significado de inconsciente

O significado de inconsciente: de Freud a Rolnik

Posted on Posted in Teoria Psicanalítica

O inconsciente: um conceito base para os psicanalistas. Ao longo deste texto introdutório serão abordadas temáticas referentes à introdução ao estudo psicanalítico, sobretudo, em especial, análises referentes ao significado de inconsciente desenvolvido por Sigmund Freud e sua teoria topográfica do aparelho psíquico.

Freud traz o significado de inconsciente

Dentro do estudo da psicanálise e da teoria topográfica do aparelho psíquico desenvolvida por Freud, um dos conceitos-chave a ser entendido é o de inconsciente.

Após sua postulação pelo teórico citado em epígrafe, muitos outros estudiosos da psique desenvolveram outras considerações acerca do tema, determinando outras nomenclaturas com sentidos distintos, mas, que guardam correlação para com a origem teórica do termo, como por exemplo os postulados esquizoanalíticos/psicanalíticos de Suely Rolnik, professora da USP, psicanalista contemporânea, em sua recente obra, Esferas da insurreição (2019), onde trata entre outras coisas, de inconsciente colonial capitalístico.

Tamanha importância da inclusão da ideia de inconsciente trazida por Freud, que repercute até na atualidade por teóricos que descendem de correntes teóricas díspares, como por exemplo, a mencionada professora Suely Rolnik, autora que sofreu forte influencia de Feliz Guattari (autor que, junto de Deleuze, escreveu o Anti-édipo, cindindo com a psicanálise formulada inicialmente por Freud), e ainda assim, conservando o cerne dos debates acerca desta instancia do funcionamento psíquico, o inconsciente.

Afinal, qual o significado de inconsciente?

Em sua teoria topográfica do aparelho psíquico, Freud determinou a presença de uma instancia existente neste aparelho, mas que não atuava de modo a ser perceptível no nível consciente.

Dentro de tal teoria, Freud determinou a presença de uma instancia inconsciente (ics), uma instância pré-consciente (pcs) e uma instância consciente (cst) interiores ao funcionamento do aparelho psíquico, consubstanciando o supra-sumo de sua primeira tópica.

Isso se deve ao fato de, em seus estudos médicos, ter percebido a presença de uma instância que exerce influência inconsciente no consciente e, assim, capaz de determinar desejos e ações a nível consciente, sem que este último esteja munido das informações operantes nesta instância psíquica, sendo estas inconscientes.

Como se constitui o inconsciente e como funciona?

Nesse sentido, inaugurando o século XX com uma das teorias mais significativas no mundo científico, Freud postulou, então, o inconsciente como a primeira instância do aparelho psíquico.

Constituído internamente de conteúdos recalcados, reprimidos e censurados, composto de representações das mais variadas possíveis, que guardam correlação com os traços mnêmicos guardados ao longo da existência subjetiva do indivíduo.

A depender da natureza de cada traço mnêmico gerado na subjetividade, o aparelho psíquico determina consequências tais que podem soterrar tal memória nas camadas mais profundas do funcionamento psíquico. Consubstanciando em uma formação psíquica sem acesso ao aparelho pré-consciente/consciente.

O desenvolvimento psicossexual e o significado de inconsciente

A partir do estudo do desenvolvimento psicossexual, sobretudo sobre as fases do desenvolvimento psicossexual, Freud teoriza, então, que à medida em que o indivíduo capta suas memórias e atribui a elas sentidos e significados.

Possibilita então, a depender da natureza do traço mnêmico, que este seja soterrado (recalcado) de modo a pressionar sua direção às profundezas, e poupe a consciência de ter de lidar com tal memória.

Nesse sentido, é possível perceber durante o estudo psicanalítico, que a manifestação de traumas contemporâneos do analisando pode ter causas gravadas em seus traços mnêmicos infantis, decantados nas profundezas das camadas subjetivas. Em ebulição inconsciente, se mostram plasmadas em determinados comportamentos visíveis, como sintomas, por exemplo.

O significado de inconsciente na primeira tópica freudiana

Assim sendo, o importante estudo da primeira tópica freudiana do aparelho psíquico o mostra composto primeiramente pelo inconsciente, já narrado acima, e também pelo pré-consciente, instância esta que promove um ponto de interseção entre o ics e o cst, capaz de resgatar memórias que não estão a nível consciente no momento atual, e trazê-las ao consciente, sendo este último, composto pelo nível da consciência propriamente dita, da atenção e foco, daquilo que efetivamente está pautado no momento atual da consciência.

Como a teoria de Suely Rolnik se ancora nestes postulados freudianos?

Durante o estudo do inconsciente, e da possibilidade de promover uma rememoração de eventos traumáticos que se emergem por meio de sintomas, uma das propostas de intervenção propostas é o método catártico.

Suely Rolnik (2019) faz uma observação esquizoanalítica, termo que designa uma maneira de interpretar o humano e seu contexto social, histórico, econômico, cultural, e sua dimensão psíquica, inaugurado por Deleuze e Guatarri, este último influenciando de perto a mencionada autora, com quem publicou a obra Micropolítica: cartografias do desejo (1986), mesmo descendendo de uma corrente teórico-filosófica diferente de Freud, que desenvolve o conceito de inconsciente que vai irradiar efeitos em várias correntes teóricas.

QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

    NÓS RETORNAMOS PARA VOCÊ




    Assim, ancorada nas bases teóricas freudianas do inconsciente, Rolnik (2019) ensina que existe, então, a necessidade de promover uma liberação dos afetos, da capacidade de afetar e ser afetado pela natureza e pelas relações entre pessoas, bem como em face das próprias memórias do sujeito, não ter medo de se relacionar com as próprias memórias e assim por diante.

    Considerações finais

    Nesse sentido, por meio de um fenômeno nomeado na psicanálise de ab-reação, o analisando tem a oportunidade de trazer as memórias que foram separadas do afeto, possibilitando, assim, uma ressignificação, ou chance de rememorar lembranças dolorosas para o sujeito, e poder observá-las com novos elementos interpretativos, liberando-se do trauma, aliviando e removendo sintomas, movendo os elementos reprimidos no inconsciente, modificando a disposição das forças, transformando-se.

    Referências Bibliográficas

    COELHO JUNIOR, Nelson Ernesto. Inconsciente e percepção na psicanálise freudiana. Psicol. USP, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 25-54, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65641999000100003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 12 jan. 2021. HONDA, Helio. O estatuto conceitual do inconsciente em Freud e algumas de suas implicações para a prática psicanalítica. Ágora (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 16, n. spe, p. 41-57, Apr. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982013000300004&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 12 jan. 2021. ROLNIK, Suely. Esferas da insurreição. 2ªed. São Paulo: n-1 edições, 2019.

    O presente artigo foi escrito pelo autor Túlio Rocha. Túlio é Mestrando em Educação na Universidade Federal de Lavras (UFLA), Pós-graduando em Teoria do Direito e Filosofia do Direito (PUC-MG), Bacharel em Direito (PUC-MG), artista plástico. Instagram: @tuliorochapires.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *