“Ao publicar seus primeiros estudos sobre a sexualidade infantil e o desenvolvimento psicossexual, Freud chocou a sociedade de sua época, que possuía uma ideia de não existência de sexualidade nesta faixa etária. Nestes trabalhos, Freud expõe que, desde seu nascimento, o indivíduo é dotado de afeto, desejo e conflitos. ” (COSTA e OLIVEIRA, 2011). Posto isso, continue a leitura e entenda sobre a relação de Freud e o desenvolvimento psicossexual.
Freud e a pulsão sexual
Em “os Três Ensaios sobre Sexualidade” (ESB, Volume VII, 1901 – 1905), Freud coloca a questão da pulsão sexual que necessita, de algum modo, satisfazer-se!
Desde de “Estudos da Histeria” (1893 – 1895) – o caso Anna O. (Berta Pappenheim) – pode-se considerar o assunto da sexualidade, apesar de todas as resistências, inclusive de Breur o coautor do livro.
Segundo Garcia-Roza (2005), “um dos pressupostos que sustentaram a teoria e a terapia da histeria à época do Estudos da Histeria seria um trauma psíquico de conteúdo sexual proveniente de uma sedução real, na infância, vitimando traumaticamente o sujeito”.
Freud e o desenvolvimento Psicossexual
Nesta época, Freud não admitia ainda a sexualidade infantil, o que tornaria complicado relacionar tal sedução real sexual por parte de um adulto numa teoria do trauma, pois não havendo a sexualidade infantil tal sedução sequer poderia ser vivida, simbolizada ou recalcada.
Já, por volta de 1897, Freud, supera a questão da Teoria do Trauma em duas descobertas essenciais a todo futuro da Psicanálise. A questão da fantasia e a da sexualidade infantil. Ambas podem ser resumidas numa só: a descoberta do Édipo!
Desde então, por volta de 1896 a 1987, Freud se empenhou, junto com Fliess (Cartas 42 e 75), na teoria das fases da libido incluída nos “Três Ensaios”. Torna-se, portanto, condição sine qua non, para que se compreenda o conceito de fase, a questão de zona erógena e a de relação de objeto.
As fases do desenvolvimento psicossexual
Freud organiza o desenvolvimento psicossexual em cinco fases distintas, mas não estanques. Ou seja, há uma delimitação teórica cronológica, mas variável e pode haver interação e intersecção entre elas:
- Fase oral;
- Fase anal;
- Fase fálica;
- Latência;
- Genital.
Zimerman (1999) coloca que: “(…) diferentes momentos evolutivos deixam impressos no psiquismo aquilo que Freud denominou de pontos de fixação, em direção aos quais eventualmente qualquer sujeito pode fazer um movimento de regressão”.
Freud e o desenvolvimento psicossexual na “Fase Oral”
A primeira fase desta evolução é a Fase Oral. Teoricamente compreende o período desde o nascimento até próximo aos dois anos.
Nesta fase o prazer está ligado à ingestão de alimentos e à excitação da zona erógena da boca e dos lábios do bebê. Ainda, vale ressaltar que, nesta fase, investimento libidinal (zona erógena), está vinculado ao prazer, sobretudo pela amamentação e o uso da chupeta.
“Algumas manifestações de neuroses orais são: beber e comer em excesso, problemas da linguagem e fala, agressão com palavras (correspondendo ao morder), xingamentos, gozações, escrúpulos exagerados para não incomodar, desejo inconsciente de se instalar e desalojar todas as pessoas, incapacidade de aceitar favores e receber presentes. O afã de saber, o estudo de idiomas, o cantar, a oratória, a declamação, são exemplos de sublimação das tendências orais”. (Apostila MÓDULO 3 (2020 – 2021) do Curso de Formação em Psicanálise do IBPC)
“Fase Anal” e o desenvolvimento psicossexual
A Fase Anal é a segunda fase da sexualidade infantil; situa-se aproximadamente entre os dois e quatro anos de idade. É uma fase cheia de simbolismos e fantasias, visto que a fezes vêm de dentro do corpo e a criança estabelece um certo vínculo tanto com a capacidade de excreção, como com a retenção; o que, de certa forma, provoca prazer.
Não deixa de ser um prazer auto erótico de domínio de si em relação ao mundo. Também, devido a esta fase e as significâncias se nela fixadas, percebe-se, no futuro, manifestações paradoxais de amor e ódio, competitividade, necessidade de controle e manipulação; além de possíveis neuroses obsessivo-compulsivas.
A sublimação também poderá ser uma consequência tardia a se apresentar. Segundo Zimerman (1999), funções importantes surgem nesta fase: “(…) a aquisição da linguagem; engatinhar e andar; curiosidade e exploração do mundo exterior; progressivo aprendizado do controle esfincteriano; controle da motricidade e prazer com a atividade muscular; ensaios de individuação e separação (por exemplo, comer sozinho, sem a ajuda de outros); o desenvolvimento da linguagem e comunicação verbal, com a simbolização da palavra; os brinquedos e brincadeiras; a aquisição da condição de dizer não ; etc.” Aproximadamente entre o terceiro e quinto ou sexto ano de vida da criança, apresenta-se a importante.
“Fase Fálica”
Fase essencial à organização da libido, que “erotiza” os órgãos genitais (zonas erógenas) e as crianças apresentam o desejo de manipulá-los.
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Essencial salientar que, “as atividades dessa zona erógena, da qual fazem parte os órgãos sexuais são, sem dúvida, o começo da vida sexual normal” (COSTA e OLIVEIRA, 2011).
Freud e o desenvolvimento psicossexual com base no IBPC
Segundo a Apostila MÓDULO 5 (2020 – 2021) do Curso de Formação em Psicanálise do IBPC), “nesta fase a criança descobre o prazer na região genital, seja pelo contato do vento, ou da mão de quem realiza sua higiene, ainda que inconsciente”.
Destaca-se na fase fálica tanto o “cume” como o declínio do Complexo de Édipo.
No menino, percebe-se o interesse (narcísico) pelo próprio pênis e a angústia da castração devido ao medo de perdê-lo; e na menina a “inveja” do pênis, pela ausência dele.
A “Fase de Latência”
Entre os 6 a 14 anos aproximadamente, tem-se a Fase de Latência! Fase de intensa atuação da repressão e recalcamento no inconsciente de fantasias e questões sexuais.
Zimerman (1999) expõe que, “nesse momento, portanto, a criança dirige sua libido ao desenvolvimento social, ou seja, o ingresso no período escolar formal, a experiência com outras crianças, a prática de atividades físicas, como o esporte, possibilita a formação e o amadurecimento do caráter, uma vez que é exposta a aspirações morais e sociais”.
As fases do desenvolvimento psicossexual possuem aproximações e intersecções no que tange a idade.
Enfim, a “Fase Genital”
Deste modo, entre os dez anos e quatorze anos, ou seja, na puberdade, inicia-se a Fase Genital; que, de certo modo, acompanha o sujeito até o final da vida. A libido volta sua “concentração” nos genitais, visto seu amadurecimento.
Para a Psicanálise, atingir de modo pleno e adequado esta fase, implica no desenvolvimento do que se pode pontuar (não generalizar) como um adulto “normal”.
Considerações finais
Mesmo que de forma sintética, ressaltando um mínimo de pontos (mediante a imensa gama do que poderia ser abordada), comentários e desdobramentos; procurou-se demonstrar, talvez para suscitar, a enorme importância deste tema.
Tema tão maltratado, controverso, mal compreendido, sujeito a preconceitos e estigmas! Tema, por vezes, malconduzido nas redomas clínicas de outras áreas que não a psicanálise.
Referências bibliográficas
APOSTILA MÓDULO 3 (2020 – 2021) do Curso de Formação em Psicanálise do IBPC. ________ MÓDULO 5 (2020 – 2021) do Curso de Formação em Psicanálise do IBPC. COSTA. E.R e OLIVEIRA. K. E. A sexualidade segundo a teoria psicanalítica e o papel dos pais neste processo. Revista Eletrônica Campus Jataí – UFG. Vol. 2 n.11. ISSN: 1807-9314: Jataí/Goiás, 2011. FREUD. S. ESB, v. XVII, 1901 – 1905. Rio de Janeiro: Imago, 1996. GARCIA-ROSA. L.A. Freud e o inconsciente. 21ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. ZIMERMAN. David E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica – uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 1999.
O presente artigo foi escrito pelo autor Marcos Castro (mtmcastro2019@gmail.
One thought on “Freud e o desenvolvimento Psicossexual”
Excelente artigo.