influências da infância

As substanciais influências da infância na vida adulta

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Neste artigo, a autora Camile Martins vai falar sobre as influências da infância na vida adulta. Quando, como e por que essas influências ocorrem? Por que marcam a vida adulta?

Entendendo sobre as influências da infância

Sua majestade, o bebê! Enfim chegou o dia, o nascimento do bebê, do ser humano tão programado e esperado pelos pais. Esse seria o melhor dos mundos, contudo nem sempre é assim que ocorre em todos os lares. São diversos fatores que podem não estar em consonância com essa ideia e aquela máxima que deveria ocorrer, desse ser tão frágil e indefeso receber todo o amor de seus genitores, não é concretizada.

O nascimento é um momento muito delicado, afinal, o bebê está chegando em um novo ambiente, um lugar desconhecido. Nessa fase, nas primeiras semanas de vida, o bebê acredita que a sua mãe e todo o ambiente externo são uma extensão de si mesmo, nomeada como narcisismo primário.

Ao contrário do narcisismo secundário, o primário é de extrema relevância, diria essencial a ser consolidado, pois são nas primeiras semanas de vida que o bebê precisa ter a sensação de plenitude, a qual caracteriza-se pelo fato de obter todo o amparo no momento da fome, frio, ou seja, que todas as suas necessidades básicas, entende-se por fisiológicas e psicológicos sejam atendidas.

O inviolado narcisismo primário e as influências da infância

O amor genuíno recebido pela mãe (ou pela pessoa que assume esse papel), os cuidados com higiene, alimentação, um ambiente calmo, todas essas questões exercem um papel fundamental no desenvolvimento do recém-nascido. Essa sensação de ver a mãe e o ambiente externo como parte dele, cria uma percepção de unicidade, de pertencimento.

O bebê está conhecendo o ambiente, reconhecendo-se e para acontecer de forma saudável, sem traumas, os cuidados iniciais são de alta relevância. Caso ocorra uma falha, por parte da mãe ou do ambiente em que o bebê esteja inserido, nessas semanas iniciais, poderá advir uma fixação nessa fase, chamada de narcisismo primário.

Esse fato poder-se-á acontecer na fase adulta, quando a pessoa desenvolve então um narcisismo secundário, o qual a libido da pessoa (satisfação) permanece voltada para dentro de si, para o seu ego.

O encerramento do narcisismo primário

A sensação de onipotência do bebê vai perdendo sua força, através de pequenas faltas, atrasos da mãe, no momento de amamentar, de atender às demandas do pequeno ser humano, contudo jamais deixando de conectar-se com amor e afeto a ele.

Essa transição é imprescindível que aconteça, a mãe precisa ir retomando suas atividades e consequentemente, mostrará ao bebê que são seres dissociados, fazendo com que ele tenha pequenas frustrações.

Essas frustrações mostrarão que a mãe tem seu próprio ego, que servirá de exemplo para sua percepção de ser um ser humano diferente de sua genitora, que precisa manifestar-se para ter suas vontades atendidas.

As fases de desenvolvimento, de acordo com Freud

Farei um breve compilado, com alguns apontamentos em cada uma das fases, destacando os possíveis impactos na vida adulta, caso não seja uma passagem suficientemente boa para a criança. São elas:

1° – Fase oral (0 – 1 ano)- ocorre nos primeiros meses de vida do bebê, a zona de erotização é a boca. Destaca-se principalmente para a agressividade natural, chamada de pulsão de morte, inata do ser humano, que, nesse caso, é a sucção necessária no peito da mãe.

A ausência da amamentação ou o excesso dela, pode gerar uma fixação do adulto nessa fase, como exemplo, cito os transtornos alimentares, a compulsão alimentar.

2° – Fase anal (1- 3 anos) – é uma fase em que a libido concentra-se no ânus. Destaca-se a dominação, a posse, a agressividade natural para seu desenvolvimento. Nesse estágio a criança já está consciente que é uma pessoa com seus desejos, por si só.

As influências da infância para Freud

Os cuidadores devem encarar esse período com naturalidade, apresentando o vaso sanitário à criança. Caso o treinamento seja precoce, de uma forma mais rigorosa, na fase adulta pode desencadear uma pessoa controladora no trato com dinheiro e compulsivamente organizada.

3° – Fase fálica (3 – 5 anos) – é a fase do complexo de édipo, o qual a criança deseja ter a posse de um de seus genitores do sexo oposto( o menino deseja a mãe e a menina, o pai). O menino, por exemplo, supervaloriza o seu pênis, fantasiando que se ficar com a mãe, o pai pode tirar o que ele mais ama (seu órgão genital).

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    É quando ele entende que é melhor renunciar um de seus genitores para permanecer com seu órgão genital, momento chamado por Freud de castração. A falha da castração no menino, por exemplo, pode desencadear em um adulto promíscuo, perverso, o qual desvia o sexo da normalidade.

    Fase de latência e genital

    4° Fase de latência (6 anos à puberdade ) – fase em que a libido da criança está adormecida, não há uma zona erógena. O impulso sexual é sublimado, ou seja, direcionado para outras atividades, como brincadeiras, início de atividades escolares.

    É nesse período que a criança é cobrada pelos pais, pela escola para ter um desenvolvimento cognitivo esperado por eles, contudo não é levado em consideração a sua subjetividade, o seu tempo e modo diferente de se inserir no meio social. Algumas crianças são exigidas pelos pais em adotarem o ego estipulado por eles, podendo acarretar em um adulto que não assume a sua verdadeira identidade, introjetando o ideal de eu dos seus cuidadores.

    5° – Fase genital (puberdade para adulto) – Última fase onde o prazer sexual é voltado para o prazer obtido através do outro. Aqui Freud relatou que, para sanar o instinto sexual, considera-se apropriado as relações amorosas. Nessa fase de iniciação sexual que pode ser percebida se existiu alguma fixação nas fases anteriores. Como por exemplo, um adulto fixado na fase oral, usará mais a boca para a satisfação sexual, principalmente com beijos e sexo oral, em vez de relações sexuais.

    Conclusão: sobre as influências da infância na vida adulta

    Segundo o pai da psicanálise, Sigmund Freud, a nossa personalidade é construída na infância e os nossos genitores, tutores, têm papel fundamental, diria decisório nesse desenvolvimento psicossexual.

    Durante cada fase ocorre uma evolução, uma descoberta da criança e, para ser constituído um adulto saudável, todas as etapas precisam ser respeitadas, ou seja, vividas com equilíbrio pela criança.

    Esse artigo de forma alguma é para culpabilizar os pais pelo fato de existirem adultos neuróticos, psicóticos ou perversos, pois entende-se que eles forneceram às crianças o que podiam, na concepção deles. Entretanto, enfatizo que a psicanálise é de suma relevância, no tratamento em adultos doentes psiquicamente, pois é através dela que encontramos onde ocorreu a fixação para que seja elaborada, ressignificada e trabalhada junto com o profissional

    Este presente artigo sobre as influências da infância na vida adulta foi escrito por Camile Martins. Psicanalista, graduada em Ciências Contábeis, microempresária, reside em Porto Alegre – RS e faz atendimentos online. É de sua responsabilidade o perfil no Instagram: @camile.psicanalista.

    2 thoughts on “As substanciais influências da infância na vida adulta

    1. Leonardo Rosa Martins disse:

      Parabéns pela publicação, Camile Martins! O autoconhecimento é decisivo para se ter uma vida mais plena e feliz!

    2. O Ser Humano como Espécie: Homo Sapiens e Mamífero, tem uma ligação maior com a mãe através da memória fetal tão pouco trazida em conversas, em especial, nas questões relacionadas ao gênero onde ao invés de ter a fase de descobertas da área genital, vivencia-se a masturbacao como algo que não trouxesse prazer, por exemplo, mas uma repulsa ao órgão, Independente disso, na adolescência “ele” sinalize a sexualidade (o que desperta atração): ai a minha sugestão de deixar a adolescência fluir, em seu “curso biológico”, porque a mãe possa ter tido “predileção” em ter filha (como quis a minha mãe) mas daí a filha ser hetera: “nada haver” como se diz! Tenho irmã lésbica! Entretanto, o contexto que mencionei me trouxe, um amadurecimento “rápido”, porque não apenas viver a Sexualidade seria o desafio, mas ser cisgenero, que principalmente em nossos dias, teoricamente, parece conflitar! E também presenciei, nas relações interpessoais, homens socialmente corteses, como buscando literalmente me encantarem, como se o meu lado racional estivesse “negligenciado”! Sei perceber um serviço prestado com qualidade ou não, por exemplo! E há também, bissexuais que deixaram de vivenciar a sexualidade, embora tivessem a iniciativa de buscarem “um clima” bem amistoso ao conversar e, ai a questão foi eu ter que proporcionar o “custo financeiro” de um suposto passeio! Há homens, que trazem o machismo do provedor, na vontade de estar com outro homem, embora aceite com mulher que aceite dividir despesas, que cada um pague a metade dos gastos! E vida tem disso ao se assemelhar ao andar de bicicleta: chega o momento de a gente tomar decisões, como namorado ou profissional, com quem teve desenvolvimento emocional, muitas vezes, diferente, afinal experiências vividas, como sabemos, Não implica em Histórias “igualzinhas”!

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