Para abordar o tema do complexo de Édipo, vou falar sobre o filme Édipo rei, de 1967, do diretor italiano Pier Paolo Pasolini. O filme é antigo além disso tem também uma estética bem teatral, com pouquíssimos diálogos, mas com cenas bem fortes.
Resumo do filme Édipo Rei de Pier Paolo Pasolini
A história do filme se inicia no norte da Itália numa pequena cidade de campo, onde uma mãe está amamentando seu bebê que é um menino e de repente ela fica em pânico por ter alguns pensamentos ruins. Já em casa, o seu marido imagina que o filho dos dois possa assumir seu lugar na vida e no coração de sua esposa.
Até que uma noite, após uma festa, enquanto os pais estão dormindo ao lado do quarto do filho, o pai se levanta e vai em sua direção tentando enforcar o bebê e depois dessa cena, a história é transferida para a Grécia Antiga, que é a localização original da história de Sófocles onde Laio fica sabendo pelo oráculo que uma maldição se abateria sobre sua família: se tiver um filho, esse irá matá-lo e depois se casaria com a própria mãe.
Ao longo do filme vamos observando uma série de conflitos vividos pelos personagens que eu gostaria de destacar do ponto de vista de cada um dos 3 personagens principais: Laio, Jocasta e Édipo. Primeiro o Rei Laio, depois de ouvir e acreditar no oráculo, decide que a melhor decisão a tomar é matar o próprio filho, já que esse o mataria e se casaria com a própria mãe, Jocasta.
O conflito
Sendo assim, decide que um servo leve o bebê entre as duas cidades, de Tebas e Corinto e que pregasse seus pés, o abandonado para morrer. Fazendo então uma análise sobre esse momento, podemos dizer que Laio viveu um grande conflito. Afinal, que pai gostaria de matar o próprio filho?
Mas Laio não consegue enxergar outra saída, já que o que está em jogo é a sua vida, seu Reino e o seu casamento.
A tragédia no filme
Depois de abandonado à própria sorte pelo servo, Édipo é encontrado por um pastor de Corinto e acaba sobrevivendo. O pastor o leva até o seu Rei, Pólibo, que acaba recebendo aquele bebê com muito amor e o considerando seu filho. Muitos anos se passam e Édipo, já adulto, resolve fazer uma consulta com o Oráculo, que lhe conta sobre a maldição. Ele matará seu pai e desposará a própria mãe.
Édipo fica então completamente atordoado com aquela previsão. E justamente para tentar proteger seu pai e sua mãe, acaba indo embora. Nesse momento já conseguimos observar uma culpa muito grande que Édipo sente só de pensar nessa possibilidade. Édipo não faz ideia do que está por vir, depois de ir embora de Corinto, acaba virando um andarilho e nas suas andanças acaba encontrando um senhor com quem discute e se desentende.
Esse homem tinha alguns súditos que tentam defendê-lo, mas num rompante de ódio e fúria, Édipo mata todos os homens, inclusive o velho com quem discutiu, que ninguém mais era que Laio, Rei de Tebas e seu pai biológico, o que faz com que a primeira parte da profecia se concretize: Édipo mata o próprio pai.
Édipo Rei: cumpre-se a profecia e, depois, o autocastigo
Depois de assassinar o próprio pai, mas sem saber disso, Édipo continua andando sem rumo até chegar na entrada da sua cidade natal, Tebas. Lá ele encontra a Esfinge que aterrorizava o povo Tebano com seus enigmas, devorando quem não acertava seus desafios. A Esfinge propõe então a Édipo, um desafio que nunca havia sido solucionado por ninguém e Édipo consegue desvendar o enigma, salvando a própria vida e a cidade.
A partir desse momento ele é considerado um grande herói e como reconhecimento, se torna o Rei de Tebas, e se casa com Jocasta, viúva de Laio, o rei que havia sido assassinado de maneira misteriosa. Nesse momento a segunda parte da profecia é concretizada porque sem saber, Édipo se casou com sua mãe biológica. Alguns anos se passam, Jocasta e Édipo estão casados quando eles fazem uma nova consulta ao Oráculo que diz que eles precisam punir o assassino do Rei Laio.
Édipo não mede esforços para conseguir descobrir quem matou o Rei e acaba descobrindo que ele mesmo é o assassino de Laio e que esse era seu pai biológico e a mulher com quem é casado é sua mãe. Tomado pela culpa, ele acaba tirando a própria visão, ferindo seus olhos para não poder mais ver a sua própria imagem, se punir e nem ser testemunha da sua desgraça e cúmplice dos seus crimes.
Ideias do filme de Pasolini sobre Édipo Rei
Nessa história temos também o importante papel de Jocasta, esposa do Rei Laio e mãe de Édipo. Depois que Édipo descobre que é seu filho, Jocasta não aguenta tanto desgosto e culpa. Como podia amar o próprio filho e o homem que tirou a vida do seu marido?
Jocasta não aguenta e acaba tirando a própria vida, se enforcando nos seus aposentos. Sigmund Freud se apropriou dessa tragédia grega para basear sua teoria psicanalítica, que é o estudo das relações entre mãe, pai e filho.
Na “Teoria de Complexo de Édipo”, Freud acredita que uma criança quando atinge a maturidade sexual, consegue compreender as diferenças entre os sexos e tem sentimentos que são bastantes contraditórios em relação ao pai e a mãe, sentimentos de amor e hostilidade.
Este artigo sobre o filme Édipo Rei, de Pasolini, foi escrito por Emanoelle Prazeres (linked in: Emanoelle Prazeres), mãe antirracista e integrante de uma família bem diversa. Sou mãe do Leon e da Cher 🐶, madrasta do Martim, esposa da Rebeca. Atuo profissionalmente como assistente executiva há mais de 10 anos em multinacionais e tenho Formação em Teatro e Gestão de RH, MBA em Logística empresarial e sou estudante de Psicanálise. Depois da chegada do meu filho Leon, comecei a oferecer palestras para falar sobre temas como racismo e políticas de diversidades em empresas e organizações.
QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
2 thoughts on “Filme Édipo Rei de Pier Paolo Pasolini”
Achei o Artigo muito bem estruturado, com interpretação sensata, sem “tomar partido”, sem julgamentos! Muito útil e sempre será, também, a Cultura a somar na formação e no enriquecimento da Educacão!
Parabéns pelo belíssimo artigo!