humor e psicanálise

Humor e psicanálise: humor como forma de amor

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Neste artigo, iremos comentar sobre o humor e psicanálise já discutida por Freud na formação de sua teoria. Entendemos por humor todo ato, fala, gesto ou discurso que provoca um riso ou uma gargalhada como resposta a compreensão do que foi apresentado.

Entendendo sobre o humor e psicanálise

Rir de uma piada, de uma imitação ou mesmo de uma história que é conta revela muito mais sobre nós do que o fato ou a pessoa que está sendo representada pelo humor. Fonte de trabalho e uma forte tendência atual, é pelo humor que muitos profissionais de stand up e comediantes da internet ganham a vida.

Entretanto, quando consideramos a esfera emocional e psíquica, o humor pode se mostrar em diferentes camadas indo desde um humor agressivo até uma forma de amor que abre portas para a conexão entre pessoas.

Humor e relação com a teoria psicanalítica

A teoria psicanalítica de Freud sempre considerou as camadas mais profundas do ser humano que contém seus impulsos e desejos mais primitivos que não chegam facilmente à consciência.

Parte-se da ideia de que a mente contém um “espaço” que armazena conteúdos sensíveis denominado inconsciente bem como uma pulsão que impele o sujeito a obter prazer denominado ID.

A obra A Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901) foi um minucioso estudo dos comportamentos das pessoas que, em um primeiro momento, esses comportamentos poderiam ser interpretados como um engano ou desatenção. Freud percebeu que esses atos tidos como pequenos erros do dia a dia na verdade revelavam desejos do inconsciente que encontravam uma saída de escape para serem realizados.

Freud,  humor e psicanálise

Quatro anos mais tarde, em 1905, Freud publica o texto Os Chistes tendo como foco principal as piadas, o sarcasmo entre outras formas de humor que, para ele, também eram formas de escape de um desejo inconsciente.

Dessa forma, quando o interlocutor responde ao humor com risos ou gargalhadas, estaria realizando uma parte de seus desejos também.

Apesar de trazer à discussão psicanalítica um olhar muito astuto sobre o inconsciente através do humor, este texto de Freud foi bem menos popular em relação a outros trabalhos considerados mais relevantes para explicar o comportamento das pessoas.

Humor como forma de conexão

Em todos os momentos da história, o humor sempre expressou alguma forma de estamos na sociedade e de alguma crítica ao momento que se vive. Com o passar do tempo, e com a mudança do pensamento social bem como a ascensão da tecnologia, o humor assumiu outros lugares na sociedade inclusive como uma maneira de expor vozes antes caladas. Junto com esse pensamento, certos tons de brincadeira não foram mais aceitos e o humor toma uma dimensão mais profunda entre o que pode e o que não pode ser dito.

Se pensarmos nas temáticas que eram o foco do humor há algumas décadas atrás, podemos pensar em como a sociedade estava encarando determinadas questões e como rir delas pode revelar o posicionamento que se tem diante dos fatos. Na década de 90 e 2000, era comum vermos nos programas de televisão esquetes de humor que tinham como tema central alguns estereótipos como nordestinos e a comunidade LGBT.

Tais quadros fizeram um enorme sucesso na época e, do ponto de vista psicanalítico, podemos perguntar qual era a visão do público em relação a estas pessoas visto o grande sucesso e adesão ao programas. Dependendo como é pensado e realizado, o humor pode soar como um ataque ou preconceito e perder seu objetivo principal da leveza ou do riso.

A outra função do humor

Quando bem-intencionado, o humor pode ser uma grande porta aberta para acolher pessoas e tirá-las de seus sofrimentos e angústias do momento. Podemos considerar o humor próximo a um pensamento de Freud que dizia que a psicanálise é uma forma de amor.

Ao dizer isso, Freud queria dizer que ao receber uma pessoa na clínica com suas queixas, a função do analista era acolher sem julgamentos. Isso porque cada pessoa chega ao consultório da forma que conseguiu de acordo com suas possibilidades.

Neste sentido, o humor pode assumir a mesma função. Quando estamos no convívio com uma outra pessoa, independentemente da esfera social a qual ela faz parte, devemos usá-lo como forma de aproximação e acolhimento. Isso significa dizer que podemos rir e sorrir de fatos inocentes e universais que não ofendam e nem apontam o dedo para ninguém. Assim como Freud afirmou na psicanálise, nossa posição sobre o humor também pode ser o amor através do humor uma vez que todos nós temos potencial de encontrar em nós mesmos elementos engraçados que sirvam para conectar e estabelecer relações melhores e mais sadias.

Conclusão: sobre humor e psicanálise

Visto quase sempre como uma forma de promover um momento de graça entre as pessoas, o humor pode revelar muito mais intenções e desejo do que se pode imaginar.

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    Sendo considerado pela psicanálise de Freud no começo do século XX, a compreensão dessa forma de discurso mostra o posicionamento das sociedade em cada momento histórico.

    Vale destacar que, frente a tantos problemas sociais do momento presente, o humor ganha uma outra forma de existir buscando expressar o melhor de cada pessoa em sua individualidade. É por isso que em sua estrutura linguística possuem a rima para mostrar a quem o usa o humor como forma de amor.

    Este artigo sobre humor e psicanálise foi escrito por RENAN GAUDENCIO VALE([email protected]), professor, linguista, mestre em semântica, e futuro psicanalista, sempre tive intenso interesse pelo funcionamento da mente humana. Acredito que a linguagem é parte constitutiva do sujeito e a psicanálise a forma mais íntegra para a compreensão de nós mesmos.

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