grandes poetas psicanálise

Grandes poetas no olhar da Psicanálise

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Alguns dos grandes poetas do século XX se inspiraram em temas da Psicanálise. Além disso, a Psicanálise se formou da análise de poetas do passado. Freud disse: “em todo o lugar a que vou, descubro que um poeta esteve lá antes e mim”. Freud usou “poeta” em sentido mais amplo, que incluía também a ficção em prosa.

Por exemplo, ao analisar a obra Édipo-Rei, do dramaturgo grego Sófocles, Freud cunhou o conceito de Complexo de Édipo.

A psicanálise na literatura de grandes poetas

É notória a importância da psicanálise na evolução humana. Além disso, a sua contribuição para o entendimento do homem. O reconhecer do eu ou do outro presente em nosso interior. O alívio psicossomático que a tantos possibilitou uma vida em harmonia. E, sobretudo, como parte da história humana.

A psicanálise tem seu marco inicial com a publicação do livro “Estudos sobre a histeria” de Sigmund Freud e Joseph Breuer “1893 – 1895”. Podemos rememorar seu início com Freud, Jean Martin Charcot e Josef Breuer. Podemos, ainda, nos deliciar com as teorias de Carl Jung, as ideias revolucionárias de Jacques Lacan.

Além disso, temos os postulados de Donald Winnicott, Wilfred Bion, Melanie Klein, entre outros tantos.

Sim, a Psicanálise é uma terapia e a temos ilustrada por meio de grandes poetas contemporâneos. Um exemplo é Rainer Maria Rilke que na sua primeira “Elegias do Duino” canta:

Elegias do Duino

“Quem, se eu gritasse, entre as legiões dos Anjos me ouviria? E mesmo que um deles me tomasse inesperadamente em seu coração, aniquilar-me-ia sua existência demasiado forte. Pois que é o Belo senão o grau do Terrível que ainda suportamos e que admiramos porque, impassível, desdenha destruir-nos?”

Todo Anjo é terrível.

Sendo assim, eu me contenho, pois reprimo o apelo do meu soluço obscuro. Aí, quem nos poderia valer? Nem Anjos, nem homens e o intuitivo animal. Logo, adverte que para nós não há amparo neste mundo definido.

Reflexões sobre a obra de um grande poeta

Resta-nos, quem sabe, a árvore de alguma colina, que podemos rever cada dia. Resta-nos a rua de ontem e o apego cotidiano de algum hábito que se afeiçoou a nós e permaneceu.

E à noite, à noite, quando o vento pleno de espaços do mundo desgasta-nos a face. A quem se furtaria ela? À desejada, ternamente enganosa, sobressalto para o coração solitário? Será mais leve para os que se amam? Então, apenas ocultam-nos, uns aos outros, seu destino.

Um poema de Ferreira Gullar

Ou ainda com poetas modernos como Ferreira Gullar, que escreve:

Uma parte de mim é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão:
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera:
outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta:
outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente:
outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem:
outra parte linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte
– que é uma questão de vida ou morte – será arte?

E por fim, nas palavras do próprio Freud: “Seja qual o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim”. Isto é, há uma sensibilidade precoce em grandes artistas, o que permite uma melhor interpretação do mundo.

Os instrumentos básicos da Psicanálise

Não nos esqueçamos ainda que a clínica psicanalítica tem como instrumentos básicos:

  • a palavra
  • a proposta da cura pela palavra
  • o entendimento
  • a resolução das perturbações psíquicas, guiadas pelo entendimento e exposição verbal do psicanalista

Há importantes diálogos entre paciente e terapeuta. E ambos em conversas consigo mesmo. Além disso, é importante citarmos Jacques Lacan que diria que o homem habita a linguagem.

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    Definindo Psicanálise

    Nas palavras de Freud, temos a seguinte definição para o termo psicanálise “ chamamos de psicanálise ao trabalho pelo qual levamos à consciência do doente o psíquico recalcado nele – Freud(1922) ”. E nessa definição temos implicitamente diálogos que levam ao autoconhecimento.

    Soma-se a essa definição a clínica analítica de Freud. Também os argumentos literários, inspiradores do Complexo de Édipo. Além do mais, de Sófocles e a aproximação intelectual nas tragédias de Shakespeare.

    A psicanálise é uma encantadora arte de cura pela palavra. O método psicoterápico é baseado na investigação e só encontra o paciente através das explicações, das palavras. No tratamento fala o terapeuta, fala o paciente. Entretanto, há o diálogo e há, sobretudo, a conversa com o próprio “eu”.

    Desvendando o inconsciente

    A psicanálise traz à tona conteúdos submersos no inconsciente, ou seja, ela:

    • interpreta sonhos;
    • dá sentido ao simbólico;
    • ressignifica as motivações ocultas;
    • valoriza erros, chistes, atos falhos e recursos de linguagem;
    • propõe a cura com o entendimento através de técnicas como a de livre interpretação de ideias e livre interpretação de palavras.

    A partir da busca de conteúdos esquecidos, recalcados ou simplesmente recusados, é possível reorientar os processos mentais. Eles podem ser presentes e futuros. Portanto, há um encerramento. Assim, dores, traumas, complexos, medos ou possíveis bloqueios que então acometiam o paciente são extinguidos.

    Conclusão

    O surgimento da Psicanálise é recente. Sua carga racionalmente lírica de pensamentos, os mistérios de nossa mente e suas interpretações oníricas, nos completa pela arte dos grandes artistas. E, sem dúvida lhe cabe uma vestimenta adequada.

    Contudo, somos levados, por vezes, à ideia de um lago de ideias paradas, e na verdade a Psicanálise é, e sempre será, um rio corrente. Uma Ciência em construção, um conjunto de teorias e práticas que levam o ser humano a um novo patamar do auto-entendimento.

    Sim, a beleza é intrínseca, a psicanálise é arte. Sendo assim a psicanálise é terapia, é cura e uma ciência em evolução.

    Artigo criado por Diogo Almeida, exclusivo para este blog do Curso de Formação em Psicanálise.

    2 thoughts on “Grandes poetas no olhar da Psicanálise

    1. Mara Sueli P.C.Nascimento disse:

      Ninguém melhor que Fernando Pessoa e seus heterônimos, para nos arrebatar do mundo fora de nós e nos arremessar pro fundo nebuloso de nosso porão de velharias acumuladas ,clamando por ser esvaziado.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Olá, Mara. Realmente, dos grandes poetas, Fernando Pessoa foi um dos que mais fundo adentrou a alma humana. Obrigado por sua mensagem e por acompanhar nosso blog. Equipe Psicanálise Clínica.

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