. A partir daí, todo esse enlace e fixação se dissolvem naturalmente. Com isso, a garota se desapega do seu pai e tenta reatar a sua ligação com a mãe. Esta é o seu referencial de feminilidade e a pequena tenta se conectar de forma a construir a própria identidade.

Como ele se inicia?

Gradativamente, à medida que crescemos, começamos a sentir as respostas naturais que o corpo dá em relação aos impulsos sexuais. Caso estes saiam da forma adequada, resultam em uma maturidade completa, bem como um desenvolvimento psico afetivo satisfatório. Se isso for feito de forma inadequada, acaba por fomentar transtornos mentais.

Assim como nos meninos, as garotas também começavam a se vincular física e emocionalmente aos pais aos três anos. Certamente, a ligação entre mulheres é bem mais forte que a de mãe e filho. Antes de se ligarem aos pais, as meninas constroem uma ponte entre elas e a mãe. Esse se torna o gancho para que retornem mais tarde até elas.

Entretanto, esse laço esmaece por conta da fixação crescente que esta nutre em relação ao pai. Segundo Jung, ela inconscientemente percebe que não tem pênis e pode se ligar ao simbolismo deste por meio do pai. Já que este divide atenção com sua mãe, a jovem passa a se distanciar da figura materna. Até que retorne, podemos observar trejeitos específicos nela.

Sintomas

Antes de continuarmos, cabe ressaltar que o Complexo de Electra não se trata de doença ou síndrome. O mesmo faz parte do amadurecimento da criança e deve ser bem trabalhado. Mesmo assim, dá para notar algumas características bem relevantes no comportamento da garota, tais como:

Afeto possessivo ao pai

Naturalmente, se torna um dos sintomas mais evidentes do Complexo de Electra. A partir do momento em que a garota concebe que seu pai é fruto de amor, fará de tudo para agradá-lo. De início, simples demonstrações de afeto, mas isso aumenta em frequência e intensidade. Com o tempo, se mostra bastante possessiva em relação a ele.

Ciúmes

Com o tempo, o afeto em excesso acaba por se transformar em ciúmes. Sendo pequena demais, a garota ainda não possui filtros para que controle adequadamente as suas emoções. Graças a isso, dará manifestações claras de sua possessão em relação ao pai.

Hostilidade

A fim de monopolizar a atenção do pai, a garota fará o que pode para afastar os demais, se tornando agressiva. É aqui onde devemos prestar mais atenção, já que esse egoísmo exacerbado pode afetar a vida da pequena. Caso não seja trabalhado, o mesmo repercutirá na vida adulta, levando a problemas ainda maiores.

Imitação

Aos poucos, a menina começa a usar os objetos que pertencem à sua mãe. Roupas, maquiagens e sapatos costumam ser os acessórios mais buscados. A ideia aqui é chamar a atenção do pai, já que este se direciona à sua mãe sempre. Isso é comum de acontecer no fim dessa fase, já que a criança busca se conectar com a matriarca.

Consequências

Caso não seja trabalhado adequadamente ainda na infância, o Complexo de Electra pode reverberar perigosamente na vida adulta da garota. A mesma, inconscientemente, procura preservar a relação de afeto e segurança que tinha com o pai. Como essa vínculo não foi nutrido de forma adequada, a persona adulta mostra claramente em:

Relacionamentos amorosos

A mulher mantém a sua perspectiva infantil a respeito das relações e desconta o que viveu em seu próprio relacionamento. Isso porque procura encontrar a figura do pai em seus amores, de modo a revitalizar sua imagem. Como não a encontra, não sabe como lidar adequadamente com o parceiro. Isso sempre resulta em discussões.

Responsabilidades

Quando cresce, a garota não se mostra capaz de lidar com responsabilidades de forma madura. Um dos sinais disso é a falta de organização que esta pode apresentar, sem contar os compromissos de trabalho. Tanto a sua vida pessoal como profissional parece sem sentido ou com um ponto para se centrar.

Conflitos com a mãe

Embora a rivalidade materna se inicie de forma saudável, caso não seja trabalhada, pode evoluir a algo mais sério. Quando adulta, esta garota terá um contato conflituoso e difícil com a própria mãe. Isso pode abrir a porta ao desamparo emocional que esta nutrirá em relação à vida.

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    Como trabalhá-lo

    Para que não haja problemas em decorrência do Complexo de Electra na vida da garota, os pais precisam intervir. Eles precisam conversar com a garota a respeito de o que é amor, como este surge e se apresenta. Com isso, a mesma poderá perceber que é possível amar várias pessoas simultaneamente e de variadas formas.

    Dessa forma, ajudarão a pequena a entender os sentimentos que nutre em relação ao pai e mãe. Basicamente, esta perceberá a conexão exata entre pai-filha e marido-esposa.

    Considerações finais: Complexo de Electra

    À medida em que a garota cresce, busca um referencial de afeto para se conectar. Com isso, o pai acaba se tornando esse objeto, já que é o primeiro homem que esta conhece. Por isso, é por meio dele que aprenderá as ferramentas que precisa para cultivar o amor em sua vida. Dessa forma, fará de tudo para ter sua atenção enquanto aprende a se relacionar.

    É isso o que o Complexo de Electra faz: focaliza a atenção da garota no pai em detrimento da mãe. Cabe ressaltar que esse desejo e atração que ela sente pelo pai difere dos sentidos normalmente pelos adultos. Ainda assim, essa atenção precisa ser canalizada e bem distribuída entre os genitores. Isso é fundamental para que esta cresça bem.

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    12 thoughts on “Electra: significado do Complexo de Electra para Jung

    1. CLERIO AIRON DE LIMA disse:

      Muito interessante perceber também, como os conceitos evoluem, a partir de Freud. No caso aqui é Jung que espelhando-se nas ideias de Freud apesenta seus próprios conceitos. Obrigado pelo curso. Estou gostando muito.40

    2. Lídia Silva disse:

      É possível que o complexo de Electra se mantenha e se reflita na negação da filha em aceitar que o pai, viúvo, se relacione com outra mulher, ainda levando em conta que sempre considerou a mãe uma mulher medíocre, sem vaidade, vontade própria e iniciativa apesar de mesmo com esses conceitos ter uma relação afetiva próxima com a mãe?

      1. Patrick Souza disse:

        concordo porem, isso se encaixaria em sintomas¨, creio eu.

      2. Claudete Conceição de Abreu disse:

        Lídia. Vou me atrever a lhe responder. Sou aluna do curso de Psicanálise Clínica. A ligação afetiva dos filhos, em geral, com seus progenitores, pai e mãe, nunca se esvanecem. São os laços mais fortes que o ser humano carrega em sua vida. Sejam os sentimentos de amor, ódio ou desprezo. Mesmo assim fazem parte da formação das bases emocionais dessa pessoa. Por isso, o julgamento feito à mãe é um julgamento da relação dela com a primeira esposa do pai dela, aquela que rivalizou com ela o amor do seu primeiro objeto de amor, o pai. O pai permanece escolhendo outras pessoas, no caso você, para dedicar o seu amor. Talvez sejam esses os sentimentos, ou ressentimentos, presentes nessa situação.
        Com certeza, nessa situação está bem presente o dilema do processo do desenvolvimento da menina, como descrito no texto, o complexo de Electra.
        Espero ter ajudado.

      3. Heliana de Oliveira Pereira disse:

        Quando se fala em pai ou mãe , estamos falando necessariamente de uma figura , assim como o poder falocêntrico, grosso modo, é a representação de pai e mãe, que pode ser exercida por um tio, tia , professora, médico da família, quando uma criança vira órfão ela buscará inconscientemente alguém para ocupar este “lugar” de pai e mãe. Já viu avós que cuidam desde de muito cedo um bebê? Mesmo que este bebê tenha uma mãe genitora próxima , mas mesmo assim os avós estão na posição de pai e mãe, e geralmente a mãe genitora é vista e sentida apenas como um parente qualquer, como um primo, por exemplo. Os laços afetivos precisam existir para se ter uma boa e madura relação de pai e filho. E a madrasta ou padrasto estão ocupando um lugar da figura materna/paterna e como o Complexo de Electra e o Complexo de Édipo é algo que ocorre inconsciente irá ocorrer independente de se ser viúvo/viúva, o fato é que ocorrerá pois a criança vai nomear sua figura de apoio maternal no caso da perda por falecimento. E dependendo de onde a criança quando adulta estiver fixado sua criança interior, ela irá buscar em seus relacionamentos futuros “o conforto” ou seu lugar de referência , por exemplo: a mulher que teve na infância um pai alcóolatra , traidor da esposa e violento , certamente vai se relacionar com homens com este perfil de comportamento, assim como os homens também se relacionam-se com mulheres com comportamentos que remetem à sua mãe, porém tudo isso de forma inconsciente.

    3. Isis Sivinski Petry disse:

      Quantas viradas de chave!
      Gostaria de saber, assim como descrito nesse texto, quais são as consequências do Complexo de Edipo mal trabalhado. Seria não ser capaz de lidar com sentimentos, manutenção do conflito com o pai e a mesma perspectiva infantil no relacionamento buscando a mãe?

    4. Fernando Barbosa da Cruz disse:

      Casos de histeria podem se encaixar no complexo de electra?

    5. Odete Maria de Oliveira disse:

      Muito bem explicado esse tema, parabéns

    6. Eu Sou adulta feminina, já passei do 30 ainda moro com a minha mãe. Já tive muitos conflitos com ela. Meu último relacionamento teve muitas crises e percebi que tinha ciúmes também no meu ex. Nunca tive interesse por mulheres, e nem quero ter. Respeito quem seja homo, mas é algo que não quero pra minha vida. Tenho muito desejo por homens, não qualquer. Os mais velhos (40/50) anos. Há complexo nesse pequeno relato? Espero que não

    7. Gostaria de informações, sou a madrasta não tenho filhos, mas a filha provavelmente sofre da síndrome e agora tem uma outra filha, no caso a neta, eu a madrasta sou deixada de lado ?!

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Carol, tudo bem? Sua mensagem não ficou muito clara. Não é possível pensar os comportamentos humanos de maneira tão exata assim. O recomendado é que você leve essas preocupações para sua terapia.

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